35. Na alegria e na tristeza
se o papai Noel aparece só uma vez no ano e todo mundo gosta pq comigo tem que ser diferente hein
BRINCADEIRA EU AMO VOCÊS OBRIGADA PELA PACIÊNCIA ATÉ AS NOTAS FINAIS!
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— Tem algo que preciso contar pra vocês.
Marca de feromônios.
No mundo em que viviam atualmente, entre a sociedade híbrida, aquilo havia dois significados: proteção e relacionamento sério, ou também, ambas coisas. A marca era comum entre pais e filhos para gerar proteção, entretanto, isso era um método mais antigo, vinha de instintos mais animalescos e até podia ser mais visto em outras espécies. Também era válido que quando se inicia um relacionamento o alfa escolha marcar seus feromônios no ômega, podendo renovar a cada uma ou duas semanas, dependendo do local ou a quantidade de tempo que se veem; grau de intimidade e até mesmo se possuem relação sexual ativa.
Muita coisa mudava a duração de uma marca de feromônios, uma marca mudava muita coisa. Não era algo do qual devia se brincar, não era algo do qual deveria se aproveitar. Uma marca poderia muito bem tornar um cio precoce, tanto em um ômega, tanto em um alfa, se tratava de uma modificação hormonal muito bruta que poderia atingir outros sistemas no corpo de um híbrido.
Por essa razão e outras, o mundo de Jimin e Taehyung pareceu parar e desabar aos poucos quando Yoongi contou num tom baixo: — Eu… E-eu fui marcado por uma alfa.
Apenas essa frase pareceu ter levado ambos para algum lugar que não conheciam dentro deles mesmos; diferente de Jimin, Taehyung chacoalhou a cabeça um pouco atordoado e trocou olhares com Jungkook e Yoongi a sua frente. Observou o estado de nervos de Yoongi e como ele parecia estar com medo de algo que não era óbvio para si, mas que para Jungkook era, pois estava acariciando a mão do ômega delicadamente, o confortando de algo, e o mais velho notou mesmo sem entender onde Jungkook entrava naquilo.
Taehyung é um adulto, assim como Jimin, com certeza haveria coisas que ele perceberia e entenderia muito antes de ser dito, ele já viu muitas coisas na vida, já viveu muitas situações. Jimin ainda estava um pouco chocado, travado, mas também não era bobo, seu filho havia os chamado para contar aquilo, e coisa boa não poderia ser.
— E por que? Por qual razão você foi marcado, Yoongi? Quer dizer, por quem? – tentando manter a calma que lhe foi dada de sobra, Taehyung indagou o filho, tentando não soar indelicado, mesmo que aquilo lhe atingisse de certa forma, aquilo não era brincadeira, não era motivos para se orgulhar, mas precisava saber o que estava acontecendo. Então, com um suspiro, prosseguiu: — Está tudo bem, filhote… Não fique assim, nós não vamos brigar. Conte para nós, está namorando alguém?
Viram Yoongi engolir em seco e piscar os olhinhos que estavam arregalados em preocupação, ele abriu a boca e fechou diversas vezes, portanto, nada saía, Yoongi não conseguia contar. Por um breve momento ficou apenas olhando suas coxas pálidas expostas pelo short de pijamas e suspirou, não queria dizer nada, não conseguia, então apenas negou para a pergunta de seu pai. Assumir aquilo a seus pais não estava sendo nada fácil, não estava sendo nada simples encontrar as palavras certas de contar aquilo com eles lhe olhando com repleto pavor e receio.
— Foi Momo, ela marcou o Yoon sem que ele quisesse – o alfa não se aguentou ao assistir o ômega fraquejar, recebendo um olhar espantado de seus pais e um desesperado de Yoongi, que levantou a cabeça imediatamente em sua direção.
— Jungkook! – ralhou, sentindo os olhos transbordar quando voltou os olhos miúdos aos mais velhos, o pequeno par de mãos tremiam e suavam, o que fazia seu peito agitar com o olhar dos mais velhos para si.
Jimin havia levado a mão até a perna de Taehyung e apertava forte, de olhos arregalados e expressão desacreditada, nada diferente de Taehyung, que possuía o maxilar travado e uma das pálpebras parecia tremer sob o olho, completamente nervoso. Não podia ser verdade. Não podia estar acontecendo aquilo com Yoongi, não com o bebê deles.
— Filho, isso é verdade? – foi a vez de Jimin se pronunciar, trêmulo. Então, para seu desespero, ele assentiu, Yoongi afirmou engolindo em seco e soluçando alto, caindo num dilúvio de choro. O ômega tentava parar de chorar ao limpar agressivamente as lágrimas e engolir o choro, o que tornava tudo pior. — Meu amor…
De braços abertos, Jimin o convidou para seu aconchego, e ele veio sem pestanejar, se atirando no peito do mais velho e chorando alto, agarrado na camiseta do pai, porque ali poderia descansar. Jimin ergueu o rosto para cima afim de tentar conter as lágrimas, seus olhos ardiam e seu rosto todo queimava, Taehyung trocava olhar com Jungkook que também parecia amuado com a situação. O Park acariciou as costas do filho e beijou entre as orelhas felpudas, essas que estavam escondidas entre a cabeleira preta, assim como a cauda recolhida que contornava a cintura dele, como se de alguma forma se protegesse de algo.
Taehyung e Jimin nunca deixariam de se perguntavam onde estavam errando, em que momento estavam falhando, ou se aquilo era tão imprevisível quanto parecia, portanto, era impossível não se sentir culpado, era impossível como pais não achar que podiam ter feito algo para impedir aquilo. Não havia um único sentimento os possuindo, e sim vários, já que ser pai os ensinou muitas coisas, porém, ainda não sabiam lidar com a incapacidade de proteger seus filhos a todo instante, com a falta da onipresença na vida deles; realmente aprenderam muito, mas não aprenderam a não se culparem por situações incontroláveis.
Assédio era incontrolável, era imprevisível, mas inferno, poderiam talvez terem preparado mais Yoongi para isso, ele era um ômega, um ômega lindo e de essência marcante! Talvez… Talvez poderiam ter ensinado a se defender, dado instruções, poderiam ter feito qualquer coisa, qualquer coisa que não se passava por suas cabeças agora, mas o dever deles era ter feito algo, era ter estado lá nem que fosse em sua memória lhe dizendo o que fazer! Não conseguiam aceitar, não conseguiam aguentar ver Yoongi naquele estado, a falha era deles, e tinham certeza absoluta. Momo era próxima, não deveria ser de agora, Yoongi deve ter mostrado sinais que não viram, que sem dúvidas deixaram passar.
Taehyung trocou um breve olhar com Jimin, transtornado após ouvir o que Jungkook contou, sobre as mensagens (Yoongi contou tudo mais tarde ao alfa mais cedo), sobre as vezes que era encurralado em cantos e farejado como uma presa, as implicâncias, os toques invasivos e até agressivos como da vez que a confrontou e acabou voltando para casa com marcas nos braços pelo aperto grosseiro da alfa. Jimin apenas suspirou fundo enquanto o alfa contava o que sabia e continuou embalando o ômega como antigamente, quando era um filhotinho, ele ainda cabia em seus braços perfeitamente.
O embalou como na época que nada poderia quebrar seu bebê, quando podia o proteger de tudo e todos.
Yoongi não chorava tanto mais, mesmo que tremesse dos pés a cabeça, ainda soltando soluços de vez em quando. Não parecia querer sair dali tão cedo, e Jimin temia que tudo isso despertasse uma crise no mais novo, sentia que se ameaçasse o tirar daquele conforto agora, ele provavelmente sairia de si. Yoongi finalmente havia perdido toda a carga que segurou por dias, o pico de adrenalina havia passado e agora se encontrava tão mal quanto esperava, havia sobrado apenas medo, e no colo de seu pai não havia mau algum que lhe atingisse, então seu corpo, sua mente e seu subconsciente apenas gritavam que não podia sair dali, que não deveria deixar ninguém lhe tirar dali, não podia ser tocado por mais ninguém.
Jungkook havia lhe reerguido mais cedo, portanto, ainda havia uma ferida, ainda havia uma sequela, essa que, no momento que reaberta, qualquer refúgio como seus pais e o próprio Jungkook seriam agarrados pelo ômega. Eram seu porto seguro, precisava deles. E contar certas coisas aos nossos pais sempre é difícil…
— Bebê, sabe que vamos ter que levar isso para as autoridades, não sabe? – Taehyung perguntou calmo, com os cotovelos apoiados nos joelhos enquanto encarava a visão do mais novo encolhido nos braços do marido. Yoongi nada disse, então prosseguiu: — Vamos denunciar contra assédio e abuso, mesmo ela sendo de menor ela pode ser reclusa, em nosso país ela já pode responder por seus atos infratores…
Jungkook arregalou os olhos, embasbacado com a informação que sabia, mas não se lembrava. Momo poderia ser reclusa em uma penitenciária para menores infratores por assédio e abuso se assim fosse provado seu crime. Alfas que marcavam sem consentimento poderiam ser punidos, e mesmo que fosse fácil diagnosticar se um ômega foi forçado a isso por seu óbvio psicológico instável após a marca indesejada, também havia um exame de coleta de feromônios no local da marca, isso era fácil. Contudo o julgamento normalmente guiado por alfas não era.
— Quê? – o alfa perguntou, ainda sem entender. — Pai… Vão prender ela?
— Com certeza não é o que gostaríamos, ela é uma criança como vocês, só que com problemas. Momo precisa ser punida adequadamente o quanto antes, ela pode se tornar pior com o passar do tempo, vai saber o que não poderá fazer com outros ômegas além de Yoongi? Vai saber o que ela não fará por Yoongi? – o Kim exclamou sério. — É duro, mas o que esta garota fez é grave, Jungkook. Olhe o estado do seu irmão, está fragilizado, sem contar que isso pode deixar transtornos psicológicos em seu irmão, e hormonais também…
O ômega parecia inerte de tudo que estavam falando ao seu redor, tudo ecoava longe, apenas o carinho de seu pai em suas costas e o calor dele estava presente, então, continuaram a falar.
— Como assim? Os períodos? – indagou ingenuamente.
— Não, Jun. Uma marca sem presença genética pode acelerar precocemente a chegada do cio, pois indica que o ômega já possue um alfa para o suprir.
— Oh… – coçou atrás de uma das orelhas compridas, piscando confuso.
Aquela situação não parecia melhorar, e Jungkook não se lembrava do quanto qualquer coisa gerava consequências em um híbrido. Yoongi se encontrava realmente frágil, de dentro para fora, e esperava genuinamente que isso não afetasse em nada nos hormônios dele. Isso lhe afligiu, o sentimento nervoso parecia coçar em todas suas entranhas, porque era mais sério do que imaginava, e parecia que depois das últimas horas sozinho com Yoongi, tudo parecia mais forte e intenso.
E isso era novo, logo, confuso e estranho.
Seus olhos descansaram sobre a imagem de Yoongi tão sensível, agora respirando suavemente, com o rosto colado ao coração de seu pai, parecendo ter caído num sono profundo. Mesmo o caos acontecendo do lado de fora, ele permanecia sereno e sem nenhuma imperfeição, Yoongi continuava acalmando seu coração mesmo que fizesse ele bater desesperadamente em seu peito, esse era o legítimo sentimento de calmaria para Jungkook; sentir-se forte e vivo por Yoongi, sentir que o ama.
Sentir que fará qualquer coisa por ele. Até mesmo quebrar outras costelas novamente se for preciso.
— Vamos dormir, amanhã o dia será longo…
🐱🐰
Todos já haviam adormecido, depois de toda adrenalina e agitação, não houve alguém naquela casa que não estivesse esgotado. Porém, ainda sim o ômega se encontrou mais uma vez sendo engolido pela madrugada e sua ansiedade, acabando por despertar sem entender como havia parado em sua cama, e obviamente aquilo não era uma reclamação. Podia escutar o ressonar do alfa abaixo da sua cama, o que lhe tirou um suspiro, não queria acordar Jungkook ao sair dali, portanto, o pico de estresse e o choro continuo de horas atrás lhe presenteou com uma bela dor de cabeça agora que havia acordado no meio da noite. Não pensar no que aconteceu o deixava calmo, mas agora que seus pais sabiam… era como se um peso tivesse saído de suas costas e parado de dificultar sua respiração. Seu humor estava estranhamente melhor, ainda sim, não era como se tudo estivesse perfeito.
Apenas era um alívio ter sua família.
Decidiu ir tomar algo pra dor ou até para dormir, saindo em movimentos precisos e gatunos, foi descendo na escadinha que havia na lateral da ponta da sua cama, o que lhe fazia passar de raspão por Jungkook, visto que a cama dele não era exatamente por debaixo da sua, sendo apenas a cabeça dele que acabava sendo em baixo de sua cama, era como um T. Sem muitos esforços, conseguiu descer sem fazer muito barulho, parando apenas para ter certeza que Jungkook ainda dormia. Estava prestes a se retirar quando pôde escutar um grunhido, virando-se rapidamente para encontrar o alfa se revirar na cama, expondo uma careta dolorosa perante a respiração pesada.
— Não… – choramingou baixo, encolhendo o corpo brutalmente, fazendo Yoongi dar um passo para trás em resposta, assustado. — Huh! P-por favor, não…
Yoongi tinha os olhos arregalados, Jungkook parecia tão desesperado e com dor que pensou se deveria o acordar ou não, entretanto antes que se aproximasse Jungkook sentou na cama abruptamente, com uma lufada de ar que levou o ômega espantado ao chão num susto, logo o chamando desesperadamente entre a respiração: — Yoongi!
Ele olhou em volta rapidamente, pronto para verificar a cama do mesmo, mas sua atenção foi roubada pela imagem estática de Yoongi sentando no chão, o olhando confuso. Jogou as cobertas ao chão e correu imediatamente até o mesmo, suspirando fundo ao o abraçar apertado, como se fosse difícil acreditar que ele estava ali de verdade, porém, graças a luz fraca do abajur de abelhinha podia enxergar o rosto dele, e sentir seu coração bater sob o seu. Yoongi estava ali, estava intacto e seguro.
— Eu estou aqui… Foi só um pesadelo. – ergueu lentamente a mão para acariciar o cabelo bagunçado, ainda um pouco confuso com tudo.
— Me prometa que não vai confiar neles, nunca – manhou, esfregando o nariz desesperadamente na fonte da essência cada vez mais limpa dele, o pescoço, agradecendo mentalmente a Yoongi por não se importar se estava suando e esfregando-se nele ainda sim; precisava muito sentir que ele estava ali.
— Neles…? Quem?
— Nos lobos, não confie neles! – olhou em seus olhos, buscando desesperadamente por uma resposta.
— Foi um pesadelo, eu não confio neles, alfa. Está tudo bem agora. — sorriu fraco, esfregando lentamente o nariz ao dele, tentando o confortar de alguma forma.
Jungkook assentiu, o abraçando novamente, dessa vez não por muito tempo, logo levantando quando o ômega pediu para sair do abraço e seguir caminho para fora do quarto, Jungkook acabou por seguir ele. Foram em direção a sala silenciosamente, e mesmo Yoongi não entendendo muito bem o que aconteceu, apenas se deitou no sofá e esperou o alfa voltar da cozinha com leite de morango para ambos e analgésicos, em seguida se deitou sobre o ômega e o observou bebericar o líquido lentamente, para então observar Yoongi direcionar o leite em sua boca para que não precisasse se sentar para tomar. Tomou o restante encarando os olhos felinos e atentos de Yoongi em si, lhe fitando atentamente.
Queria saber o que de tão ruim acontecia no pesadelo de Jungkook… todavia, antes que pudesse perguntar, ele indagou primeiro:
— Por que estava acordado aquela hora? – perguntou ao limpar os lábios sujos, o vendo suspirar fundo antes de responder.
— Eu perdi o sono… E eu estou com um pouco de dor de cabeça. – deu de ombros, largando a garrafa na mesinha de centro e pegando o controle para ligar a tv. — Eu também tenho tido pesadelos ultimamente, menos essa noite e quando dormi no sofá com você…
— Eu sempre sonho a mesma coisa desde aquele dia. – deixou de fitar o ômega quando seus olhos se encontraram, engolindo em seco.
— E o que é?
Jungkook não queria ter que dizer, e não iria. Só que mentir não era uma opção também. O que deveria dizer, afinal?! Que sonhava toda a maldita noite com aqueles alfas nojentos lhe batendo em frente Yoongi antes de fazer coisas piores com ele? Não, ele não poderia dizer isso. Aqueles lobos era sujos, e manipuladores, e assim que soubessem que estavam sendo caçados fariam de tudo para chegar em Yoongi e de algum modo pegar a confiança dele, sabia disso. Iriam torturar Jungkook de alguma forma, e e se não aceitasse sofrer calado, quem pagaria seria Yoongi.
— Não precisa falar se não quiser – o mais velho pareceu notar o desconforto nas expressões do alfa em cima do seu corpo, que do nada havia tensionado acima de si. Mas após escutar a voz calma do ômega, relaxou pouco a pouco, assentindo sem jeito ao dedilhar em pequenos circulos a cintura exposta pela camiseta folgada que ele vestia. — Quer ver algo na tv?
— Quero só ficar com você, Yoon. – murmurou, deitando a cabeça sob a barriga do mesmo, observando que os canais haviam parado de mudar de repente após alguns segundos, parando num documentário sobre extraterrestres. Olhou para cima para encontrar os olhos escuros brilharem em sua direção. — Alias, sua essência parece quase cem porcento pura, sentiu?
— Uhum – ele assentiu, levando lentamente as digitais para a bochecha esquerda do alfa e acariciando delicadamente, o que trouxe Jungkook mais para cima involuntariamente, agora com os olhos fechados e o queixo apoiado no peito do ômega. E daquele ângulo, era impossível para Yoongi não apreciar todos os detalhes daquele alfa, então, sem que percebesse as palavras deslizaram por seus lábios num tom baixo e tímido: — V-você é lindo, Jun.
Yoongi engoliu em seco ao sentir seu estômago revirar quando Jungkook abriu os olhos ao ouvir o que disse, a galáxia brilhante nos olhos dele pareceu lhe engolir brevemente, o deixando no paraíso sufocante e lindo que era seu universo, o mantendo nervoso, portanto sua mente clareou quando um sorriso abriu nos lábios amáveis do alfa, o fazendo sorrir timidamente em resposta.
— Acho que é a primeira vez que você diz isso! – comentou com o sorriso indestrutível em seus lábios.
Yoongi lhe elogiou, meus amigos! E ele tinha certeza que disso poderia se gabar, porque aquele ômega não era fácil… Não queria ser maldoso, só que, Momo além de nunca ter a chance de escutar aquilo, também estaria ferrada em breve, e veja bem… ele nem ao menos precisou marcar Yoongi para receber um elogio, e principalmente, um beijo. Ah, lembrar disso ainda lhe causava efeitos engraçados!
— Não é como se nunca tivesse escutado isso de todos que te conhecem… – soltou, e olhou para o conteúdo duvidoso que passava na televisão sem muito interesse.
— Eu não me importo com a opinião dos outros. – Yoongi voltou a o olhar. — Eu gosto mais do que você acha, Gie.
O ômega sorriu pequeno, e se sentiu tão quentinho que podia jurar que aquele sorriso na cara daquele alfa na verdade era zoação com sua cara de pateta após o que disse. Estava mole, estava corado, quentinho, completamente bobinho, pois Jungkook lhe dava moral até demais. E parando para pensar, como nunca percebeu? Honestamente, ele achava que Jungkook tinha implicância por achar que por ser o "irmão alfa" deveria ficar em seu pé, só que agora, ele sentia que era bem mais que aquilo. Aquele alfa tinha estrelas cintilantes nos olhos quando lhe olhava, Jungkook mudava.
E Yoongi estava gostando disso. Gostava muito… era como se um espaço de tempo diferente se criasse quando estavam apenas eles, e em certos momentos era impossível pensar em outras coisas quando havia toda atenção dele só para si daquela forma.
Tanto que, não percebeu que seus dedos continuavam a acariciar a bochecha igualmente corada do alfa, só que ele não era de perder oportunidades, e por incrível que pareça, Jungkook pareceu entrar na mesma linha de raciocínio que a sua. O ômega pôde se sentir no pico da realização e pura satisfação quando a respiração morna do alfa chegou aos seus lábios, lhe dando a prévia do melhor que viria a seguir, e já sentia sua boca formigar antes mesmo dos lábios alheios colarem nos seus; Jungkook então, agarrou a mão que segurava seu rosto e apertou, na mesma intensidade que apertou sua boca na do que um dia faria seu legítimo ômega, assim como a mesma vontade de Yoongi quando fechou os pequenos olhos, suspirando fundo ao responder imediatamente o beijo de quem um dia teria o prazer de chamar de seu alfa, derretido e afoito naquele ritmo.
Era sempre uma surpresa, era sempre novas cores, sons e explosões, sempre pareciam descobrir novos sentidos sensoriais, era como se suas mãos ao tocarem um ao outro enquanto seus lábios dançavam sobre si os levassem mais alto ainda. E mesmo que nunca soubessem o que esperar quando suas bocas se encontravam, agora, pela segunda vez podiam confirmar que sempre seria bom, sempre seria mágico, porque soava sempre novo, cada mínimo movimento e toque. Yoongi e Jungkook não poderiam dar atenção a mais nada além do que estavam descobrindo agora, não havia como lembrar da guerra quando estavam no lugar mais sublime de todos: entre si. Descobrindo que podiam se amar além do que imaginavam, muito além do que juravam ser platônico.
Porque Jungkook podia escutar o próprio coração em tamanha animação, seu âmago nunca esteve tão satisfeito, não obstante ali em seus braços estava o ômega que sempre admirou, que sempre zelou, amou além da conta sem saber e ainda sofreu confusões mentais por isso; e ali, pela segunda vez, estava seu ômega, com a boca mais aveludada que teria e queria ter o prazer de sentir, beijando seus lábios, suas bochechas e por fim batizando seu nariz com toda sua delicadeza e adoração. Mesmo assim, ainda poderia beijá-lo pela noite toda, já que agora era seu novo remédio e vício, assim como se perder nos olhos exorbitantes, mergulhar na essência incomparável, se proteger no abraço mais quente, e se acalmar nele. Não que não fosse o suficiente, mas esteve tanto tempo sem o conhecimento que se pertenciam que agora não poderia deixar Yoongi escapar, estava a tanto tempo sem sentir a pureza daquela essência cheia de frescor assim como laranja e menta, que tudo que pôde fazer foi não o soltar.
Yoongi, ao invés de sentir frio quando Jungkook se afastou e levantou o tronco sobre si expondo claramente seu rosto corado assim como seus lábios entre os cabelos bagunçados perante a claridade da televisão, ele sentiu foi calor. Era como se algo tivesse aceso dentro de si, correndo por suas veias e principalmente se acentuando no seu estômago, e não podia caracterizar aquilo como nervosismo, porque era um sentimentos tão bom e vivo! Pôde finalmente também compartilhar do mesmo sentimento engraçado que personagens de livros de romance sempre falavam: as famosas borboletas. Lá estavam elas, deixando tudo tão caótico, e quase saindo por sua garganta quando Jungkook lhe puxou sem aviso prévio nenhum, agora ambos de joelho sobre o sofá, submersos um nos olhos do outro, respirando pesadamente.
— Então é disso que eles falam… – o alfa sussurrou, sem ao menos piscar, admirado com a visão perfeita que seus olhos lhe oferecia sem nenhuma exigência.
— Quem? Falam sobre o que? – Yoongi riu confuso, encantado com o sorriso espontâneo que surgiu nos lábios de Jungkook, como se tudo que fizesse o fosse contagioso.
— Todos que eu julgava estarem sendo precoces e desesperados pra não decepcionar uma exigência que juram ser da nossa espécie… Sabe, Yoon? – indagou pensativo, observando o mesmo assentir. — Só que, eu acho que agora consigo entender e acreditar que quando finalmente descobrimos gostar de alguém, independente da nossa idade, é como se houvesse uma conexão inexplicável. Eu até consigo entender por quê humanos de sangue comum ficam sempre surpresos por híbridos permanecerem quase a vida toda com a mesma pessoa.
— Por que, filósofo da madrugada? – gargalhou, franzindo o cenho, sem entender.
— É porque eu não acho que poderia pensar em ter outro ômega na minha vida além de você.
A cara risonha de Yoongi foi gradativamente sendo substituída por uma expressão surpresa pela declaração repentina do alfa. Aquilo o acolhia, ao mesmo tempo que o assustava, porque não poderia ser mais recíproco. Yoongi sentia aquilo! Era como se fosse para ser eles desde sempre, e agora obviamente possuíam maturidade o suficiente para reconhecer seus sentimentos um para o outro, e tudo estava florescendo no tempo certo. E era verdade sobre humanos comuns nunca entenderem como híbridos mantinham relações tão duradouras, visto que grande maioria começava a construir relações aos treze anos, os mais tardios por volta dos dezoito, e normalmente, as relações só se quebravam por coisas sérias ou irreparáveis. Não era atoa que em contos que humanos comuns criavam sobre híbridos era sempre cercado de fatores místicos, lendas de destino premeditado, alma gêmeas e tudo mais. Os humanos comuns eram tão livres em sua sociedade que, fidelidade, compromisso e até mesmo o amor eram vistos como magia, como algo quase impossível, que poucos tem a habilidade de crer.
O instinto comum nunca está satisfeito, procurando perfeição sem esforço, procurando méritos sem lutas e confundindo a liberdade com perversidade, até criarem uma espécie que pudesse ser tão reais quanto eles. Humanos comuns haviam se perdido, distorcido todas as virtudes e valores, plantado guerras, injustiça, ódio e padrões para preconceitos matarem. Porém, agora viam o bem como mágica e lenda, já que mataram tudo que havia de bom e agora se afogam nas próprias mágoas.
Então, Yoongi e Jungkook eram gratos, pois graças a derrota de uma sociedade, os deram a vida, e agora poderiam se amar livremente, poderiam ver a beleza um no outro, poderiam se valorizar, poderiam ser eles mesmos. Graças aos seus pais que tanto sofreram e ainda sofrem, puderam ter do melhor ensinamento e educação, puderam aprender a ser livres do jeito certo, com amor e respeito. E era por essa razão que Yoongi pôde concordar com Jungkook.
Ele também não poderia pensar em ter outro alfa além dele.
— Nem eu… – sorriu, olhando no fundo dos olhos alheios. — A gente vai ficar junto até quando formos maiores, né? Mesmo se nossos pa-
— Vamos. – o calou com beijinho rápido, observando o mesmo baixar as orelhas e corar. — Eu acho que pode acontecer qualquer coisa, Yoon, mas eu sempre vou estar com você.
Poderia ser uma promessa e tanto para ambos que eram tão novos, portanto, conheciam o amor em suas formas mais tradicionais, e dentro disso era aquilo que poderiam fazer um pelo o outro agora: juras e promessas.
Fizeram juras e promessas pelo resto da noite, e suas assinaturas nada mais eram do que a melhor descoberta que fizeram aquela semana; suas bocas… juntas, guardando todos os seus segredos.
🐱🐰
Era a primeira vez que Yoongi e Jungkook saiam de casa após os últimos acontecimentos, contudo, a saída não era para nada agradável. Seus pais decidiram que era melhor ir a delegacia o quanto antes, deveriam fazer exame de corpo delito em Yoongi, coletar as substâncias da marca de feromônios que permanecia no corpo como um xixi de animal em uma almofada que só saia depois de muitas lavagens e vários dias, como animais costumavam fazer para marcar território. A prática não era a mesma, mas a teoria, infelizmente sim e esse era mais um dos motivos para Yoongi detestar tudo aquilo, principalmente Momo.
Taehyung e Jimin poderiam perceber o nervosismo de ambos no banco de trás, estando Yoongi revirando os próprios dedos sobre as coxas, e Jungkook não parava quieto olhando a rua, completamente ansioso. Taehyung havia conversado muito bem com ambos antes de sair de casa, já que não estavam a caminho da delegacia apenas para depor o caso de Yoongi e sim checarem o andamento da procura dos agressores de Jungkook. O alfa parecia bem nervoso sobre sair de casa mesmo que não quisesse transparecer, ele não negou que iria, muito menos cogitou não fazer presença, mesmo assim por o pé do lado de fora de casa ou sair do carro lhe causava uma visível tremedeira. Parecia ser algo inconsciente, porque não era razão para não apoiar Yoongi nesse momento, como prometeu nessa madrugada. Estaria com ele, sempre.
— Ei… – Jungkook murmurou baixinho ao tocar as mãos do ômega, que lhe olhou assustado. — Está machucando sua mão.
Yoongi desceu o olhar para a palma de sua mão marcada pelas unhas curtas e as pontas dos dedos mordiscadas o suficiente para deixa marcas. Mordiscou o lábio inferior engolindo em seco, balançando a cabeça e sorrindo fraco para Jungkook antes de dizer: — Tá tudo bem, não tá doendo.
— Então posso segurar sua mão? – acariciou a palma marcada, vendo o mesmo assentir em resposta e deitar a cabeça no apoio do banco, virando o rosto para a janela envergonhado. Odiava transparecer suas fraquezas, honestamente…
Na parada no semáforo, Jimin deixou de prestar atenção no trânsito junto do marido e observou seus filhotes parecerem cansados, provavelmente de uma má noite de sono por estarem ansiosos pelo dia de hoje. Então, se lembrou de algo que ia perguntar a eles na hora do café e acabou esquecendo, visto que não havia uma unica engrenagem na sua cabeça que não estivesse pifando.
— Algum de vocês esteve na sala pela madrugada? A televisão estava ligada quando acordei, mas vocês estavam na cama… – falou, os olhando pelo reflexo do espelho, podendo notar que ambos pareciam receosos. — Eu pensei que a gente tivesse combinado que televisão era só até a uma da manhã…
— Ah, sim… É que e-eu, eu-
— Eu acho que eu estava roncando muito essa noite, me deu um pouco de dor nas costelas e tive que dormir de barriga pra cima… Provavelmente o Yoongie hyung acordou e foi pra sala por causa disso, papai. – relatou tranquilamente, como se não estivesse contanto uma bela de uma mentira, o que fez Yoongi o encarar e erguer uma das sobrancelhas.
— Uh? – Jimin encarou Yoongi dessa vez, parecendo querer confirmar, o que fez o ômega retribuir seu olhar no mesmo instante.
— Foi isso sim, papai! Não vai ficar bravo comigo, né? Eu fui pra cama depois de ver alguns episódios de Gumball, não era tããão tarde assim – deu de ombros, emendando a mentira cabulosa de Jungkook.
— Não sei se confio no que consideram tarde ou não…
— Vida, deixa eles, não tem problema ver televisão até mais tarde as vezes – acariciou a coxa do marido, que revirou os olhos pra moleza de Taehyung, sempre ajudando as crianças a burlar suas regras! — Chegamos…
Todos encararam o lado de fora do carro, nada animados, beirando a tensão.
— Não tem como eu ficar no carro, não? – o ômega soltou num muxoxo, se amolecendo todo no banco ao olhar pelo menos quatro policiais tagarelando do lado de fora da delegacia, alfas e betas.
Obviamente o Estado e o Poder Executivo não trabalhava com muitos ômegas na fiscalização… Mas ele esperava que quem fosse pegar seu depoimento fosse um ômega, já havia escutado falar sobre isso, principalmente em casos de abuso ou assédio onde as vítimas se sentem mais confortáveis conversando com suas respectivas classes. No interior havia envolvimento de ômegas, já que eram mais detalhistas.
— Não vamos demorar.
Foi o que disse Taehyung.
Mas caralho, aquilo demorou mais de quatro horas! E Yoongi afirmou para si mesmo que nunca mais confiaria em seus pais quando for se tratar de horários!
Assim que entraram, tiveram que aguardar mais duas pessoas depor, logo em seguida, a minuciosa e detalhista ômega anotou com muita paciência (até demais) todo o depoimento de Yoongi, após isso, houve um exame psicológico, uma coleta de provas – dos malditos feromônios –, e então outras coisas burocráticas. Quando estava na avaliação psicológica, seus pais checaram junto a Jungkook a ocorrência do alfa, e antes de sair da sala daquele beta, foi aconselhado a fazer um tratamento mais intensivo do que apenas uma vez ao mês. E agora na sala da médica, descobriu que se tivesse esperado mais um único dia, a coleta não poderia ser feita por já ter sumido todos os resquícios possíveis de feromônios. O ômega tinha certeza que a parte mais chata e humilhante foi a avaliação psicológica, entretanto, pode ter certeza do contrário assim que aquela médica abriu a boca novamente, não bastando a vontade dela de puxar assunto antes… Também quis lhe matar do coração assim que finalmente perguntou:
— Você tem contato com algum outro alfa além de quem te marcou? – Yoongi pulou quando a voz delicada e baixa soou literalmente no seu cangote, já que ela examinava seu pescoço aparentemente com uma solução em spray que mostrava partículas de feromônios alheios, por assim se dizer. — Não tem por que mentir, pode ser mais difícil analisar e as coisas só ficarão mais complicadas para você, querido.
— Meu irmão… – cedeu num murmúrio.
— Ele é alfa? – parou para encarar o adolescente arisco que havia na sua frente de cenho franzido. — Aquele grandão lá na frente? Jurei que era um ômega que cresceu demais! Agora faz sentido.
— Pode ter certeza que só parece… – riu sem jeito junto dela, no entanto, arregalou os olhos e negou rapidamente com a cara sugestiva que a médica fez para sua frase infeliz. — Não! Quer dizer, eu quis dizer que ele só é muito bobo, sabe, um medroso, mas ele é alfa ainda e faz coisas de alfa, entende… Entendeu, né? Bobo e essas cois-
— Calma, querido! Eu entendi. – gargalhou alto, vendo Yoongi suspirar fundo. — Relaxa, eu já vi todo tipo de alfa. Seu irmãozinho não é tão raro, mas não é comum todos terem uma personalidade tão calma, tanto que não percebemos que é um alfa se não prestarmos atenção no físico… Mas isso também pode ser um pré conceito do nosso cérebro por ele ser híbrido de coelho, sabe?
— Sim, mas, eu não entendi. O que tem a ver eu ter contato com outro alfa?
A ômega respirou fundo antes de pegar a lâmina do microscópio onde estava as amostras que coletou minutos antes e levou até o instrumento, examinando atentamente, até que disse: — A solução mostra claramente em cores fracas a intensidade e o tipo de feromônios que está em seu corpo; a saliva é azul e transpiração é verde, obviamente há outros tipos, mas não vem ao caso. E no seu caso tem as duas, o que significa que tem partículas oleosas de suor de outro alfa em cima da sua marca salivar, que está mais fraca que o suor. – se afastou do instrumento e voltou a olhar para o ômega estático, de olhos arregalados. — Verifiquei no microscópio apenas para ter certeza, e claro, separar as amostras que vão para sua pasta quando forem interrogar a pessoa.
— Ah. – engoliu em seco, sem ao mesmo piscar.
Como ia saber em que momento Jungkook esfregou aquele narigão oleoso dele bem em cima daquela maldita marca?! E como ia saber Yoongi que isso iria aparecer! Isso era ótimo, sem dúvidas ótimo… não poderia piorar.
— Isso não é um problema, mas poderia ser. – pontuou, o observando atentamente. — Quando disse que seu irmão fazia coisas de alfa, quis se referir a ele ser ciumento, não é?
— Não é isso, ele s-só, só é muito protetor… – desceu o olhar para as mãos, apertando os dedos uns contra os outros. Estava cansando de ser indagado por aquelas pessoas, mesmo entendendo que era importante, Jungkook não tinha nada a ver com com aquilo, e também, não queria ficar falando da relação estranha que possuíam para aquela médica que parecia entender muito bem o que falava e onde queria chegar com suas perguntas. — Eu estava me sentindo muito mal esses dias, e não queria contar pra ele o que tinha acontecido, m-mas ele sentiu que minha essência não estava igual, e, huh… É que é complicado! Eu não sei exatamente quando isso aconteceu, sempre fomos próximos.
— Eu vejo. Parece que ele se segurou muito pra não acabar com essa marca ele mesmo. – suspirou a médica ao decidir parar de interrogar uma vítima de assédio, não querendo deixá-lo mais desconfortável do que aquela situação toda visivelmente já o deixava.
— Como assim? – Yoongi ergueu o rosto rapidamente para encarar a mulher, sem entender o que ela havia tentando dizer.
— Como um alfa, ele sabe como anular uma marca sem necessariamente te marcar, mesmo sem saber que pode fazer isso, é apenas instinto, não importa que sejam novos. – explicou, logo cruzando as pernas e prosseguindo: — Você sabe o que faz uma marca?
— Saliva e urina? – franziu o cenho, sem muita certeza. Biologia híbrida não era muito seu forte…
— O simples e o extremo, sim, mas também há o cotidiano, assim como relação sexual, beijo em partes erógenas do corpo, principalmente pescoço, onde é uma grande fonte de transpiração e consequentemente da sua essência. E como você já sabe, uma marca minimiza seu cheiro, não o faz parar de existir. É como se algo fizesse sobreposição, a deixando alterada, quase que neutra, menos pra quem te marcou, claramente. – disse, observando Yoongi cobrir o pescoço com os dedos finos, a olhando incerto. — Porém, já deve ter escutado o termo "presença de alfa", estou certa?
— Já… Já escutei – franziu o cenho, curioso.
— Você tem a presença de seu irmão. A convivência íntima que tem com ele faz com que deixe outros alfas receosos em se aproximar, ainda sim, como não é uma marca, não é cem porcento eficaz. Ômegas com irmãos, amigos, pai e mãe alfa de relação boa e íntima sempre terão presença de alfa. – esclareceu. — Então, em modos mais intensivos, o contato físico e "aromatização alfa" pode anular uma marca três vezes mais rápido que o comum.
Yoongi sabia de certas coisas mas nunca tão detalhadamente, e não sabia se ficava feliz ou não. Obviamente sua recente intimidade com Jungkook havia providenciado a aceleração do seu bem estar mesmo com aquela marca, mas agora, aquela médica parecia não ser burra ou alheia sobre o que provavelmente estava acontecendo entre eles, e isso lhe amedrontou. Podia aquilo interferir de algum modo no desenvolvimento da denúncia? Não fazia sentido, ela só precisava da merda da saliva de Momo, podia ignorar o suor oleoso de Jungkook! Cara, quantas vezes mandou aquele alfa fazer skincare direito?!
Seus pais não podiam saber daquilo, aquela médica precisava guardar todas as informações desnecessárias num baú e jogar no fundo do poço, caso contrário ela acabaria ainda mais com seu psicológico e sua vida. Todas aquelas informações que ela jogou na sua cara parecia muito como uma ameaça de que ela sabia que estava de frente com um ômega sem controle que agora beijava o próprio irmão. Talvez fosse paranóia lhe corroendo, mas, por Buda, estava com medo de tudo.
— Yoongi?
— Oi? – arregalou os olhos, fitando aquela ômega no fundo dos olhos dela, em busca de misericórdia.
— Tudo bem? – indagou delicadamente, e ele assentiu rapidamente em resposta, espiado. — Fique tranquilo, essa amostra está intacta, poderia ser muito tarde, mas hoje foi um dia de sorte!
— Que amostra?!
— A salivar, claro. A que precisamos para sua pasta. Isso provavelmente é o suficiente, também tenho certeza que a avaliação psicológica foi tranquila… – comentou orgulhosa, esperando que Yoongi concordasse, só que então pode perceber que a preocupação daquele ômega não estava na denúncia. — Yoongi? Achou que eu falava do que?
— E a amostra do meu irmão? Não vai precisar mandar também, né…? – mordeu o interior da boca, sem saber para onde fugir.
— Claro que não! Eu só precisava ter certeza, pra justamente não enviar algo desnecessário em sua pasta, caso contrário isso faria uma confusão. – negou prontamente, assistindo o pequeno ômega a sua frente relaxar imediatamente. Sorriu fraco e se aproximou do mesmo, tirando as luvas e ajeitando o suéter do garoto em seu devido lugar, cobrindo o pescoço pálido, para logo pegar em suas mãos e encarar nos olhos escuros e medrosos. — Não se preocupe, seu irmão fez o que pôde para te deixar tranquilo, ele é um ótimo alfa. Não há com o que se preocupar, tudo vai dar certo e essa pessoa que fez isso com você vai pagar, e pode ter certeza que quando eu for examinar ela, não vou ser tão legal quanto fui com você, gracinha.
— O-obrigado. – riu fraquinho quando ela beliscou levemente seu nariz, então suspirou fundo, ainda tentando se recuperar do susto e se sentindo claramente um desesperado.
— Não há de que. Acabamos aqui, já pode ir se quiser. – piscou um dos olhos para ele, sorrindo amplamente. — Se cuide!
É claro que ele queria sair dali o mais rápido possível, e foi o que ele fez, pisando forte mesmo que estivesse aéreo; só conseguia pensar em xingar Jungkook! Mesmo que de alguma forma soubesse que a culpa não era dele, queria por a culpa em alguém por quase ter morrido do coração, e sem dúvidas seria naquele coelho com gigantismo. Ah, ele poderia achar que agora por lhe seduzir com aquela boquinha fofa – que beijava muito bem a sua, por sinal – estaria livre da sua ira… uh, talvez. Quer dizer, óbvio que não! Essa mania de quase arrancar seu pescoço fora de tanto cheirar, argh! É claro que, tem isso, nunca foi um problema, é até bom sabe, parece como um carinho e até acalma, talvez estivesse precisando daquele alfa agora…
Saco! Por que não conseguia focar em ficar bravo com Jungkook como antes quando podia jogar todas suas frustrações em cima dele?! Queria chorar de frustração, ou seja, chorar sem muitas razões plausíveis, apenas por sentimentos perturbados, e isso até parecia um período.
Ah. Um período.
Claro, como pôde esquecer! Aquela frase que disse há pouco tempo: "isso não pode piorar", nunca se aplicou para Yoongi, porque sem dúvidas, podia sempre piorar. Graças a marca iria desregular tudo… pois um fim de marca era seguido de um de período extremamente carente, e Yoongi podia se lembrar – aprendeu isso nas etiquetas de ômegas que a escola aplica (é, é insuportável) –, que esse sintoma específico acontecia duas vezes mais intenso para lembrar a necessidade da renovação da marca. E isso lhe fez rir, pois poderia chorar de carência o quanto quisesse, ninguém chegaria perto do seu pescoço ou qualquer lugar que se faça marcas idiotas como aquela! Odiava todo aquele instinto idiota, e hormônios idiotas!
Ser ômega era uma grande idiotice!
— Yoon? Por que está chorando?
O soluço sufocado de Yoongi ecoou pelo corredor vazio da delegacia, esse que dava caminho ao banheiro de onde o alfa saiu, se deparando com o ômega encolhido no chão. O mais novo pôde sentir o misto de confusão que estava os sentimentos de seu pequeno hyung graças a essência finalmente livre – era uma benção ao seu olfato –, e estava prestes a falar sobre isso quando ele se levantou de cabeça baixa, não esperando muito tempo para se atirar nos braços de Jungkook e afundar o rosto no peito do alfa, se agarrando a ele como fosse tudo que precisasse.
De certa forma, aquilo tudo era estressante, muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo, ainda que Yoongi não quisesse demonstrar… não estava sendo fácil. Já se sentia fraco o bastante dias atrás, com seu psicológico afetado o suficiente, então agora, seu período tornaria aquilo um pouco mais intenso. Minutos atrás tinha certeza que poderia bater em Jungkook e descontar tudo nele sem razão específica, no entanto, estava se debulhando em lágrimas no aconchego dele, e não poderia pedir por outra coisa. Queria o carinho específico dele, queria ser consolado por ele, de preferência com muita atenção, e… beijos. Agora poderia exigir por isso, mesmo que nem sempre, e que também não estivesse em condições nesse momento, mais tarde se certificados de pedir por o que aprendeu a gostar tão rápido, pois descobriu um novo sabor preferido: o gostinho deles.
— Eu q-quero ir embora – choramingou, apertando a camiseta preta do mais novo contra seus dedos finos.
— Mas… Gie, fala comigo. – teve que fazer uma forcinha para afastar o rosto corado de perto de si, logo acolhendo a bochecha úmida em sua mão esquerda para limpar as lágrimas que não paravam de rolar para o desespero do alfa, e Yoongi apenas desviou o olhar. — Eu pensei que estivesse tudo bem, sua essência voltou, e a coleta era a última coisa pra gente finalmente ir embora, nossos pais estão nos esperando com coisas gordurosas pra comer. E seu cheirinho tá muito bom!
Jungkook estava prestes a meter o narigão no pescoço de Yoongi, porque, nossa, aquilo era tudo que queria fazia dias! Sentir uma das coisas que mais lhe faz lembrar porque é apaixonado pelo próprio irmão adotado, e era como se aquela essência tivesse voltado para nunca mais ser sobreposta a uma marca, mesmo que estivesse tão forte ao seu olfato sensível que lhe acabava sendo tentador, jamais faria aquilo fora do momento ideal. Mas ele precisava sentir de pertinho como de costume…
— Alfa. – Yoongi soou frustrado entre um soluço seco, o empurrando fracamente ao lhe encarar, parecendo irritado mesmo que sua face estivesse numa mistura caótica de frustração e súplica por algo que nem Jungkook pôde entender, apenas se afastar como um cachorrinho sem teto após o tom que lhe foi proferido ao ser negado sem muitos escrúpulos por Yoongi.
— Desculpa, uh… é que, ah esquece – coçou a atrás da orelha num suspiro profundo. — Desculpa, Yoon… Não chora mais, vai? Vamos embora de uma vez.
Obviamente, tudo aquilo estava sendo estressante para Yoongi e Jungkook não era nenhum burro para não saber, assim como também não podia negar que estava num oasis quando ao mesmo tempo seus pais procuravam por seus agressores, esses quais ele sabia muito bem quem são, assim como Yoongi. Todavia, ele nunca mentiu quando disse que tudo relacionado a Yoongi lhe tirava da realidade, incluído seu frescor natural que agora inundava sua mente e corpo como uma névoa alucinógena, era droga e remédio na mesma linha, seu vício e sua cura, assim como o próprio ômega.
Talvez tenha sido o momento errado, onde infelizmente não se controlou muito bem e acabou sendo insensível com a situação de seu hyung, e droga, não queria que ele pensasse que era como os outros alfas, farejadores e sem respeito.
Isso fez Jungkook se enclausurar em sua própria mente para remoer isso e todas as suas atitudes desde que se identificou um ser humano pensante, e isso durou até chegarem na recepção, onde seus pais estavam. Escutaram a preocupação com Yoongi e a demora repentina de Jungkook para voltar do banheiro, também tentaram os por para cima, mas Taehyung e Jimin entendiam que não era a melhor das ocasiões.
A ida para casa foi chata e silenciosa, Jimin até sugeriu que comessem as couves e brócolis (e filé de peixe) fritas dentro do carro – o que sem dúvidas aqueles dois adultos odiavam –, e ainda sim ninguém se manifestou para algo. Quando chegaram em casa, o casal pediu para que os filhotes levassem o lanche para dentro de casa enquanto Taehyung estacionava o carro na garagem e Jimin tirava algumas sujeiras, portanto, não havia sujeira alguma para ser limpa. Então, assim que o motor parou e a porta da garagem desceu, o Kim-Park mais velho jogou a cabeça para trás e suspirou.
— Eu não aguento mais. – soltou num muxoxo, virando o rosto para encontrar o marido lhe fitando de modo amável. — Eles estão tensos e desanimados, não parecem meus filhos que viviam brigando entre si por coisas idiotas e fazendo bagunças. Taehyung, o que aconteceu? O nosso único estresse era se eles haviam feito a tarefa da escola e limpado o quarto, era a única obrigação deles, e do nada tudo ficou tão sem sentido, não é por esses estresses absurdos de agora que adolescentes tem que passar.
— Tudo que for difícil para eles vai ser para nós também, e é difícil aguentar para mim também, vida. Tento pensar que a vida não prometeu ser fácil para ninguém, nós passamos por coisas ruins também, já apanhamos muito, sofremos coisas inaceitáveis por sermos quem somos. A realidade deles é um pouco mais complexa, mas não recebemos fardos que não poderemos aguentar, e estamos aqui para ajudá-los. – respirou fundo, penteando os cabelos com os dedos compridos e negando fracamente, como se ainda fosse complicado acreditar em suas próprias palavras. — Mesmo que o nosso Jun aparente estar melhor, talvez seja para apoiar Yoongi. Ainda sim sabendo de tudo isso, ele p-parece tão instável, Jimin… Eu não consigo aceitar o que aconteceu.
Taehyung fraquejou, apoiando a cabeça no volante e engolindo tudo que queria sair, não poderia ceder ao estresse e a frustração. Sabia que Yoongi poderia ter sofrido algo muito pior e irreversível relacionado a assédio e abuso, portanto, independente do grau de gravidade, assédios ainda geram traumas que são irreversíveis, geram conflitos emocionais. Yoongi estava sofrendo e ele sabia, sabia também que seu corpo entraria em combustão hormonal, e o de menos grave e que sem dúvidas aconteceria seria um período carente. Isso não era muito, mas um ômega ficava vulnerável, e um alfa tentado ao forte sentimento carente explanado no odor exalado na essência. Isso lhe levava a pensar que os problemas não tinham fim, ja que agora teriam que supervisionar Jungkook para não passar dos limites com o irmão.
— Ele é um ômega muito forte. Eles são muito fortes, então precisamos ser mais, amor. – disse ao tocar a nuca do marido, massageando levemente. Jimin então sorriu ao proferir: — Na alegria e na tristeza, lembra? Não esquece que eu te amo.
— Impossível, já que todos os dias eu te amo mais.
Jimin e Taehyung prometeram a si mesmos que iriam se dedicar a Jungkook e Yoongi antes mesmo de descobrir que os amavam como seus filhos, sendo assim, hoje em dia fariam o possível e o impossível para eles. A felicidade daqueles dois filhotes não era nada menos e nada mais que a paz deles, e teriam o prazer de restaurar o sorriso na cara de Yoongi e Jungkook.
Custe o que custar.
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vou falar primeiro sobre o capítulo e a fanfic pois é pra isso que vocês tão aqui eu imagino rs
- não eu não vou desistir dessa fanfic mas isso pode ter consequências como a demora de atualização que eu logo falo sobre
- talvez tenha apenas mais 4 ou 3 capítulos nessa fase (12-13 anos)
- nada dito nesse capítulo pelo Yoongi ou o Jungkook teve a intenção de cunho sexual pq eles são crianças se descobrindo e então obviamente após descobrirmos que um beijo é bom isso passa a ser a melhor coisa do mundo, maaaas, obviamente vão descobrir outras coisas boas rsrsrs
gente eu espero que vocês estejam entendendo toda essa folia que eu crio na minha cabeça nesse universo ABO, mas pra mim tudo faz sentindo, então pfvr deixem suas dúvidas aqui que eu respondo!!! lembrando também que esse universo se passa sem na Coreia mas eu não sigo muito a risca os padrões coreanos pq é um universo alternativo e não tão semelhante ao nosso referente a algumas leis ou até nomes
e o que vocês acham que vai acontecer agora??? tá brabo o negócio aí viu
enfimmmmmm, venho com minhas palavras cansadas de desculpas pela demora, mas fazer oq gente não me arrependo pois não tive como controlar essa demora, minha vida tá uma merda e eu tenho outras prioridades no momento, o que é chato mas verdade. além do mais nem sempre tô de bom humor pra escrever, mas acho que vocês já sabem como é isso, chega de blablabalba
ao invés de escrever eu saio a trote de madrugada bêbada e volto pra casa pra chorar pq é isso que a vida adulta nos dá: DESESPERO 👍
ai chega de chororo, beijos de luz amo todosssssss
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