Stupid Asshole
Em diversos momentos, Atria achava que Draco era um grandíssimo idiota. Tomava escolhas totalmente estúpida em muitas situação e agia como se fosse uma criança tola. Naquele dia, ele tinha agido exatamente dessa forma, para o desgosto e vergonha alheia da sonserina, que apenas havia observado enquanto ele parecia se duvertir zombando de Harry Potter e toda sua história com o Dementador. Claro que, como um grande karma, o dia não tinha terminado da melhor forma possível para Draco após agir como um imbecil e resultar por ser atingido pelas garras do hipogrifo de Hagrid. Não havia sido nada demais, mas Draco tinha feito o maior drama, como se estivesse sangrando e morrendo, o que Atria achou simplesmente ridículo. Ela queria ter tido a chance de voar nas costas do hipogrifo, mas graças a Draco e sua idiotice, a aula tinha acabado antes que ela pudesse perguntar a Hagrid se podia apresentá-la ao animal. E agora, se sentia até um pouco mal sabendo que Hagrid enfrentaria consequências pela estupidez de Draco.
O loiro soltou um chiado alto quando Atria apertou o ferimento, reclamando que estava doendo. Ela não respondeu, mas lançou um olhar mortal a Draco que o fez ficar quieto enquanto a garota de cabelos escuros terminava de refazer o curativo depois que Draco havia o arrancado para mostrar aos babacas que chamava de amigos. Era como se Draco quisesse se vangloriar por ter sido atacado de forma patética. Se ele fosse minimamente mais inteligente, teria conquistado a confiança do hipogrifo e provado seu ponto, mas Draco tinha tendências de tomar atitudes precipitadas e idiotas quando se sentia minimamente ameaçado. No fundo Atria sabia que tudo não passava de inveja, mas ela não diria isso em voz alta.
-Você precisa aprender a parar de agir dessa forma, Draco. - Atria disse, a voz surpreendentemente suave enquanto estavam sentados em um dos sofás da Sala Comunal da Sonserina. Atria passava a gaze ao redor do braço de Draco com calma e delicadeza, evitando fazer com que ele sentisse mais dor que a necessária, mesmo que achasse que no fundo ele bem que merecia. -Ser um tolo estúpido não vai te levar a lugar algum.
-Não precisa me tratar assim. - Draco resmungou, afastando o braço de perto de Atria quando ela tirou os dedos ágeis de perto dele, finalizando o curativo que ele nunca deveria ter desfeito para começo de conversa. -E a culpa não é minha que aquele animal selvagem me atacou! Aquele brutamontes estúpido deveria perder a bosta do emprego por causa disso! Pode ter certeza que meu pai vai acabar com essa palhaçada.
Por mais que gostasse de Draco e que ele fosse seu amigo há anos, haviam muitos aspectos nele que irritavam Atria. Sim, ela podia ser uma sonserina arrogante assim como Draco era, mas haviam muitos detalhes que ela não tolerava, e alguns comportamentos infantis de Draco apenas serviam para irritá-la. Aquele era um desses comportamentos; Draco achava que o mundo girava ao seu redor, e que não existia nada fora do alcance do pai dele. Atria achava ridículo; só fazia Draco parecer um mimado idiota, e Atria não queria ser associada a alguém que não conseguia se defender sem a ajuda do papai. Por isso, ela revirou os olhos e balançou a cabeça.
-Bem, a culpa é toda sua por Bicuço ter te atacado. Você o assustou. E Hagrid não deveria perder o emprego dele porque você agiu de forma tola e idiota. - Atria disse dando de ombros, fazendo Draco arfar com indignação. Não era mentira; ela achava Hagrid um ótimo professor, e não queria que ele perdesse aquela oportunidade em sua vida por Draco ser tonto.
-Como pode dizer isso? Eu podia ter sido morto, Atria! - Draco reclamou, visivelmente emburrado. Aquilo fez Atria dar uma risada cheia de maldade, esticando a mão e apertando a bochecha de Draco. Poderia ter sido um gesto carinhoso se ela não tivesse aplicado força o suficiente para parecer mais um beliscão do que um afago, o fazendo dar um chiado de dor.
-Ah, que bebezinho. - Atria zombou, seu sorriso cruel fazendo Draco torcer o nariz. -Não vai começar a chorar, viu, Draco, pois definitivamente não vou te consolar. Pare de achar que tudo é sobre você, porque não é. - Atria revirou os olhos e se levantou, ignorando a expressão de indignação nos olhos acinzentados de Draco.
Draco soltou um resmungo baixo, levando a mão ao rosto onde Atria tinha beliscado, esfregando a pele como se ainda doesse. Ele a observou se levantar com aquele ar de superioridade que ela sempre carregava. Por um instante, Atria se perguntou se, caso não carregasse um peso em suas costas, caso não tivesse tantos segredos que ela guardava, ela seria um pouco mais como Draco. Será que se não tivesse seguindo o mesmo caminho conturbado que seus pais, Atria poderia se permitir agir como alguém da sua idade? Será que poderia ser um pouco mais como Draco, que parecia adorar se divertir as custas dos outros? Provavelmente sim. Mas ela tinha um segredo a guardar e um objetivo claro. Não podia falhas; não com sua família, não com seus pais. Então, qualquer vontade de se divertir poderia ficar em segundo plano.
-Você acha que é tão esperta, não é? - Draco retrucou, cruzando os braços e recostando-se no sofá, tentando adotar uma postura de indiferença. -Mas você não entende como as coisas funcionam, Atria.
Atria parou de costas para ele, o corpo tenso. Por um segundo, pareceu que ela ia embora sem sequer responder. Mas então, ela se virou lentamente, e Draco quase recuou ao ver o olhar frio e afiado que ela lançava sobre ele. A verdade é que quem não entendia era Draco. Ele podia achar que sabia algo sobre a família de Atria ou sobre o como era difícil ser de uma família estrangeira dentro da Sonserina, onde nome era tudo o que importava. Ela havia dado tudo de si para ser alguém ali dentro, e ninguém havia a ajudado a chegar no topo. Ah, sim, Atria entendia muito bem sobre dificuldades, e entendia que, pessoas como Draco, recebiam tudo de mão beijada. Ela nunca o odiou por isso, mas, naquele momento, talvez tenha.
-Não me trate como se eu fosse uma idiota, Malfoy. - Sua voz era suave, mas carregada de um peso que Draco conhecia muito bem. -Eu entendo muito bem como as coisas funcionam. Sei que você acha que o mundo te deve alguma coisa só porque o nome Malfoy tem algum peso. Mas você não pode depender disso para sempre. Ou vai ser eternamente um fracassado que precisa da ajuda do papai?
Ele franziu a testa, sentindo uma pontada de desconforto. A forma como ela falava, como se visse através dele, era desconcertante. E ele talvez a odiasse um pouco por isso. Por parecer conhecer cada nuance de Draco tão bem, mesmo quando ele queria desesperadamente esconder cada sinal de fraqueza dentro de si mesmo. Nada passava despercebido pelos olhos azuis-acinzentados afiados e perspicazes de Atria.
-E o que você sugere que eu faça, então? - ele provocou, erguendo uma sobrancelha. Atria apenas permaneceu a olhá-lo, sem fazer questão de demonstrar interesse em responder. -Abaixar a cabeça e me comportar como um bom garoto? Obedecer as regras como os idiotas da Grifinória?
Atria soltou uma risada curta, desdenhosa, e balançou a cabeça. Draco não parecia capaz de entender o óbvio; não era sobre obedecer ou não regras, mas sim ser capaz de assumir as próprias merdas sem precisar recorrer a choros para o próprio pai. Bem que Atria gostaria que seu pai resolvesse os problemas dela, mas ele não podia, mesmo quando queria, e ela havia aprendido da pior forma possível que estava totalmente sozinha naquele mundo. Enquanto estivesse ali, em Hogwarts, longe demais de todos que verdadeiramente amava, ela precisava ser uma cobra. Porque caso contrário, seria engolida por um predador mais voraz que ela.
-Não é sobre obedecer as regras, Draco. É sobre ter controle. Você acha que é forte, que pode se impor e manipular as coisas ao seu favor, mas na verdade, você está sempre reagindo, sempre deixando suas emoções tomarem conta, e não passando nenhuma credibilidade. - Ela deu alguns passos em sua direção, os olhos cravados nos dele. -Se você continuar assim, só vai se ferrar mais vezes. E, honestamente, eu estou cansada de ter que consertar suas besteiras.
Draco abriu a boca para retrucar, mas as palavras morreram em sua garganta. Ele odiava quando Atria falava daquele jeito, porque no fundo sabia que ela estava certa. Ele odiava ainda mais o fato de que, mesmo quando ela o desprezava, ela sempre acabava ajudando-o. Era o tipo de laço que ele não entendia completamente, mas sabia que era forte. Forte o suficiente para ela estar ali, cuidando de seus ferimentos, mesmo enquanto o criticava. Ele desviou o olhar, os dentes rangendo de frustração.
-Eu... - começou, mas sua voz falhou por um momento. Respirou fundo e tentou de novo, num tom mais controlado. -Eu sei que você se importa comigo, Atria, mas não precisa agir como se fosse minha mãe!
Ela ficou em silêncio por um momento, apenas observando-o. Draco não conseguia decifrar a expressão em seu rosto, uma mistura de exasperação e algo mais, algo que ele não estava acostumado a ver.
-Eu me importo. - Atria admitiu, finalmente, cruzando os braços. -Mas isso não significa que vou ficar passando a mão na sua cabeça o tempo todo. Aprenda com seus erros, Draco. Se você quer ser respeitado, pare de agir como um bebê mimado.
Ele ficou em silêncio, absorvendo aquelas palavras, o orgulho ferido mas também algo mais. Uma leve sensação de que, talvez, ela estivesse tentando ajudá-lo de verdade, de uma forma que ninguém mais ousaria. Não que ele fosse admitir isso. Não ainda, pelo menos.
No entanto, Draco não demonstrou nada disso, apenas revirando os olhos para Atria em resposta. Ele ainda tinha uma reputação para zelar, e não deixaria Atria ver o como suas palavras o impactavam. E Atria tampouco percebeu; para ela, restava apenas a frustração, pois Draco parecia nunca a dar ouvidos, e ela estava de saco cheio disso. Uma hora, se cansaria de Draco Malfoy (era mentira, ela sabia, mas podia se iludir com isso).
Atria soltou um suspiro longo, cansada da teimosia de Draco. Já devia ter se acostumado, mas naquele dia ele estava particularmente insuportável. Ela sabia que, apesar das provocações e da fachada de durão, Draco era um covarde. Ele falava como se fosse superior, como se seu sobrenome o blindasse de qualquer consequência, mas Atria via além dessa fachada frágil. No fundo, ele era fraco e inseguro, um menino mimado que nunca teve que lidar com as consequências reais de suas ações. E isso a irritava profundamente.
Draco, por sua vez, observava Atria com um misto de irritação e confusão. Ele sabia que Atria era diferente, sabia que ela tinha uma visão do mundo que ele não conseguia alcançar. Talvez fosse o fato de ela não depender de um sobrenome prestigiado, de ela não ter crescido com as mesmas garantias que ele. Mas, ao mesmo tempo, essa diferença a tornava insuportavelmente arrogante aos olhos dele. Ela sempre achava que sabia de tudo, que podia ver através dele. E ele odiava isso.
-Sabe, Atria. - Draco começou, a voz carregada de desdém -Talvez você esteja cansada de mim, mas eu estou muito mais cansado de você e da sua superioridade fingida. Você acha que é melhor que todo mundo, só porque teve que se esforçar mais do que os outros para ser notada. Mas, adivinha só? No final, você não passa de uma estrangeira tentando se encaixar em um mundo que nunca será seu.
As palavras saíram afiadas, e Draco se deleitou ao ver o brilho de irritação nos olhos de Atria. Ele sabia onde tocar para machucá-la, e adorava fazer isso. Porque, no fundo, sabia que ela o fazia sentir pequeno, e essa era a única forma de se vingar. Atria apertou os punhos, o rosto permanecendo impassível, mas por dentro ela queria esganá-lo. Draco tinha o poder de tirar o pior dela, e aquilo era frustrante. Ele sabia exatamente onde feri-la, e mesmo que ela tentasse manter o controle, cada palavra dele parecia ecoar em sua mente.
-Você acha que isso me machuca, Malfoy? - Atria finalmente respondeu, a voz gélida. -A diferença entre nós dois é que eu aceito o que sou. Eu sei quem sou e o que tenho que fazer para sobreviver neste mundo. Você, por outro lado, se esconde atrás do nome do seu pai, esperando que ele resolva todos os seus problemas.
Draco abriu a boca para retrucar, mas Atria não lhe deu tempo.
-E o mais patético de tudo. - continuou ela, avançando em direção a ele, os olhos faiscando de raiva contida -É que você se agarra a essa ideia de grandeza, de que é especial, mas no fundo, você sabe que não é.
Ela o encarou com desdém, vendo o desconforto crescer no rosto de Draco. Ele odiava ser desmascarado daquela forma, principalmente por alguém como Atria, que conhecia suas fraquezas como ninguém. E ela odiava o fato de que, sim, as palavras dele a afetavam, mesmo que ela quisesse que não.
-Você não sabe de nada! - Draco gritou, a voz tremendo de frustração. -Eu sou um Malfoy! E isso significa mais do que você jamais vai entender nessa vida!
Atria soltou uma risada amarga.
-Continue se escondendo atrás disso, Draco. Continue acreditando nessa mentira. Mas, no fim, quando as coisas ficarem realmente difíceis, você verá o quanto isso vale. - Ela deu um último olhar de desprezo antes de se afastar. -Só não venha correndo para mim quando perceber o quão vazio tudo isso é.
Draco ficou ali, parado, sem saber o que responder. Ele odiava o fato de que, por mais que negasse, as palavras de Atria o atingiam de uma forma que ele não conseguia explicar. E o pior de tudo era que, no fundo, ele sabia que ela estava certa. Mas admitir isso? Nunca.
Enquanto Atria se afastava, um sorriso amargo surgiu em seus lábios. Ela sabia que Draco jamais mudaria. Eles eram parecidos em muitos aspectos: arrogantes, manipuladores, dispostos a fazer o que fosse necessário para vencer. Mas, ao contrário de Draco, Atria não precisava se esconder atrás de um nome ou de uma família. Ela sabia que seu valor vinha de suas próprias ações, de sua própria determinação. E, por mais que gostasse de Draco de alguma forma, ela sabia que, no fundo, ele nunca seria capaz de entender isso. Ele sempre seria um menino mimado, preso na própria ilusão de grandeza. E, um dia, isso o destruiria.
-Boa sorte, Malfoy. - murmurou Atria para si mesma, sem olhar para trás. -Você vai precisar.
Draco, por sua vez, continuou sentado no sofá da Sala Comunal, a mandíbula tensa, os pensamentos em turbilhão. Ele queria odiá-la, queria gritar com ela. Mas tudo o que conseguia sentir era um vazio estranho e incômodo. Porque, no fundo, ele sabia que Atria estava certa.
Data: 14/10/24
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