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Capítulo 1

Ele surge por entre a escuridão da Rua 13 como se fosse o seu mestre e congelo. O tom pálido da sua pele contrasta com a noite e o laço de cor vermelha, frouxo na gola da camisa branca, realça o terror que sinto aprisionar-me os movimentos.

O uivar dos lobos  propaga-se com o vento dando a ilusão de que estão imediatamente ao nosso lado e as minhas pernas fraquejam. Sinto o corpo ceder e ele avança. A distância que nos separava deixa de existir numa fração de segundos. Numa nova batida do meu coração, sinto o meu corpo apoiado no seu braço.

Os seus olhos, negros como a noite, prendem os meus numa hipnoze inebriante. A única coisa que sinto é o meu batimento cardíaco desenfreado que movimenta o meu peito numa oscilação agressiva.

Drácula nunca vem à vila. Chegámos a duvidar da sua existência. A questionar se o Monstro é real ou uma mera história de terror que se conta às crianças para que elas obedeçam aos pais perante o medo de serem devoradas pela criatura noturna que drena sangue.

            Na taberna, existe uma pintura na parede atrás do balcão. Ela retrata, numa postura rígida e de olhar vazio, o homem que me tem nos braços. Alguns dizem que se trata de um auto-retrato, feito no início da sua vida imortal. Histórias de momentos de lucidez e culpa. Dizem que, quando surgiram os primeiros boatos de um monstro a morar na floresta, uma família de caçadores invadiu a mansão, mas enquanto Drácula os matava, o membro mais novo, perante o cenário de horror, perdeu a coragem e fugiu. Ao correr pelos corredores para fugir ao Monstro, ter-se-á deparado com o quadro que o retratava e fugiu com este debaixo do braço para mostrar ao mundo o rosto do medo. Outros dizem que o retrato foi feito por um antigo camponês, após ver o rosto de Drácula nos limites da floresta. Ainda há os que contam que a taberna era, antigamente, a casa de uma bruxa muito poderosa que tinha fugido à sua Ordem mágica e que terá pintado o retrato quando Drácula fez um pacto com ela e o mesmo viria a servir de contrato.Dizem que o quadro foi encontrado dentro de uma caixa repleta de símbolos estranhos porque a própria bruxa teria medo dele.

Várias são as histórias e todos afirmam que a sua versão é a verdadeira, no entanto, ninguém consegue explicar por que motivo o quadro está assinado sob JVD.

O meu rosto gélido e o vapor na minha respiração, afirmam a estação que teima em não querer abalar.

— Tão bonita. Tão ingénua – Murmura com serenidade ao deslizar o dedo indicador direito pelo meu rosto. Por fim, suspira. -  Tão inocente.

Lágrimas de medo inundam a minha linha d’água e sinto que irão transbordar a qualquer instante. O meu corpo treme pelo medo que acelera o meu coração ao ponto de achar que irá parar. Não consigo desviar o olhar do seu. Como se uma força ou um poder me tivessem compelido a não fazê-lo.

— O que queres de mim? – Atrevo-me. A minha voz fraca. O que mais pode um monstro querer de uma simples humana?

Ele olha-me confuso. – É essa a tua pergunta? ― A linha na sua testa desaparece e o canto da sua boca curva-se num sorriso que lhe deixa visível a ponta do canino. Não é alongado como eu achava que seria. A ponta do mesmo está apenas ligeiramente maior que a linha dos outros dentes. ― Penso que essa não seja a pergunta certa.

Quero gritar, pedir ajuda, mas nenhum som ousa sair. Sinto o meu corpo desconfortavelmente pesado, como se as minhas forças tivessem sido drenadas. Talvez, ele o tenha feito. Talvez a sua monstruosidade também se alimente disso. Na ausência de forças, a primeira lágrima desce pelo meu rosto e marca o seu caminho até cair na pele descoberta no decote do vestido azul escuro com flores bordadas a linha branca pela minha mãe. A minha mãe. Não irei voltar a vê-la ou às minhas irmãs. Drácula saiu para caçar e eu sou a presa. Outra lágrima desliza.

Os olhos de Drácula seguem-na e detêm-se no movimento oscilante do meu peito. Por fim, a sua cabeça aproxima-se lentamente  do meu pescoço e penso que estes são os últimos momentos da minha vida e eu não pude fazer nada para tentar sobreviver porque o meu corpo desistiu de lutar.

Surpreendentemente, a sua cabeça desce até sentir os seus lábios gélidos tocarem o meu peito no rasto da lágrima.

— O teu coração bate como se estivesse a correr pela vida. No entanto, a tua boca atreve-se a questionar o que quero de ti, como se nem um pingo de medo percorresse o teu corpo. – Murmura num sereno.

Permaneço em silêncio. Tento processar tudo o que está a acontecer. Na melhor hipótese, estarei a sonhar. Talvez seja um daqueles sonhos que não conseguimos distinguir da realidade. Talvez os Deuses não me tenham abandonado, afinal, e eu vá acordar deste pesadelo em breve. No entanto, sinto que a minha melhor hipótese não é uma opção Porque não é suposto sentirmos quando sonhamos, e eu sinto o seu braço nas minhas costas, impedindo-me de cair. Senti os seus lábios no meu peito. E sinto a forma como os seus olhos olham os meus. Curiosos.

— É o teu dia de sorte. ―  Ele murmura, forçando o meu corpo a erguer-se. – Estou curioso para ver até onde o teu coração te vai levar.

Abro a boca para protestar. Pela primeira vez sinto que o meu corpo me vai obedecer e poderei protestar e tentar fugir das suas garras. – Mas tem cuidado com essa boca. – E sem ter tempo de processar o que disse, os meus pés deixam de sentir o chão quando ele me coloca nos seus braços e um pequeno grito escapa pelos meus lábios.

Drácula baixa o rosto para me olhar e sorri. -- Fecha os olhos, pequena tempestade.

Escuridão inegualável rodeia-nos e sinto o meu estômago embrulhar-se de tal forma que fecho os olhos com toda a força que me é permitido fazê-lo. Os meus ouvidos parecem bloqueados e o ar torna-se impossível de respirar.

Quando a pressão nos meus ouvidos e estômago desaparece totalmente, de um momento para o outro, abro os olhos e a sua voz alcança-me com clareza.

— Estava à espera de gritos. – Diz ao me colocar lentamente no chão. Quando abri os olhos para ver o que me rodeava, esperava encontrar o covil do monstro e por isso precisava estar preparada para qualquer coisa que pudesse querer atacar-me. O que eu não esperava era a enorme mansão de pedra à minha frente.

A fachada, iluminada por tochas, exibe dragões esculpidos ao redor das portas de madeira que dão acesso ao interior. Observo os dragões e ergo o rosto para as gárgulas que me fitam do telhado.

Uma sensação de ansiedade e nervosismo apodera-se de mim. Quero correr do que parece ser o fim da vida que conheço, mas parte de mim impede-me. Se for racional, sei que é impossível escapar quando é de Drácula que quero fugir. Sobreviver só é possível se tentar sobreviver-lhe a ele. Se aguentar tempo suficiente para descobrir como sair daqui sem que ele me persiga.

-- Vamos. – Ele diz, indicando que avance para as portas.

Mas os meus pés não se mexem e Drácula expira. – A floresta que nos rodeia está repleta de coisas que nem eu quero a fazerem-me companhia de noite. Por isso, escolhe com que monstro queres passar a noite.

O meu coração acelera e ele sorri. – Aí está ele. Acho que o teu medo é a minha nova melodia favorita.

- Eu não vou dormir contigo!

Drácula cemicerra os olhos. – O que te leva a crer que eu quero dormir contigo?!

Engulo em seco. A garganta parece fechar-se com o movimento, como se não bebesse água há séculos.

Perante o meu silêncio, Drácula vira costas e caminha para as portas. – Diverte-te na floresta.

Olho sobre o ombro, mas tudo o que vejo é uma escuridão infindável. Fecho os olhos e expiro antes de dar o primeiro passo.

A cada passo que dou, as batidas do meu coração aumentam de intensidade. Quando as portas abrem, tão lentamente que sinto que me estão a dar tempo para aceitar que depois de entrar, não há forma de sair, atrevo-me a olhar novamente sobre o ombro para a escuridão. Para a floresta que parece rir do meu destino.

Aceitando a minha derrota e quando olho em frente, Drácula olha-me intrigado. Como se estivesse curioso para ver o que eu iria fazer. Se eu seria corajosa o suficiente para correr. Mas de que serve ser corajosa quando sei que não serviria de nada?

Avanço. Pressionou o maxilar até ao momento em que  as portas se voltam a fechar atrás de mim e os meus lábios se separam perante o que vejo.

À minha frente tenho um salão amplo e iluminado por vários candelabros. Luxuosamente decorado com telas, espelhos e arranjos de flores. Na parede oposta à entrada, uma grande lareira. As chamas contribuem para o tom alaranjado que envolve o espaço. Sinto o seu calor dar-me as boas vindas.  Os sofás e cadeiras, estrategicamente colocados à sua frente. À minha esquerda duas estantes enquadram o maior espelho da sala e, à direita existe uma escadaria e um corredor que se escondem parcialmente atrás de grandes colunas de pedra.

Drácula caminha até ao centro da divisão, roda sobre os pés e ergue os braços indicando o espaço que nos rodeia.

— Surpreendida? – Pergunta.

Abro a boca para responder, mas não consigo formular as palavras.

— É tudo real? – Questiono relutante. Porque iria ele manter-me viva e deixar-me ver com os meus próprios olhos o seu covil? Talvez ele planeie matar-me mais tarde. Talvez não lhe interesse se eu vi ou sei demasiado porque sabe que nunca sairei daqui.

Drácula dá uma gargalhada que me faz reagir de sobressalto e me tira dos meus pensamentos.

— Claro que é tudo real. – Esclarece. – Tão ingénua. – Murmura. -- Thomas?!

O vulto que surge no corredor paralelo à escadaria capta a minha atenção. Quando se aproxima, a luz dos candelabros do salão iluminam um homem ligeiramente mais velho que Drácula. Quando para ao lado de uma das grandes colunas de mármore, cumprimenta Drácula com um subtil movimento da sua cabeça, mas é a forma atenta com que me olha que me faz prender a respiração e desviar o olhar.

— Voltas-te cedo. – Observa e vejo Drácula sorrir.

— Tive uma surpresa. – Os olhos de Drácula fixam os meus. – Vamos tê-la connosco por uns tempos. 

— Estou a ver. – Diz Thomas olhando-me da mesma forma que Drácula fizeram, com curiosidade e como se tentasse descobrir todos os meus segredos através dos meus olhos.  – E como se chama a nossa hóspede?

Drácula olha-me e engulo em seco. — Beatrice. – Murmuro o meu nome num timbre fraco e grave.

Drácula sorri.

— Beatrice. – Repete como se saboreasse o meu nome e não sei porque isso não me dá a volta ao estômago. Amanhã ele poderá estar a saborear o meu sangue. Se, por ventura, sobreviver a esta noite.

— MESTRE! – A palavra ecoa pela casa e eu encolho-me. – MESTRE! – Voltam a grita em tom de desespero e, do mesmo corredor de onde surgiu Thomas, outro homem aparece. Coxeia impaciente e preocupado, as suas roupas estão rasgadas e sujas e tem arranhões e escoriações nos braços e no rosto.

A sua aparência faz-me olhar a medo para Drácula, talvez porque espere que ele odeie a interrupção e mate o homem, indiferente para minha presença. Mas Drácula olha o homem como se estivesse preocupado, como se o seu bem estar fosse algo que Drácula valorizasse. Este deve sentir a minha atenção em si porque os seus olhos passam do homem para mim e a sua expressão facial muda para indiferença. Foi como ver um véu cair sobre o seu rosto e não sei porque presenciar isso, me deixa desconfortável. Drácula  volta a olhar para o homem que, finalmente, parou à sua frente.  

— Peço desculpa, Mestre. Não sabia que ia jantar.

Fito-o perplexa com o seu comentário e penso ver Thomas pressionar os lábios para não rir.

Drácula olha o homem por demasiados segundos. —  Thomas, mostrar-lhe o seu quarto.

Thomas vira-se, e eu avanço até ele, sem  desviar o olhar do homem que chegou. Quando alcanço Thomas,  este encaminha-nos para a escadaria e subo-a atrás dele.

— O que foi? – Oiço a voz grossa de Drácula num tom que era suposto ser baixo.

— Foi ele! Voltou a atacar o armazém.

Um estrondo ressoa pelos corredores fazendo-me reagir de sobressalto e paro.

— O que foi isto? – Pergunto apreensiva.

Thomas olha-me sereno e, com a mesma despreocupação, responde:

— Drácula, furioso.

Quero perguntar-lhe o motivo da fúria de Drácula, mas não me atrevo. Se é grave o suficiente para deixar o Monstro furioso, nem por sombras que vou entrar nesse caminho.

Após algumas voltas pelos corredores, Thomas para.

— O teu quarto. – Indica a porta ao nosso lado e olho-a com hesitação. – É só rodar a maçaneta. – Comenta.

— Um quarto? Não uma cela nas masmorras? – Pergunto antes mesmo do meu cérebro processar.

Thomas olha-me confuso. – Porque terias uma cela nas masmorras?

-- Porque sou prisioneira.

Thomas olha-me em silêncio por tanto tempo que acho que não irei obter mais nenhuma palavra dele, até que por fim, ele ri.

-- Não me recordo de ouvir essa palavra. – Ele encolhe os ombros. – Talvez a idade esteja a deixar-me surdo.

A idade? – Também és um. – Murmuro dando um passo para trás.

— Um? – Thomas inquire com o sobrolho esquerdo arqueado.

— Um vampiro.

Ele esboça um sorriso culposo. —Há pouco mais de trezentos anos.

— Isso é muito tempo!

Thomas sorri. — Para nós, o tempo é algo relativo.

 -- O que quer ele de mim? Jantar-me mais tarde, como o outro homem disse? – Thomas não responde. – Acho que mereço saber, Thomas. Por favor. Não me pareces má pessoa…

— Ele é mesmo boa pessoa. - A voz de Drácula faz o meu coração falhar uma batida. Atrevo-me a olhar para o corredor. Ele caminha na nossa direção com serenidade no olhar e pergunto-me o que terá acontecido ao homem que ficou com ele no salão. – Talvez a única em quem confio e em quem confiei nos meus séculos de maldição. – Percebo o olhar de reconhecimento que dá a Thomas e a sua atenção volta para mim. - Mas não te poderá responder a coisas que não sabe.

Olho para Thomas, suplicando com o olhar que este me ajude. Mas quem quero eu iludir… pedir ajuda à única pessoa em que Drácula confia. Pedir ajuda a outro vampiro!

— Podes ir, Thomas. Chamarei, se precisar de algo.

Quando Thomas se afasta e desaparece na curva do corredor, deparo-me com o impasse de estar sozinha com Drácula e não saber o que fazer. Como se o facto de antes existir outra pessoa presente, me desse conforto. Agora, o medo que acelera o meu batimento cardíaco, sinto-o também na barriga, como se fosse um ácido a corroer-me as entranhas.

— Não precisas ter medo. – Observa.

— Também lês pensamentos? 

— Não, minha querida. – Ele diz com um sorriso que lhe transforma o rosto.  – Essa não é uma das capacidades que adquiri. – Drácula aproxima-se da janela que cobre a parede na curva que Thomas fez momentos antes. Detém-se a olhar por ela, para o nada. – Mas não é difícil adivinhar o que vai dentro dessa cabeça quando a tua expressão de pânico diz tudo.

— Ajudava se soubesse o que estou aqui a fazer.  – Arrisco.

Drácula olha-me com um sorriso. — Não tens reagido como qualquer outra pessoa reagiria se fosse capturada pelo Temível Conde Drácula. – Diz as últimas palavras como se recitasse um poema e tento perceber se o faz para me assustar ou porque está de fato admirado. O Conde continua a olhar a escuridão da noite pela janela que reflete a sua imagem serena e o seu silêncio diz-me que não vou obter uma resposta concreta.

— Não sou qualquer pessoa. – Arrisco-me e vejo no seu reflexo o sorriso que esboça e me deixa frustrada. — Qual é o papel de Thomas aqui? Disseste que é a única pessoa em que confias. – Nunca pensei ser possível manter diálogo com ele, mas aparentemente, é apenas improvável. 

—  Não só aqui. Thomas é o meu braço direito em tudo.

Em tudo?!

— Não sabia que o famoso Drácula precisava de  um braço direito.

Drácula fita-me recordando me quem ele é. O que ele é. Engulo em seco ao sentir que  abusei da sorte.

— Há muita coisa que tu não sabes.

—  Sei o importante.– Atrevo-me.

Drácula bufa um riso. – E o que seria isso? – Vira-se para olhar-me de frente. – O que sabe uma reles humana que nunca terá saído daquela vila? – Ele caminha na minha direção e eu dou um passo para trás. – Diz-me, pequena tempestade, que coisas importantes sabes? – Ele para à minha frente, fazendo me erguer o rosto para olhá-lo nos olhos e sinto que a sua presença rouba o oxigénio ao meu redor.

-- Que és um predador.

O canto da sua boca ergue-se. – Realmente. É importante. O que mais?

Engulo em seco. – Eu sou a presa.

Drácula olha-me nos olhos com tanta intensidade que não me atrevo a pestanejar.

-- Não até eu que eu o diga.

Enrugo a testa. – O que quer isso dizer?

— Queres ver o resto da mansão?

— Que tal eu saber quando vou ser a refeição?

Ele revira os olhos, aborrecido e a adrenalina continua a dar-me uma coragem absurda para continuar a pisar a linha que limita até onde posso arriscar o meu pescoço.

— Quantos mais dentes afiados moram aqui? – Insisto.

—  Isto é a minha casa, não um albergue.

— Não respondeste à minha pergunta.

-- Se não queres ver o resto da mansão, devias ir tentar descansar.

-- Como é suposto descansar sem saber se devo preocupar-me com alguém a tentar matar-me durante a noite?

Drácula expira. – Apenas eu e Thomas. E nenhum de nós irá tentar matar-te durante a noite .

-- Quantas mais perguntas terei de fazer para saber o que estou aqui a fazer?

— Cada coisa a seu tempo. Esquece o passeio pela mansão. É melhor ires descansar.

— Não estou cansada.

— Eu estou. – Fita-me para acabar com a conversa e  cerro o maxilar para impedir-me de dizer algo.

Não sei onde fui buscar a ousadia, talvez seja a adrenalina ainda a correr-me nas veias. Ou talvez eu não tenha amor à vida que ainda tenho.

— Mas os vampiros dormem de dia e caçam à noite.

Drácula olha-me boquiaberto. — Lá por não nos verem durante o dia, na rua, não quer dizer que estejamos a dormir. – Ergue as mãos e balança a cabeça em descrença. Talvez esteja desiludido com as conclusões precipitadas. – Além disso, eu não sou um vampiro qualquer.

— Claro. – Então o que fazem durante o dia?

— Várias coisas.

— Como o quê?

— Como é suposto eu saber? Não tenho uma ligação telepática com eles. Omnisciência e omnipresença não fazem parte dos meus dotes.

Preparo-me para argumentar, mas sinto o estômago contorcer-se num apelo sonoro e parece que temos um hipopotamo no corredor. Sinto a vergonha rosar-me as faces. 

— É melhor ires comer alguma coisa.

— Isso resultaria num sangue mais rico.

— Se eu te quisesse morder, já o teria feito.

Olha-me como se o tivesse desiludido e pergunto-me se se terá esquecido que a vítima de rapto sou eu.

A intensidade do seu olhar parece queimar o meu e, como se tivesse visto a sua expressão reflectida nos meus olhos, vira costas e afasta-se.

—  Come alguma coisa e tenta descansar – Talvez não tenha gostado do que viu. - Até amanhã.

E, tal como entrou na minha vida horas antes, desaparece na escuridão que envolve um dos corredores.

Olho ao redor. Sozinha. Ele deixou me sozinha.

Inacreditável.  

Olho sobre o ombro e um calafrio percorre-me a coluna. O quão longe chegaria se tentasse fugir agora? Aproximo-me da janela e só a escuridão já me faz desistir da ideia.

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