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33. Cães covardes

Chorar poderia ter inúmeros significados, nos dava inúmeras sensações, causava inúmeros sentimentos aos outros, chorar, era para muitos, fraqueza. Mas chorar na verdade era força, em um significado geral, aquele que chora, é aquele que extravasa o que mais lhe corrói, o choro era a arma mais forte para combater a dor, o prazer, a decepção, a ilusão, a tristeza e o amor. Poucos tinham a chance de chorar, poucos se permitiam se libertar, poucos garotos aceitavam que chorar não nos fazia menos.

Chorar era a luz de muitas saídas, então por isso, Jungkook chorou muito.

Jungkook chorou porque sabia que o que sentia era para poucos, Jungkook sabia que seu choro era para um bem maior, a razão do seu choro pouparia o choro de quem ama. A dor era o indicativo de que tudo deveria ficar bem depois, no entanto, parecia que seria complicado equilibrar as situações a partir de agora.

- Conte para alguém que foi nós e já era para aquele ômega gostosinho com cheirinho de bebê, ouviu alfa? - agachado em frente ao mais novo que respirava com dificuldade, apertou o queixo dele com força ao indagar com tom ameaçador. Jungkook assentiu e grunhiu de dor quando ele deu dois tapas fortes em seu ombro provavelmente machucado pelas pancadas. - Que bom que entendeu o recado, invente qualquer merda. Vamos, o pirralho aprendeu a dele.

Diante o azulado do céu ensolarado, Jungkook se deitou no chão, ali onde estava, e fechou os olhos, sentindo todo seu corpo doer, e seu rosto intacto arder de tanto chorar. Suas pernas, seu torso e seu estômago doíam de uma dor tão insuportável que nunca pensou que sentiria alguma vez em sua vida, mas lá estava ele, jogado no chão após ser espancado por cinco alfas. E estava tudo bem, porque ele aceitaria passar por aquilo mais dez vezes desde que não tocassem um dedo em Yoongi.

Aqueles alfas nojentos deixaram claro tudo que iriam fazer com seu irmão se ele abrisse a boca, durante todo segundo, durante toda tortura, eles falaram coisas horripilantes das mais absurdas as mais doentias, envolvendo Jungkook nas situações que criavam com Yoongi como se ele fosse se aproveitar do próprio irmão daquela forma tão desumana que eles insinuaram, como se ele fosse como um deles.

Então chorou de alívio, porque ele estava em segurança.

Seu celular começou a tocar, e ele suspeitou ter o escutado tocar outras diversas vezes quando não pôde o ateder de forma alguma, porém, dessa vez ele escutou vozes e passos desesperados por perto da esquina que estava largado, e eles pareciam se aproximar cada vez mais. Jungkook voltou a chorar sem que percebesse, de alguma forma temendo que fosse os alfas novamente, mas quando avistou Seokjin alguns metros de distância, não se sentiu aliviado, apenas chorou mais e mais. Seria difícil de explicar aquilo de forma segura.

Como Jungkook iria explicar aquilo sem jogar as cartas na mesa? Como deveria proteger a si e a seu irmão?

- ACHEI! EU ACHEI ELE!

Jungkook não acompanhou muito bem os próximos minutos, mas quando viu estava nos braços de Hoseok, Seokjin e ele choravam perdidos e assustados com a situação, Namjoon falava com alguém no telefone parecendo desesperado, até que começou a chorar também, falando alto:

- Eu não sei! Eu não sei, Jimin! - gritou, chacoalhando a cabeça. - Era pra ele ter chego uma hora atrás, pensamos que ele tinha passado na biblioteca, mas ele não respondia as mensagens nem as chamadas, nada! Estavamos procurando fazia mais de vinte minutos! Me desculpa, Jiminie. Eu sinto muito...

- Jungkook... Jungkook não desmaia, não desmaia! - Hoseok implorou quando o colocou deitado no banco de trás do carro, Seokjin sentando ao seu lado e posicionando a cabeça do mais novo em suas coxas, só que Jungkook não parecia muito bem. - Ele está com muita dor... céus, quem fez isso com ele?

- Não sei... - Seokjin lamentou, acariciando os cabelos bagunçados do mais novo, que piscava lentamente, quase fechando os olhos, gemendo algumas vezes em determinados movimentos. - Vai ficar tudo bem, Jun. Confia em mim.

Jungkook não conseguiu confiar em seu tio, estava com medo, porque afinal de contas, ele era apenas um menino.

O caminho para o hospital foi rápido e silencioso, Jungkook desmaiou de dor e provavelmente de trauma. Assim que Taehyung e Jimin foram avisados do acontecido, foram direto para o hospital que Taehyung trabalha, e ele logo entrou em serviço para atender o filho mesmo que não tivesse de plantão, por isso na chegada do hospital Taehyung como enfermeiro chegou primeiro para o atendimento de urgência, mesmo se tremendo dos pés a cabeça e segurando o choro, ele correu com a maca até a entrada para colocarem seu filho machucado, e logo rasgaram a blusa do mesmo durante o caminho para a sala de emergência. Jimin chegou segundos depois para olhar o estado do filho, não podia entrar, mas pôde ouvir os diagnósticos que Taehyung detalhou em voz alta para ser anotado e avaliado pelos outros enfermeiros e médico.

- Alfa não maturado, silvestre, híbrido de coelho, doze para treze anos em estado inconsciente, pulso estável. Visivelmente com distensões musculares por quarenta e cinco por cento do corpo até agora, doutor. Aparentemente sem lesões superiores. É necessário raio x. - Taehyung ditou totalmente robótico em voz alta, andando apressado junto com os outros que checavam o estado do alfa com urgência, correndo em volta da maca em movimento.

Jimin juntou as duas mãos em frente a boca e caminhou em torno de si mesmo, parando de seguir-los, totalmente em choque quando o marido sumiu no corredor com o filho desmaiado, totalmente sem chão, desamparado. Era como se seu coração estivesse dependendo de aparelhos, não estava funcionando por si só, porque sentia que poderia parar a qualquer momento, dependendo do que fosse acontecer com seu filho a partir de agora. Nada parecia ter sentindo e nada parecia justo, era como se tivesse algo de errado, e Jimin poderia dizer que estava esperando alguém chegar e lhe dizer que era uma piada de mal gosto. O sentimento se parecia como de uma anestesia, porque não dava para sentir as coisas corretamente nem as explicar.

As coisas ultimamente estavam tão turbulentas, parecia que a vida de seus filhos estava sendo movimentada como uma montanha russa das mais radicais, e Jimin sentia que ele e Taehyung não estavam no mesmo vagão que eles, porque simplesmente aquilo não fazia sentindo. O que havia feito Jungkook para merecer aquilo? Quem havia feito aquilo com seu filho?

Num misto desequilibrado de sentimentos, Jimin apenas se perguntava por que, e por que com seu filho. Ele sentiu raiva, sentiu decepção, se sentiu culpado, se sentiu irresponsável, se sentiu mal, nervoso, ansioso, e sentiu medo. Em que momento falhou? Em que momento achou que seria seguro deixar seu filho de doze anos andar sozinho na rua? Em que momento pôde ser tão tonto, porra?! Em que momento deixou seu filho estar naquele estado?! Quando tudo começou a acontecer com tanto descontrole?

O choro não era capaz de descer, Jimin queria explodir, mas não podia, o bolo na sua garganta não o deixou chorar, e ele engoliu, engoliu com raiva, porque não choraria. A irresponsabilidade havia sido sua e de Taehyung, e ele não podia ser fraco agora, ele não podia. Mesmo que por dentro estivesse acontecendo o caos tropical, ele não se deixou desmoronar, mesmo que a ruína estivesse presente. Alguém precisava remar aquele barco.

- Jimin, amigo... - o Kim mais velho se aproximou, com os olhos vermelhos, carregando a culpa que não era sua. - Eu sinto muito, foi falha nossa...

- Não pense assim. A responsabilidade é minha e de Taehyung, Jin. Vocês poderiam ter um terço de culpa se tivéssemos peço a vocês para irem o buscar e vocês não tivessem ido, mas esse não foi o caso, o dizemos para ir sozinho pois era perto. A culpa foi totalmente nossa, meu filho está sofrendo porque fui irresponsável. Não pense em se envolver nisso, você precisa se manter tranquilo, se lembra? - sorriu fraco para o amigo, tocando a barriga pequena e discreta do mesmo por cima da blusa que ele vestia, assistindo o mais velho assentir e por a mão por cima da sua. - Você já fez o suficiente por hoje, precisa ficar longe de tumulto e estresse, Seokjinie.

- Não podemos deixar vocês aqui, assim... Não podemos deixar Jungkook sabendo do estado que ele está, Jimin. Não nos peça para ir! - negou, olhando firme para o menor.

- Preciso que fiquem com Yoongi, não vou trazer meu filho para cá, se ele ver Jungkook assim vai ser pior. Se puderem buscar ele na casa da colega... eu agradeço, Jin - suspirou fundo, balançando a cabeça para dispensar o que já sabia que iria acontecer; Yoongi ficaria louco.

- Yoongi não vai descansar em quanto não ver Jungkook, você sabe.

- Mas ele não verá o irmão naquele estado! Seokjin, meu filho está virado em hematomas e mal fala de tanta dor, o que menos preciso é da minha outra criança traumatizada! - exclamou, sentindo seu corpo todo temer em nervosismo. - Façam o possível, por favor, é só o que peço.

Seokjin assentiu com um suspiro, nunca negaria ajuda ao amigo, nunca negaria cuidar dos filhos dele, portanto, sabia que a situação não estava da melhores, sabia que seria difícil conter o ômega felino.



...




- Está errado, Sana.

- Então faz você!

- O problema é que eu fiz tudo sozinho até agora! - exclamou sem paciência. - A preposição "on" é usada para superfícies de locais, datas e datas específicas. Não vê que você escreveu uma frase dizendo que ela está em cima do ônibus e não dentro?! A preposição correta é "in".

- E se eu quiser que ela esteja em cima do ônibus e não dentro? Você não sabe qual foi minha intenção, seu metido a inteligente. - debochou infantilidade, fazendo Yoongi aumentar sua cara de infelicidade e incredulidade.

- Eu me demito, terminem isso sozinhos e do jeito que vocês quiserem, eu quero ir embora!

Momo deitada no sofá com as pernas pra cima enquanto lixava as unhas grandes revirou os olhos e suspirou fundo, se sentindo cansada mesmo não tendo feito muita coisa. Mark estava no celular, e Sana e Yoongi sentados em volta da mesa de centro, tomando conta do trabalho praticamente sozinhos. Mesmo Sana sendo um pouco lerda para língua inglesa, ela havia decorado todo o cartaz e estava bonito, enquanto Yoongi montou todas as frases e tópicos explicativos, e Momo e Mark apenas davam pitaco.

- Só vou deixar você ir embora porque fez bastante coisa e porque sou boazinha. - sorriu, mesmo que aquele sorriso não fosse muito agradável para Yoongi. - Te levo até a saída.

- Vou avisar meu pai, espera aí. - pediu um instante, pegando o celular e mandando rapidamente uma mensagem no grupo que tinha com seus pais e Jungkook.

- Sua capa de fundo do app é o rabo do seu irmão com rostinho?

- Sim, o pompom do meu irmão é a segunda coisa mais fofa depois de mim. Agora sai de cima! - expulsou a alfa, se levantando para arrumar suas coisas.

- Eu não tenho nada fofo para você? - perguntou pensativa, escutando Sana e Mark rirem alto de sua cara, mas Momo não tinha vergonha.

- Você é fofa de boca fechada e dez metros longe de mim onde não consigo nem enxergar sua cara graças a minha miopia não tratada. - sorriu falsamente quando se virou para a encarar, logo voltando a arrumar suas coisas.

- Eu dormiria sem essa... - Mark riu baixo.

- Relaxem, isso vai virar amor. - o tom era convicto.

- Meus tios estão vindo, me leva logo pra saída, eu não aguento mais vocês. - esbravejou, rumando em direção a escada do mezanino, sem esperar pela alfa.

Momo foi atrás, tranquilamente, seguindo a essência fresca que Yoongi deixava pelo caminho onde passava, o que era uma tremenda tentação para si. Tinha plena certeza que Yoongi mudaria sua opinião sobre si, e tinha mais certeza ainda que ele veria seu potencial depois que o marcasse; ele veria o que era ser protegido de verdade, ele veria que tinha sim muito a o oferecer. Yoongi com certeza a amaria um dia, e agradeceria a ela por isso. Ela sabia, mesmo sendo nova.

Quando chegaram em frente a porta larga que era separada da sala, Momo estava mais próxima do que Yoongi gostaria, no entanto estava tão cansando e de saco cheio daquilo que nem reagiu a nada, apenas a ignorou.

- Vai abrir a porta ou vou ter que arrombar? - indagou impaciente, de braços cruzados, a encarando sem vontade alguma.

- Até que eu gosto desse seu jeitinho bravinho... - deu de ombros, pegando a chave no porta-chaves para realizar o desejos de Yoongi de sair logo dali. - Eu realmente gosto.

- Você não gosta de mim, Momo. Você não me trata bem, você é estranha com essas coisas que fala, e me assusta. Eu não gosto disso... - comentou, encolhendo os ombros e negando com a cabeça para a alfa, que suspirou.

- Você não gosta agora, mas você vai passar a gostar, Yoongi.

- Eu não tenho que gostar de algo só porque você quer, alfa! Pare de me tratar assim! - bateu o pé, olhando no fundo dos olhos daquela alfa, exausto de tudo aquilo. - Nós não nos damos bem, não fique imaginando coisas como se fossemos íntimos e ditando o que devo sentir! Não sou seu ômega e nem vou ser, Momo.

- Eu faço tudo por você!

- Tudo pra me deixar infeliz, só se for! - devolveu incrédulo, as vezes Momo não parecia estar no mesmo planeta que ele.

- Yoongi...

- Para de me perseguir! Para de me incomodar e se meter na minha vida, só me deixa em paz, por favor! - implorou sem tirar os olhos dos dela, sentindo o choro vir, e ele desabaria porque estava cansando de se sentir tão atingido pela alfa.

Aquilo foi como um faísca para o coração seco que permanecia dentro de Momo, pois ela queimou feito folha seca. Algo dentro dela achou aquilo injusto e errado, algo dentro dela não concordou com o que Yoongi disse, parecia que ele não entendia o seu raciocínio, e ela não aceitaria aquilo. Como Momo aceitaria ser rejeitada daquela forma? Yoongi nem ao menos experimentou dela, não a deu confiança. Ela gostaria de poder se expressar melhor, mas era difícil não ter o que quer na hora que quer. Momo queria apenas uma chance, apenas uma chance de mostrar o quanto Yoongi se arrependeria um dia de a rejeitar.

E ela teve essa chance.

Por que sabe quando você está fundo demais no mar, e não percebe? Só percebemos o perigo de estar fundo demais no mar quando percebemos que não estamos dando pé muito bem, que algo dificulta nossa locomoção para a costa, que as ondas vem e vão, mas você não consegue lutar contra elas, você afunda, volta, afunda novamente, e então, só então, você percebe que está se afogando e ninguém está vendo. Entrar em desespero nunca é a melhor opção, só que, entrar em desespero é automático, e lutar para nadar fica mais difícil, guardar fôlego fica complicado enquanto tentamos pedir socorro.

O problema foi que Yoongi já estava imerso, ele não teve tempo de pedir por socorro ou lutar contra a maré que era Momo quando ela o marcou sem pensar duas vezes. Quando foi segurado de modo inesperado e contido bruscamente, e se sentiu abraçado pelo mar inteiro, se sentiu no meio do oceano atlântico e todas suas ondas monstruosas. Se debater e a empurrar não foi o suficiente para a impedir de se aproximar e lamber seu pescoço, marcando seus feromônios no local mais eficaz e duradouro para uma marca. Yoongi estava afogado, porquê seu cheiro não era mais o que conhecia, em questão de segundos. Seu eu e sua personalidade, sua essência e seu valor estavam corrompidos da forma mais íntima, mesmo sem haver intimidade alguma.

De repente tudo estava tão vazio que Yoongi podia ouvir o eco de seus próprios batimentos cardíacos dentro de si mesmo como uma bomba relógio.

- Yoongi, querido. - Ayana surgiu de algum canto qual nenhum dos dois soube qual, com o sorriso habitual e toda sua educação de sempre. - Recebi a informação do porteiro que seus tios chegaram para lhe buscar. Está pronto?

Yoongi ainda sem reação, piscou o olho lentamente e assentiu, sem saber o que dizer, sem saber o como reagir. Momo abriu a porta e deu passagem para o ômega. - Tchau, Yoongi.

- Volte sempre, querido!

Que ele tivesse a sorte de nunca ter que voltar.



...


Taehyung chorava baixo, agarrado a Jimin, estava inconsolável, completamente sem estruturas, soltando tudo que segurou o tempo todo que atendeu o filho. E agora com o alfa já acamado e devidamente tratado por agora, ambos estavam no quarto o zelando, perto da janela do cômodo, observando filho de longe. Jimin acariciou a cabeleireira castanha do marido e o abraçou forte, apertando os olhos e respirando fundo.

Havia sido difícil para Taehyung, conter o choque de ver o filho no jeito que viu foi muito, muito difícil, porém, necessário. Ele precisou ser firme o tempo todo, até agora. Porque examinar os exames junto com o médico foi horrível, esperar o diagnóstico foi insuportável. Ouvir que Jungkook havia fraturado duas costelas, lesionado os pulsos, o estômago e que havia mais de vinte hematomas de distensões musculares pelo corpo foi, sem dúvidas, a coisa mais traumática que pode viver até agora. Seria necessário pelo menos um mês de repouso e cuidados, todavia o trauma seria por um longo tempo.

Jungkook estava medicado, com talas órtese em ambos os pulsos, com pomada em suas feridas e uma cinta para suas costelas, dormindo. Seu rosto não havia nenhum arranhão, permanência perfeito e angelical, como se não tivesse sofrido que sofreu a poucas horas atrás. Estava em paz, descansando, sendo zelado por quem mais o amava.

- Com licença, Taehyung, Jimin.

Era o médico, este que se curvou educadamente, deu uma olhada no alfa que jazia na cama e suspirou fundo; o tempo todo que trabalhou com Taehyung nunca havia visto o mais novo tão nervoso, e mesmo assim ele não deixou de servir um excelente trabalho como sempre, não deixou de ser um ótimo enfermeiro, e muito menos deixou de ser um pai preocupado.

- Boa noite, doutor Kang. - saudaram, Taehyung tentando se recompor como podia.

- Primeiramente, lamento muito pelo ocorrido com o filhote de vocês... não se preocupem, ele é um alfa forte, vai se recuperar logo. - sorriu afim de os reconfortar, parecendo causar algum efeito aos pais preocupados, que assentiram com sorrisos fracos. - Vim apenas dizer que em menos de dois meses as costelas dele estarão ótimas, e que os hematomas irão depender muito dos cuidados e uma alimentação muito boa para ajudar o metabolismo. Os pulsos sempre com a órtese, vai ser necessário exercitá-los para não prejudicar o movimento. Vocês sabem de tudo isso... Mas não podia deixar de passar aqui para o dar alta. Alguma dúvida?

- Nenhuma, muito obrigado...

- Certo. Ele pode ir embora após acordar. Boa noite, rapazes. - se despediu, se curvando mais uma vez e se retirando do quarto.

Jimin voltou a abraçar o marido, descansando o rosto na curvatura do pescoço do mesmo, no único lugar onde seria possível encontrar a paz naquele momento.

- Eu não entendo... - Jimin murmurou, exausto. - Não entendo o que ele deve ter feito para merecer isso. Simplesmente não passa pela minha cabeça.

- Vida, na-

O gemido baixo que ecoou no quarto calou Taehyung, ambos viraram rapidamente a cabeça em direção do som frágil, encontrando a face do alfa se contorcendo levemente. Jimin fora rápido em se aproximar do filho, tocando no rosto dele com urgência, preocupado. Taehyung se aproximou ao perceber que o mais novo finalmente estava acordando, nervoso.

Jungkook abriu os olhos com dificuldade, fechou novamente e logo abriu devagarinho, e com as orbes perdidas vagou o olhar pelo cômodo todo até finalmente encontrar seus pais bem na sua frente. Antes mesmo que pudesse pedir por água, Taehyung já havia lhe estendido o copo e aproximado da sua boca para beber o líquido, esse qual bebeu devagar, sentindo o alívio do frescor da água na sua garganta seca. Só foi o suficiente quando a água acabou, no entanto, a água pareceu voltar todinha em lágrimas.

- Não chora, filhote... - o Kim pediu, já sentindo o bolo se formar na garganta. - Papai e eu estamos aqui agora, não chora, está tudo bem.

- Eu q-quero ir embora - Jungkook explodiu, em prantos, ele implorou para seus pais, balançando a cabeça desesperado quando percebeu onde estava. - Por favor...

- Jungkook, olha pra mim - o Park pediu, mas não foi o suficiente, Jungkook estava hiperventilando e tremia dos pés a cabeça, temia hospitais. - Jun! Se acalma, por favor, olha pra mim, bebê!

- Vamos embora, p-por favor, vamos embora, vamos embora, eu n-não quero ficar aqui, eu não quero que m-mexam em mim - soluçou aflito, tentando sair da cama a todo custo, mesmo que seu corpo inteiro doesse. - Pai, eu não preciso de remédios, eu estou bem!

- Você não vai tomar remédio nenhum, Jungkook. Ninguém vai mexer em você, ninguém vai te machucar, está me ouvindo bem? - Taehyung ditou, contendo o filho como podia, olhando no fundo dos olhos arregalados dele. - Eu vou te dar mais água, você vai se acalmar e vamos conversar eu, você e o papai. Depois disso vamos para casa, tudo bem?

Jimin se afastou com as mãos no cabelo, desolado. Jungkook não estava bem, estava com medo. Ele odeia hospitais, ele odeia remédio e morre de medo de precisar passar por uma cirugia, o fazia se lembrar de quando quebrou o nariz e todo medo que ele sentiu, de todo sangue que viu e a dor que sentiu. Por alguma razão, mesmo Jimin e Taehyung sendo da área da saúde, o alfa evitava tudo que se referia a isso; os mais velhos não sabia se isso vinha de algum trauma do orfanato, entretanto, ele nunca reagiu bem a exposição em hospitais e medicamentos. Jungkook era um menino sensível, ele se lembrava das melhores e das piores memórias possíveis, e ele guardava cada características delas, inclusive as coisas ruins. Ele queria ir pra casa, queria se sentir seguro, queria ter certeza que seu irmão estava bem.

Os próximos minutos foram difíceis, Jimin não estava aguentando ver Jungkook tão assustado daquela forma, havia se agarrado em Taehyung e não queria soltar por absolutamente nada. A cada três palavras que proferia ele chorava e dizia que queria ir para casa, que queria ver Yoongi. Ele não queria conversar sobre o que aconteceu, Jungkook não falou absolutamente nada sobre o que aconteceu e o que o levou estar naquela cama. Tudo pareceu piorar quando uma enfermeira surgiu no quarto dizendo que estava ali para dar o remédio de dor para ele; Jungkook se debateu, mesmo que a enfermeira não tivesse tentando absolutamente nada, ele chorou porque iria se engasgar, chorou porque iria doer mesmo que não fosse doer nada tomar um comprimido, todavia, Jungkook só estava com medo de sofrer mais, só estava com medo que alguém tocasse nele apenas para lhe machucar novamente.

Jungkook não sentia que estava tão abalado, ele aceitaria apanhar quantas vezes fosse desde que não tocassem em sua família, que não colocassem um dedo em Yoongi. Mesmo assim ele não poderia negar que havia sido cruel, que havia sido doloroso cada segundo naquela esquina com aqueles alfas. Estava doendo, estava com medo, no entanto, dominado pelo trauma, nada passava pela sua cabeça no instante que viu aquela mulher com uma dose de remédios indo em sua direção, parecia um pesadelo estar naquele lugar.

Em certo momento ele se acalmou quando percebeu que haviam desistido do remédio, quase dormindo nos braços de Jimin que praticamente o ninava como um bebê recém nascido. Era visível que o alfa não percebia suas ações, estava tudo bem para ele porque estava confortável demais nos braços de seu pai, mesmo toda a situação preocupando os mais velhos, Jungkook talvez não estivesse percebendo o choque ainda presente. Taehyung resolvia a parte burocrática na recepção para irem o mais rápido possível para casa, já passava das nove da noite e não podiam mais ocupar os amigos, precisavam ir logo para casa por conta de Yoongi que deveria estar desesperado.

Como podia um dia virar um caos em questão de segundos? Honestamente.

- Ele dormiu? - Taehyung perguntou num sussurro cuidadosamente quando voltou para o quarto, observando Jimin sentando na beira da cama com Jungkook praticamente em seu colo. O Park negou. - Já podemos ir...

- Não consigo levar ele, esses bebê é maior que eu - sorriu fraco ao depositar um beijo casto na testa do alfa, que abriu os olhos no mesmo instante, fitando o par castanho de seu pai. - Hora de ir. Consegue caminhar?

- Acho que sim - respondeu sem muita certeza, permanecendo abraçado ao mais velho. - Vamos para casa mesmo?

- Sim, você vai direto para o banho e vai comer até ficar pançudo. Parece bom? - o Park se levantou como pôde, tentando incentivar Jungkook a ficar de pé também.

- Será que o Yoon deixa eu dormir com ele? - indagou esperançoso, se levantando com um pouco de dificuldade.

- Nossa regra de casa é nunca negar nada a quem está machucado. - Taehyung recordou, lhe esticando a mão para o ajudar a se por de pé. O alfa ergueu o olhar para ele e sorriu pequeno, fazendo os mais velhos sorrirem também em resposta.

- Se meu rosto tivesse machucado eu não ia querer que Yoongi me visse feio. - declarou, se sentindo envergonhado e triste de repente. Tinha medo de o assustar de alguma forma, não queria assustar mais ninguém, não sabia nem ao menos como explicar aquilo, e uma hora ou outra teria que dar uma explicação ao seus pais. - Não quero que Yoongi veja meu corpo assim.

Nem ele mesmo reconhecia seu corpo tão prejudicado, ele mesmo se assustava toda vez que olhava para seus braços feridos, imagina seu irmão? Ele tinha certeza que não aguentaria ver Yoongi desse estado e a razão de seu sofrimento era a prova, podia imaginar que Yoongi também não gostaria nem um pouco de o ver tão mal. Não sabia como explicaria aquela situação para ele, muito menos para seus pais que uma hora ou outra iriam exigir explicações, iriam exigir nomes e rostos. Só que simplesmente ele não podia dizer, Jungkook não podia se arriscar mais. Não podia arriscar a segurança de Yoongi. Como teria certeza que seus pais dariam um jeito? Parecia impossível para ele depois de tudo que passou.

Parecia que tudo estava pressuposto a dar errado!

- Não temos como esconder isso dele, você sabe. Vai ser difícil, está sendo difícil pra todos nós te ver assim, mas você é forte e vai ficar bem logo, logo, meu filho. - o Kim apaziguou, pegando seu casaco apoiado na poltrona ao lado da cama e pondo por cima dos ombros do filho, dando um beijo entre as orelhas caídas. - Tudo vai ficar bem, confia na gente, uh?

- Nós vamos resolver isso, meu amor. Não se preocupe. - completou Jimin, com um sorriso pequeno nos lábios grossos.

Ir pra casa era um misto de ansiedade, alívio e medo. Não dava para saber o que iria acontecer no futuro, mas temê-lo era uma opção mais que válida. Haveria os que dizem que temer o que não conhecemos é bobeira, que temer o futuro era para ansiosos clínicos, contudo, que o presente deveria ser nosso foco, que deveríamos vivê-lo, dar o nosso melhor e que então o futuro seria certeiro. Jungkook pensou, pensou que o presente em pouco tempo se tornava passado, e se remoer por não ter dado seu melhor em algo do passado parecia pior do que qualquer outra coisa, porque, bem, o futuro podemos mudar. Com os pensamentos a milhão, pensando até em coisas que não faziam sentindo algum, Jungkook resolveu que não deveria temer o passado, o presente, muito menos o futuro; ele não deveria temer nada, porque a bravura de uma criança vence qualquer mal.

Seus pais já diziam que ele podia tudo, que ele deveria viver sem medo, mas viver com segurança, e então seria isso que ele faria a partir de agora.

Jungkook iria viver sem medo.



...

Sem aviso prévio e sem nem menos nuvens escuras para sinalizar a chegada de uma nova tempestade, tudo estava abaixo de água. Submerso e afundando cada segundo que se esgotava, tudo era apenas rajadas e trovões ecoando longe, era como se estivesse sendo abraçado e sufocado pela força da água. Yoongi não se sentia alí, não sentia que escutava o que seus tios lhe diziam, não sentia a si mesmo. Uma parte de algo que lhe fazia ser ele mesmo estava diferente, estava corrompida, não havia tido sua permissão alí, era como se olhar no espelho e não se reconhecer, porque simplesmente, ele não era o mesmo que havia saído de casa pela manhã.

Yoongi pertencia, havia sido marcado como um pertence a quem ele não queria, a quem não lhe merecia. A marca de feromônios não era sobre pertencer e não pertencer, todavia, ele se sentia como um pertence já que não havia optado por aquilo, apenas havia sido escolhido. Se sentia usado, um mero objeto.

Não havia água que lavasse aquilo, e não havia lágrima que banhasse o rosto inexpressivo de Yoongi, não havia nenhum sentimento além do completo vazio que o ocupava. Seus olhos não fechavam, sua boca não abria e seus ouvidos não escutavam nada agora, apenas o silêncio do quarto escuro.

Havia lhe sido ensinado que aquilo era como o primeiro beijo para muitos, aquilo marcaria o início de muitas primeiras coisas, a primeira marca de feromônios havia um conceito, um propósito a ser zelado, só que... para Yoongi ela não tinha mais sentindo algum.

Não falou muito com seus tios e nem ouviu o que eles tinham a dizer, apenas assentiu, disse que iria tomar banho e ficaria pelo quarto para terminar algumas coisas do trabalho de inglês. Não soube se foi convincente, talvez sim, já que não haviam vindo bater na sua porta até agora. Sentia que já estava tarde, não estava com fome, porém não entendeu onde estava seus pais e seu irmão. Mas em questão de minutos sua dúvida foi sanada, pôde escutar seus pais agradecendo seus tios por terem tido a paciência de ficar ali até o horário que ficaram, então ele descobriu que já passava das dez da noite.

Havia passado algumas horas no banho...

- Filho? Chegamos!

A luz invadiu o quarto, obrigando o ômega a fechar os olhos, o que foi captado pelo olhar ligeiro de Jimin. O Park se aproximou da cama e se apoiou na escadinha para estar a altura do filho, acariciou os cabelos negros ainda úmidos que indicavam um recente banho, logo afagando a bochecha protuberante do mesmo. Observou então as pestanas volumosas abrirem lentamente, revelando os olhos escuros e brilhosos do seu filhote. Havia algo alí... Jimin não soube ao certo, mas aqueles olhos estavam sem o brilho de sempre.

- Onde vocês estavam? - soou baixinho, parecendo não saber se sua voz iria sair ou não, inseguro.

- Aconteceu algumas coisas inesperadas hoje... - contou em um suspiro, ainda afagando o rosto delicado do mais novo. - Por isso preciso que venha para a sala com a gente, vamos aproveitar para comer algo.

- Não estou com fome. - piscou lentamente para o carinho que recebia, sentindo que aquilo era a única coisa que poderia lhe fazer dormir esta noite: proteção.

- Comeu o que hoje?

- Eu almocei...

- E na escola? - puxar informações de Yoongi não era tão fácil.

- Seus carinhos são os melhores, papai - ronronou, se virando de frente para seu pai e fechando olhos, apenas escutando quando seu pai suspirou novamente.

- Não troque de assunto, Yoon. Converse comigo, bebê... - mesmo que sério ele soou preocupado, vendo o mesmo se ajeitar para dormir. - Yoongi...

Vontade de comer era o que menos o ômega tinha agora. Tudo bem, ele realmente se esquecia de fazer suas refeições diárias, ou as vezes simplesmente não queria comer... Contudo, especialmente hoje, ele sentia que todo sua vontade de se alimentar havia sumido, e que seu apetite não retornaria tão cedo. E não havia muitas formas de explicar isso aos seus pais sem ser direto, acontece que, ele só queria ficar sozinho e em silêncio, infelizmente ele não queria dar explicações a ninguém.

Mesmo sabendo que não havia como fugir disso.

Então, ir para a sala foi apenas o destino inevitável lhe aguardando, aparentemente com alguma notícia muito ruim. Todos estavam com expressões tão acabas quanto ele, Yoongi sentia que todos ali tinham algo a contar, e que não era algo bom. Ele não sabia muito bem se podia confiar no seu ponto de vista, não desde que sentia que seus pensamentos não estavam coerentes conforme se sentia inseguro a cada minuto que passava. Não dava para saber por qual motivo doía tanto seu âmago, só sabia que agora seu caminhar era inseguro, sua respiração, fala, olhares e ação; era medo. Lhe dava medo pensar no que aconteceria de agora em diante.

Seus tios podem não ter percebido, mas Jungkook com certeza iria, seus amigos e os colegas da escola; ele viraria alvo de perguntas, aliás, seria um dos primeiros da sua turma a ser marcado. Jungkook perceberia e consequentemente seus pais iriam descobrir, e o que diria a eles? Seu corpo reagiria, sua mente reagiria, mesmo que minimamente, marca de feromônios alterava hormônios de um ômega ou de um alfa.

Inferno! Yoongi odiava tudo aquilo! Ele odeia Momo, odeia alfas e odeia muito mais tudo que lhe torna tão incapaz de se defender decentemente!

- Yoongi! - a voz alta de Taehyung ecoou o fazendo dar um sobressalto no sofá, sendo o suficiente para o trazer de volta a órbita. - Não ouviu nada do que dissemos, não é?

- Desculpa, pai... eu, hum, trabalho em grupo não é muito minha praia, fiquei meio cansado de hoje - riu fraco, dando de ombros e logo fitando seu irmão repousado no ombro de Jimin.

Jungkook estava estranhamente encolhido ao lado de Jimin - aparentemente dormindo -, ele recebia um carinho nos cabelos do qual Yoongi pode experimentar mais cedo e mesmo assim gostaria de mais um pouco agora. Ele estava de olhos fechados, e Yoongi estava implorando para que todos seus métodos para apagar um pouco da sua essência alterada - como um banho longo com muito sabonete, loção pós banho, hidratantes corporais e perfume - tivesse um pouco de eficácia. Sabia que ele perceberia uma hora ou outra, mas que percebesse enquanto tivessem a sós, talvez fosse menos complicado explicar.

Só que, o que chamou a atenção de Yoongi não foi os estranhos fatores que ali ocorriam, como as faces cansadas, o jeito estranho que Jungkook estava ou qualquer outra coisa, mas sim, a pulseirinha hospitalar no pulso do alfa. O ômega franziu o cenho e trocou o olhar entre seus dois pais e a pulseira, que seguiram o ponto qual Yoongi fitava.

- O que está acontecendo?

- Já está tudo bem, Gi-

- O que aconteceu com o Jun? Ele está bem?! - levantou-se apreensivo, se aproximando do alfa ainda adormecido. - Papai, aconteceu alguma coisa?

- Nós não sabemos direito, filho. Seus tios acharam seu irmão em uma esquina, muito machucado... Ele não falou nada sobre o que aconteceu desde que acordou da primeira vez. Você sabe que ele não gosta de hospitais e de remédios, então ele ficou muito agitado, resolvemos não perguntar nada por enquanto. Mas aconteceu algo, não sabemos absolutamente nada... - Taehyung disse delicadamente, procurando as palavras certas ao que avaliava cada mínima expressão do rosto de Yoongi. - Pode ser que ele se abra com você, após acordar.

Se cérebros possuíam algum limite de informações para receber durante um dia e ainda processá-las decentemente, Yoongi teve total certeza que atingiu esse limite hoje. Simplesmente, sua mente era como o mais caótico local existente nesse momento; Jungkook estava ali, na sua frente, intacto - até onde pôde notar. Nada fazia muito sentido. Como assim?! Como assim haviam encontrado Jungkook muito ferido? Como seus tios não lhe disseram nada?! Ou será que ele não ouviu? Merda, tanto faz! Havia algo de errado com Jungkook, haviam feito algo com ele!

- Eu... e-eu não estou entendendo. - seus olhos pareciam girar sobre a sala inteira, era como se estivesse zonzo perante tudo aquilo, administrar seus pensamentos, respostas, ações e expressões não era mais tão simples como a uns segundos atrás.

- Yoongi, seu irmão foi espancando. - cortando ares, Jimin finalmente deixou a frase sair de seus lábios num fio de voz, numa fraqueza sem comparação. Em uma verdade tão dolorosa quanto apenas receber a notícia, porque repassar para seu outro filho foi pior. Ver Yoongi arregalar os olhos e tampar a boca com ambas as mãos ao mesmo tempo que as perninhas curtas tremeram visivelmente ao ponto de Taehyung lhe abraçar rapidamente, evitando a queda do mais novo que não emitiu som algum, foi cortante. - Nos desculpe, meu amor... Me desculpa. Nós não estávamos lá para o proteger, a gente não... nos desculpe, meu filho.

Não.

Não, Yoongi não aceitaria que estivessem fazendo seus pais pedirem desculpas num momento daqueles. Seus pais estão sofrendo tanto quanto ele, estão se lamentando tanto quanto ele, não sabem das razões por trás daquilo tanto quanto ele, e amam Jungkook tanto quanto ele. Então, por que? Por que eles estavam se desculpando pelo que não tinham um pingo de culpa?!

Aquilo era covardia.

E Yoongi reconheceu sentir cheiro de cão covarde.

Fúria. Tão pura quanto amor, tão idêntica ao amor, aliás, podemos amar furiosamente, fúria era aquilo que incendeia, um ímpeto, uma onda; aquilo que nos move, ao melhor ou ao pior. Mas, fúria, também era ira.

E aquele ômega estava irado, enraivecido. Não havia o que pudesse o amparar. Ele sabia quem havia feito aquilo, e tinha vontade de resolver aquilo sozinho, Yoongi gostaria de poder mostrar que quem mexe com sua família estava propenso a se arrepender amargamente, não importa como. Queria tirar satisfação, queria brigar, queria revidar, gostaria de explodir todo seu ódio e insatisfação em cima deles. Ah... mas claro, ele é apenas um ômega.

Se Jungkook não havia sido páreo para eles, por que ele seria? Logo ele, um ômega.

Gostaria de parar de se martirizar por sua classe na sociedade, logo, aceitar de uma vez por todas que ser ômega tinha desvantagens assim como qualquer coisa nessa vida. Não iria ceder, ele não poderia ceder. Ele se lembra, se lembra de como amar a si mesmo ainda, de como motivava o amor próprio e os outros ômegas a se aceitarem e se empoderar perante a sociedade injusta que viviam; Yoongi tem lembranças de quando tudo era apenas a sua confusão sobre seus sentimentos perante seu irmão, mas agora, esse era o menor dos seus problemas. E agora seria a razão que não lhe faria desistir de si mesmo, seria a razão para aguentar tudo aquilo que estava acontecendo.

Porque pôde ver o corpo de Jungkook quando foi chamado no banheiro para entregar um analgésico a seu pai, esse que teria a árdua tarefa de tentar fazer Jungkook tomar o medicamento. A pele normalmente pálida e repleta de pintinhas estava arroxeada e vermelha em alguns pontos, havia até feridas, quais Jimin lavava delicadamente, conversando baixinho com o alfa. Yoongi ficou por ali sem que percebesse, até escutar o soluço de seu irmão, fechou os olhos e apertou os lábios um sobre o outro, engolindo em seco.

- Não tem porquê chorar, amor... - Jimin falava calmamente, mesmo parecendo intensificar o choro estrangulado do alfa. - É rapidinho, você coloca na boca e toma a água toda, nem vai sentir nada.

O choro dele, por alguma razão, não parecia só por conta do medicamento, mesmo assim Yoongi suspirou fundo, porque não era assim que ele tomaria. Não entendia e nunca entendeu o problema em tomar um comprimido, e não buscava entender, o importante era que ele tomasse, então, se aproximou lentamente da banheira.

De repente, travou. Como iria acalmar Jungkook com sua essência se ela estava modificada? Teria que tentar algo, seu pai parecia tremendamente esgotado, o olhando com os olhos suplicantes.

- Jun - chamou, observando as pestanas grossas cheias de lágrimas, o rosto pálido mesmo a ponta do nariz estando avermelhada pelo choro e as orelhas úmidas caídas. Jungkook mordiscou o lábio inferior e desviou o olhar das orbes castanhas do ômega, constrangido. - Hoje o dia foi tão comprido e chato que estava com saudades de ver sua cara feia, então não chore assim, Jungoo.

- Isso soa exatamente como algo que deva se dizer para alguém que está chorando - murmurou ironicamente, os lábios repuxando em um sorriso discreto quando fungou baixo e limpou o nariz com as costas da mão.

Jimin sorriu fraco e se levantou, dando uma piscadinha para Yoongi, que assentiu e logo se sentou onde o pai esteve antes, na privada ao lado da banheira. Encolheu os joelhos sobre o peito e apoiou os braços alí, observando Jungkook relaxar as costas sobre a borda da banheira, escorregando o suficiente para que apenas sua cabeça estivesse por fora da camada de espuma.

O fato de estarem sozinhos agora os deixava totalmente transparente um para o outro, os ombros caiam e os sorrisos morriam, ali havia coisas que só eles sabiam que não poderiam esconder um do outro.

- Vou perder todas as aulas do resto do mês.

- Isso parece ser o que menos te preocupa.

- Sem dúvidas, sim. Não é esse o problema...

- Por que eles fizeram isso, Jungkook? Olhe para você! E-eu... eu nunca pensei que veria isso, eu... isso parece mentira. Não sabia que sua briga com esses garotos era tão séria, o que foi que você fez pra eles?! - estava incrédulo, nada lhe passava pela sua cabeça, nada que tivesse o mínimo de sentindo. - Eu espero que você se explique!

- Como sabe que foi eles?! - franziu o cenho, sentindo o coração pular do peito.

- Eu não tinha certeza, mas agora eu tenho, obrigado - pontuou ainda mais fora de sério.

- Pois então finja que não sabe!

- Como é? - se levantou, o encarando perplexo. - Sem chances, eles vão se foder e muito! São delinquentes!

Jungkook fechou os olhos e respirou fundo, sentindo que poderia se matar a qualquer momento. Tinha como as coisas ficarem pior?! Ele duvidava disso. Como ele deveria proteger Yoongi sem que Yoongi mesmo se entregasse na boca dos coiotes? Contar a verdade não parecia uma opção válida, não queria assustar Yoongi com todo aqueles absurdos...

- Yoongi, por favor.

- Jungkook! - ele bateu pé, o rosto tão vermelho que Jungkook achou que ele iria explodir. - Não me peça para ficar quieto! Como vou encobrir quem fez isso com você?! Está ficando maluco? Chutaram sua cabeça por acaso?! Você está roxo, v-você está literalmente quebrado! Eu não aguento olhar para você assim, eu sou seu hyung e eu prometi a nossos pais que te protegeria também!

- Gigie... eu - suspirou fundo, negando lentamente. - Eu preciso que confie em mim. Por favor, Yoon, só... só confie em mim!

Confiar? O que Jungkook estava falando? O quão sério aquilo tinha se tornado? Yoongi sentia que estava perdido no meio de uma profundidade que não conhecia, aquilo estava indo longe demais. Havia até esquecido seu recente problema, porque honestamente, sua cabeça não tinha espaço para tudo aquilo. Então, com um suspiro pesado, ele apenas franziu o cenho e balançou a cabeça, buscando ignorar tudo que estava acontecendo. Parecia ser a única saída no momento.

- Precisa tomar isso. Eu seguro sua mão, toma... - direcionou o comprimido aos lábios do irmão, pois ele estava com as mãos molhadas. Ele tomou, claro, segurando a mão de Yoongi, engolindo rápido e com uma careta, como se estivesse engolindo parafusos. Talvez só tenha sido fácil e rápido assim porque ambos estavam esgotados daquela atmosfera. - Precisa de ajuda para sair?

Jungkook corou fortemente, porque bem, ele infelizmente precisava. Assentiu com um balançar de cabeça leve, Yoongi desviou o olhar rapidamente e se virou para pegar uma toalha grande, a apoiando debaixo do braço e parando em frente a banheira. Nos próximos segundos ele apenas estendeu a mão a Jungkook e não descolou os olhos do rosto envergonhado do mesmo. Abriu a toalha e esperou ele se aproximar, para enfim o abraçar com a toalha, rodeando o corpo alto e esguio do alfa que era seu irmão; seu rosto batia na altura do peito dele, e pôde ouvir o coração acelerado soar sobre sua bochecha. Ele fechou os olhos e o apertou mais, com cuidado, mas o suficiente para sentir que ele estava ali, que estava causando o nevoeiro em sua mente e a sublimação do seu caos.

Era só ali que podia sentir alívio, afinal.

- Yoon... está tudo bem?

- Sim. - se afastou, com um sorriso singelo. - Só... só estou aliviado que você está bem.

- Eu também. Também estou aliviado que você está bem.






/./././

tenso

gente esse capítulo tava pronto fazia muito tempo eu só não postei antes porque não tinha certeza se iria mudar algo nele 🤔

mas o negócio tá brabo, já estou escrevendo o próximo faz uns dias, mas isso não significa muita coisakkk estou bem lenta

espero que estejam gostando do andamento da história!!! em breve a história vai entrar em outra fase e vai ter uma quebra de tempo, não sei exatamente quando mas não falta muito kekeke

deixem suas teorias amo lê-las

espero voltar logo mas se eu demorar saibam que EU VOLTO ALGUM DIA

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