11 - Pecadora
Gyu
Eu e Hiei fomos o mais rápido que podíamos. Kira estava num estágio de raiva que nunca tinha visto antes. A fúria que ela tinha no olhar era assustadora. Ela fez o percurso todo a pé sem nem olhar para trás enquanto nós a chamávamos sem parar. Ela não ouvia, não parava e nós não a alcançamos.
Ela parou no prédio da Komodo, e massacrou um por um que estava lá. A espada cortava seus corpos como se fosse manteiga e a maioria nem viu direito o que os atingiu.
- Temos que dar um jeito de pará-la! - Eu gritava para Hiei.
- Não, se ficar no caminho você morre também.
Eu não sabia o que fazer, nós ficamos de mãos atadas. Seguimos o rastro de destruição que ela deixou pelo caminho, centenas de homens de Hatori, com braços e pernas decepadas e as gargantas cortadas. Ela meteu o pé na porta da sala do chefe e ouvimos seus gritos. O homem chamava por seus subordinados, mas não havia ninguém. Não mais. Shion foi o único poupado, e estava escondido tremendo debaixo da mesa, vendo a fúria do Dragão Fantasma.
Parei na porta do escritório de Hatori, Hiei me segurou. Eu não podia impedir. O chefe foi suspenso por um dos Yokais de Kira, uma mulher com corpo de serpente. Ele implorava por sua vida.
- Você não pode me matar, eu acolhi vocês! Eu fiz de você o que é hoje!
- E me vendeu pelo melhor preço! Desde quando você passa informações para o meu pai? Ahn? Vocês não eram rivais? O que aconteceu, hein? - A serpente apertou mais e dava para ouvir o quebrar de ossos.
- Aaaaaaah, ele me disse que eu pegaria uma parte de seu território em Kyoto! Que poderia expandir meus negócios!
- Ah é? E aí contou a ele sobre meu filho? É isso?
- Ele disse que pagaria qualquer preço! Foi ele que me procurou, fizemos... um acordo de paz... aaaaah! Eu sinto muito!
- Vai sentir muito mesmo! - Kira sacou a espada da bainha e num único golpe decepou a cabeça de Hatori.
Ela tinha o corpo coberto de sangue que na verdade não era seu. O olhar vazio e furioso enquanto caminhava na nossa direção. Parecia que ela não nos via, depois de cumprir a vingança era como se estivesseel transe. Estava movida apenas pela raiva. Uma mãe furiosa é mais perigosa do que qualquer feiticeiro. Naquele dia eu descobri isso. Hiei a seguiu e parou quando viu Shion.
- Hey, você! Me ajuda a apagar todas as câmeras de segurança!
- S-sim...
- Rápido! - Depois virou-se para mim. - Leva ela para algum lugar que não seja o apartamento. Um hotel, ou motel seja lá o que for.
- E você?
- Vou solicitar a limpeza.
- Hiei, como tem tantos contatos? - Perguntei ao notar a facilidade dele de resolver problemas como aquele.
- Eu sou um ex-militar. Fiz coisas para muita gente, agora estou cobrando os favores. Aprenda isso.
- E o que faremos?
- Dê um banho nela e deixe ela o mais longe possível da confusão. A última vez que vi isso ela não tinha nem doze anos. É um ataque de fúria. Se chama Berserkir. Não usa selo de mãos e nem encantamento. É movida pelo ódio apenas e atropela todo mundo que vê pela frente. Quando ela voltar em si vamos atrás do Ren.
Eu obedeci Hiei. Saí pelas portas dos fundos guiando Kira que parecia uma boneca sem vida. Fomos para um motel barato que tinha ali perto. Tirei suas roupas ensanguentadas e dei um banho nela. Isso poderia ser algo que me deixava feliz, mas eu estava tão assustado que nem vi nada direito, o sangue de mais de 60 pessoas impregnado no corpo dela escorrendo pela banheira. Uma verdadeira cena de horror.
A deitei na cama depois do banho e a cobri com um lençol, depois mandei a localização para Hiei. Fiquei sem notícias dele por oito horas, olhando o noticiário na TV com medo de que nossos rostos estivessem como procurados. Mas, não apareceu nada. Tudo parecia ter sido apagado. Hiei apareceu muito tempo depois com um aspecto cansado e abatido. Vestindo um moletom preto.
- Que houve? Você demorou.
- Remover 65 corpos não é algo tão fácil.
- E o que fez com eles? - Hiei apontou para a TV que estava ligada em um canal qualquer.
Urgente! Prédio da Komodo Enterprises pegou fogo essa noite e teve mais de 65 vítimas fatais que ainda não foram todas identificadas. Mas, acredita-se que dentre as vítimas esteja o CEO japonês Haruki Hatori. As causas do incêndio, foi uma falha elétrica...
- Todos carbonizados.
- Você me assusta Hiei.
- Eles eram uns merdas Gyu. Eram eles ou nós. Se a Kira não tivesse feito, eu teria. Falando nela, como ela está?
- Agora dormiu. Ficou em transe por umas cinco horas. Não dizia nada, não comia nada e não bebia nada.
- Porra! Eu devia ter desconfiado do Hatori, vendia até a mãe por dinheiro. Quem dirá nós.
- E o Ren?
- Vamos atrás dele. Você ouviu o que ela disse. Nem que seja no inferno.
Demorou mais algumas horas para Kira acordar. Ela levantou o corpo com dificuldade e olhou ao redor onde estava. O quarto horroroso tinha mal uma cama, uma cadeira, uma TV velha e um banheiro. Os lençóis da cama estavam tão encardidos que pareciam pano de chão. E o cheiro era de naftalina. Ela sentou-se na cama barulhenta e levou as mãos à cabeça.
- Onde... o que aconteceu? - Ela disse confusa. Realmente ela não se lembrava de nada.
- O aeroporto, anjo. - Hiei mentiu.
A tristeza voltou ao seu olhar e as lágrimas começaram a cair novamente num choro doloroso.
- Ren...
- Quando estiver pronta, vamos atrás deles. - Hiei disse se aproximando dela.
- Eu fui tão fraca tio. Eu devia ter tentado mais...
- Não anjo. Ela tinha seu filho como escudo. A vida dele é mais importante que tudo nessa vida. Levante-se, filha, vista uma roupa. O avião que ia nos levar para Berlim, estará nos esperando em duas horas. Vamos para Tóquio.
- Mas, e a Komodo?
- Não se preocupe. Eles não vão mais nos incomodar. Disso eu garanto.
Kira ficou pensativa. Eu só conseguia observar tudo em silêncio. Qualquer palavra que eu dissesse podia pôr tudo a perder. Sempre fui um péssimo mentiroso.
- Tio... o que eu farei? O clã Yosano tem muitos aliados. Estamos indo para uma guerra e para piorar fomos jurados de morte!
- Então, vai ter que arrumar aliados também. Só entre numa briga se puder vencer.
Kira respirou fundo e depois olhou para Hiei com uma certeza no olhar que me deixou com medo do que viria a seguir.
- Isso não vai ser nada fácil.
Seja como for. Uma guerra estava prestes a começar.
(...)
Kira
Descemos no aeroporto de Toquio pela madrugada e saímos na surdina até um hotel de quinta categoria. Hiei arrumou tudo de última hora, então não dava para reclamar se muita coisa. O hotel era num dos piores bairros de Tóquio e tinha vista para a linha de trem. Um lugar adorável. As paredes eram mofadas, a única cama tinha um lençol encardido, o banheiro mal cabia uma pessoa e a água era mais fria do que quente. Tive que me contentar com o que tinha. Meu maior medo naquele momento era dar de cara com Satoru. Se ele soubesse que estávamos ali, nós três estaríamos mortos.
Pelas informações que tive ele era o feiticeiro mais temido de todos e não havia ninguém que pudesse ir contra ele. Não nós meros mortais. Mas, para nossa sorte ele era um homem muito ocupado.
Hiei tinha a certeza que meu pai não iria manter Ren na casa principal e nem na propriedade dos Yosanos. Ele certamente iria levar ele para outro lugar até poder se livrar de nós. Então teríamos que ir ponto a ponto nos locais que ele poderia manter o meu filho escondido. Para minha sorte, Hiei sabia da maioria deles.
Gyu ficou com a missão de coletar informações já que não tinha energia amaldiçoada, o que facilitava que andasse por aí tranquilamente. Fomos em três locais, mas foi no último que conseguimos alguma coisa. Uma casa abandonada em Roppongi que por muito tempo foi usada nos esquemas sujos do Clã Yosano. O local tinha as janelas cobertas por tábuas e as paredes pichadas do lado de fora. O local estava caindo aos pedaços.
- Tem certeza que é aqui tio?
- Tenho.
Quando se tratava de mestres e maldição e feiticeiros, Gyu sempre ficava de fora porque ele não tinha energia amaldiçoada e logo não podia ver as maldições. Eu e Hiei nos separamos para ir em lados opostos da casa. Dava para sentir que tinha pelo menos três mestres de maldição dentro da casa. Entrei discretamente pelas paredes usando o poder de Tomei. E avistei os três homens em pontos diferentes. Caminhei devagar para não ser percebida e pegá-los de surpresa, mas um deles acabou me vendo após eu pisar num graveto que estava no chão.
- São eles!
Partiram para cima de mim e começamos um combate ali dentro da casa. Um dos caras era manipulador de metal e começou a retorcer todo metal da casa. Hiei entrou no combate e começou a lutar com um deles, Hiei era mestre em domínios simples e num golpe, ele sacou a espada e derrubou metade da casa, o que me preocupou depois em chamar a atenção já não nos atentamos em criar uma cortina. A luta se estendia mais tempo do que eu desejava. E em determinado momento Hiei começou a ficar em desvantagem devido às três últimas noites que passamos em claro. Eu então rapidamente contornei os três homens à procura de um ponto cego e em comum deles quando avistei quase como uma linha vermelha ligando os três pescoços, eu saquei a espada e num único golpe eu decepei a cabeça dos três, uma das vantagens de se ter a Naku Mibojin como arma. Hiei me olhou decepcionado.
- E agora? Como vamos interrogar? Tínhamos que deixar um vivo.
- Da próxima deixo eles te matarem. Além do mais, não conjuramos uma cortina. Fomos vistos. - Apontei para uma das casas com a luz acesa.
- Merda! Vamos embora antes que eles cheguem!
Eu o segui apressada e saímos pela parte da casa que caiu, o meu blazer prendeu num dos ferros retorcido, eu puxei a peça de roupa e ela rasgou. Depois continue correndo para longe dali. Chegamos no hotel exaustos e sem informação nenhuma. Hiei estava mais irritado do que eu.
- Mas, que merda! Eles estavam nos esperando?
- Claro que estavam, acha que meu pai iria planejar isso de qualquer jeito? - Eu disse me jogando na cama.
- Como assim, eles estavam esperando? - Gyu perguntou preocupado.
- E ainda tem a escola Jujutsu e toda a comunidade de feiticeiros na nossa cola... - Hiei disse desanimado.
- Assim não dá. - Eu levei as mãos à cabeça - Gyu e a mansão?
- Ele realmente não o levou para lá.
- Vamos ter que procurar uma agulha num palheiro. Quantas propriedades a família Yosano tem? - Perguntei a Hiei.
- Dezenas, além dos aliados.
- Não temos recursos, não temos ajuda e meu filho fica cada vez mais longe de mim. - Eu mordi a unha do polegar pensando. Eu analisei inúmeras possibilidades e não havia mais nada a fazer. Se eu demorasse muito tempo ele poderia levar ele para algum lugar fora do país e nunca mais eu veria o Ren e ainda por cima éramos procurados
- Em que está pensando? - Hiei perguntou ao ver minha expressão.
- Eu vou procurar ajuda. - Pela forma como olhei para Hiei, ela soube no mesmo instante do que eu estava falando.
- Você só pode estar louca!
- O que gente? - Gyu perguntou confuso.
- Tio, eu não tenho opção. Não com o feiticeiro mais poderoso na nossa cola!
- Merda! E se der errado?
- Por isso quero que fique aqui. Se der errado, você continua com tudo que você tiver, nem que vire uma guerra, mas não deixa meu filho com aquele desgraçado.
- Como assim gente??? - Gyu estava em pânico.
- Gyu, o tio Hiei vai te explicar tudo. Se algo acontecer comigo, você é o pai do Ren. Cuida dele e o proteja com a sua vida.
- Tá me assustando Kira.
Eu abracei os dois de forma apertada e senti a garganta queimar.
- Senhores, foi uma honra. Nunca me esquecerei de tudo que fizeram.
- Kira, deixa eu ir no seu lugar.
- Não tio, tem que ser eu. Eu amo vocês dois e vocês já se sacrificaram muito por mim. É a minha vez de retribuir.
E depois sai sem olhar para trás com a roupa que eu estava mesmo. Não havia necessidade de formalidades para onde eu iria.
Narrador
Satoru tamborilava os dedos sobre a mesa analisando as fichas de seus alunos. Ele sempre os escolhia a dedo. Era exigente no quesito força e tinha bons olhos para prodígios. As semanas às vezes eram bem entediantes para um homem como ele, que estava sempre cheio de compromissos urgentes. Algum tempo depois, o agora diretor Yaga entrou na sala e sentou-se diante dele.
- Satoru, estava te procurando.
- Ah, e o que queria?
- Nada urgente.
- Hum. Então tá. - Satoru continuou o que estava fazendo, mas notou uma certa inquietação do diretor que parecia querer dizer algo. - Se tem algo a dizer, diga.
- Eu... - Yaga soltou os ombros. - É eu tenho. Eu soube esta manhã que aconteceu um incêndio no prédio da Komodo. Mais de 65 pessoas mortas, dentre funcionários e até mesmo Hatori, o líder da Komodo.
Satoru ouviu o que Yaga disse e seu corpo parecia que percorreu um calafrio. Ele só pensou numa coisa naquele momento: Kira.
- Quem são as vítimas? Kira estava entre eles? - Satoru não conseguiu manter a pose de quem não se importa. Ele apertava os punhos com força e cerrou os dentes.
- Eu não sei... mas parece que ela está entre os desaparecidos.
- Ela não pode ter morrido, né? Quer dizer, não assim.
- Pensei que a quisesse morta.
- Eu queria, mas não assim. Eu que tinha que matá-la!
- Eu sinto muito.
-...
Satoru não respondeu mais nada e saiu na sacada da janela e desapareceu. Yaga sabia que ele estava sofrendo, mas era orgulhoso demais para admitir. O feiticeiro se teletransportou até sua casa, tirou os sapatos e foi para seu closet e pegou a caixa de lembranças, sentou-se no chão, tirou a venda dos olhos, e pegou a foto da mulher que carregava consigo na carteira. Ele olhou para o rosto dela e todas as lembranças vieram de uma vez. Ele queria ter tido ao menos a chance de brigar com ela e dizer tudo que estava engasgado. Agora ela estava morta. E não havia nada mais que ele pudesse fazer.
Ele sentiu algo quente rolar em seu rosto. Algo que há muito tempo ele não sentia. A última vez que havia chorado foi quando teve que dar fim a vida de seu melhor amigo, Suguru. Quando ele desistiu de acreditar num mundo melhor. Agora amargava a morte de Kira.
Os dias depois disso foram nublados e cinzentos. Ele tentava manter a postura e o sorriso no rosto, mas por dentro seus sentimentos eram dúbios e confusos. Ele queria que ela sofresse, mas queria que fosse pelas mãos dele. Ou será que era outra coisa? Ele já não tinha abandonado esses sentimentos?
- Hey sensei! Tá meio desligado hoje! - Yuji, um de seus alunos gritou para o professor. Eles estavam treinando na área externa da escola sob supervisão de Satoru.
- Tô pensando numas paradas aí.
- Não pensa demais, vai ficar careca! - Nobara disse apontando para o próprio cabelo.
Satoru sorriu e acenou para os alunos. Ele gostava de ser um professor. Embora muitos dissessem que ele não era necessariamente ideal para o cargo, ele se divertia. Tinha contato com pessoas que tinham expectativas e esperanças. O que lhe fazia lembrar de Suguru, antes de tudo acontecer.
O impacto que Kira causou foi grande. Mas, Suguru era seu melhor amigo e se perdeu em meio a convicções duvidosas e pensamentos perigosos. Ele descobriu naquela época que só dava para salvar quem podia ser salvo e infelizmente não era o que Suguru desejava. Já Kira, ele apenas a considerava uma traidora mentirosa e oportunista. Mas, ali naquele momento pensando na morte dela, talvez ela também fosse como Suguru e suas convicções duvidosas.
- Gojo? - Satoru foi desperto de seus pensamentos por Ijichi.
- Fala aí.
- Me desculpe, é que chegou uma missão urgente. Em Roppongi.
- Vamos lá. Eu vou só avisar aos alunos e nós vamos até lá e você me passa as informações.
- Certo.
Cerca de vinte minutos depois, os dois já estavam no local. Uma casa que parecia abandonada, pichada do lado de fora e com tábuas nas janelas e portas. Ijichi estava nervoso como sempre segurando um Tablet com as mãos trêmulas. Haviam fitas zebrada ao redor do local e a polícia já havia sido acionada.
- Fomos chamados às pressas. Os vizinhos ouviram gritos e uma movimentação estranha.
Satoru analisou bem o local ainda em silêncio observando atentamente cada detalhe enquanto Ijichi continuava.
- A quantidade de energia amaldiçoada registrada no local chamou atenção e você foi solicitado. Tem três corpos lá dentro.
Satoru deixou Ijichi do lado do veículo e andou em direção à casa. Ele passou pela fita zebrada, cumprimentou um dos policiais e observou bem o local. Havia uma mistura de energias que ele tinha que parar para analisar calmamente as camadas sobrepostas. A parte de trás da casa havia caído e sido derrubada por algo de dentro para fora. Havia marcas de tiro nas paredes e vários cortes por toda a sala.
Os corpos eram de três homens. Três mestres de maldição. Todos com as cabeças decepadas. Um corte limpo e rápido, feito pelas mãos de um habilidoso espadachim. Havia tido uma luta, mas o golpe final foi um corte de espada, disso ele tinha certeza. Os três perderam as cabeças com um golpe só.
Quando ele conseguiu separar minuciosamente os resquícios de energia amaldiçoada, ele notou um familiar. Parecia mais intenso do que antes, mas sem dúvidas que ele conhecia. Andou mais um pouco e achou um pedaço de tecido preso numa parte da parede. Um tecido de alfaiataria branco de excelente qualidade. Ele aproximou o pedaço de seu rosto e aí ele teve certeza.
- A desgraçada está viva. - Ele abriu um sorriso largo. Um misto de alegria, alívio e raiva ao mesmo tempo.
Depois voltou para a escola. Ele encontrou Yaga em sua sala costurando bonecos para fazer corpos amaldiçoados, que era sua técnica. Satoru se aproximou e colocou sobre a mesa dele o pedaço do tecido.
- Que isso?
- É da Kira. Ela foi a responsável pela morte de três pessoas em Roppongi. Ela não só está viva como veio para Tóquio. Deve estar tramando alguma coisa.
- Então é melhor ficar alerta. Não sabemos o que pretendem. Ainda mais depois da morte de uma organização inteira.
- Eu... - Satoru parou de falar quando sentiu uma energia familiar próxima a eles. - Sentiu?
- Sim. Está muito perto.
- Parece que está aqui? Não é possível.
Ijichi chegou correndo na porta com uma cara de pavor suando frio e tremendo. O homem estava tão apavorado que mal conseguia falar.
- G-gojo! Tem uma mulher lá fora... e...
O feiticeiro não esperou Ijichi terminar. Ele se teletransportou o mais rápido que pôde na direção da energia amaldiçoada. Ela não iria fugir. A mulher estava parada na entrada da escola, apenas esperando o que estava por vir sem esboçar nenhuma fagulha de medo. Satoru surgiu bem diante dela a apenas alguns metros. Ela engoliu seco.
- Devo admitir que sua coragem me surpreendeu. Sua coragem ou sua falta de vergonha na cara.
- É assim que fala com uma velha amiga depois de mais de dez anos?
Kira estava diante dele. Depois de mais de dez anos. Estava com ferimentos leves pelo rosto. O terno branco que ela vestia estava sujo, provavelmente o da batalha do dia anterior. No blazer faltava o pedaço de tecido que ele havia encontrado. A expressão dela era de exaustão e cansaço. As olheiras de quem provavelmente não dormia bem há umas três noites. Ele não podia se perder de seu foco.
- Akira Yosano, mestre de maldições de classe especial. Pelas leis do regulamento Jujutsu você foi condenada à morte. E eu serei seu executor. Quais são suas últimas palavras?
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