CAPÍTULO 44.
POV LUDMILLA OLIVEIRA
Quando aceitei a proposta de Will, eu já sabia o que faria nesse meu tempo "livre" longe das salas de aulas. Aliás, era algo que eu sempre desejei fazer, só nunca encontrei tempo com uma vida tão corrida entre a Universidade e o hospital.
Durante os últimos dias fiz algumas visitas ao local, conheci pessoas, reencontrei outras e tive ainda mais certeza de que eu queria estar aqui mesmo. Seria uma troca tão justa, ajudar e ser ajudada.
– Bru — beijei as suas costas nuas, na tentativa de acorda-la — vamos, não quer me acompanhar, hum? — beijei o seu pescoço, sorrindo ao vê-la se remexer.
– Só mais um minutinho — pediu manhosa, me fazendo suspirar.
Era isso? Era isso! Eu nunca deixaria de suspirar por essa mulher.. pelo amor que sinto por ela, pelo amor que é me dado de volta. Eu sou incapaz de não suspirar pelo amor da minha vida.
– Não, não e não! — falei baixo, beijando o seu ombro — seja uma boa criança e..
Antes que eu pudesse terminar a minha fala, Camila se pôs sentada na cama, com os olhos malmente abertos, os cabelos desgrenhados.. linda.. extremamente linda.
– Eu não sou criança — resmungou me olhando seria, me fazendo prender o riso.
– Tem razão — concordei beijando a sua bochecha — criança — sussurrei em seu ouvido, antes de pular rapidamente para fora da cama.
– Ludmilla! — exclamou irritada, levantando na intenção de me alcançar.
Era assim que eu conseguia tirar a minha namorada preguiçosa da cama.. bastava dizer algo que a irritasse e logo ela estava de pé, prometendo arrancar a minha cabeça.
Como eu já estava pronta, fiquei esperando a Brunna enquanto respondia algumas mensagens no WhatsApp. Imediatamente minhas lembranças foram até Keana e Verônica. O silêncio e o sumiço das duas é tão estranho, tão preocupante. Mas de nada podemos fazer, afinal, não existem provas reais de chantagem contra Keana..
– Dá tempo de comer? — Brunna perguntou, me tirando daquele transe.
– Aham — afirmei respirando fundo, vendo a mesma caminhar em minha direção.
– Preocupada? — questionou ao sentar de lado no meu colo.
– Esse silêncio.. — neguei com a cabeça — temo que estejam planejando algo — afirmei acariciando as suas costas.
– Eu também — admitiu baixo — mas não há o que fazer, amor — me olhou — não podemos deixar de viver por conta delas — disse me fazendo concordar.
– Não podemos e não vamos — beijei os seus lábios — mas me prometa tomar mais cuidado? — pedi olhando nos seus olhos
– Prometo — me deu um selinho — mas vamos esquecer isso, estou ansiosa para irmos — disse me fazendo sorrir antes de beija-lá novamente.
Tomamos um rápido café da manhã, já que apesar da demora para levantar, minha namorada estava bastante ansiosa.
– Falta muito — questionou enquanto eu prestava atenção no trânsito.
– Você está parecendo aquele burro insuportável de Shrek — afirmei fazendo a mesma gargalhar.
– Ludmilla! — me deu um tapa — não fala assim comigo — fez um bico fofo, me fazendo olhá-la assim que paramos na sinaleira.
– Desculpa, benzinho — pedi beijando os seus lábios, fazendo a mesma sorrir e negar com a cabeça.
Rodamos mais alguns quilômetros e ao chegar no local, estacionei o meu carro onde já tinha costume de fazer isso. Desci, pegando logo em seguida na mão de uma Brunna completamente surpresa.
– Um orfanato? — Brunna questionou surpresa, olhando a entrada do ambiente um tanto quanto precário.
– Sim — sorri para ela — decidi que, quando eu não estiver no hospital, estarei aqui, tratando dos adolescentes, das crianças, dos bebês — respirei fundo — eles precisam tanto de alguém que faça o que eu estou disposta a fazer, já que o nosso governo apenas os ignora — afirmei tristonha — quer conhecer? — olhei e vi os seus olhos brilharem.
– Quero — afirmou apertando a minha mão.
Eu já conhecia esse orfanato porque faz parte da lista de instituições que eu ajudo mensalmente. Mas fazia tanto tempo que eu não colocava os pés aqui, que eu não os ajudava prestando os serviços que eu podia. Digo, sei que o dinheiro que envio é importante, mas o que eu posso fazer estando aqui também é muito válido. Eles precisam de uma médica, de cuidados básicos, de tantas coisas.
Ao entrarmos, fomos recepcionadas pela diretora do local, Tânia, que era uma mulher muito virtuosa e receptiva. Lembro-me bem da sua felicidade quando, a alguns dias atrás, contei-lhe sobre os meus planos e recebi todo o incentivo e toda a gratidão do mundo.
– É um prazer conhecê-la, Brunna — Tânia disse ao cumprimentar minha namorada.
– O prazer é meu — Brunna afirmou olhando em volta.
Como falei, a situação do lugar não é das melhores mas sei também que não é a pior. Há tanto a se melhorar aqui, tanto. Como os governantes não enxergam esses lugares? Essas pessoas? Como conseguem ser tão nojentos assim?
– O que está achando? — perguntei enquanto apresentava o lugar a ela.
– Acho a sua atitude louvável — disse sorrindo — quero poder ajudar de alguma forma também — assenti imediatamente — mas onde estão as crianças? — questionou.
– As crianças maiores e os adolescentes vão à escola, por isso está tudo tão silencioso assim — afirmei — mas há uma ala com os menores que ainda não estudam — expliquei enquanto caminhávamos para lá.
Ao passarmos pelo outro saguão, alcançamos a sala em que algumas pequenas crianças brincavam, bagunçavam e eram vigiadas por freiras que prestam serviços comunitários ali.
– Quanta criança — sussurrou me fazendo assentir — pretende atender todas elas? — questionou.
– Sim, na medida do possível — afirmei — terei tempo para isso. Patrícia também se dispôs a vir duas vezes na semana — contei a novidade.
– Que incrível, Lud — sussurrou me dando um rápido selinho antes de se voltar para os pequenos que ali estavam.
Brunna levou questão de segundos para se enturmar com as crianças ali presentes, e eu fiquei de longe sorrindo, admirando a pessoa incrível que tenho comigo. Pensando em quando teríamos a nossa criança. Não é algo que já tenhamos conversado, mas tenho vontade e sinto que ela também.
– Ela leva jeito para a coisa — Tânia comentou, me fazendo assentir.
– Sim — concordei — Brunna é estudante de medicina, também se dispôs a ajudar sempre que puder — informei vendo o sorriso de Tânia.
Desde a primeira vez que vim aqui, admiro essa mulher pela garra que ela possui em lutar por todos eles, mesmo recebendo somente o mínimo. Eles não tem quase nada, mas Tânia jamais desistiria dessa causa tão nobre.
– Sinto orgulho do que faz aqui — apertei o seu ombro — lembro que as coisas estavam ainda mais difíceis quando vim aqui ano passado, mas veja bem, você está conseguindo — afirmei olhando ao redor.
– É tudo por eles e para eles, Ludmilla — respirou fundo — até o fim — afirmou me fazendo sorrir.
Não demoramos mais no orfanato porque eu ainda teria que ir para o hospital e Brunna para a Universidade.
– Seus olhos não param de brilhar — comentei enquanto dirigia.
– De tudo o que imaginei, isso não passou pela minha cabeça, de verdade — foi sincera — é uma causa muito nobre. Me orgulho de você — beijou o meu ombro.
– É o mínimo que posso fazer — afirmei atenta o trânsito.
– Aqueles pequenos são tão fofos — suspirou me fazendo rir — viu como eles me amaram? — questionou.
– Vi, com certeza eu vi — assenti — mas me diga, como não amar você? — olhei-a rapidamente – é impossível, Bru — afirmei.
– Não é não — respondeu rindo — volta aqui quando? — perguntou curiosa.
– Depois de amanhã, no mesmo horário — avisei — amanhã o dia será cheio no hospital, cerca de 4 cirurgias e fora as emergências.
– Entendo, meu amor — acariciou o meu braço e voltou a falar sobre o orfanato.
Retornamos para o meu apartamento e após um bom banho juntas, almoçamos e partimos para os nossos compromissos. Óbvio que eu não iria deixar Brunna ir sozinha.
– Não precisava — me olhou zangada — o hospital fica do outro lado da cidade, Ludmilla!
– Claro que precisava. Não me custa nada e eu já disse que não te quero andando sozinha por aí. — afirmei revirando os olhos — vai para o meu apartamento ou para o seu? — perguntei ao parar próximo ao campus dela.
– Preciso ir em casa pegar alguns materiais — respondeu ainda zangada.
Vê se pode? Ficando bicudinha por causa de uma carona.. se ela soubesse que eu sou capaz de levá-la até o outro lado do mundo sem reclamar...
– Venho te buscar então, passamos lá e seguimos para o meu apartamento — olhei nos seus olhos.
– Não precisa. Vou com a Juliana e, ou pego o carro com ela ou peço um táxi para ir até você — disse rapidamente.
Eu não queria, de verdade.. gosto de poder cuidar dela de perto, mas não posso ser controladora ou possessiva.
– Tudo bem — beijei os seus lábios — mas sem metrôs, ok? Por favor — pedi seria.
– Tá bem — me deu outro selinho.
– Promete que vai me ligar se precisar de algo? — questionei.
– Sim, mamãe — respondeu rindo, me fazendo revirar os olhos — promete se cuidar também? — pediu baixo, olhando nos meus olhos.
– Prometo, Bru — afirmei antes de beija-lá.
• • • • • • •
A tarde no hospital estava um tanto quanto agitada, mas nada muito exagerado também. Algumas emergências aqui, outras ali. Quando terminei de acompanhar a evolução de um paciente recém operado, retornei para a minha sala apenas para verificar um relatório. Mas assim que coloquei os olhos nela, senti o meu corpo estremecer.
Desgraçada.
– Ludmilla! — Keana exclamou ao me ver, levantando imediatamente — estou de volta — disse ao me abraçar.
Obviamente não retribui o seu gesto, muito pelo contrário, empurrei-a de volta, afastando o seu corpo nojento do meu.
– O... — tentou questionar, mas eu não permiti.
Eu já estava cansada disso tudo, agora era hora de dar um basta finalmente. Discretamente, enquanto caminhava para o outro lado da minha mesa, acionei o gravador do meu celular.
– Não tente encostar mais em mim, Keana. Acha que eu sou alguma idiota? — vi seus olhos se arregalarem — sua desgraçada — afirmei entredentes.
– Ludmilla, eu não estou entendendo — negou com a cabeça me fazendo rir.
– Deixe de ser sonsa, Keana. Já estou farta de você, da Isabelle, de tudo — deixei claro — eu sei que nesse jogo nojento, Verônica foi uma maldita peça que era movimentada por você — afirmei com raiva.
– Eu? Eu jamais faria.. — tentou negar, mas não deixei.
Quando eu digo que já estou farta disso tudo, é porque já estou mesmo.
– Chega — elevei a voz, batendo na mesa — não tente me manipular outra vez, sua infeliz — afirmei com raiva — você usou a Isabelle para me afastar da Brunna, o tempo todo era você quem estava ditando as ordens dessa merda toda. Eu percebi, percebi nas tuas falas, percebi no teu olhar — despejei tudo de uma vez.
Eu vi o exatamente o momento em que a postura dela mudou. Ela saiu da defensiva e se mostrou de verdade.
– Você viu? — questionou com um ar prepotente — logo você viu algo no meu olhar, Ludmilla? Como pode falar uma merda dessas? — me olhou com raiva — você nunca me viu. Nunca viu nada no meu olhar — apontou o dedo pra mim — você não passa de uma mentirosa prepotente que acha que pode brincar com os sentimentos alheios. Com os meus sentimentos — vi algumas lágrimas caírem dos seus olhos.
Imediatamente franzi o cenho, não entendendo o rumo daquela conversa e muito menos o que ela estava querendo falar.
– Do que você está falando? — perguntei assustada com a sua reação.
– Você nem se quer se lembra — balançou a cabeça enquanto me olhava — como você não se lembra? — gritou, espalmando as mãos na minha mesa.
Me lembrar? Me lembrar de quê? Essa mulher é completamente louca.
– Você está louca, Keana — afirmei olhando-a.
– Você me prometeu, Ludmilla. Você prometeu que eu seria a próxima — sussurrou — eu, eu seria a próxima — repetiu me deixando ainda mais assustada.
Próxima? De que merda ela estava falando? Eu não consigo lembrar..
– Eu não.. — minha fala foi interrompida pela sua.
– Duas semanas depois de você ter levado um belo pé na bunda daquela imbecil — me olhou — eu fui até o seu apartamento.. — disse me trazendo algumas recordações.
Flashback on
Eu estava me sentindo um lixo. A mulher que eu levaria para o altar havia me abandonado, me trocado por outro.. como não se sentir um lixo?
– Desgraçada — sussurrei enquanto virava uma garrafa de vodka na boca.
Não sei quantas garrafas já havia ingerido.. eu só queria fazer aquela dor parar e o álcool era a melhor solução para isso. A campainha tocou, mas eu não me movi, continuei deitada no sofá, bebendo, chorando, sofrendo..
Batidas fortes começaram a fazer a minha cabeça latejar. Decidi levantar e mandar o infeliz que estava fazendo tanto barulho assim para o inferno.
– Keana? — questionei surpresa ao vê-la ali, com flores nas mãos.
– Vim te fazer companhia — me deu um selinho, entrando no meu apartamento.
– Quero ficar sozinha — avisei cambaleando até o sofá — saia — apontei para a porta.
– Você não vai ficar sozinha, nunca mais — me deu mais um selinho — vou cuidar de você, Ludmilla — afirmou sozinha.
Não sei como as coisas aconteceram, não sei descrever o fluxo de tudo... mas quando vi, ela já estava por cima de mim, beijando o meu pescoço.
– Diga, Ludmilla — sussurrou em meu ouvido — diga que me quer, diga que eu serei a próxima a ter o seu coração — olhou nos meus olhos.
– Não, eu não quero — respondi baixo, embriagada — não quero mais ninguém — falei com a voz embolada — sai — pedi tentando me erguer.
– Eu espero, eu espero você querer — beijou os meus lábios antes de voltar para o meu pescoço, me impedindo de levantar — espero por você, no seu tempo — beijou meus lábios novamente — por favor — pediu deslizando suas mãos pelo meu corpo - só me diga que eu serei a próxima. Prometa, Ludmilla. Prometa que eu serei sua e você minha — mordiscou a minha orelha, me fazendo assentir antes de ter os seus lábios novamente colados aos meus.
Flashback off
Sentei em minha cadeira, sentindo o baque daquelas lembranças de uma vez só. Como ela pôde ser tão baixa assim? Como? Eu estava bêbada, vulnerável..
– Diga que lembra — sussurrou com a voz embargada, se aproximando de mim.
– Não encoste em mim — neguei imediatamente — você se aproveitou, Keana. Como? Eu não estava sã e você me usou, me fez fazer coisas que eu não queria — falei assustada. Eu não tinha a dimensão da doença dessa mulher por mim.
– Você quis sim — gritou — você prometeu que eu seria a próxima, Ludmilla — me olhou — eu fiquei te esperando, cada vez que nos encontrávamos e transávamos, eu esperava o seu pedido, eu esperava que você dissesse estar apaixonada. Eu não te forcei, eu esperei — balançou a cabeça — eu estava esperando o seu tempo. Até aquele maldito dia — me olhou com raiva.
Eu estava começando a ficar com muito medo da sua linguagem corporal, da maneira como ela estava transtornada. Mas tudo ficou ainda pior quando ela tocou no nome de Brunna, eu vi em seu olhar o ódio que ela sente por Brunna.
– Eu vi como você olhou para ela naquele pub, Ludmilla — se aproximou de mim chorando — você nunca me olhou da maneira como você olhou para ela. Eu vi, vi aquele olhar. – vi como você ficou diferente. Você simplesmente me largou lá para ir atrás dela. — eu vi no seu olhar que ela seria a próxima. Não eu. — gritou, me assustando.
Imediatamente lembrei da noite do pub, onde estávamos ficando e Brunna nos viu.. lembro do que eu senti, lembro do que eu fiz mas não sinto culpa porque eu nunca tive algum compromisso com Keana. Lembro que ela sempre dizia que estava tudo bem com os nossos encontros para sexo casual. Ela dizia.. mas pelo visto mentia.
– Você está descontrolada — respirei fundo, ainda desnorteada com todas essas revelações — eu nunca te enganei, nunca te prometi compromisso. Sempre deixei claro e você sempre concordou — afirmei
– Concordei porque eu sabia que era o que você podia me dar naquele momento. Como eu também sabia que um dia você olharia para mim e me amaria, Ludmilla. Mas aquela, aquela vagabunda apareceu e.. — fechei os punhos ao ouvi-la falar assim de Brunna.
– Dobre a sua língua para falar da minha mulher. — olhei-a — não vou permitir que ofenda Brunna. — deixei claro.
– Sua mulher — ironizou, negando com a cabeça — eu quem deveria ser a sua mulher, sua maldita — deu mais alguns passos na minha direção — e eu serei, Ludmilla — afirmou me olhando com um olhar doentio — você não terá opção — deixou claro ao derrubar os itens da minha mesa, antes de sair completamente transtornada da minha sala.
Sentei em minha cadeira, sentindo o meu corpo trêmulo e o ar sumindo dos meus pulmões. Como as coisas chegaram a esse ponto e eu não percebi nada? Como eu não vi a obsessão no olhar de Keana antes? Como eu pude ser tão ingênua assim?
– Maldita — neguei com a cabeça enquanto relembrava absolutamente tudo.
Não sei quanto tempo levei sentada na minha cadeira, tentando me recuperar, tentando me reestabelecer. Mas quando o fiz, imediatamente acionei meu novo corpo jurídico, enviando as provas que precisávamos para que a lei possa exercer o seu papel e mantê-la longe de nós. Muito longe. Após uma longa conversa com os advogados, liguei para Brunna mas não obtive sucesso.
– Calma, Ludmilla — pedi ao concluir que ela estava em aula, não era justo atrapalha-la.
Ainda eram 17h da tarde, Brunna só sairia por volta das 19h, então mandei uma mensagem para o seu celular.
WhatsApp on
– Brunna, me ligue assim que sair da aula, assim que puder. Keana esteve aqui no hospital e está descontrolada, por favor, não saia da Universidade, me espere aí. Vou te buscar às 19h, ok? Me espera, meu amor. Se cuida.
WhatsApp off
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