36. Um péssimo pai
eu acho que esse é o maior cap de DT socorro
por isso mesmo esse capítulo tá muito agitado e cheio de emoções rsrsrs, mas tenham uma boa leitura!!
PS: não esqueçam de votar e deixar seus comentários :)
...
Realmente, Jungkook poderia surtar se não pensasse duas vezes antes de fazer o que pensa. Conviver com Yoongi até um certo ponto nunca foi difícil, até começarem a limpar as próprias bundas e finalmente se mostrarem em suas respectivas classes. Quando começaram a ver o mundo e as pessoas ao próprio redor de outra forma a própria relação deles mudou, e até agora estavam descobrindo coisas fantásticas sobre si mesmos.
Só que sem dúvidas, Jungkook sempre teria vontade de bater em Yoongi até ele apagar quando ele estava em um período, e por todos os seres sagrados e até os amaldiçoados, só queria viver em paz dentro da própria casa!
— Podemos trazer o colchão para a sala e dormir com você, talvez até ver um filme! – Taehyung tentava animar o alfa esparramado no sofá com cara de bunda, se sentando ao lado do mesmo e o encarando animado com a própria ideia. — Que tal?
— Você e o papai vão ter que trabalhar amanhã, não podem deixar de dormir por minha causa, pai. – cruzou os braços e suspirou fundo, chacoalhando uma das pernas todo insatisfeito, de orelhas baixas. — É sério, tá tudo bem. Dormir no sofá nem é tão ruim…
— Não é como se já não tivéssemos ido até mesmo sem dormir para o trabalho por vocês, – se aproximou mais para acariciar a cabeleira por cortar do alfa. — E tá tudo bem, faremos quantas vezes for necessário por vocês.
Jungkook ia resmungar algo quando Jimin surgiu do corredor parecendo cansado de algo, e todos ali sabiam do que era… Infelizmente não viviam uma situação boa, e para acrescentar, conviver com um ômega como Yoongi num período não podia deixar de ser no mínimo estressante. Jimin sempre teve muita paciência com Yoongi nesses momentos, só que o ômega além de ter grandes picos de irritabilidade, também havia de carência, e por conta de tudo que andava acontecendo, também se sentia inseguro e até relutante quando Jungkook se aproximava demais, não queria que seus pais o vissem sendo carente perto dele nessa forma tão humilhante. Não iria aceitar de forma alguma que apenas ter a presença dele lhe acalmava e ao mesmo tempo o irritava porque simplesmente seu pescoço parecia coçar por atenção ou uma marca, sendo assim, morria de medo disso já que a fala daquela médica não saia de sua cabeça; sobre Jungkook ter se segurado muito para não acabar com a marca.
Fala sério, aquilo estava corroendo Yoongi, ele sabia que Jungkook não faria nada contra sua vontade, acontece que nesse momento… não estava tão fácil decifrar suas próprias vontades e as do seu corpo desregulado.
O Kim-Park mais velho acompanhou o alfa e o marido ao se sentar no sofá, gemendo de frustração ao dizer num tom que beirava a chateação: — É a primeira vez que Yoongi me responde!
— Eu poderia dizer que isso é o de menos já que vocês nunca faziam nada quando ele me batia de graça, maaaas, eu entendo papai, a primeira vez é sempre estranho. – Jungkook tinha um sorrisinho reconfortante nos lábios enquanto dava leves batidinhas no ombro do mesmo, que lhe olhou pelo canto dos olhos, sentindo a paciência que pouco lhe restava esvaindo. — Okay…
Taehyung pegou o controle da tv antes de negar silenciosamente para Jungkook, logo se ajeitando no sofá e bocejar exageradamente alto, chamando atenção dos dois ao seu lado.
— Taehyung? Não sei o que pensar, para de ver vídeo análise de Boruto! – com um bico, Jimin protestou, fazendo o filho rir discretamente.
— Minha vida, pensa assim então: Yoongi está frustrado e tão estressado quanto a gente, ele tem o direito de expulsar Jungkook do quarto, e então, faremos disso uma boa noite para assistir algo enquanto ele relaxa a mente. – disse calmamente, sem tirar os olhos do que assistia, parando para fitar o marido quando concluiu. — Tudo bem?
— Também vou te expulsar do meu quarto se não colocar uma programação de verdade então, querido. – ameaçou delicadamente, se levantando do sofá quando pôde ver o mesmo bufar e resmungar algo inaudível, para então observar Jungkook parecendo aéreo na própria cabecinha. — Filho, vem comigo aqui na cozinha rapidinho? Preciso conversar com você.
As calotas polares pareciam ter se criado dentro da boca do estômago do alfa apenas em escutar aquilo, até achou que ia vomitar ou rir de nervoso porque tinha certeza que arregalou os olhos como quem tinha algo a temer, já que seu pai cerrou os olhos em sua direção antes de lhe oferecer a mão em ajuda para levantar do sofá. Jungkook não soltou a mãozinha gorda de seu papai que ficava cada vez mais nanico perto de si até chegarem na cozinha, chorando por dentro e pedindo socorro silenciosamente ao seu pai que ficou pela sala, ainda vendo a programação que comprometia a sua estadia fixa no próprio quarto.
Jimin apontou para os bancos na frente da bancada com a cabeça, pedindo silenciosamente que o alfa se sentasse ali, porém ele seguiu caminho até a geladeira, o que deixou Jungkook mais nervoso ainda. O que ele queria tanto dizer que não falava nunca? Por Buda, ninguém parecia haver misericórdia pelos ansiosos.
E quase se engasgou com a própria saliva num susto quando o mais velho largou uma cenoura em sua frente sem mais nem menos, se sentando logo em seguida.
— Você está nervoso?
— S-sim. – engoliu em seco, incapaz de mentir para aquela figura assustadora que era seu pai, mesmo sem saber ao que ele se referia exatamente, só sabia que sim, estava nervoso.
E pra que aquela cenoura? Por Deus.
— Eu percebi nos últimos dias, mas não consegui parar para te perguntar como você estava. Eu vi que andou roendo seus marcadores, fazia um tempinho que isso não acontecia. – comentou, podendo observar os ombros do mais novo cair e ele respirar fundo, parecendo aliviado. — Está tudo bem, bebê? Agora com essa história do Yoon pode parecer que esquecemos do que aconteceu com você, porém muito pelo contrário, seu pai e eu estamos desesperados por respostas… e um pouco estressados. Ainda sim não tem nada que nos deixe tão feliz quanto em ter vocês dois bem em casa, apesar de tudo.
— Ei, papai – se aproximou incrédulo. — Eu não acho nada disso, eu sei que estão fazendo de tudo por mim e pelo Yoon, não pense assim! Eu estou bem!
— Jun, você não é de ferro, ninguém é. – sorriu pequeno, buscando as mãos grandes do seu filhote e as acariciando, logo as entrelaçando com as suas. — Eu espero que possamos ficar todos realmente bem de uma vez. Mas eu preciso conversar com você… sobre o Yoon.
Jungkook costumava pensar que a única função de alfas era ajudar a aumentar a população juntamente com os ômegas e betas que pudessem, em todo caso, sentia que não faria mais parte disso e que talvez seu pai arrancaria suas bolas com toda aquela conversa intimidadora como se soubesse que andava beijando Yoongi por aí. Poderia ser só medo e culpa, mas sinceramente, temia Kim-Park Jimin.
Então ele disse: — Jun, você sabe que você e Yoongi não sendo do mesmo sangue podem facilmente ter influência um sobre o outro, né? Claro que foram criados como irmãos, porém existe coisas no corpo de vocês que ainda podem agir como imãs, e principalmente agora após a marca de seu irmão ter encerrado, isso pode ser uma grande armadilha para você, um alfa.
Talvez se enfiar num buraco? Enfiar a cenoura em um de seus olhos ou até mesmo bater inúmeras vezes com a cara na bancada? Sem dúvidas uma dessas opções tinha que resolver seu problema agora e sua vontade de evaporar num único estalo. Sentia seu coração na garganta e seu cérebro fora da órbita, não sabia o que responder, não sabia de nada, Jungkook havia pifado na frente do seu próprio pai, o encarando espantado sem ao menos respirar.
Por que era tão difícil escutar seu pai falar aquelas coisas?! Ele tinha esperanças e apostava no óbvio, que se tratavam apenas como irmãos! Ele não está errado, mas Jungkook não poderia deixar de se sentir culpado, era como se estivesse enganando seu pai, afinal de contas, ama Yoongi além do premeditado e estavam descobrindo-se aos poucos, até mesmo… até mesmo se beijavam.
E Jimin estava completamente alheio a isto, e ver isso era como enfiar uma adaga em suas costas, estava mentindo e enganado seus amados pais… Já havia sido pego pela armadilha que foi um dia perceber Yoongi com outros olhos.
— Jungkook? – piscou confuso, vendo sua criança se tremer e suar do nada. Não se lembrava de surtar tanto na adolescência quando seus pais falavam algo um pouco constrangedor, será que estava sendo invasivo demais? Uh…
— E-eu n-não… N-não entendi. – conseguiu formular uma frase após alguns segundos, engolindo em seco e sentindo seu pompom ter espasmos.
— Tudo bem, não precisa ficar nervoso, filhote! – riu fraco, cruzando as pernas para então prosseguir: — Eu só queria dizer que o período de Yoongi vai te afetar desta vez. É quase semelhante a um cio, mas sem dúvidas potencialmente mais fraco e sem os mesmos sintomas. A única diferença do período fértil normal e o de fim de uma marca de feromônios é a força e a agitação dos hormônios no corpo de um ômega, o que faz com que seu irmão fique evidentemente mais temperamental ainda, que o cheirinho de laranjas dele fique mais forte, descontrolado e principalmente… mais carente.
Isso é um pouco perigoso de várias formas para um ômega desacompanhado e sem um alfa, porque essa carência e descontrole hormonal é como uma abstinência dos feromônios do alfa que fez a marca, tudo dentro do corpo de Yoongi quer vivenciar novamente o quão calmo é ter os hormônios abraçados por uma marca, mesmo que psicologicamente tenha sido uma experiência horrível para seu irmão por razões óbvias, se tivesse sido recíproco ele estaria muito bem… Agora, Yoongi não pode sair até seu período acabar, isso faz ele correr risco de ser marcado novamente.
Jungkook se esquecia que seus pais sabiam mais da sua própria espécie do que ele mesmo, e talvez seja por isso que eles parecem remediar tudo em sua vida e na de Yoongi (talvez nem tudo). Ainda nervoso com tudo aquilo, suspirou fundo e fitou seu pai ainda sem entender, coçando o topo da cabeça.
— E o que eu tenho a ver com isso, papai? Você está me assustando. – choramingou, cruzando os braços num bico amuado.
— Jungkook, você é um alfa. – apontou o óbvio, de sobrancelhas erguidas, surpreso com tamanha lerdeza do seu garoto.
— Ainda não entendi a relação do período do Yoon comigo!
— Ele é um ômega, e você um alfa, seu cabeça oca! – declarou alto, incrédulo ao que negou lentamente com a cabeça ao ver a expressão do mais novo parecer clarear, logo arregalando os olhinhos jabuticaba. — Agora eu entendo porquê suas notas em biologia são tão ruins…
— Eu não vou marcar ele, papai… – chiou como se fosse óbvio, resolvendo ignorar o comentário ofensivo de seu pai por estar morrendo de vergonha, o olhando alarmado.
— Jungkook, você tem passado vinte e quatro horas por dia com seu irmão, e agora ele não vai voltar para escola por conta disso, vocês dois estão temporariamente afastados da escola, e ainda sim eu e seu pai precisamos trabalhar. Eu sei que você não faria algo como isso, ainda sim não podemos arriscar, filhote. Não podemos monitorar vocês o tempo todo, e vocês são muito próximos, eu me admiro que vocês não sejam do mesmo sangue as vezes, parecem gêmeos que não se desgrudam! – exclamou também exasperado, o olhando seriamente. Respirou fundo antes de dizer calmamente: — Amanhã eu e seu pai vamos trabalhar, talvez você vá para casa de seus tios essa semana.
— O que?! – se levantou abruptamente, arregalando os olhos e num descuido levantando um pouco a voz, o que fez o mais velho o fuzilar. Jungkook respirou fundo e se sentou lentamente novamente, tentando se controlar para não surtar. — Papai, eu não sou nenhum alfa louco desenfreado! Eu não vou marcar Yoongi sem mais nem menos, por que está me comparando com outros alfas?!
— Não é isso, querid-
— Eu não vou ficar longe do Yoongie. Não vou mesmo! – cruzou os braços duramente, o fitando nos olhos, em claro e puro desafio contra seu descontentamento. Estava se sentindo ofendido, e arredio, como seu pai estava tentando lhe separar de Yoongi assim?
Já não bastava uma alfa marcando Yoongi e ferindo seu ego, alfas lhe espancando por causa dele e agora seu pai contra si? Em que mundo estava onde todos pareciam querer lhe afastar desse ômega? Honestamente, estava enfurecido.
— Eu pensei que você não suportasse seu irmão no período, o que está acontecendo? Você não saiu de cima dele hoje Kim-Park Jungkook! Não pense que sabe mais do que eu, porque eu sei o que estou te dizendo e sei o que é melhor, agora trate de nunca mais levantar a voz para mim e muito menos me desafiar desta forma! – bradou firme, incrédulo com tamanho desaforo. — Você já está afetado pelo período do seu irmão, Jungkook. Não haveria razões para não querer ir para casa de seus tios senão para poder ficar cheirando Yoongi como tem feito até ele te expulsar do quarto.
"Mal sabe você, papai." Seu cérebro cantarolou.
— Mas eu não estou fazendo nada disso! – mesmo assim insistiu numa birrar, descruzando os braços sem paciência e bufando alto perante o olhar afiado do seu pai. — Papai, para com isso, eu não quero ir! Eu não vou fazer nada eu prometo, eu tô falando sério, prometo não chegar perto dele!
Jimin não queria brigar com o filho, portanto sabia que insistir não ia dar certo, só lhe resta a confiar na palavra de Jungkook. Ele estava lhe tratando como uma ameaça, e Jimin estudou sobre isso no início de sua faculdade, História Introdutória Lúpus: a origem dos híbridos, se tratava de muitas coisas sobre o início da criação dos lobos híbridos, principalmente os alfas que herdaram muitas características territoriais e possessivas. Os alfas são conhecidos por proteger o que fazem de seu, os alfas protegiam a matilha, a família, e querendo ou não Yoongi sendo irmão de Jungkook, ele iria o proteger e iria brigar por ele. Era claro que Jimin estava cheio de receios, não queria que mais nada fora do controle acontecesse, sua responsabilidade era zelar a segurança daqueles dois, e parecia cadê vez mais difícil! Era como se quisessem se mandar! Jimin iria enlouquecer, não se lembrava que ainda teria que passar por adolescentes sabichões debaixo da sua asa.
— Jungkook, você está levando a voz com seu pai?
A voz séria de Taehyung foi claramente escutada por ambos, e Jimin ergueu o olhar para o marido, o olhando calmamente para que percebesse que estava tudo sob controle. Ainda sim o Kim-Park mais novo se aproximou ficando ao lado do marido para encarar o filhote e para então finalmente o pequeno alfa baixar a guarda lentamente, deixando os ombros caírem num suspiro frustrado.
— Me desculpa, papai. Eu não quis brigar com você, eu sei que quer o melhor pra nós. – murmurou, dessa vez olhando nos olhos do mesmo, logo mordendo o lábio inferior quando sentiu o mesmo tremer. — Eu só não q-quero ir pra casa dos meus tios dessa vez.
Taehyung se lembrava da conversa que teve mais cedo com Jimin sobre o que fariam em relação a ambos nesse momento, a solução tinha sido clara, sabiam que não seria fácil, e não está sendo. Esteve escutando a conversa da sala, e não soube como Jimin estava tendo tanta paciência com o filhote frustrado mesmo estando exausto após já ter escutado alguns desaforos de Yoongi. Como um bom ansioso ele não conseguiu deixar essa conversa com Jungkook para amanhã pela manhã, qual teriam todos juntos, e cá estavam eles agora analisando Jungkook quase se debulhando em lágrimas para não ficar longe de Yoongi.
Isso ficava cada vez mais duplamente confuso.
— Não precisa ir, bebê chorão. – Taehyung resmungou com humor, se aproximando do alfa para lhe abraçar. — Vem cá…
O Park revirou os olhos num suspiro baixo, era óbvio que Taehyung iria desistir de pelo menos uma vez naquela vida ter pulso firme com aquelas crianças, era óbvio… Taehyung simplesmente não conseguia vencer ao ver seus bebezinha chorarem, ainda mais chorarem porque querem ficar juntos!
Ama seus grudinhos!
😽🐰
Apenas um som se espalhava por todos os cantos da casa arejada e lustrosa, sendo carregado pela brisa suave do verão, os passarinhos e beija-flores se fartavam comendo sementinhas de girassol e tomando água no parapeito da janela da cozinha, cantando e piando satisfeitos. E foi com esse som alto e rotineiro que Yoongi despertou naquela manhã, percebendo que seus pais não estavam em casa, caso contrário a janela da cozinha estaria fechada e não teria amanhecido com o som estridente de pássaros acasalando e comendo as vezes até mesmo dentro de sua casa… Poderia ser cômico, mas Taehyung havia implantando uma rotina tão estranha naquela casa que envolvia até os pássaros como despertador natural de seus filho quando não estavam, para ainda sim fazer eles despertarem antes do meio dia. E funcionava sempre.
O ômega bocejou alto, logo gemendo e resmungando sobre os lençóis, tapando os ouvidos com o travesseiro completamente irritado. Ahh, se todos pássaros do mundo fossem como Sonequita de Pocoyo…
Após alguns minutos resmungando, sua única escolha era levantar e viver, mesmo que não quisesse. Yoongi estava tão aéreo que nem mesmo deu falta de Jungkook, seguindo fazendo sua higiene matinal, tomando suas vitaminas, florais, e um tipo de sublingual que o deixava nas nuvens quando estava em seu período hormonal. O ômega não tinha certeza se surtiria muito efeito dessa vez, visto que normalmente usava em dias que estava visivelmente irritado e podia ficar agressivo, portanto, para infelicidade de Yoongi a única coisa que parece de fato estar é carente.
Ignorando este fato, cheio de preguiça vestiu a primeira peça de roupa que encontrou em sua frente, justo ela uma camisa de Jungkook três números maior que o habitual que costuma usar. Pensou em trocar os shorts do pijama, mas honestamente, aquela camisa cobria quase até seu joelho, então suas coxas estavam protegidas do ventinho frio da manhã. Uh, aquela camisa estava tendo muitas vantagens, Yoongi estava meio distraindo com o cheirinho confortável de alfa que emanava dela… o cheiro de Jungkook. Alfas não tinham essência, mas tinham feromônios em suas glândulas de suor, a presença de alfa de Jungkook só se tornava tão agradável por ele ser um alfa muito do delicado, as vezes tão delicado quanto Yoongi que não se lembrava de passar creme corporal, quando o alfa sim, e fazia questão de usar sabonetes de lavanda desde sempre, o que lhe fazia praticamente transpirar o cheiro impregnado em sua pele.
Ainda pensando em como tudo aquilo acalmava seu interior, destrancou a porta do quarto e vagou pelo corredor quase que flutuando, em busca de algo que pudesse forrar seu estômago faminto de ômega num período irritante. E ele encontrou.
Havia um pote de geleia de morango brilhando sobre o balcão logo ao lado dos pães, e foi isso que moveu as pernas de Yoongi rapidamente até ali, praticamente salivando ao ver o doce reluzindo lindamente. Sem muitas delongas, o ômega abriu o pote sem muita dificuldade, o agarrando com as duas mãos e o trazendo de encontro ao narizinho de botão, fechando os olhos e aspirando fundo o cheirinho maravilhoso e completamente açucarado, sim, ah! Açúcar! Antes mesmo de qualquer coisa, Yoongi já tinha os dedos lambuzados de geleia de morango, gemendo demoradamente em puro deleite ao saborear de uma de suas coisas prediletas.
Geleias de morango sem dúvidas tinham o coração daquele ômega.
— Gigie… – um resmungo arrastado praticamente em seu cangote fez o ômega pular no lugar, desequilibrando o pote de geleia em suas mãos lambuzadas, mas por sorte acabou conseguindo o apoiar na mesa com certo esforço antes que caísse no chão e sua morte fosse decretada por seus pais.
— Mas que merda, Jungkook! – se virou para o encarar lhe olhar com os olhos estranhamente pidões. — Tá ficando maluco? Eu podia ter deixado cair no chão e ia ser um escândalo, sabe nem que todas as vezes que isso acontec… Por que tá me olhando assim?
— Por que está me evitando? – chiou o alfa, acompanhando de um bico involuntário ao que fitava o ômega erguer uma das sobrancelhas em estranheza.
Esse garoto… Yoongi estava ficando birutinha. Aparecer do nada atrás de si para ficar lhe fazendo perguntas bobas e ainda o olhando daquela forma! Sério, só via Jungkook fazer aquela carinha para seus pais quando estava doente e pedia por carinho, como um filhotinho, e agora, lá estava ele, fazendo biquinho na sua direção – e isso é muito fofo, fofo demais, adorável demais, urgh! Yoongi não sabia o que fazer, o evitar um pouco fazia parte do seu plano de não se humilhar por atenção ou acabar marcado novamente!
Já Jungkook se sentia no direito de indagar ele. Desde que voltaram ontem da delegacia, ele se trancou no quarto e só saiu hoje, e ontem tudo que queria era poder abraçar o ômega e contar o que havia acontecido, seus pais queriam que ficassem longe! Mas tudo que o alfa pôde fazer foi ir dormir no sofá sozinho, sem companhia e apoio. Estava se sentido ansioso e Yoongi sempre estava presente pra o ajudar em momentos como esses, e tudo que ele fez foi o expulsar do próprio quarto! Jungkook queria ficar bravo, mas quando sentiu claramente o perfume natural do irmão se espalhar pela casa assim que ele saiu do quarto, só fez o seguir até a cozinha como um cachorrinho. Sinceramente, isso era constrangedor, desde que a essência havia voltado completamente seu corpo e mente estavam reagindo de forma diferente sobre Yoongi. E isso não significava que iria marcá-lo!
Aquele alfa estava em circuitos.
— É impossível te evitar quando está sempre em cima de mim como agora! – reclamou, cruzando os braços sobre o peito e abaixando as orelhas sob a cabeleira escura, com os olhinhos gatunos explodindo frustração.
— A porta do quarto tava trancada!
— Eu precisava ficar sozinho um pouco. – murmurou, desviando o olhar do alfa que lhe avaliava o tempo todo, e a troca de olhares tão de perto se tornava um pouco constrangedora graças a diferença discrepante entre sua estatura vergonhosa e a do mais novo.
Realmente precisava ficar sozinho ontem, era o início de um período que nunca teve, e não estava sabendo lidar com suas próprias emoções naquele momento, todavia, hoje se encontrava bem melhor.
Mas não se lembrava de Jungkook ser assim tão… tão exigente de sua atenção, ou sempre foram assim? Ele não conseguia fazer comparações claras agora, por alguma razão que não lhe era óbvia, ainda sim, parecia que estava conhecendo Jungkook a cada hora que se passava mesmo tendo vivido sua vida toda com ele, agora tudo estava tão diferente de algum jeito! Talvez fosse porque se confessaram um ao outro, porém, Yoongi sentia que o alfa estava tão carente quanto ele, e se fosse o caso, isso com certeza só podia ser efeito do fim da marca. É insuportável o quanto isso deixava Yoongi inseguro, ter outra marca agora só parecia horripilante porque tudo remetia a Momo e o sentimento de merda que sentiu por uma semana inteira, sem contar que aquilo estava fazendo um circo em seus hormônios agora e ele podia sentir. Não podia correr o risco de ser marcado outra vez sem ter um alfa fixo, Yoongi sabia muito bem disso.
Mesmo que o único alfa que realmente quisesse estivesse agora mesmo em sua frente com um biquinho triste em sua direção, não era tão fácil assim. Não havia nem contado a ele sobre ter resquícios do seus suor oleoso e nojento sobre a marca, e talvez nem diria…
— Por que está tão triste? Eu pensei que quem ficasse sensível nos meus períodos fosse eu, seu alfinha molenga! – provocou ao cutucar o biquinho alheio assim que notou que ele permanecia de ombros caídos e aquela carinha triste, sem dizer nada.
— Primeiramente porque fui ignorado por muitas horas, e também porque nossos pais querem me afastar de você… – suspirou, fitando o ômega para observar que ele estava com a boca totalmente suja de geleia nas laterais e no lábio inferior. Despreocupadamente levou o dedão aos lábios do mais velho para limpá-los, provando em seguida a geleia em seu próprio dedo com uma careta, para então dizer: — Ainda não entendo como você pode comer isso puro.
Sem piscar, a saliva mal desceu pela garganta de Yoongi quando ele piscou estático, sentindo sua cara ferver e seu coração numa roda de samba, ou até mesmo numa roda punk. Jungkook falou algo, portanto não havia como ele se lembrar muito bem de como formular uma resposta após aquilo; onde aquele pirralho estava aprendendo a agir daquela forma?! Ele tem estudado sobre como lhe fazer passar mal?! Yoongi jura que não é a primeira vez que reparou nesse alfa sendo tão descuidado e atrevido, pois não esqueceu nem um pouco de como ele vinha lhe tocando livremente, ou quando se beijaram madrugada passada… as mãos de Jungkook cobriam toda sua cintura, e isso o deixava frenético, não sabia decifrar! Era bom ser tocado daquela forma, uma explosão de sensações e sentimentos que o deixavam maluco só por sentir sua pele formigar em qualquer lugar que Jungkook o tocava, e isso é tão novo, para não dizer estranho…
— Yoon? Você está bem? Seu rosto… – tocou as bochechas rubras, logo arregalando os olhos. — Você tá com febre!
— Que febre, Jungkook! Tá tudo bem, só… só tô com calor, sei lá, o clima anda louco, né? – respondeu agitado, se afastando discretamente do toque do mesmo, consequentemente se esgueirando para o lado da pia sorrindo sem jeito antes de se virar para lavar as mãos.
— O clima tá normal. – franziu o cenho. — De qualquer forma, você escutou o que eu disse?
— Oh… sim. Você falou que nossos pais querem afastar você. – respondeu, fechando o registro e secando as mãos na própria roupa, dessa vez indo para a geladeira, porém, ao que prestou atenção no que disse arregalou os olhos e olhou apavorado para Jungkook. — Afastar?! Nos afastar por quê? J-jungkook, você falou de nós?
— Nós? – sorriu largo, sentindo seus olhos brilharem. — A gente… tipo, nós… a gente tem algo agora né?
— E-eu não quero voltar p-pro orfanato… Eles vão achar que somos aberrações, ter dois filhos que se beijam, eles vão ter nojo da gente! – ignorou o que o mais novo dizia, os olhos do ômega estavam cada frase mais arregalados e assustados com a ideia do que tinha certeza que aconteceria caso seus pais descobrissem que possuíam sentimentos além do premeditado. Iria ser mais um que provaria pra humanidade que era escravo de instintos e que gosta de beijar seu irmão apenas por ser um alfa! — Eu odeio ser a merda de um ômega!
— Não! Não, não, não foi isso! – o alfa se exasperou ao perceber que Yoongi havia entendido tudo errado, se aproximando e o segurando pelos ombros o que fez o mesmo imediatamente o fitar apavorado. — Yoongi, não é por causa disso, calma, Gie! Não fala assim, por favor…
— Mas-
— Eles só estão com medo que eu te marque durante seu período, não é nada além disso. – o interrompeu, contando calmamente para observar os ombros antes tensos dele relaxarem seguido de um suspiro aliviado. Sorriu pequeno ao levar os dedos finos para a bochecha corada, acariciando delicadamente afim de tranquilizar o menor. — Eu não vou contar para nossos pais que o ômega que eu amo beijar e dar cheirinhos é você.
Sorriu pequeno para o seu hyung, o puxando para um abraço logo em seguida para então sentir os bracinhos o apertar em alívio e o rosto corado se esconder em seu peito em busca de conforto. Jungkook engoliu em seco e seu sorriso foi sumindo aos poucos, sendo substituído por uma feição séria, e inconsequente seus braços se tornaram mais firmes ao redor de Yoongi. Lembrar que seus pais não sabiam sobre os sentimentos que nutrem um pelo o outro o faz se perguntar se realmente são aberrações, era tão difícil pensar nisso simplesmente porque Yoongi sempre esteve lá em todos momentos da sua vida, quando chorou, sorriu, quando descobriu coisas novas e quanto o mundo é ruim as vezes, quando mentiu pela primeira vez, quando aprendeu, cresceu… ele sempre esteve lá, evoluindo consigo. Não conseguia sentir que só amava Yoongi porque é um alfa e ele um ômega, caso contrário amaria todos os ômegas que já viu, só que Yoongi… ele o ama duas vezes. Como irmão, e como o ômega que deseja, simplesmente por que há tantos detalhes nele que o fazem ser unicamente perfeito para si, nunca se viu sem seu ômega número um, e ainda não se via.
Temia ser afastado dele por o amar além do que deve, mesmo quando seus pais lhe dizem que os amam apesar de tudo e qualquer coisa, não importando o que aconteça, ele ainda tem medo.
— Eu só tomei um susto, não precisa me quebrar no meio, Jungoo. – resmungou abafado, tendo um pouco de dificuldade para erguer o rosto e fitar o alfa, que baixou o rosto para o olhar com graça, agora exibindo um sorrisinho tímido em sua direção.
— Eu quero t-te beijar. – murmurou tímido e Yoongi sorriu todo bobo, logo rindo baixo das orelhas trêmulas no topo da cabeça do alfa. — Por favorzinho, Yoongie…
Jungkook pediu manhoso, escorregando os braços para a cintura delgada do irmão ao mesmo tempo que circulava o nariz na bochecha gordinha do mesmo, gritando interiormente e sentindo como se tivesse verdadeiramente um coelhinho saltitante dentro de si por Yoongi não ter o afastando quando desceu seu nariz discretamente pelo pescoço cheiroso dele, se perdendo por ali. Yoongi apertou os ombros de Jungkook num suspiro curto, corando violentamente quando sentiu as mãos do alfa apertarem sua cintura no mesmo segundo em que aspirou fortemente sua pele.
Não estava sendo tão fácil assim para Yoongi ter um alfa tão manhoso na sua cola nesse momento, era engraçado, quem imaginaria que Jungkook, o faixa preta em Taekwondo e que adorava olhar feio para qualquer um que esticava os narizes na direção do seu irmão, agora estava choramingando por beijinhos, buscando a essência que o deixava tão manso quanto qualquer outra coisa.
Yoongi realmente queria lhe encher de beijos e deixar que ele se afogasse no seu perfume, mas aquilo estava mexendo com coisas que nem sabia que existiam dentro de si, mexendo com sua cabeça de um modo louquinho.
— Jun… J-jungkook – chamou baixo, não tendo certeza se deveria deixar o alfa se aproximar tanto dos seus poros recém livres de uma marca, quais esses agora exalam duas vezes mais essência em busca de uma nova marca. — Jungkook, eu acho m-melh-
— Yoon, só me deixa matar a saudade da sua essência e aproveitar que posso fazer isso sem ter medo que nossos pais apareçam a qualquer hora, por favorzinho? – parou por alguns segundos para encontrar o rosto corado dele parecer estar numa luta interna, e tudo que Yoongi fez foi se render num acesso positivo.
Jungkook não queria assustar Yoongi, ainda sim havia algo acontecendo com seu corpo em relação a fragrância dele como nunca antes sentiu, seu corpo reagia o deixando carente e necessitado de sentir mais e mais, sua real vontade era de lamber o pescoço de Yoongi e sua boca caçava por isso, o que além de muito estranho estava o assustando. Seu pai sabia o que falava, de fato pôde sentir agora o perigo que estava correndo ao fazer aquilo, era uma verdadeira armadilha. Sem dúvidas não marcaria Yoongi sem que ele pedisse por isso, e sabia que não era recomendado fazer isso quando são tão jovens ainda, portanto cada vez que aspirava o cheiro fresco do ômega se sentia mais entorpecido.
Já Yoongi não sabia onde enfiar a cabeça, sempre se sentia constrangido quando Jungkook era tão indiscreto para cheirar seu pescoço, antigamente ele fazia isso enquanto dividiam cama, quando estava ansioso, triste ou com saudades, mas agora, aquele alfa estava quase se fundindo com seu pescoço e aquelas carícias delicadas do nariz sedoso em contato com seu sensível pescoço, estava fazendo todo seu sistema pifar. Não bastando, Jungkook parecia temer que ele fugisse, segurando verdadeiramente forte sua cintura e o trazendo cada vez mais pra si, estavam grudados e inertes.
— Yoonie – rosnou frustrado, ficando ainda mais agitado quando sentiu a pela alva do ômega se arrepiar quando ele tremeu sob si. Precisa se controlar, não era nenhum daqueles babacas, só era difícil saber que Yoongi o ama tanto quanto o ama, saber que o tem ao mesmo tempo que não o tem, era infernal saber que não podia fazer de Yoongi seu ômega!
Também, era a primeira vez que Jungkook tocava um ômega desta forma tão necessitada, e a primeira vez que Yoongi era tocado dessa forma por um alfa; Jungkook estava sendo guiado puramente pela sua cede e instinto alfa, percebendo que talvez estivesse perdendo um pouco do controle misturado com suas frustrações e seu ego de alfa ferido em saber que o ômega que ama estava agora sofrendo isso por conta de uma marca que não havia sido ele quem a deu. Enquanto isso, Yoongi estava se sentido tão bem e ao mesmo tempo tão confuso que sua essência só parecia se espalhar mais e mais nos ares, explanado todos seus sentimentos em sua essência, principalmente sua inquietude.
Estavam presos um ao outro, e então Jungkook se sentiu aflito, não conseguia parar de esfregar seu nariz naquela armadilha!
— Yoon, seu cheiro tá muito forte. – soou como uma lamúria contida, ele não queria soltá-lo, mas não sentia que aguentaria muito mais tempo sem literalmente atacar o pescoço do mais velho, e isso o deixou perdido e irritado. — Para de aromatizar!
— Eu não tô aromatizado! Tá assim por causa do período pós marca. Precisa me soltar, Jun… – disse nervoso, nem mesmo confiando em suas próprias ações mais, sem conseguir mover um único músculo abaixo do corpo alto do mais novo que o prendia.
— Eu não sei se consigo, não sei o que tá acontecendo comigo. Isso nunca aconteceu antes! – choramingou confuso, agora com o rosto apoiado no ombro levemente exposto de Yoongi.
— Jun, se não conseguir se controlar você pode me marcar a qualquer momento… Se ficar agindo assim na frente de nossos pais eles realmente irão te mandar pra casa dos nossos tios até meu período acabar. E… E-eu não quero outra marca agora.
— Não! Não, não, Yoon… – gemeu desconcertado, o agarrando mais ainda, se forçando a se afastar do pescoço do mais velho e então o dando um beijinho de esquimó, manhoso de uma forma que Yoongi nunca havia visto.
Okay, sem dúvidas ainda tinha muita coisa para descobrir sobre sua própria espécie, nada realmente era como em livros teóricos, e ele nem ao mesmo se lembra de já ter visto alguma vez sobre alfas ficarem tão grudentos só por causa de uma marca. Aquilo nem ao menos parecia Jungkook.
— Eu não tô descontrolado, eu juro, é que só quero ficar perto. – esclareceu, parecendo sério por alguns segundos, até fazer um biquinho e acabar beijando várias partes do rosto confuso de Yoongi que riu desacreditado. — Eu sei que tô parecendo um idiota, eu juro que sei e essa é a pior parte!
— Okay, me solte.
— Mas-
— Jungkook você tá fora de si, não tá vendo? Você acabou de me dizer que nossos pais querem te levar pra casa dos tios justamente por causa disso! E ainda que você não tenha falado sobre nós dois, precisamos tomar cuidado, e com você agindo assim vai ser impossível! É difícil pra mim também… – rebateu, sentindo sua cauda se mover insatisfeita assim como seu par de orelhas felpudas, que se abaixaram entre seus cabelos ao que fitou o alfa seriamente. — Se não está mesmo descontrolado como fala, me solte.
— Você não vai me dar um beijinho, mesmo? – resmungou, ainda imóvel.
— Anda logo seu bunda mole! – esbravejou já sem paciência, soltando fumaça pelos ouvidos ao que bateu pé, se obrigando a não ceder para aquele marmanjo.
Jungkook se afastou como pôde, lutando contra seu próprio corpo para deixar de tocar o ômega tão de repente e não voltar no mesmo passo. Respirou fundo para tentar se acalmar e tudo que aconteceu foi piorar, por que diabos ele cheirava tão bem?! Droga, droga, que saco! Não queria provar para seu pai que ele estava certo em duvidar do seu auto controle, só queria chorar de frustração, só queria um abraço, um beijinho!
Yoongi é horrível, não podia ao menos lhe dar um beijinho daqueles, sem dúvidas ia ficar mais calmo!
O ômega observava discretamente o alfa parecer estar muito chateado e brigando internamente consigo mesmo enquanto encarava um ponto aleatório da cozinha, estático no meio do local. Queria poder lhe tranquilizar, queria poder ficar agarradinho nele o dia todo para verem filmes legais e comer pipoca só porque é muito confortável e bom, só que não sentia que poderiam ficar tão próximos essa semana. Era claro que também estava numa luta interna, sentir o calor de Jungkook e o quão próximo ele se mantinha, ou até mesmo o toque em seu pescoço que soava como numa massagem se tornava algo muito, muito bom agora, logo, perigoso.
Apesar disso, precisava ficar lúcido.
Ainda neste pensamento, de modo despercebido seu olhar se encontrou com o de Jungkook, e foi constrangedor perceber que estavam na mesma batalha, naquele silêncio e aquela distância tão curta de menos de um metro. Não sabiam o que fazer agora, ou pelo resto da tarde e nem ao menos estavam com fome para fazer almoço, ou até saber se seus pais deixaram algo. Se encarar parecia a única coisa que conseguiam fazer agora e…
Ah, droga, fala sério um beijinho não pode matar ninguém!
Em menos de um segundo estavam tão próximos quanto minutos antes, tão colados quanto parecia possível, forte assim como a fricção do olfato de Jungkook na mandíbula de Yoongi, que respirou fundo quando sentiu novamente as mãos do alfa contornar sua cintura, dessa vez mais delicado que antes. A diferença de altura fazia com que Jungkook se obrigasse a ficar um pouco mais curvado que o desejado, e não tinha consciência disso das outras vezes que o beijou, justamente porque estavam sentados ou deitados como bons preguiçosos. Então, dessa vez para não calejar suas costas jovens, abruptamente ergueu surpreendentemente fácil o mais velho, o acomodando sobre o balcão antes mesmo que ele tivesse a chance de se assustar mais um pouco com o movimento repentino.
— O qu-
Yoongi nem ao menos tivera tempo de terminar, gemendo baixo em surpresa quando sentiu os lábios úmidos cobrirem os seus num selo eufórico, apertou as pernas entorno dos quadris do alfa em resposta, o trazendo para mais perto para então abraçar suas mãos nas bochechas não tão fartas de Jungkook. Como um calmante, aquele beijo atrapalhado e agitado parecia tranquilizar pouco a pouco todos os ânimos descontrolados daqueles dois, que não cansavam de se perder nas ondas agitadas que eram seus sentimentos, esses que logo se tornavam como as águas mais calmas vistas, assim como todas vez que tinham suas bocas intercedendo por seus desejos inquietantes em se amarem daquela forma tão simples.
O ômega via muitos ômegas e alfas comemorarem o primeiro beijo, comemorarem já terem um parceiro tão cedo, entre os doze anos já era esperado que seu filhote esteja interessado em procurar por alguém. Yoongi nunca entendeu, porque nunca pareceu precisar, nunca entendeu o que havia de tão especial em dar o primeiro beijo, em andar de mãos dadas pelo corredor, ou até mesmo a animação de certos ômegas em ter a primeira marca. De fato ele nunca saberia a empolgação da primeira marca, de qualquer forma nunca concordou com a marca tão cedo, mesmo que outros ômegas desejassem ter o primeiro cio de uma vez para que descobrissem a sua nova essência maturada.
Contudo, Yoongi via sentindo em algumas dessas coisas agora; queria poder falar para seus amigos ou mostrar para os outros que mesmo sendo um ômega arisco, um dos alfas mais cobiçados lhe preferia, e daria mais razão ainda para aqueles ômegas lhe odiarem por sempre ter Jungkook na sua volta. Lembraria a Yerin que nem mesmo com sua classe dominadora e seu cheiro insuportável ela o teria, e ela poderia tentar o quanto quisesse, nem Eunbi a colega de Taekwondo – essa mesma que Jungkook teve a astúcia de querer comparar suas essências – teria chances! E não obstante gostaria também de poder andar de mão dadas com ele, poder receber carinhos e cheirinhos em público, queria assumir que finalmente tinha um alfa, que finalmente havia sido cortejado sem o mínimo esforço. Yoongi só queria poder contar aos seus pais que agora estava interessado em um alfa… mesmo esse alfa sendo Jungkook, seu irmão do coração.
Justamente por isso, não podia se importar menos com o receio que lhe causava imensa adrenalina apenas por estar nos braços do alfa, enrolando sua cauda macia num dos braços que circulavam sua cintura, e consequentemente dando passagem para a língua incrivelmente sedosa e morna que adentrou para dentro de seus lábios; não poderia nunca por em palavras o quanto aquilo foi surpreendente o suficiente pra fazer todo seu corpo pinicar numa sensação totalmente boa e desconhecida. O alfa se percebeu amolecer quando sentiu os lábios úmidos de Yoongi se fecharem entorno de sua língua, num ato de curiosidade, parecendo nervoso sem saber ao certo que caminho estava seguindo quando decidiu fazer aquilo ao mais novo, que chiou baixo.
Jungkook não podia mais controlar suas mãos, apenas queria descobrir e ter certeza se de fato toda santa vez que fizessem aquilo, tocar o corpo de Yoongi faria daquilo dez vezes melhor, e merda, aquele ômega não seria de mais ninguém, porque sim, o tocar durante aquilo só aumentava a certeza que o tinha minimamente. E todos saberiam, nem mesmo que tivesse que esperar até que fosse maior de idade, todos iam oficialmente saber que apenas ele poderia tocar Yoongi daquela forma. Menos a desgraçada da Momo, que logo cedo saberia que ser imprudente teria consequências, e ah, Jungkook teria o prazer de qualquer dia jogar na cara dela que Yoongi vai sempre o escolher, e não qualquer alfa que não se de o respeito. Jungkook brigaria com todos apenas para que aprendessem a falar de um ômega, ainda mais se o dito cujo fosse Kim-Park Yoongi.
Não havia como ele se arrepender de lutar por ele, porque sempre o teria desde que assim fosse.
O mais velho não soube quanto tempo ficaram naquilo, e se encontrou sem ar em algum momento, deixando lentamente os lábios inchados do alfa para escorregar a cabeça até o ombro do mesmo totalmente extasiado, afim de se recompor. Seus ombros estavam caídos e seus braços não tinham nem mais forças para segurar os ombros do alfa, esse que parece ter sugado toda sua alma agora direto pela boca, e nossa… Nayeon morreria de inveja em saber que ele deu um beijo de língua e ela apenas um selinho. E se beijos continuassem sendo bons assim, eles estavam em grandes problemas, já que suas energias para o próximo logo pareciam cem porcento renovadas apenas em lembrar da sensação de como Jungkook parecia estar se segurando para aquilo há muito tempo, e como descontou sua frustração em suas mãos inquietas. Tão inquietas que o ômega percebeu estar com um pouquinho de frio pelo vento silencioso que invadia a cozinha e batia em suas coxas desnudas, antes cobertas pela camisa comprida que pareceu não cumprir com seu dever perante a agitação de ambos.
Yoongi encarava suas coxas pálidas quando sentiu que as mãos alheias que descansavam em seu quadril perderam força, escorregando despretensiosamente até a lateral de suas coxas. O ômega respirou fundo, logo escutando o som estrangulado de Jungkook engolindo em seco, o que lhe fez erguer lentamente o olhar para a face contorcida em algum sentimento que Yoongi não conseguiu decifrar, mas pôde supor que ele estivesse preso em algo, visto que nem ao menos notou estar sendo observado pelos olhos intrigados do ômega. Perdido demais em como seus dedos se afundaram facilmente e sem esforço na pele clara, mergulhando na maciez da coxa esquerda do ômega e quando percebeu a pele se tornar rosada ao redor de seus dedos puxou o ar com dificuldade, chiando baixo antes de tomar contar do que estava fazendo.
Subiu o rosto rapidamente, todo atrapalhado e envergonhado para encontrar Yoongi lhe fitando curioso e risonho, o que lhe fez arregalar os olhos e engolir em seco, sentindo suas orelhas se tremerem todas sob o olhar meticuloso do ômega, e assim fazia parecer que ele estava aprontando alguma coisa! Céus que vergonha, não queria parecer assim… tão fascinado por algo que nem sabia, ou até mesmo um pervertido! Não era nada disso, só… tocar Yoongi agora parecia diferente.
— Então é verdade que qualquer coisinha prende atenção de um alfa na puberdade? – apoiou as mãos na bancada, se inclinando mais pra frente ainda, encarando Jungkook olho a olho com um sorrisinho travesso.
O alfa corou, desviando o rosto do olhar persistente para as pernas pálidas novamente, percebendo que suas mãos ainda permaneciam no mesmo lugar, então um sorriso pequeno e travesso surgiu em seus lábios. Num ato de coragem, resolveu confrontar o astuto ômega que era Yoongi, firmando o aperto em suas laterais e o puxando mais para ponta do balcão, consequentemente mais para perto, o que fez o ômega lhe agarrar em resposta, assustado. Quando voltaram a se olhar, Jungkook disse sem a habitual faceta tímida:
— É verdade sim, Yoon. – selou rapidamente os lábios do mesmo. — Assim como é verdade que ômegas na puberdade realmente deixam de ser qualquer coisinha, para na verdade, ser uma grande coisa.
— Yah! S-seu… Seu pirralho sem vergonha! – bradou de olhos arregalados, empurrando-o da sua frente e saindo de cima do balcão para ajeitar sua camisa e bufar inconformado.
Recomponha-se Yoongi!
— Temos sete meses de diferença, não sou um pirralho! – resmungou, agora se escorando onde Yoongi estava, observando pisar pesado para longe de si, o que lhe fez rir baixo.
— Você reclama como um, veja só. – divagou, se afastando para finalmente ver o que tinha para comer de almoço. — Não esqueça que estava chorando a pouco: "por favorzinho, Yoon, por favorzinho, só um beijinho"!
— Você é insuportável.
😽🐰
Sair do trabalho por emergências familiares infelizmente estava se tornando comum na vida do casal Kim-Park, e dessa vez não era nada grave, e sim de alta importância, não poderia ser adiado. Por essa mesma razão, Taehyung estava soltando marimbondos pela boca enquanto Jimin dirigia sem muita paciência, mesmo que estivesse tentando encontrar ela em algum lugar dentro de si, diferente do seu marido que normalmente vivia em paz, este que estava tão fora de si que resolveu ceder o volante.
— Eu não sei se vou conseguir. – admitiu, tampando a boca com a mão em descrença. — Ainda bem que eles não precisam comparecer nessa primeira reunião, mas ao mesmo tempo só adultos envolvidos me faz ter a liberdade e falta de sanidade pra pensar em estrangular os pais dessa garota, não me importa se ele é diretor dessa espelunca.
— Fale quantas merdas quiser agora, desde que não as faça de verdade, querido… – suspirou fundo, erguendo o torso levemente em busca de encontrar alguma vaga perto da escola, vagando o olhar entre os carros já estacionados. — Essa escola ocupa uma esquina inteira e praticamente ponta a ponta dessa rua imensa, me pergunto se eles não tem câmeras perto de onde Jungkook foi encontrado aquele dia. Não acha estranho eles não terem se oferecido para mostrar as filmagens?
O Kim mais novo analisou a rua com curiosidade, realmente realizando que a escola tomava conta de um grande espaço naquela região por ser uma escola de elite. Tinham orgulho de poder beneficiar os filhotes com o bom estudo da M.S.S.K (Modern School of Hybrids and Common Blood of South Korea), conhecida literalmente por ser a escola mais moderna da Coréia do Sul, flexível em dar bolsas em faculdade, ou descontos durante o progresso até o ensino médio a partir do quarto ano, onde podiam participar de clubes de esportes e grupos de arte, tecnologia e cultura. Os alunos que participam dos clubes de esportes garantem bolsa de estudos em possíveis faculdades, e por aumentarem a boa imagem da escola em campeonatos também recebem descontos anuais como aluno, assim como os que participam de grupos de cultura artística.
Havia sido uma escolha arriscada quando decidiram que colocariam os filhotes na melhor escola do país; na época ainda estudavam, e Yoongi e Jungkook davam bastante despesas como filhotes ainda muito dependentes. Foi difícil até o quarto ano, estavam se desgastando para manterem ambos na instituição, então, encorajaram os filhos a participarem dos clubes e por muita dedicação e apoio eles nunca deixaram de ser bons no que faziam. Jungkook e Yoongi trouxeram medalhas para casa três vezes, e também trouxeram um grande respiro nas contas graças ao desconto anual por serem alunos atletas.
Esses filhotes jamais decepcionaram seus pais e sua escola, diferente da M.S.S.K.
— Podemos perguntar isso ao diretor hoje, eles sempre adoraram se gabar o quanto a segurança das crianças importam… mesmo quando não oferecem apoio algum. E de qualquer forma eles estariam comprometendo o nome da escola a mais um escândalo, dependendo do há nas filmagens. – declarou Taehyung, se preparando para acompanhar Jimin para dentro dos portões da escola após terem estacionado.
— Eles sabem que não tenho medo de gritar com um alfa, aliás, nós temos uma ocorrência policial, não podem negar se envolve um aluno do instituto deles e ainda mais se foi na esquina daqui. – comentou, analisando o quanto tudo sempre estava em ordem dentro daquele lugar, gramas verdinhas e aparadas, jardim florido, piso polido, chafariz limpo, mesas e pracinha sempre limpas. Sempre tudo perfeito.
Se quisessem manter o nome e boa fama limpos também, seria melhor não bancarem os idiotas dessa vez.
Apesar de tudo, foram recebidos educadamente na sala do diretor Hirai Sho, um elegante homem de meia idade e uma feição séria, parecia estressado e ainda sim não perdeu a beleza e dominância que exalava, habitual de um superior em seu cargo. Dispensou cumprimentos tão formais com os jovens a sua frente, os convidando para sentar no sofá um pouco distante de sua mesa, e havia outras duas poltronas a frente e entre eles uma mesa de centro servindo um bule de chá recém passado para quem desejasse. O silêncio ainda era predominante quando avistaram a esposa do alfa sair de uma porta discreta ao lado de uma prateleira repleta de enciclopédias, secando as mãos em um lenço antes de sorrir sem jeito para os mais novos.
— É um prazer receber vocês aqui hoje, apesar das circunstâncias… lamentamos muito o ocorrido, e espero que possamos acertas as coisas esta tarde, pelo bem de nossos filhos. – se curvou rapidamente num cumprimento educado, logo se direcionando para uma das poltronas, sentando-se apenas quando o marido se aproximou. — Não devem me conhecer, sou esposa do Sho, Hirai Emi. Eu sou professora no ensino médio.
— O prazer é nosso, Emi, diretor Sho. – Jimin sorriu pequeno, buscando a mão de Taehyung, que até agora só havia assentindo para tudo que escutou, tão silencioso quanto o diretor. — Você é uma mulher muito linda, aposto que Momo puxou a você, deve ser difícil e confuso para ela não saber porque não chamou atenção do meu filho como gostaria.
O casal japonês riu sem graça, e o diretor cruzou as pernas numa respiração longa após a risada, passando a encarar Jimin e Taehyung ainda com um sorriso pequeno, para logo dizer: — Momo é filha de outro relacionamento que tive, mas foi criada e educada por minha esposa, talvez por isso tenha se tornado a filha adorável que tenho.
— Provavelmente. – Taehyung acrescentou no mesmo tom, se ajeitando no sofá desconfortável para poder fitar melhor o homem mais velho. — Infelizmente nossos filhos tomam atitudes inesperadas por mais adoráveis que sejam, ou por mais que tenhamos nos esforçado para os educar.
— Claro… Taehyung, certo? – indagou incerto, recebendo um acesso positivo em resposta. — Não há do que nos escondermos agora, não somos pais perfeitos, ninguém é perfeito, nem minha prole. Minha filha é uma alfa muito presente, a dominância está por toda sua árvore genealógica e corre em seu sangue, assim como também é uma criança frustrada. Presumo que ela não obteve muito sucesso tentando cortejar seu filhote, e quando Momo se frustra, as coisas realmente não costumam correr muito bem, e eu lamento que seu filho tenha sido alvo disso.
— Sua filha não tentou cortejar Yoongi em momento algum, Sr. Sho. – Taehyung esclareceu baixo, a inquietude já dando sinais em seu pé que insistia em bater contra o piso. — Como você mesmo acaba de dizer, não há porquê escondermos coisas, então sejamos claros: Momo além de bolinar meu filho constantemente, não o deixava em paz com piadas ofensivas sobre sua estatura, o agrediu mesmo que minimamente, mas o deixou marcas físicas. Eu não sei que tipo de cortejo estamos falando. É normal que quando frustrados amorosamente fiquemos tristes ou irritados, porém sem dúvida alguma não pode normalizar as atitudes imprudentes de sua filha desta forma, não quando atinge ao próximo tão radicalmente.
Jimin virou o rosto para encarar o marido, afim de o acalmar para que pudessem todos terem uma conversa calma, porém não encontrou os olhos dele, que estavam pregados no diretor. A professora e esposa do cujo parecia inquieta também, como se soubesse que o assunto seria longo e desagradável.
— Oh, Taehyung-ah. – riu num sopro, mesmo que nada tivesse graça. — Crianças nessa idade costumam fazer essas coisas, estão se descobrindo, aprendendo a como chamar atenção de quem estão interessados! – explicou com graça, e Taehyung ferveu com a astúcia daquele homem em lhe provocar daquela forma, não possuíam nenhuma intimidade para usar aquele honorífico se não fosse apenas para lhe tirar do sério.
— Que criança chama atenção de outra a marcando contra a vontade?! – indagou enfurecido, fazendo com que o casal e principalmente Jimin ficassem alertas. — Como o senhor mesmo disse, são crianças e não sabem como devem obter suas conquistas do modo certo, lhe resta no mínimo educar sua filha pra que não cause mau aos outros por ser uma criança frustrada!
— Taehyungie. – Jimin tocou o braço do mesmo, finalmente obtendo sua atenção, tentando controlar a si mesmo quando viu o olhar enraivecido do marido. Levou as mãos até o rosto tenso e o trouxe de encontro ao seu, dando um beijo sutil nos lábios alheios para então sussurrar: — Fica calmo, eu falo com eles agora.
Jimin suspirou fundo ao voltar a fitar os mais velhos a sua frente, tendo o olhar duro e já impaciente do diretor pregado em si, diferente da mulher, que encarava as próprias unhas bem feitas, desconfortável e pensativa. Logo antes mesmo que qualquer um se pronunciasse, ela ergueu o olhar com um sorriso reconfortante na direção de Taehyung, que seguiu sério e agora confuso com a ação repentina da mulher que agora separava as xícaras de chá a sua frente.
— Vamos tomar um chá e nos acalmar, hm? Estamos aqui para defender nossas crianças, obviamente vamos nos irritar, ainda sim precisamos lembrar que não vamos a lugar nenhum se não nos centrar. Minha filha cometeu um erro muito grave como alfa, mas não posso atribuir o erro apenas a ela, não concorda, querido? Afinal somos nós quem zelamos por ela e quem devemos a dizer o que é certo e errado, e pecamos nessa parte. Taehyung tem razão. – concluiu, oferecendo a xícara de chá a Taehyung, em seguida buscando a resposta de seu marido, esse que assentiu imediatamente.
— Emi está certa. – franziu os lábios ao concordar, não era fácil assumir algo que não queria. — Não que seja problema de vocês… Mas devem imaginar que nossas profissões acabam não nos dando muito tempo com Momo. Asseguramos que seja a aluna perfeita, e talvez falhamos em assegurar que seja uma filha saudável.
Era claro que aquilo não era problema de Jimin e Taehyung, e também era óbvio que sabiam que determinadas profissões roubavam um tempo crucial de nossas vidas, e saber administrar nossas responsabilidades se tornava um desafio e não algo simples. Jimin é um médico pediatra, e Taehyung um enfermeiro chefe plantonista também formado em medicina híbrida assim como Jimin, e teve que fazer o sacrifício de se manter sendo enfermeiro mesmo que pudesse ganhar um salário mais alto, só que isso significava sacrificar um tempo precioso da sua vida onde não estaria presente para seus filhos. Taehyung e Jimin tomaram escolhas duras durante esse tempo, porque sabiam que ambos não poderiam seguir a carreira de médicos juntos, não tendo duas crianças para cuidar.
Yoongi e Jungkook eram crianças espetaculares, e claro, não perfeitas, ninguém poderia atingir tal expectativa. E ali estava todo o esforço daquele casal, aquelas crianças eram todo seu suor e lágrimas, e ainda sim Jimin e Taehyung sentiam que não estavam dando seu melhor, sentiam que estavam sendo ausentes mesmo com todo esforço que faziam para intercalar suas agendas e ainda tentarem fazer coisas invertidas nos finais de semanas incertos e apertados.
Então era claro que aquilo não era problema deles, se Hirai Sho se conformava em não ser presente na vida de sua filha a ponto dela ser tão frustrada e desequilibrada emocionalmente para descontar nos outros, eles não queriam pagar pela falta de responsabilidade dele como pai. Taehyung não podia aceitar aquela conversa e nem mesmo queria escutar lamúrias, porque aquilo não mudaria nada do que havia acontecido nem mudaria o fato de Momo estar transtornada por conta de um péssimo pai, infelizmente. A garota não era totalmente culpada, só que a única propensa a pagar pelo erro é somente ela, e a verdade era dura.
— Sabe, diretor Sho, quando decidimos ter filhos há escolhas que fazemos que quem paga não somos nós, e isso sim é a parte mais dura da vida: reconhecermos que nossas atitudes sempre mudam a vida de alguém seja positivamente ou negativamente. – Jimin começou sem escrúpulos algum, logo continuando. — E o que eu quero dizer é que eu não posso me importar agora se o senhor tomou péssimas decisões criando sua filha, porque se você quer bem saber, eu lhe digo! Você é um péssimo pai, e não importa a merda do seu trabalho! Ou você acha justo eu e meu marido também termos trabalhos absurdamente esgotantes onde as vezes temos que dormir no trabalho enquanto um cuida sem intervalos de pré adolescentes confusos e barulhentos, pensando que no outro dia ou até no mesmo dia vai ter que sair pra trabalhar também, as vezes sem dormir direito e também sabendo que vai deixar o outro cansado para continuar a merda do round que é ser um pai estressado, e que ainda sim ama cada segundo insuportável sem dormir só pra ver seus filhos crescerem felizes e saudáveis?! Eu posso deixar de dormir, de comer e de me divertir, mas deixar de ter certeza que meus filhos estão bem? Nunca. Por isso mesmo o senhor não pode mesmo me dizer que essa merda é justa, porque eu amo demais meus filhos pra tolerar que eu sofra o que eu sofro por eles pra sua filha frustrada acabar com o psicológico da minha criança! Minha família não pode carregar a sua culpa e falta de responsabilidade com o que de fato é importante, eu não me importo com seus problemas quando tenho os meus, e não venha me dizer que sua profissão é mais difícil do que ser pai, não para um pai de verdade.
Sem fôlego algum, Jimin simplesmente deixou seus ombros tensos e seu corpo ereto para frente se relaxar, tentando controlar sua respiração e o seu choro irritado entalado na garganta. Aqueles dois lhe encaravam chocados, e Taehyung também parecia surpreso pela explosão repentina mesmo que pudesse dizer ainda mais coisas para reafirmar as palavras de seu marido, seu exemplar marido e orgulhosamente pai de seus filhos também.
Park Jimin era a resignificação de "casa", porque ele acolhia e protegia tudo que dentro do coração dele habitar. Taehyung tinha orgulho de hoje não ser apenas Kim, e sim Kim-Park, hoje ele habitava em um lar que jamais sairia e esqueceria, e hoje ele protegeria seu lar junto com Jimin com garras e dentes. Sempre se surpreenderia com a falta de medo e receio dele em falar o que pensava ou que deveria de fato ser dito, ele sempre tinha as palavras certas.
Taehyung largou a xícara de chá intocada na mesa novamente, para então acolher a mão de Jimin nas suas e voltar o olhar para o casal mais velho ainda sem palavras, os olhando sem chão e sem cara após tudo que escutaram. Hirai Emi parecia transtornada de dentro a fora, não sabia para onde olhar e abria a boca diversas vezes, e Taehyung pode ter certeza de ter visto a mesma limpar uma lágrima traiçoeira que a entregou, diferente do homem rígido ao seu lado, que mesmo atingido e surpreso continuou impassível após a humilhação de escutar ser um pai de merda. Ele quis dizer algo nos segundos seguintes, acabando por ser interrompido por Taehyung.
— Eu ainda lamento tudo isso, mas a nossa única opção de defesa contra a integridade de nosso filhote foi denunciar Momo contra assédio e abuso, como bem sabem, mesmo que ignorem as notificações da delegacia… A investigação contra sua filha já está em andamento, Yoongi já fez exames de corpo e delito que comprovam a existência do abuso, e eu sei que a intenção de vocês com esse encontro foi para que pudéssemos entrar em um acordo que não envolvesse as autoridades, acontece que, meu filho está sofrendo as consequências disso até hoje e ele nunca vai esquecer o que passou, e sua filha o atormenta via mensagem até hoje mesmo após vocês terem recebido a notificação das autoridades sobre o risco que ela está correndo de ser presa. – declarou com pesar, mas firme.
— O que?! – Hirai Sho se pôs de pé no mesmo instante, incrédulo. — Minha filha não será presa por marcar um ômega qualquer! Uma marquinha de nada que durou uma semana não pode ter causado tanto mau a um ômega na puberdade que não se esforça para não seduzir um alfa!
— Querido! – Emi a olhou alarmada, se colocando de pé no mesmo instante que Jimin e Taehyung, esse último que se aproximou rapidamente do mais velho.
— É mesmo uma pena sua filha de treze anos ter que ir presa e não você por falar tanta merda! – cuspiu desacreditado, sentindo a mão do marido em seu braço, o impedindo de se aproximar mais do diretor. — Eu tenho pena de Momo, ainda sim, ela é só uma criança. Mas você? Sinceramente, é bom que saiba que vai perder seu emprego se resolver ser um escroto durante o julgamento e insinuar que um ômega de treze anos é capaz de seduzir alguém. Eu espero mesmo é que você se foda com toda sua ignorância, e que faça o favor de levar sua filha na delegacia de uma vez pra acabarmos com isso. Adiar a comprovação que os feromônios que estavam em Yoongi são dela não vai evitar o óbvio.
— Seu moleque… – chiou o homem, espumando feito um cão.
— Não fale mais nada, faça me o favor. – Jimin quem disse desta vez, já segurando seu casaco na outra mão enquanto a outra segurava Taehyung. — Lave sua boca antes de falar do meu filho na próxima vez, e aproveite que sua mulher é professora e peça aulas de biologia.
— Eu dou aula de Matemática! – rebateu confusa.
— Foda-se, Emi! Não está vendo que estão tirando com minha cara?! – rugiu, levando as mãos a cabeça e apertando os fios, enfurecido. — Saiam já da minha sala!
— Não esqueça de parar de ignorar as intimações da polícia se não quiser que as coisas fiquem mais feias. Não vai querer que sua filha fique assustada em ser intimada dentro da própria casa, eu imagino? – Taehyung indagou de modo retórico.
Hirai Emi não se preocupou mais em segurar o choro dessa vez, erguendo o olhar envergonhado e frustrado em direção a Jimin e Taehyung, não dizendo mais nada, nem mesmo quando andou em passos apressados até a porta da sala do diretor, fungando baixo ao que abriu a porta para que o casal saísse. Soou como se ela estivesse implorando para que fossem, e o casal não tinha mais muita estabilidade para continuar naquele local, nem mesmo para presenciar uma mãe sabendo de seus erros, porque mesmo que não fosse a mãe biológica de Momo ela parecia a única verdadeiramente envergonhada e arrasada por tudo que sua criança causou.
No caminho para fora das dependências da escola eles se lembraram que não haviam peço as filmagens, e deixariam aquilo para outro dia, pois simplesmente estavam estressados demais e tristes demais para continuar.
😽🐰
"Hey, gatinho :)
você sumiu, faz um tempo que não te vejo perambulando pelos corredores da escola, e também não me responde mais :(((
estou com saudades, quando vamos provar soju juntos?
quero dizer, você provar kkk
de qualquer forma, espero que me responda dessa vez."
Yoongi observou as últimas mensagens de Chan, e também as que ignorou anteriormente sobre ele querer saber como estava. Ainda se sentia confuso em relação a esse alfa, Chan era sempre tão legal e cativante, ao mesmo tempo que não deixou te lhe mandar mensagem um dia se quer mesmo que tenha o ignorado, e isso era novo e legal. Chan sabia cortejar um ômega sem forçar que gostassem de si, ele sabia o deixar confuso de uma forma emocionante, sabia o fazer corar e rir sem esforço, sabia fazer um ômega se sentir confortável na presença de um alfa.
Com tudo isso, ainda sim isso também não significava que gostava dele, alias, Jungkook estava nesse exato momento beijando seu rosto delicadamente em busca de atenção, ignorando o fato de Yoongi estar no celular. E na verdade Chan não conseguiria nunca fazer ele se sentir como Jungkook faz, sem fazer absolutamente nada, até porque Jungkook não era lá um alfa muito descolado e que chamava atenção como o mais velho, eles são totalmente o contrário! Comparar eles parecia idiota, mas de certa forma inevitável.
— Estou com saudade dos meus amigos, você não está? – o ômega perguntou ao alfa, esse que estava agora com a cabeça deitada em suas coxas, o fitando. — Mesmo que eu não responda as mensagens deles, eu queria poder estar na escola agora com eles…
— Sinto saudades apenas de Yugyeom, os outros caras se tornaram insuportáveis e pervertidos, espero que eu não fique assim… – franziu o rosto numa careta, desviando o olhar da face risonha de Yoongi. — Yugy as vezes é irritante por ser um alfa fons tão bem desenvolvido, as vezes é como se ele tivesse no corpo de um alfa de dezesseis anos mesmo tendo treze. Ele e os outros acham normal querer tanto um ômega ou falar tanto sobre eles como se fossem objetos. Mas ainda sim eu sinto saudades dele falando que sou um lesado.
— Por isso eu odeio alfas… – estremeceu dramaticamente em repugnância, escondendo as orelhas.
— Você não me odeia. – deu de ombros.
— Digamos que você não é muito comum. – murmurou, recebendo um olhar ofendido. — Jungkook, você tem medo de mim!
— Não é verdade! – se sentou de repente, cruzando os braços com as sobrancelhas franzidas em relutância. — Você apenas fica assustador as vezes.
— De qualquer forma, não é um problema. Você é um dos melhores alfas que já conheci e que aturo. – deu de ombros, se ajeitando no sofá e voltando a mexer no celular.
Jungkook franziu o cenho, tão intrigado com a frase de Yoongi que uma de suas orelhas caiu perante sua confusão, tentando raciocinar a frase que escutou. Veja bem, ele achou que era o único "melhor alfa". Claro que, havia Jaemin o melhor amigo dele, só que não se encaixava muito bem para o mais novo. Agora havia algo muito estranho na boca do seu estômago que parecia que iria explodir, e infelizmente, ele conhecia essa sensação, até porque, estava morrendo de ciúmes desse infeliz segundo melhor alfa e não sabia se poderia esconder.
Talvez o fato de serem irmãos adotados não dava esperanças a Yoongi e o que estavam descobrindo entre eles, talvez ele não confiava que pudessem realmente vir a ter algo de verdade além de apenas se esconderem com medo das consequências dos sentimentos que nutrem um pelo outro.
Mas Jungkook não tinha medo de amar Yoongi.
— Quem é o outro alfa? – tentou soar desinteressado, e talvez não tenha funcionando muito bem, pois sua voz saiu estranha e engasgada e Yoongi pareceu perceber quando o olhou perdido.
— Que alfa? – deixou o celular de canto, o olhando com suspeita.
Grande erro quando Yoongi largou o celular de qualquer forma entre eles, esbarrando os dedos na tela sem que percebesse, e Jungkook estava prestes a responder quando inconsequentemente seus olhos se encontraram na tela do celular do ômega, o fazendo fechar a boca no mesmo instante.
— Ah, sim. – soltou baixo, sentindo sua mandíbula apertar ao gosto amargo que surgiu em sua boca assim que viu o rosto brilhante de Bang Chan preenchendo a tela do celular, aparentemente sua foto de perfil do Kakao. — Você ainda fala com ele.
Yoongi arregalou os olhos quando levou os olhos ao mesmo lugar que ele olhava e quando percebeu agarrou o celular para o bloquear imediatamente, mesmo que não adiantasse mais de nada. Jungkook parecia ter perdido o brilho no olhar em questão de segundos, agora encarando as próprias pernas cruzadas em lótus totalmente em silêncio.
Que grande merda, que inferno de vida! Yoongi só pode ter atirado uma bigorna na cara de um mendigo em sua vida passada para merecer isso!
— Jun, ei… – tentou se aproximar, e Jungkook se esquivou, ainda sem o olhar. Yoongi sentiu seu lábio tremer ao ver ele afastar o braço do seu toque, o evitando. Estavam tão bem… por que isso tinha que acontecer agora?! — J-jungoo, para com isso.
Yoongi odiava ser ignorado, Jungkook não poderia fazer isso com ele agora, não agora.
— Parar com o que? – diferentemente do que Yoongi esperava, ele não parecia irritado, apenas tremendamente abalado e genuinamente confuso. — Parar de me sentir triste porque você ainda fala com esse alfa interesseiro? Parar de gostar de você porque é meu irmão? Parar de achar que você está se iludindo com Chan? Ou quer que eu pare de me sentir um idiota por você ainda falar com ele mesmo com tudo que aconteceu entre nós nos últimos dias? Seja mais específico.
— Quero que pare de falar essas coisas! – limpou a lágrima teimosa que escorreu pela sua face corada assim que proferiu. Aquele período estava o matando de dentro a fora, e imaginar Jungkook e ele brigados agora, justamente agora, quando estavam tão bem e sendo tão carinhosos um com outro…. Yoongi não poderia se imaginar agora sem a atenção dele, então esclareceu: — Não gosto de Chan, e eu não estou conversando com ele faz muito tempo, desde que fui marcado!
— Não é bem o que parece.
— Mas é o que eu estou dizendo! – bradou frustrado, se aproximando mais do alfa. — Ele se torna um alfa diferente como você porque nunca me forçou a nada nem mesmo nossa amizade. O que eu sinto por ele não é a mesma coisa que sinto por você, Jun. Eu não quero nada além da amizade dele, e as vezes não tenho certeza se seria uma boa ideia ser amigo dele, sabe?
Jungkook ergueu o olhar para encontrar os olhos úmidos do ômega em sua direção, mas logo desviou novamente, sentindo o ardor em sua garganta. Jungkook sabe, sabe que Yoongi o ama, mas por que tantos alfas o perseguem? Eles não teriam o amor nem atenção de Yoongi, e ainda sim se sentia inseguro, porque a relação deles não era a mais fácil. Se não tivessem a oportunidade de ficarem juntos como querem, Yoongi teria muitos outros alfas em seu encalço, e Jungkook não poderia fazer absolutamente nada porque na verdade é apenas seu irmão.
Sentiu os braços curtos enrolarem em seu pescoço sem que tivesse notado quando ele se aproximou tanto, ainda sim não foi capaz de afastar o menor, dessa vez o abraçando com todo seu coração e suspirando aliviado apenas em o sentir. Ele estava ali como sempre esteve, Yoongi estava o acudindo e espantando suas desconfianças e insegurança, estava o aromatizado e o acalmando com seu cheirinho fresco de laranjas e menta. Estava curando sua ansiedade.
Não percebeu o quanto estava com sono, porque com Yoongi em seu colo o aromatizado e acariciando seus cabelos o tempo parece ter passado muito rápido. Tinha certeza que já se passava das cinco e meia da tarde, e seu pais provavelmente demorariam a chega ainda, por isso mesmo não se importou nem um pouco de trazer Yoongi mais para cima para então deitar com o mesmo por cima do seu corpo, enrolando sua cintura com os braços e fechando os olhos lentamente quando sentiu um selinho rápido em seus lábios antes do ômega também se acomodar em seu peito. A cauda macia se enrolou na perna do alfa e Yoongi bocejou baixo antes de também finalmente se entregar para a bolha de sono repentina que os apossou.
Nesse mesmo momento, o carro virava a esquina e segundos após estacionava na garagem, carregando um Jimin e um Taehyung cansados e com saudade de seus filhotes. Escutar tudo que escutaram hoje não foi lá a coisa mais agradável, os esgotou mentalmente e psicologicamente, e tudo que queriam era ficar coladinhos em seus filhos. Quando desceram do carro Jimin esperou Taehyung fazer a volta para pegar sua mão e entrarem dentro de casa, essa que estava silenciosa, se não fosse pelo ressonar baixo que vinha do sofá.
— Eles insistem em dormir de tarde como se ainda fossem bebês. – o mais velho comentou nostálgico enquanto retirava os sapatos junto com o marido.
— Eles ainda são bebês… – Taehyung resmungou manhoso, adentrando a sala e se espreguiçando e reclamando como um velhote.
Entretanto, o casal parou no meio da sala assim que avistou o estado dos dois adormecidos no sofá, que estavam tão próximos quanto podiam, estando Yoongi totalmente acomodado sobre o corpo maior do alfa que por sua vez dormia com o rosto afundando no pescoço do ômega. Jimin engoliu em seco, sentindo um pressentimento incomum, mesmo que se se lembrasse muito bem de sofrer com essa ansiedade anos atrás.
— Deveríamos ter levado Jungkook para casa dos tios deles. – disse num murmúrio seguido de um suspiro fundo, logo andando em passos perdidos até a cozinha.
Taehyung coçou a nuca, sem saber muito o que pensar. Eles viviam agarrados, porém se lembravam de advertir Jungkook sobre não ficarem tão próximos durante o período de fim de marca do ômega, e é claro que esperar que um pré adolescente faça o que você pede sem margem de erros era no mínimo patético. Temiam que os instintos os deixassem confusos e que acabassem confundindo as coisas, e isso seria ruim para relação tão boa que possuem.
— Vida… – seguiu o mesmo até a cozinha após alguns minutos parado encarando os filhos, encontrando-o escorado no balcão bebendo uma xícara de leite quente, coisa que só fazia quanto estava realmente esgotado.
Por alguma razão ele dizia que leite quente era apaziguador dos ânimos por que remetia infância e logo remetia a uma sensação acolhedora e confortável, e então tomava leite quente quando perdido na ansiedade e pensamentos turbulentos. Taehyung achava fofo.
O Kim-Park mais novo se aproximou do mesmo e o encurralou contra o balcão, abraçando a cintura alheia e beijando os lábios mornos e úmidos de leite antes de apoiar o queixo na cabeleireira escura. Beijou com ternura o topo da cabeça do marido, logo descendo os beijos por toda extensão do rosto gordinho e lindo, passando por sua testa, nariz até chegar aos lábios novamente. O observou fechar os olhos e apertar as mãos contra a xícara quente quando se afastou, respirando fundo.
— Não tente segurar tudo sozinho, hm? – acariciou o rosto macio com as costas da mão num carinho amável. — Eles sempre foram a âncora um do outro, Jimin. Assim como nós, e mesmo que sejam irmãos adotados, também são alfa e ômega, e há coisas que não podemos evitar. Eles devem estar se consolando, e acalmando a si mesmos da única forma que podem, ficando juntos agora.
— Fique junto comigo agora, então. – pediu baixo, o fitando com adoração.
Taehyung sorriu pequeno antes de retirar a xícara das mãos pequenas do marido e a largar no balcão, logo tendo sua atenção nos lábios do seu amado. O consolando e o acalmando com todo seu amor e carinho, e sentia seu coração sorrir feliz em poder sentir a mesma sensação quente de sempre quando beijava seu marido ainda nos dias de hoje. Mesmo que o tempo estivesse ali para os cansar, não havia cansando o amor e carinho entre eles.
— Vocês se olham como adolescentes, sinceramente.
A expressão admirada de Yoongi em seu rosto inchado pela curta soneca foi a visão que o casal teve assim que olhou para entrada da cozinha, sorrindo enamorados para ele. Todo bagunçando e descabelado, o ômega se aproximou para se enfiar entre seus pais, ronronando baixinho quando fizeram sanduíche de gatinho e beijaram suas orelhas como já era de costume.
— Suas orelhinhas aguçadas denunciaram eu e seu pai? – Taehyung indagou ao fungar o cheirinho bom dos fios escuros do cabelo bagunçado do filhote. — E cadê o Jun?
— Pensei que estivesse escutando os roncos dele daqui… E sim, vocês são um pouco barulhentos. – respondeu, se chacoalhando ao rir silenciosamente, para então cessar o riso do nada e fazer um bico. — Por que quer saber dele, afinal?! Eu estou aqui, me dêem carinho!
— Você é um filhote muito mimado, céus. – Jimin resmungou, agarrando as bochechas fartas em ambas as mãos e erguendo o rosto dele em sua direção, sentindo que talvez tinha corações em seus olhos ao olhar para a cara gordinha esmagada entre suas mãos. — Como foi o dia por aqui? Jungkook não pareceu ter escutado muito bem o que dissemos a ele ontem… Tenho certeza que daqui a pouco ele vem atrás de você.
Yoongi corou, fugindo do aperto do seu pai e o agarrando para enfiar o rosto em sua barriga, ainda sentindo seu outro pai acariciar seu cabelo enquanto ainda permaneciam naquele sanduíche amoroso. O dia com Jungkook não havia sido muito simples, não tinha como o evitar e também não tinha como ficar longe, por fim… talvez tivessem passado a tarde toda trocando carinhos e beijos, e vez ou outra Jungkook se perdia em sua essência e logo voltava ao normal depois de levar um soco nada delicado na cabeça. Não havia sido um dia ruim, num todo.
— Foi normal… – mordiscou o lábio inferior ao omitir, ainda sem encarar o mais velho. — Quer dizer, Jungkook realmente quer ficar por perto, e é difícil dizer não… Mas ele não fez nada de errado!
— Sabemos que não, ainda sim, nada de dividir cama hoje! Se ele subir em sua cama vamos trancar ele com a gente. – o mais velho disse, e Taehyung riu do exagero do marido.
— Vocês são radicais as vezes…
— Ignore o papai, só durmam em suas próprias camas. – O Kim mais novo murmurou risonho, se afastando para virar o pequeno ômega em sua direção e o olhar de cima abaixo, o observando tão seriamente que Yoongi jurou que tivesse algo de errado consigo, até que o mais velho disse com as sobrancelhas franzidas: — O que aconteceu com sua perna? Venha aqui para o pai ver, parece que machucou…
Yoongi franziu o cenho em confusão, se entortando todo para buscar o local onde seu pai encarava, por fim erguendo um pouco sua camisa até o início do seu shorts de pijama para encontrar sua pele clara marcada num vermelho não muito discreto na lateral de sua coxa, como se tivesse se queimado no sol e ficado com uma marca inesperada. Tocou a lateral de sua coxa esquerda a espera de alguma dor, mas parecia apenas sensível, então afastou lentamente, ainda sem entender em que momento do dia havia esbarrado em algo ou coisa parecida.
— Você deixou cair algo quente enquanto preparava o almoço? – Jimin se aproximou também, observando Taehyung se agachar em frente ao filho e olhar de perto. – Se for queimadura temos pomada, mas se for apenas uma batida, é só passar creme pra não deixar tão arroxeado mais tarde.
— Eu não preparei almoço hoje… – falou baixo, tão confuso quanto seus pais que eram ridiculamente preocupados e protetores.
Até hoje Yoongi não se lembra de ter se machucado muitas vezes, e quando acontecia, céus, o casal de médicos parecia estar diante de um câncer incurável e não de pequenos problemas. Jungkook vivia doente e se quebrando por não parar quieto e ter imunidade baixa, e eles também não estavam acostumados com isso mesmo após anos. O ômega não sabia se admirava o tratamento de realeza que tinha em casa ou se achava trágico.
— Comeram o que? – o pai mais velho dali se atentou, detestava essa fase adolescente onde essas crianças esqueciam que tinham que se alimentar! — Yoongi, vocês nunca comem direito quando eu e seu pai estamos trabalhando no mesmo dia! Eu deixei comida na geladeira, poxa!
— A gente comeu pão com Nutella e tomamos suco! Quem disse que não comemos direito?! – cruzou os braços com um bico nos lábios, ofendido. Já indignado, voltou a encarar seu pai Taehyung que parecia ver a pior coisa se aflorando em sua pele, então bufou ao dizer: — Pai, está tudo bem com minha perna, eu devo ter esbarrado em algo e não lembro.
— Esbarrou no que?
Jungkook indagou curioso, assustando todo mundo com sua presença silenciosa, já estando ao lado de Jimin sem que ele tivesse notado. O mais velho lhe deu um peteloco na nuca após se recompor do breve susto, tendo o olhar desentendido do alfa em sua direção.
— Agora mais um… — choramingou Yoongi, afundando o rosto na palma de suas mãos, grunhindo frustrado. As vezes era muito chato ser o mais velho e ainda sim ter tanta atenção como um bebê apenas por ser um ômega, parece que todos lhe tiravam para boneco de porcelana!
Jungkook se aproximou do menor e ergueu a camiseta para saber o que tanto acontecia que seus pais agora procuravam alguma pomada pelos armários. O ômega afastou minimamente as mãos do rosto para espiar Jungkook procurar a marca, e então para confusão de Yoongi, o garoto ficou pálido, soltando sua camisa e dando um passo para trás.
— Jungkookie? – tirou as mãos do rosto e descansou os braços ao lado do corpo, entortando suavemente a cabeça para o lado e suas orelhas se atentaram na reação do alfa; esse que subiu o olhar apavorado para o rosto do ômega, engolindo em seco antes de olhar para trás querendo saber onde seus pais estavam agora. — Jungkoo-
— Não deixa eles verem de novo! – sussurrou desesperado, olhando novamente para seus pais discutindo por causa da pomada, logo voltando a atenção para um Yoongi beirando a irritação de tanta confusão. — Puta que pariu, Yoongi, eu odeio esse seu distúrbio do inferno de ficar marcado por qualquer coisa que encoste nessa sua pele de dondoca!
— Cale a boca ou me diga de uma vez porque está estranho antes que eu te bata aqui mesmo! – rosnou entredentes, e Jungkook apenas esfregava o rosto e transpirava como um porco. — Jungkook!
— F-fui eu. – choramingou nervoso, olhando com os olhos suplicantes para o ômega. — Mais cedo, se lembra? Só que não foi forte! Não era pra ficar marcado, eu nem sabia o que estava fazendo! Não fica bravo comigo, pelo amor de deus, não me mata hyung, eu juro que foi sem querer! Eu não tenho culpa que você é branco que nem papel…
Yoongi engoliu em seco, se tremendo como um Pinscher, buscando forças internar para não estrangular esse alfa. Sua pálpebra tremia quando sorriu como a personificação do diabo, na visão de Jungkook. Por que ele estava sorrindo? Que tipo de pessoa sorri numa circunstâncias como essa?! Se Taehyung ou Jimin vissem as nítidas marcas dos dedos de Jungkook envolto na coxa pálida de Yoongi, o bicho ia pegar, e o alfa tinha certeza que seria seu último dia de vida, ele estava ferrado! Não teria com que cara olhar para seus pais se eles percebessem, provavelmente iam achar que Yoongi estava o encobrindo para não passar por um alfa descontrolado, porque seu destino seria uma semana na casa de seus amáveis tios.
— Yoon…
— Não fala nada, alfa. – rosnou novamente, e merda, ele rosnou duas vezes, Jungkook só queria chorar. — Eu dou um jeito, agora, por favor Jungkook, sai da minha frente!
Jungkook não pensou duas vezes antes de vazar no mesmo instante, com seu pompom se tremendo e suas orelhas caídas entregando sua derrota. Ele rosnou duas vezes… que horrível.
— Achamos a pomada! – Taehyung voltou do interior da cozinha triunfante, e Jimin se atravessou a sua frente e pegou de sua mão, impaciente.
— Eu que achei. – o fuzilou.
— Tudo bem, obrigada papais. – sorriu robótico, agora dessa vez sendo ele a roubar a pomada da mão de Jimin e sair em passos lentos sem dar as costas. — Eu vou tomar banho e cuido disso, não precisam se preocupar! Provavelmente foi só uma batidinha… Até mais tarde!
O casal tinha o cenho franzido em estranheza e os ombros caídos, porém, deram de ombros assim que o garoto finalmente sumiu da vista, e acabaram percebendo que nem Jungkook estava mais lá. Taehyung suspirou fundo e voltou a fitar o marido, que também o olhava agora, o mais velho bocejou alto e se espreguiçou cansando.
— Podemos pedir comida depois do banho? – se apoiou no Kim, o abraçando em seguida, resolvendo ignorar toda a estranheza daquelas crianças. — Estou cansado e não quero pensar em nada, se eu fosse preparar algo eu gostaria de preparar Hirai Sho a bolonhesa e dar aos animais famintos.
— Que cruel, animais devem comer coisas saudáveis também. – riu baixo quando o mesmo resmungou em concordância. — Quer comer o que? Você quem manda.
— Hoje é você. – selou os lábios alheios num beijinho rápido, se virando para se retirar da cozinha despreocupadamente. — Vou tomar banho, não faça nenhuma escolha que eu não faria!
Taehyung sorriu de lado, negando com a cabeça ao que viu o marido sair desfilando lindamente, sempre gostoso e provocante sem fazer muitos esforços para tal. Deixando de pensar em como seu marido é perfeito, sacou o celular do bolso para navegar nos aplicativos de comida, e após alguns minutos impaciente entre tantas opções de restaurantes, seu celular apitou numa notificação, essa que previamente informava o recebimentos de uma foto. Uma foto enviada por Jimin, esse mesmo salafrário que estava agora tomando banho. Taehyung abriu a mensagem para então vizualizar a foto, acabando por se arrepender amargamente
— Aish, sinceramente… – gemeu frustrado, sabendo que não teria nada mais que apenas aquela bela visão por hoje.
Kim-Park Jimin ainda lhe pagaria por lhe fazer aturar tantas emoções num mesmo dia para lhe quebrar no final do dia com sua enorme bunda.
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yeeeyy finalmente uma att não tão demorada né? enfim, eu deixarei mais alguns avisos aqui sobre a fanfic e vocês podem tirar suas dúvidas!!
— Double Trouble só terá conteúdo sexual explícito na próxima etapa, quando o YG e o JK já estiveram com 15/16 anos, onde já estão completamente desenvolvidos e de fato não vão ser mais inocentes. Por enquanto todas as cenas que os dois estiverem se beijando e algo mais intenso acontecer, É PURO INSTINTO CURIOSO, e todos nós temos isso e faz com que descobrimos novas coisas, então, não esperem nada muito explícito por agora.
— O universo de Double Trouble é totalmente modificado e moldado por mim!! Então tudo que vocês lerem aqui não é propriamente real, eu tenho sim um pouco de base no que a gente vive mas a maioria só acontece por aqui até pq é uma fanfic.
enfimmmm
o que vocês acham que vai acontecer? tô nervosar
estava morrendo se saudade de vocês, os comentários de vocês me deixam muitooo feliz então espero ver vocês em breve por aqui bjbjbjs
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