27. Um ao outro
CAPÍTULO TENSO MEUS AMIGOS
boa leitura!
...
Naquela manhã quando Jimin foi acordar seus filhos, parou na porta e ficou os encarando por alguns minutos antes de realmente os chamar; os admirando proteger um ao outro, mesmo que não percebessem que o faziam, o que causavam um ao outro. Doía em seu coração saber que mesmo que quisesse e fizesse de tudo pela segurança de seus filhos, eles nunca estariam verdadeiramente seguros. Não existia serventia alguma, para pai algum, que seus filhos estariam seguros para sempre. Uma vez que o perigo se manisfesta em diversas formas e em diversos cenários, ou até mesmo onde eles mesmos possam plantar a própria armadilha; não havia que o deixasse um pai tranquilo, não havia um conceito certo sobre segurança. E naquela manhã, Jimin observou seus filhos, e além disso, os observou como Jungkook e Yoongi, pois soube, pois reconheceu, que mesmo que tivessem zelo um pelo outro, também poderiam ser o perigo um do outro, poderiam se magoar assim como podem se amar. Mesmo com os olhos cuidadosos sempre em seus filhos, sabia que nem sempre estariam seguros da vida e de si mesmos. Sempre teria que pedir que...
- Se cuidem, ouviram? - concordaram com a cabeça juntos ao que ajeitavam as mochilas nas costas. - E... Jungkook? - Jimin chamou assim que desceram do carro, e Yoongi não esperou pelo irmão. - Ele não está bravo com você, filhote, você sabe. Cuida dele, uh? Mas não se meta em brigas, se aqueles alfas virem atrás de você conta pra mim e pro seu pai, sim?
Jungkook olhou Yoongi se afastar por cima de seu ombro e suspirou baixo, logo erguendo o olhar para a face ainda jovial que seu pai carregava, com aqueles olhos sempre tão acolhedores, tão reconfortantes, e com um aceno de cabeça, confirmou: - Tudo bem, papai...
- Te amo, filhote. - lembrou quando ele já estava se retirando de perto do carro, dessa vez um pouco mais alto.
- Eu também... tchau! - se despediu, o vendo abanar antes de ir embora.
Jungkook se virou para finalmente entrar nas dependências da escola, e não avistou Yoongi, o que no mesmo instante lhe fez apressar o passo e morder o interior da boca numa mania nervosa; temia que aqueles alfas resolvessem ir atrás de Yoongi por sua culpa. E Yoongi não parecia realmente bravo consigo pela manhã, todavia, isso não significava que as coisas não estavam estranhas, porquê definitivamente estavam! Quando Jungkook acordou, Yoongi não estava dormindo mesmo que se encontrasse deitado se costas para ele, com a cauda se mexendo vez ou outra, entregando que estava acordado e provavelmente afundado nos proprios pensamentos. E pelo café da manhã, falou pouco e comeu bastante, o que era comum em época de período hormonal, falou com o irmão vez ou outra, pediu que ele amarrasse seus cardaços porque estava com enxaqueca e não queria se abaixar, e também veio dormindo no ombro dele durante a viagem até a escola; só que... Jungkook sabia que ele estava magoado, sentia no próprio âmago. Sabia que Yoongi estava reprimindo os próprios sentimentos, por alguma razão que não sabia.
Quando avistou Yoongi, ele estava numa das mesas que havia fora do refeitório, na praça. Só que para sua surpresa, Momo e quase noventa porcento de sua panelinha estavam na mesma mesa, e Yoongi aparentava estar ali contra a própria vontade assim como todos eles, mesmo que Momo encarasse Yoongi mais da conta, com um sorrisinho presunçoso nos lábios. O alfa não pensou duas vezes antes de caminhar em direção aquela situação contraditória, de cenho franzido e passos duvidosos de quem não sabia se deveria mesmo estar ali.
- Seu guarda-costas chegou, Yoongie - Momo provocou assim que viu Jungkook se aproximar olhando diretamente para si. - Espero que ele deixe a gente fazer nosso trabalho em paz, não é Jungkookie-ssi?
Yoongi revirou os olhos e bufou para a mais alta, virando-se em seguida para encontrar Jungkook bem atrás de si, o que lhe fez levantar a cabeça e encarar um Jungkook confuso com tudo aquilo, pronto para indagar.
Yoongi se sentiu frustrado e patético como nunca antes. Jungkook o faria mesmo se explicar na frente da alfa e seus amigos e dar razões para ele não ficar preocupado só por estar perto dela?! Na frente dela?! Como se não soubesse se defender? Não bastava eles pensarem que Yoongi é fraco e frágil por ser híbrido doméstico, e que não sabe se defender sozinho - e ainda se aproveitarem disso -, para agora literalmente Jungkook chegar como se estivesse pronto para agredir qualquer um daqueles sentados naquela mesa, por sua conta?! Porquê agora parecia bem do seu tipo andar batendo em qualquer um sem razões alguma...
- Verdade. Não precisa se preocupar não, Yoongi está muito seguro nessa mesa pelo que andei ouvido pelos corredores, ficar com a gente vai ser até melhor para ele. - Mark Lee contou de sobrancelhas erguidas, em sarcasmo. - Dessa vez vai ser melhor mal acompanhado do que sozinho, não acha?
Os três, contando com a ômega Sana outra japonesa bem próxima de Momo, encaravam Jungkook, e novamente Yoongi sentiu que todos ao seu redor sabiam de algo e ele não. Mas por que parecia ser algo sobre ele, e, justamente ele, não saber? Yoongi não aguentava mais aquilo!
Na troca de olhares entre o grupo e o irmão, passou a fitar Jungkook que até agora não havia aberto a boca para nada. O ômega levantou no mesmo instante e puxou Jungkook pelo braço, deixou suas coisas na mesa e o puxou para longe o suficiente do grupo, já exausto de tudo aquilo.
Agora verdadeiramente furioso, Yoongi olhou no fundo dos olhos de Jungkook e perguntou entre dentes: - O que está acontecendo?!
- Eu quem pergunto, Yoongi! - revidou, afetado com o tom do mais velho. - Por que está sentando com ela?! Não é ela quem vive te perturbando? Eu sei muito bem das coisas que essa garota faz e ela é no mínimo uma estranha perseguidora! Você odeia ela!
- Jungkook... é o trabalho de inglês, pensei que fosse óbvio! Por que acha que eu me sentaria com ela e o grupinho dela por vontade própria? Isso nem faz sentido! - gesticulou indignado, logo suspirando fundo e olhando para as próprias mãos, mentalmente cansado de coisas que nem sabia o que eram. - Você não precisa ficar em cima de mim, sabe? Eu sei quem eu posso me aproximar ou não nessa escola, ninguém aqui vai me machucar mais, eu não sou mais bebê e não quero que você e nossos pais fiquem me tratando como se eu sempre estivesse correndo perigo, poxa! Isso é chato e eu me sinto... sei lá, só... só deixa eu lidar com meus problemas sozinho pelo menos uma vez? Uma vez só, Jun.
Yoongi tinha os olhos meio aguados, aquele bolo na garganta e aquele sentimento de finalmente ter desabafado sobre algo que incomoda muito, e foi o que realmente fez. Apenas queria sentir que poderia ter controle da sua vida pelo menos um pouco, queria poder se sentir capaz de alguma coisa sem que partisse de seu irmão. Cresceu ouvindo sobre como era capaz de tudo, mas porque sentia que ainda todos o consideravam dependente de algum tipo de ajuda e proteção?
Jungkook parecia sem chão quando seus olhos praticamente tremeram em surpresa e um sentimento estranho que abraçava seu coração sem que ele quisesse, abraçado por espinhos. Então, de repente Yugyeom parecia ter razão, e Yoongi realmente deveria ser grato por não ser mais da mesma turma que ele, onde poderia a todo instante o proteger. Yoongi não estava pedindo mais do que merecia, então, por qual motivo aquilo doeu tanto? A confusão dentro do alfa era muita para que soubesse o que dizer ao irmão após aquilo. Realmente incomodava Yoongi quando tentava o proteger sem pensar duas vezes?
O sinal logo bateria e Yoongi iria perder todo tempo precioso que tinha para elaborar o trabalho sem que fossem um a casa do outro, mesmo que Momo já tivesse outros planos.
- Yoonnie... - foi a única coisa que seus lábios proferiram, num sussurro pesado, lhe olhando nos olhos úmidos.
- Eu estou odiando estar no mesmo grupo que ela, Jungkook. Mas não tenho o que fazer, preciso de nota, e preciso parar de ter medo de quem não tenho que temer. - o cortou brevemente, prestes a se retirar, no entanto, ergueu o olhar novamente para o irmão e lhe disse: - Não vai precisar socar ela, não se preocupe.
(...)
Momo poderia ser muito mais insuportável do que já era, e Yoongi teve a confirmação que não queria nunca realmente ter conhecimento, naquele dia. Mesmo com Jaemin e Nayeon a sua volta, nada parecia excluir a presença da alfa, e Yoongi já não a suportava mais. Era recreio, e estavam todos sentados na mesma mesa, mesmo que meio separados. Mark conversava algo do trabalho com Sana, Jaemin e Nayeon ao lado de Yoongi estavam sempre rindo de algo ou fuzilando Momo, essa que estava em frente a Yoongi lhe encarando escrever algo no caderno sobre o trabalho.
- Sua letra é bem letra de ômega - soltou de repente.
- Letra de ômega? - o Kim-Park franziu o cenho, encarando sua letra aparentemente normal ao escrever em inglês, logo erguendo o olhar até Momo, que assentiu. - Isso não faz sentido nenhum, Momo.
- Todo ômega tem letra pequena ou traço fino, vai dizer que a sua não é assim? Chega ser fofo o quanto você é detalhista, eu não teria esse esforço - apontou com o dedo comprido para o caderno, e logo ajeitou os cabelos negros e rebeldes, o corte na altura do queixo era milimetricamente cortado mesmo que o vento tenha o deixado meio bagunçando.
Honestamente, aquilo era perca de tempo, na visão de Yoongi. Sentia que seria o único a fazer aquele trabalho, ou talvez ele, Mark e Sana, menos Hirai que só sabia ser impertinente! Ora, letra de ômega?! Da onde ela havia tirado isso?
- E isso interessa, Momo? Quem sabe você faz alguma coisa que não seja me encher?! Você não levantou nem um lápis até agora e só fica me encarando toda hora e isso é desconfortável! - não conteve a irritação ao ver que Momo não havia nem tirado o caderno da mochila, apenas ficava girando a mecha de cabelo nos dedos e lhe encarando com aquele olhar irritante.
- É que você é tão fofo concentrado. - apoiou o queixo entre as duas mãos ao que se aproximou do ômega, o olhando de perto, afim de o intimidar discretamente.
- Vai a merda, Hirai. - rosnou, retribuindo o olhar fixo, nem um pouco intimidado. - Até parece que você me adora, falando assim.
- Ai, Yoongie, você é um gatinho dos bravos, né? Aqueles gostam de afrontar a classe superior, não é Gigie? Ah! Não é assim que seu irmão te chama? Gigie... - deixou um sorriso implicante serpentear nos lábios ao que brincou com o apelido íntimo entre os irmãos (dado que todos por ali já haviam percebido a aproximadamente de ambos), vendo Yoongi ficar vermelho de raiva - ou talvez vergonha, já que que no mesmo instante abaixou a cabeça e apertou o lápis em sua mão, encarando seus dedos ficarem pálidos. - Agora você me parece bem mansinho... assim que é bom, sério, você me desafiando assim é insuportável!
Yoongi não sabia medir o tamanho da sua irritação, mas a engoliu garganta a baixo com um suspiro alto, que pareceu atrair os seus amigos pela primeira vez depois de um tempo. O ômega trocou um olhar rápido com ambos e apenas suspirou mais uma vez, mordendo o interior da boca e encarando Momo novamente, que nunca tirava aquele sorriso do rosto. Yoongi não sabia o que fazer.
- Não acho necessário a gente gastar o tempo do recreio para isso, por isso não estou fazendo nada. - esclareceu simples, atraindo também atenção dos outro dois na mesa. - A gente pode se encontrar na minha casa, ou na da Sana quê também é grande... a do Mark tem os dois irmãos mais novos dele, e eu não recomendo! A de Yoongi é fora de cogitação.
- Por que a dele é fora de cogitação, Momo?! - Nayeon quem indagou, indignada com aquela alfinha metida.
- Fala sério, quem vai aguentar Jungkook na nossa cola? Prefiro não me meter onde não sou bem vinda.
- Ainda bem que você sabe que não é bem vinda perto da gente - Jaemin alfinetou, dando de ombros após a mesma lhe olhar feio. - Essa é a verdade aqui, Momo. Você também não gosta da gente e nem tenta disfarçar, por que iríamos? Você é estranha tratando Yoongi mal por nada, você é interesseira e a gente sabe!
- No que Momo teria interesse em algum de vocês? - Sana parecia realmente confusa, mas aquela ingenuidade não combinava com aquele jeitinho de filhotinho de cobra - apelidada por Nayeon - que a ômega possuía.
Sana poderia parecer inofensiva, mas estava longe disso, mesmo com toda essa faceta meiga e delicada, a garota usava isso ao seu favor e não média esforços em manipular alguém com a carinha fofa. Nem o tio da cantina escapava da ômega, essa que era a primeira a reclamar do lanche! Nada disso importava para ela, já que o parentesco com Momo lhe dava vantagens, visto que a prima é filha do novo diretor. Minatozaki Sana já morava na Coreia antes da prima, no caso, já era veterana na escola, e trocou de faceta quando Momo chegou, se tornando conhecida na escola, mesmo que com uma fama nada amigável e desejável.
- Vocês são cobras do mesmo ninho, devem saber dos interesses uma da outra! - Nayeon apontou desaforada, como sempre, sem muito medo.
- Nayeon... - Yoongi chiou, prevendo o fim da pouca paz que teve, se é que poderia considerar silêncio paz quando se tinha o olhar afiado de Momo em tudo que fazia.
- Não, Yoon! Eu não vou ficar quieta sempre que eles falarem alguma merda pra gente! Isso é ridículo, essa implicância com você é ridícula! - a ômega estava furiosa, e Yoongi se viu ficando quieto mais uma vez.
- Yoongi, quem sabe você pede pro seus amigos deixarem a gente estudar em paz?! - Sana quem pediu, e Yoongi suspirou pela milésima vez naquele dia, de saco cheio de todos.
Por que do nada todos estavam brigando nos seus ouvidos? Yoongi só queria que aquilo acabasse logo, e com isso não se conteve:
- Olha, isso não vai dar certo, tá bom?! - o ômega perdeu a paciência que pouco lhe restava, já estava afim de sair de perto de todos e talvez ficar no banheiro até o fim da aula mesmo que talvez lhe causasse problemas; bufou e fechou o caderno com força, os encarando em seguida antes de dizer: - Eu não vou fazer trabalho algum sozinho e dar nota pra vocês. Não interessa a merda da minha letra, aonde vamos fazer ou se me odeiam, eu não me importo! Eu faço em qualquer lugar, desde que isso acabe logo!
Yoongi se levantou assim que terminou de falar, colocando o caderno de qualquer jeito dentro da mochila junto com o restante dos materiais, a fechou sem muita paciência e caminhou em passos duros para fora do refeitório, pouco se importando se deixou seus amigos lá ou até mesmo se algumas pessoas o olhavam. Não olhou para trás nem para os lados quando foi direto para os banheiros, ajeitando a franja bagunçada que insistia em bater em seus olhos, o deixando mais impaciente do que já estava naquele momento.
Por que aquele dia estava lhe dando tantos motivos para pensar que realmente deveria ter peço aos seus pais para ficar em casa com a desculpa que estava com muita enxaqueca pela manhã?! Tudo e todos pareciam prontos para acabar com seu dia, e talvez fosse drama por estar no período hormonal e não aguentar muita coisa, mas Yoongi estava de saco cheio de brigas em todo lugar que colocava os pés! Era dentro de sua casa, e em todo lugar que parecia estar, tudo parecia ser sobre ele, e isso lhe deixava mais estressado do que deveria ser.
Não havia visto Jungkook pelo refeitório e isso era no mínimo estranho, todavia, não queria pensar em Jungkook mais do que já pensava, não queria necessitar da presença dele quando tudo ficava insuportável; não queria depender de Jungkook sempre que as coisas ficassem feias. Eram muitas as coisas que Yoongi não queria desejar, no entanto, havia muito mais coisas que não poderia controlar acima disso; mesmo que não quisesse precisar abraçar Jungkook quando se encontrava em seu limite, não conseguia controlar a necessidade de ter o alfa por perto. E era justamente sobre isso! Yoongi não sabia controlar coisas que não entendia a razão, tudo era tão nublado e confuso, e tudo e todos ao seu redor não pareciam cooperar nem um pouco.
Na verdade, e quem adivinharia a divergência que acontecia dentro de Yoongi quando ele parecia sempre disposto a evitá-la?
(...)
Jungkook estava inquieto. Muito inquieto. Tinha algo de errado, e ele sabia; pôde ter mais certeza ainda quando sentiu o aroma de Yoongi por perto, e pode reconhecer a diferença no aroma fresco, pode reconhecer que Yoongi não estava bem.
Mesmo que tivesse se sentindo um estorvo na vida de Yoongi pela manhã toda, não conseguia deixar de se preocupar com ele, e isso era óbvio, inevitável! Tudo estava tão estranho, e também parecia ser culpa sua! Não sabia exatamente o que se passava na cabeça do irmão, mas tinha certeza que Yoongi não lhe trataria normalmente depois do incidente do outro dia, ainda que ele tentasse disfarçar alguma coisa ou que seu pai lhe afirmasse que Yoongi não estava bravo consigo; Jungkook simplesmente sabia que não era bem assim que as coisas estavam! Era difícil ter seu irmão lhe evitando por algo que fez por ele, era difícil não poder contar a verdade, e Jungkook não sabia por quanto tempo iria aguentar aquela situação. Por quanto tempo Yoongi lhe olharia com dúvida no olhar? Como se não o conhecesse mais apenas por algo tão banal?
Jungkook saiu da cabine do banheiro que estava, indo lavar as mãos e o rosto, mas enquanto os fazia, franziu o nariz algumas vezes, intrigado. O cheiro familiar estava muito próximo, mais do que antes estava, e de orelhas abaixadas e curiosas, Jungkook se aproximou da única cabine fechada que havia no banheiro. Um fungado alto ecoou no banheiro inteiro, seguido de uma reclamação, e as orelhas de Jungkook se ergueram no mesmo instante e os olhos se arregalaram. Era Yoongi, e a essência amuada que antes sentiu permanecia ainda mais forte para si, e com um suspiro baixo, bateu na porta do banheiro, em toques leves e característicos que fizeram Yoongi ficar mudo no mesmo instante no outro lado.
E como ironia do destino, Jungkook estava ali quando ele precisava, justamente ele.
Quando Yoongi abriu a porta lentamente, encontrou Jungkook lhe olhando com aqueles olhos jabuticabas que sempre seriam tão expressivos, expressando o quanto estava abalado e preocupado, inquieto. A orelha direita de Jungkook sempre entregaria o quanto ele está nervoso, pois tremia vez ou outra, e Yoongi reconhecia. Ainda sim, Jungkook não esperou mais nenhum segundo, não aguentou muito tempo ver o rosto úmido e corado pelo choro, com os lábios franzidos para baixo que o outro costumava carregar quando estava triste; não esperou para o abraçar bem apertado, sentindo o mesmo soluçar alto quando sentiu o aperto reconfortante, quando se sentiu bem nos braços de quem mais lhe importava, acima de tudo. O alfa afundou o nariz entre as orelhas felpudas de Yoongi e segurou para não chorar junto com o irmão, mesmo que não soubesse bem o que lhe havia acontecido, também precisava daquele abraço, também precisava de Yoongi assim como ele precisava de si, afinal de contas.
Foram alguns minutos que ambos permaneceram abraçados, e era como se estivessem renovando um ao outro, era como um pedido de desculpas e um pedido de paz, eram inúmeros significados, mesmo que num gesto tão simples e silencioso; silencioso aos poucos, ao que o choro do ômega se acalmou pouco a pouco. Jungkook sentia que poderia nunca mais sair do abraço de Yoongi e soube que ele não estava obstante disso quando lhe apertou firmemente, afundando o rosto no abraço.
O sinal bateu no mesmo segundo que Yoongi se afastou aos poucos dos braços apertados, secando o rosto antes de desviar do olhar que lhe seguia a todo instante, urgente.
- É a droga do meu período, desculpa, Jun... - ainda sem olhar nos olhos do alfa, murmurou ao ajeitar a mochila sobre os dois ombros.
Jungkook não poderia acreditar no que Yoongi lhe dizia, aquilo não era comum, não era comum ter omissões entre eles, Yoongi nunca precisou omitir que estava verdadeiramente triste, então, por quê agora precisava? Por que de repente tudo estava tão diferente entre eles? Encontrar Yoongi chorando depois de tudo que aconteceu nos últimos dias não era bem o que esperava, mesmo que soubesse que ele não estava nos melhores dias.
- Gigie...
Yoongi de repente se sentiu irritado por se lembrar de Momo naquela hora, quando queria a esquecer pelo resto da vida. Queria poder pedir a Jungkook que não lhe chamasse mais pelo apelido, todavia a razão por trás daquilo lhe deixava tremendamente frustrado e irritado.
- Tá tudo bem, sério... só não conta pro nossos pais? Eles vão ficar preocupados. - foi primeira vez que olhou para o rosto do irmão, ainda que ele lhe encarasse perdido. - O sinal-
- Yoongi eu sei que isso não é seu período! - acusou genuinamente preocupado, e logo viu aquilo como deixa para se desculpar. - Me desculpa hyung, eu não queria ter agido daquela forma aquele dia! Eu sei que você tá bravo comigo e talvez me odiando por eu ter sido ridículo com você... mas me desculpa? Por favor? Eu não quis fazer aquilo ou ter te tratando estranho, só que... - o alfa balançou a cabeça, ressentido, sem saber se deveria ou não continuar a sentença, porém, quando levantou o olhar para o rosto nervoso de Yoongi, ele suspirou fundo. - Aqueles alfas são idiotas, Yoongi. Eles falaram coisas idiotas e eu não pude deixar... eu não sou um alfa escroto, Gie, eu prometo que não sou!
Mesmo que quisesse saber ao certo o que os alfas disseram para que Jungkook tivesse reagido daquela forma, não queria mais falar sobre aquilo, pelo menos por agora, e por essa razão, Yoongi não se conteve abraçou mais uma vez o irmão, sentindo seu coração acelerado em agitação. Tinha medo de perder seu irmão de coração, tinha medo que ele passasse a lhe tratar mal por algum motivo, assim como todos ao seu redor. Yoongi tinha medo que Jungkook se perdesse, mesmo que parecesse bobeira; não haveria outro Jungkook em sua vida, ainda que fosse ele a deixar sua cabeça um turbilhão de pensamentos confusos, e seu coração com sentimentos tão turbulentos quanto. Jungkook era a incógnita de Yoongi, e ainda iriam se solucionar, juntos.
Ainda que Jungkook e Yoongi soubessem que não eram irmãos de sangue, demoraram a saber realmente como ganharam vida e o que de fato os faziam ser irmãos de coração e melhores amigos, acima de tudo: inseparáveis. Havia sido logo quando Yoongi completou dez anos, Jungkook ainda tinha nove, mas não deixava de ter a mesma dúvida que Yoongi. Aquele dia quem estava uma pilha de nervos era Taehyung, e com alguma dificuldade e receio, contaram.
- Mesmo que eu espere que vocês não fiquem presos nisso, eu sei que vai ser um pouco difícil... mas a gente sempre vai tá aqui, ouviram? Vocês são nossos bebês, não importa o passado, somos uma família. - assegurou delicadamente, olhando nos olhos brilhosos de seus tesouros.
Taehyung levou a mão a perna do marido num ato nervoso. Por que estava tão nervoso, afinal de contas? Não era um mistério para eles, todavia a realidade que viveram até serem seus filhos não fora uma das melhores, a realidade era dura. Quando souberam; quando perguntaram aos cuidadores do orfanato antes de assinarem a papelada de adoção definitiva, não esperavam ouvir algo tão trágico. Muitas vezes conversaram entre si sobre esse dia, como e quando deveriam contar a eles, como deveriam censurar as piores partes sem omitir qualquer coisa.
Então, quando Jimin deu uma olhada em Taehyung, se ajeitou na cama de casal, onde estavam frente a frente com os filhos, eles lado a lado, esperando ansiosos mesmo que já soubessem que não era uma parte legal da vida deles.
Com um suspiro fundo, Jimin iniciou: - A história de como chegaram no orfanato, na verdade, não é tão parecida... O Yoon foi entregue por um laboratório que trabalhava em testes para aprimorar híbridos, sabem o que é, não sabem?
- Eles mudam o DNA híbrido da espécie com mais características animais? - Jungkook quem apontou, meio na dúvida e também meio assustado com a possibilidade de que aquilo parecia não ter limites. Jimin assentiu e observou as reações de Yoongi, que foram um simples arquear de sobrancelhas surpreso.
- Ainda possui laboratórios que fazem isso, papai? - o ômega indagou, esperando que a resposta fosse um não.
- Esperamos que não, filhote. É totalmente ilegal pela nova lei, todo dia há ONGs e protestantes procurando acabar com laboratórios clandestinos - o Kim apaziguou, os vendo assentir.
O casal se sentiu mais relaxado depois disso, vendo que se seus filhos não estavam tensos, então por que eles deveriam estar? Eles confiavam a vida deles em seus pais, e os Kim-Park sabiam, sabiam que tinham a confiança de seus filhos para tudo.
- Yoon foi entregue já com nome... Você tinha uma mãe. - os olhos de Yoongi se arregalaram pela primeira vez, e Jimin e Taehyung engoliram em seco com a reação, e seus olhos acompanharam a mão de Jungkook buscar a do irmão no mesmo instante. - Sua mãe era um experimento, era muito nova e teve você no primeiro cio, o que foi bem nova na verdade, ela tinha apenas dois anos há mais que você. O experimento de aprimoramento era para caudas, presas, agilidade e olhos felinos, mas como o seu pai biológico não era portador desse DNA, como sua mãe, você nasceu sem os olhos felinos.
- E o que aconteceu com ela e o alfa? - a pergunta saiu receosa do ômega.
- Foram sacrificados por alguma razão que não sabemos, e isso é muito comum em laboratórios como o que você veio... sinto muito, amor.
Yoongi assentiu mais uma vez, aceitando o abraço desajeitado que Jungkook lhe deu. Jungkook sentia muito por Yoongi, a essência agradável estava misturada com os sentimentos confusos dele, e isso foi como um pedido de abraço silencioso. Mas ainda restava a Jungkook saber dessa parte triste de seu passado, no entanto não temeria o passado, não quando o presente era a melhor do que um dia imaginou desejar, não quando seus pais estavam prontos para lhe abraçar a qualquer momento.
- Filhote, a sua história é um pouco diferente da do seu irmão - Taehyung quem resolveu contar, sentindo o aperto confiante de Jimin em sua mão antes de continuar. - Você foi resgatado do laboratório, eles eram muito ruins lá, o descarte de híbridos que não conseguissem ter uma gestação decente não era pensando nem duas vezes. Seu pai era um ômega fraco e pequeno, ele não aguentava as gestações por mais de sete meses pelo que foi nos contado, então era a última chance dele, que foi você, a única que deu certo, o único filhote da ninhada que sobreviveu. O ômega.. ele não resistiu. Sinto muito, filhote.
- Sentimos muitíssimo por isso - Jimin lamentou tristemente, odiando mais que tudo aquele momento, odiando os olhares tão perdidos e distraídos.
Yoongi e Jungkook nunca mais falaram daquele dia, nem com seus pais, nem um com outro, no entanto, muitas coisas mudaram, por dentro. Chegaram em conclusões sozinhos e nos próprios pensamentos, não se consideravam menos irmãos, mas talvez com a alma mais unida do que antes. Tiveram o mesmo início e tiveram um novo início com Taehyung e Jimin, juntos; tudo era sobre isso, sobre estarem juntos sempre e como sempre pareciam tão inseparáveis. Yoongi não poderia perder Jungkook, aquele que esteve em todos seus inícios, de alguma forma. Depois daquele dia, eles perceberam que tinham um ao outro, como amigos e como irmãos, não importava como, pois tinham um ao outro quando reconheciam que o vazio em seus passados eram semelhantes, quando reconheciam que mereciam estar onde estão, com uma boa família, e mais uma vez, juntos.
- Eu n-não te odeio - murmurou abafado contra o peito de Jungkook. - Eu nunca vou poder te odiar, e-eu só tive medo que v-você me tratasse como os outros.
- Desculpa, Gie, me desculpa. Isso nunca vai acontecer - apertou o menor no abraço, como se tivesse medo de perder. - Você é tudo pra mim, você s-sabe... você sabe q-que eu faço tudo por você, Yoongie.
Ele sabia? Talvez Yoongi nunca estaria acostumado com a forma que Jungkook expressava seus sentimento, sempre tão claro quanto água cristalina, e principalmente com a forma que sempre demonstrava se importar tanto consigo, como sempre pontuava que ele era o melhor, sem vergonha alguma. Jungkook não parecia ter vergonha de lhe proteger e de lhe fazer se sentir bem, e muito pelo contrário, ele parecia sempre tão disposto e feliz em fazer tudo por si, que não sabia verdadeiramente qual eram os limites daquilo, o quanto sabia sobre aquilo.
Em alguns momentos aceitava que sua relação com Jungkook não era como de irmãos mesmo que tenham sido criados como tais, parecia tão incomum, e não lhe incomodava. Portanto, as vezes lhe cabia pensar que aquilo era apenas uma proteção de irmão alfa, como todos diziam, como todos supõem ser ter um irmão alfa dentro de casa. Aquilo era normal? Isso era ter um irmão alfa, ou as coisas eram realmente diferente entre eles? Deveria temer, evitar, contar ao seus pais, se sentir culpado? Yoongi gostaria de saber, gostaria de saber se deveria se sentir culpado por sentir que não se incomodava nem um pouco com essa diferença.
Yoongi não sabia muito bem, e muito menos Jungkook sabia de algo enquanto encarava os olhos gatunos e intensos de Yoongi, tampouco sabiam dos sentimentos conturbados e indecisos por agora, quando tudo que queriam era paz entre eles, mesmo que a tempestade acontecesse do lado de fora, os inundando de sentimentos incomuns. Somente sabiam que causavam reações um ao outro, de alguma forma ou de outra. Eram um ao outro.
/./././
esse capítulo foi MUITO chato e eu levei um tempo nele porque ando odiando minha escrita e percebendo erros que precisam de melhoria urgentemente, eu estou em processo de me corrigir pra tentar trazer uma escrita mais relaxada e envolvente, ENTÃO, talvez isso me dê um provável bloqueio por alguns dias, já tô sentindo 👹
espero que tenha tirado a dúvida (se é que tinha) de como os yoonkook chegaram no orfanato
e a mídia é como eu imagino o JK aqui na fanfickk
eu ainda tenho mais um cap em revisão depois desse então se tudo estiver ok a att não demora tanto assimkkk
ai gente tenho planos pra essa fanfic espero que eu consiga cumpri-los pq eu amo ela 🤡🤡
AHH GENTE, TAMBEM ACEITO AQUI CRITICAS CONSTRUTIVAS E PALPITES, ISSO É APENAS PRA EU REFLETIR E SABER SE TO PASSANDO O QUE EU DESEJO, OK?? se puderem deixar alguma crítica e comentário aqui eu agradeço 🥺
e como vocês estão? como foi o natal e ano novo?? VAMOS INTERAGIR FALEM DE VOCÊS
ah e vcs me encontram no Spirit por: jungoonoodles e no instagram por: narione_
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