CAPÍTULO 17.
POV LUDMILLA OLIVEIRA
Eu percebi que ela havia ficado muito mexida com a com a minha atitude, então preferi "recuar", chamando-a para estudarmos.
Eu não queria atropelar nada, tanto por saber que é tudo "novo" para ela quanto por ter medo do que tudo isso pode vir a acarretar.
Então, por um bom tempo estudamos, o que foi muito bom porque eu realmente amo o que faço e lidar com uma aluna tão empolgada e aberta ao conhecimento como Brunna é, só melhora tudo.
Mas, em um dado momento, ela decidiu que não iríamos mais estudar. Aliás, ela tentou jogar comigo, o que é engraçado ao mesmo tempo que envolvente.
Não posso negar que a sua atitude surgiu efeito, já que eu não me contive e não demorei a beijar os seus lábios.
Eu passei a droga da noite inteira imaginando seus lábios colados aos meus.
Nossas línguas estavam em uma conexão tão boa que eu desejei passar a noite inteira assim, apenas beijando-a e sentindo o calor do seu corpo.
O frio lá fora não era nada perto do calor que estava fazendo aqui dentro, ao ponto de que, sem nem perceber, eu a trouxe para o meu colo, fazendo com que o meu corpo inteiro vibrasse e implorasse por mais.
Muito mais.
E mais uma vez, como no seu apartamento, fomos interrompidas, o que por um lado foi ótimo, afinal, eu já estava chegando ao meu limite e não demoraria nada para fazê-la conhecer o meu quarto, mais especificamente a minha cama.
Obrigada, Lyon. Ou não?!
Começamos a conversar com ela ainda sentada em meu colo, enquanto minhas mãos acariciavam o seu corpo, naqueles instantes tudo parecia tão certo e agradável.
E quando a sua barriga roncou, tive que conter muitas risadas para não constrangê-la e fomos jantar.
E que jantar maravilhoso. Meu Deus.
Brunna era uma verdadeira caixinha de surpresas.
Conversamos, rimos, contamos histórias inusitadas e nos divertimos muito. De uma maneira que eu nem se quer podia imaginar que seria possível.
Eu não sou o tipo de pessoa que é agradável e acessível com pessoas que eu não tenha verdadeiras conexões.
Mas pelo visto Brunna era uma bela exceção.
.....
Após deixá-la em casa, suspirei ainda anestesiada com o nosso último beijo.
O gostinho de "quero mais" era verdadeiro.
O que essa criança estava fazendo comigo??
Segui para casa com essa pergunta martelando a minha mente.
Porque você tem conseguido tanto de mim em tão pouco tempo, Brunna?
– Não sei se te agradeço ou se te coloca de castigo — sussurrei para o Lyon que se aconchegou no meu corpo — ela é linda, não é? — questionei suspirando enquanto afagava o seu pelo — ela é linda demais — sorri negando com a cabeça.
Por Deus Ludmilla, haja como a adulta dessa situação.
Fiquei um bom tempo ali no sofá, pensando e refletindo sobre tudo o que estava acontecendo. Era loucura demais.
Senti uma angústia em meu peito ao reviver coisas passadas e imaginar que, talvez, tudo possa caminhar para o mesmo fim.
Respirei fundo e preferi não pensar mais naquilo. Não hoje, não depois de uma noite tão agradável.
– Não surta, Ludmilla — sussurrei para mim mesma — você não precisa deixar que tudo se repita — conclui antes de levantar.
Subi para o meu quarto e tomei um bom banho, deixando que meus pensamentos fossem tomados por aqueles olhos castanhos.
Depois de fazer todo o meu ritual noturno, deitei na minha cama e peguei o meu celular, vendo que havia uma mensagem de um número desconhecido.
Desconhecido até eu ver a foto do perfil e a mensagem em si.
Era ela.
Involuntariamente sorri, negando com a cabeça antes de responder a sua mensagem.
WhatsApp on:
– Será que furtar o seu número também é considerado crime? 😳
– Acredito que sim! Mas já percebi que você não tem problema em infligir a lei, criança!
Digitei ainda rindo pela sua mensagem tão boba.
– Realmente, geralmente, quando eu quero uma coisa, só vou lá e faço..
Ela não demorou cerca de 1 minuto para responder, novamente me fazendo sorrir. Meu Deus, que loucura tudo isso.
– Sinto que não irei esquecer disso!
– Que bom então 🙃
– Está sem sono?
Eu não sabia muito bem o que dizer. Brunna tinha o estranho poder de causar isso em mim.
– Não necessariamente. Eu só queria garantir que roubei o número certo e não o de uma pizzaria ou algo do tipo!
Foi impossível não gargalhar com a mensagem dela. Que criança levada, meu Deus!!
– Oh, entendo! Você realmente é uma criança muito levada, não é?
Vi ela digitar e apagar algumas vezes, até que finalmente sua resposta chegou, me deixando mais desconcertada que o normal...
– Acho que só com você..
Li e reli aquela mensagem uma boa quantidade de vezes, ainda incerta do que eu estava fazendo..
– Planos para quinta à tarde? — digitei sentindo a minha respiração mais pesada.
– Aula de práticas gerais, infelizmente..
Talvez fosse melhor assim mesmo, a menina mal havia saído da minha casa e eu já estava querendo vê-la novamente??
– Uhm, não gosta de práticas gerais? — digitei tentando mudar o rumo da conversa.
– Até gosto, mas tenho outras preferências..
– Espero que cardiologia esteja inclusa nessa lista, Srta. Gonçalves — digitei com um sorriso nos lábios.
Em poucos segundos a sua resposta chegou, me fazendo sorrir ainda mais.
– Você ainda tem dúvidas, Sra. Oliveira?
Brunna, Brunna... se continuarmos assim, eu não terei muito autocontrole..
– Boa noite, criança!
Preferi encerrar aquela conversa antes que as coisas fugissem do meu controle.
– Boa noite, Ludmilla!
WhatsApp off
Revirei os olhos e sorri, antes de fechar os olhos e me render a uma boa noite de sono.
.....
Como sempre, às 05 da manhã eu já estava de pé. Fiz toda a minha higiene matinal e após fazer um rápido treino, tomei um banho e me alimentei.
Hoje o dia seria todo no hospital.
– Tente não destruir tudo por aqui, ok? — avisei ao Lyon — meu lindo — afaguei o seu pelo antes de sair.
No horário marcado, eu já estava no hospital, dano início ao meu plantão.
– Dra. Oliveira — ouvi uma voz me chamar.
– Sim, Hernandes — respondi ao ver que se tratava de um dos internos do meu bloco.
– Pediram para avisar que a cirurgia foi atencipada — avisou — o Dr. Adams não quer esperar.. — falou baixo.
– Como é que é? — questionei rindo ironicamente — ele não tem querer, o paciente não está em condição de ser operado — afirmei dando meia volta no corredor.
Tinha que ser esse cara para fazer com que o meu dia começasse com estresse e raiva. Me dirigi até a sua sala e abri a porta, sem cerimônias nenhuma.
– Você enlouqueceu? — questionei cruzando os braços.
– Bom dia para você também, Ludmilla — sorrio ironicamente para mim — algum problema? — questionou.
– O Sr. Alonso não pode ser operado agora — afirmei — você sabe muito bem que o caso clínico dele é delicado, o coração não vai aguentar outra cirurgia em menos de 24 horas, Otávio — olhei para o mesmo.
– A obstrução intestinal dele também não suportará esperar mais 24 horas — disse me encarando.
– Opte por uma intervenção menos invasiva então — afirmei — você tem meios e recursos para isso — olhei para ele — não sei o que está acontecendo com você ou com a sua cabeça, mas o meu paciente não será aberto novamente em menos de 24 horas — afirmei antes de deixá-lo a sós na sala.
Que cara idiota. É por "profissionais" assim que muitas pessoas acabam perdendo a vida. Tudo isso porque ele não concorda com o meu laudo médico, mesmo já tendo passado por outros médicos que chegaram a mesma conclusão. É o tipo caso do homem machista que não aceita ter a última palavra dada por uma mulher. Ridículo.
Fui para a sala do meu paciente, refazendo uma avaliação para ter ainda mais certeza da minha conduta. Após isso, avisei, mais uma vez, que iríamos esperar, afinal, o coração dele ainda estava muito debilitado.
Ele está sendo acompanhado e monitorado o tempo todo, e tudo dará certo, da maneira que tem que ser. Sem precipitações e equívocos.
Depois dessa situação ridícula, foquei minha atenção no meu plantão, dando o meu melhor para os meus pacientes.
O dia estava tão corrido que acabei almoçando na minha sala mesmo. Mas isso realmente não é um problema para mim.
Durante a tarde, recebi um ecocardiograma interessante. Avaliei e tratei do quadro do paciente, e, assim que tive um tempinho livre, voltei para a minha sala e tirei uma foto do eco, cuidando para não revelar nenhum dado pessoal do paciente, e enviei para ela.
WhatsApp on
– Qual é o diagnóstico do paciente, Srta. Gonçalves? — digitei após enviar a fofo.
WhatsApp off
Provavelmente, pelo horário, ela estava em aula, então não fiquei aguardando uma resposta rápida. Apenas segui de volta ao meu trabalho.
......
Por volta das 20h, retornei para a minha casa, cansada mas feliz por mais um dia bom de trabalho.
– Dona Ludmilla — Humberto me chamou antes que eu seguisse para o elevador.
– Olá, Humberto — olhei para ele
– Deixaram isso aqui para a senhora hoje — neguei entregou uma cesta bem linda.
– Ah, claro — sorri pegando — obrigada e boa noite — falei antes de seguir o meu caminho.
Peguei o elevador e fui direto para a minha cobertura, tirando os meus saltos assim que entrei em casa.
Coloquei a cesta na mesa e comecei a abri-la, vendo que haviam muitos itens do meu gosto pessoal.
Bom, isso só podia ser coisa de dona Silvana.
– Minha geleia favorita — sorri ao pegar o pote — acertou em cheio, mãe — suspirei já doida para comer.
Antes de pegar o celular para ligar para a minha mãe, terminei de vasculhar a cesta, achando, no final, um envelope branco.
Abri o mesmo e comecei a ler, sentindo uma raiva tomar conta de mim a cada palavra que eu absorvia.
"Talvez você não lembre, mas o dia de hoje sempre será inesquecível para nós duas, Ludmilla. Ainda penso em você.
Sua Isa"
Amassei a droga do bilhete com uma raiva descomunal. Essa mulher só pode ser maluca.
Peguei o meu celular e vi a data de hoje.
14 de abril.
Flashback on.
– Ludmilla — ouvi a voz emocionada da Isa enquanto olhava para tudo ao redor.
Eu havia preparado uma surpresa para ela em uma lancha, após termos jantado no nosso restaurante favorito.
Estávamos fazendo 10 meses juntas, e apesar do pouco tempo, eu jurava que ela era o meu grande amor.
– Você aceita ser a minha mulher, querida? — questionei abrindo uma caixinha com um anel de noivado bem brilhante.
Flashback Off.
O maior e pior erro da minha vida.
Eu estava cega de tanto "amor" e não vi o que estava ao meu redor. Não vi a cobra que estava ao meu lado me jurando amor eterno todos os dias.
Peguei a porcaria da cesta e joguei no lixo, sentindo o meu corpo ainda ferver de tanta raiva.
Como ela podia ser tão psicopata a esse ponto??
Aliás, como eu pude ser tão ingênua e cega com ela??
Como??
– Droga — xinguei ao bater a merda do meu mindinho no sofá.
Revirei os olhos e segui até a minha cozinha, pegando uma garrafa de vinho e bebendo na droga do gargalho.
Infelizmente, aquela desgraçada ainda tinha o poder de me causar uma raiva insana.
Eu entreguei o meu coração a ela e a mesma fez dele picadinho. Só eu sei o quanto eu lutei para me recuperar depois de tudo o que ela me causou.
Ouvi o meu celular vibrar e fui até aonde o mesmo estava, desbloqueando e vendo uma mensagem da Brunna, mas preferi ignorar.
Sentei no sofá e voltei a beber, relembrando momentos que eu daria a vida para esquecer.
Flashback on.
– Eu amo você, Ludmilla — ouvi a voz dela enquanto a mesma beijava as minhas costas — amo você para sempre — sussurrou antes de me beijar.
Flashback off.
Filha da puta desgraçada dos infernos.
Me amava tanto e fez o que fez, engraçado, não?!
Flashback on.
– Você, como você teve a coragem de fazer isso, Isabelle? — questionei sentindo lágrimas rolarem pelo meu rosto.
– A vida é isso, Ludmilla — ela me olhou seriamente — eu tenho que escolher o que é melhor para mim — afirmou enquanto puxava a sua mala — fique bem. — desejou antes de sair.
Flashback off.
Relembrar tudo aquilo doía sim, mesmo que eu quisesse e fizesse o possível para que não.
Eu não a amo mais, não a amo mesmo.
Mas tudo aquilo me deixou marcas que, ora ou outra, se fazem presentes.
Se fazem muito presentes.
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