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Parte II

Mais do que todas as outras vezes, Berna estava agastada com seu pai por causa da festa de aniversário dela. Porque, mais do que todas as outras vezes, ela não queria uma festa. Nem mesmo para seus amigos apenas; de fato, não estava interessada em ver alguns deles.

- Eu não estou apertando tanto, filha - disse dona Ondina, que puxava os cadarços do peitoral da moça, ao perceber Berna bufar pela quinta vez.

- Não é isso, mãe... - ela disse, impaciente. - Não queria sair hoje.

- Se você falasse... - a mulher começou a sugerir, mas parou no meio do caminho, conhecendo a impossibilidade de sua sugestão.

- Com o papai? - Berna perguntou, irônica. - Humpf!

De qualquer forma, considerando a hipótese altamente improvável de que um dia o pai dela a dispensasse de participar de uma festa, não seria justo agora que ela fazia quinze anos. Até porque havia a iniciação; pela tradição da aldeia, ela hoje se tornava uma mulher, e devia passar por uma cerimônia logo pela manhã. Parte da cerimônia estava relacionada à deusa da fertilidade, e isso deixava Berna ainda mais aborrecida, porque ela não gostava de Freya nem de seus colegas, desde pequena. Depois, haveria a comemoração em si, para a qual toda a aldeia era sempre convidada... com uma amargura na boca do estômago, Berna afastou os pensamentos observando suas irmãs. Una corria atrás de Kyrah com um vestido violeta nas mãos, tentando convencer a irmã a vesti-lo. Kyrah não queria, porque a veste deixava o colo à mostra e, com treze anos e corpo começando a se desenvolver, ela sentia vergonha quando não se vestia como um moleque de saias.

- Ai, Kyrah, deixa de ser boba! - Una exclamava, ofegante, ao saltar por cima das camas, enrolada em um volumoso vestido amarelo-canário, quase grande demais para ela, e uma carga de jóias. - Onde já se viu, uma menina que não quer se arrumar?!

- Aqui - gemeu Berna, referindo-se a si mesma.

- Vocês não são minhas irmãs! - Una atalhou, escandalizada. Dona Ondina riu.

- Acalme-se, Una, isso é normal. Eu também era assim, até fazer quinze anos - ela falou. - Logo passa.

- Não tá passando - resmungou Berna, sentindo a mãe puxar seu cabelo para fazer uma trança enrolada atrás. - Ai, que saco!

- Ai, Berna, eu não acredito em você - Una falou, desistindo de Kyrah e apanhando um espelho de mão para ajeitar sua aparência amarrotada pela corrida. - Se eu pudesse arranjar um pó mágico que fizesse o tempo adiantar um ano e pouco até minha iniciação... ai, ai... nem sei o que eu daria por ele.

- Eu sei que te daria um soco se você tentasse fazer isso - resmungou Kyrah, finalmente estendendo a mão para o vestido roxo, a um pedido gentil de sua mãe.

A porta balançou devido a batidas, nesse momento.

- Só um instante - respondeu Ondina, ajudando Kyrah com o vestido. - Pronto, entre.

Heric Von Brandeburg adentrou o quarto de suas filhas, que com sua presença pareceu encolher-se. Naquele momento, ele consistia de 2 x 2m de músculo, pelos e orgulho. Vestia um peitoral de ouro enorme, que lhe assentava com dificuldade e sem muito conforto, porque ele não estava acostumado a cobrir o peito mais do que com um colete de pele de carneiro no inverno. Mas ele não se importava com aquilo, achava que a ocasião merecia enfeites, e também polira seu capacete de grandes chifres de bode, o machado afiado, e o couro da bota. Suspirando pesadamente, ele dirigiu para Berna ansiosos olhos de besouro. Falou:

- E então? Como está a nova mulher dessa casa? Muito ansiosa?

- Um pouco - respondeu Berna. Estava sim, mas na maior parte não tinha a ver com a iniciação.

- Oooh, mas como ela está bonita... -exclamou o pai, ajoelhando-se em frente a ela, que estava sentada na cama. - Olhem só. Você não devia tê-la arrumado tanto, Ondina - ele brincou, - agora meu machado vai ter trabalho pra afastar os atrevidos.

Ele riu, abraçando a filha.

- Meus parabéns, minha betulazinha! - ele exclamou, com voz embargada. - Não sabe como papai está orgulhoso! Tive um trabalhão pra encontrar um presente à altura, mas consegui. Você vai se surpreender; mas tudo em seu tempo. Agora já é hora de irmos para a praça. Prontas? - ele se levantou e olhou em volta. Berna, meio esmagada, arrumou-se; e, sabendo qual era a única resposta certa, as mulheres seguiram Heric para fora da casa, para a praça em frente, de onde já se ouvia alguma algazarra. O chefe levava Berna pela mão, postura reta, ar sério; Ondina vinha atrás, ladeada pelas gêmeas.

O povo rodeava a praça, que estava enfeitada para a cerimônia. A iniciada suspirou, ao ver os anciãos que a aguardavam perto da fogueira que espantava a névoa matutina do centro do local. Pelo menos a parte religiosa era curta, ela apenas teria de fingir que repetia as fórmulas que lhe diziam, e, após isso, eles colocariam um colar de frutos no pescoço dela que ela deveria comer antes de dormir para atrair fertilidade. Berna resmungou uma canção infantil em tom ininteligível, conseguindo iludir os druidas, e quanto ao colar, iria fertilizar o chão da floresta assim que ela o lançasse pela janela quando entrasse para dormir. E pronto. Agora havia a tradição da aldeia e do clã.

Como o clã Brandeburg governava a aquela aldeia desde tempos imemoráveis, uma tradição e outra se confundiam. Por exemplo, aquele peitoral de prata que ela estava usando era o das mulheres Brandeburg, mas acabava que todos os clãs tinham feito um peitoral feminino para as iniciações, seguindo o exemplo da família real. O de Berna tinha três chamas de cobre e cinco rosas lavradas a ouro, cuja simbologia era simples: a matriarca dos Brandeburg se chamava Rosenrot.

Mas já vinha alguém com os utensílios da segunda parte da cerimônia: um cálice com vinho, leite e hidromel (alegria, fertilidade e coragem), que ela bebeu com uma careta ("Bem, até que não está ruim", pensou), e uma coroa de flores. Essas flores eram todas diferentes; cada uma tinha sido colhida por um guerreiro da aldeia, e Berna teria de passar a festa toda com a coroa. A flor que restasse inteira no fim do dia corresponderia ao guerreiro com quem a iniciada provavelmente se casaria, segundo a crença do povoado. Algumas vezes as moças fraudavam o resultado; Berna não estava nem aí para ele, especialmente considerando-se que...

Por último, dois guerreiros simulariam uma luta por Berna. Ela nem quis saber quais de seus primos estariam por trás das máscaras. Aquele teatro servia somente para mostrar que as mulheres Brandeburg eram disputáveis.

Pronto! Finalmente acabado. Agora viria a festa. Primeiro a hora dos presentes - todo ano, cada clã trazia um presente a Berna em seu aniversário. Ela os recebia sentada em cadeiras altas junto com seu pai. Olhou em volta procurando pelo estrado dos "tronos", querendo apressar as coisas pra chegar logo na hora do banquete - pelo menos a comida era uma coisa boa daquele dia - mas não encontrou nada que se assemelhasse àquilo.

Ela cutucou o antebraço do chefe.

- Pai, onde...?

- Os tronos? - ele interrompeu,rindo, e fez um cafuné nela, o que já danificou algumas flores. -Eh, menininha; impaciente pra ganhar os seus presentes?

- Não, eu...

- Esse ano vai ser diferente, na praia. O primeiro presente é o meu, você vai ter uma surpresa agradável, espero - alteando a voz: - Tragam nossos cavalos!

Era outono e o dia estava fresco, apesar do sol que brilhava no alto, e isso era bom porque a caminhada era longa. Claro que, no caso da família do chefe, quem cansava era a cavalgadura - mas cavalo era artigo raro, só as famílias mais nobres tinham direito a algum que fosse encontrado num saque.

A aldeia daquele povo ficava incrustada numa floresta que, ao sul e ao oeste, era limitada por praia. A parte mais estreita de faixa de vegetação para atravessar - possível fazer o caminho em três horas - dava para o oeste, e por ali marchavam no momento.

Quando os estômagos já começavam a roncar - e, por conseguinte, os humores a piorar - as árvores rarearam, e a costa foi alcançada. Heric tivera a língua coçando para falar sobre seu presente durante toda a viagem, mas se contivera, e somente quando toda a aldeia vasculhava a faixa de areia com o olhar, intrigados ao não ver nenhuma mesa ou algo que denunciasse festa (poucos sabiam dos planos do chefe), ele ordenou que trouxessem "aquilo". Uma moça loura afastou-se para o canto mais distante da praia, fora de vista por causa de uns rochedos, e Heric dirigiu-se à aniversariante.

- O presente não é só meu - ele confessou, levemente contrariado. - Paguei o material, mas mesmo que eu tentasse, não conseguiria fazer tudo sozinho. Só quero ver o que vou ter que inventar para a iniciação de Una e Kyrah depois disso - ele mantinha os olhos no horizonte. - Bem, acho que agora já posso falar sem estragar a surpresa. Meus sócios no presente são os... Skidbladnir.

Aquele sobrenome agiu como um raio sobre a cabeça de Berna, que até então escutava com moderado interesse. Seguindo a direção dos olhos do pai, ela viu surgir de trás dos rochedos uma coisa que fez toda a aldeia abrir a boca num "oh!"em uníssono. Era um drakkar. Mas no lugar do monstro marinho que em geral enfeitava a proa, este tinha uma figura humana colossal; uma figura de mulher. Que mulher? Berna Von Brandeburg.

O queixo da garota também caiu. A confusão de sentimentos que aquilo despertou nela trouxe à tona um pensamento totalmente destoante, isto é, que o barco dificilmente se equilibraria numa tempestade com tal figura de proa inusitada. Mas Heric não lhe deu tempo para pescar mais pensamentos esparsos; continuou falando, em voz alta, propositalmente:

- Este é o Berna. É seu. Mas sabe que tudo que é nosso é da aldeia, então ele será nosso barco nas próximas incursões. Somente os melhores guerreiros navegarão nele.

Muitas pessoas corriam para a beira da praia, a fim de olhar mais de perto o barco diferente; entre elas, as gêmeas Brandeburg. Berna continuava olhando em pasmo, e o pai, falando:

- A ideia foi minha. Eles não acreditavam que fosse possível, mas concordaram em tentar, e veja só. Lembrei que você gostava de barcos quando era pequena. Mas vamos, o que estamos fazendo aqui?! Vamos entrar no barco, a festa é lá. Ondina?

Auxiliando a esposa, ele partiu com ela na frente da multidão, Berna logo atrás dos pais. Ocorre que as pessoas já tinham sentido o cheiro da comida no convés, e estavam loucos para subir, mas o chefe tinha que entrar primeiro.

Berna olhava disfarçadamente em volta, à procura de alguém. Ficou nervosa quando um Skidbladnir se aproximou para entregar oficialmente o presente e guiá-los num tur pelo drakkar; mas não, não era ele. Lá estavam os tronos, onde Berna se alojou, a fim de receber as demais dádivas. Sorriu para todo mundo, mas não prestou atenção, pois continuava com os olhos pregados nas cabeças louras da multidão.

Foi somente durante o banquete, no entanto, que ela encontrou quem procurava, a despeito de não querer vê-lo.

Sentava-se com as irmãs e Brunhild no lado de uma das mesas, feliz porque as pessoas estavam comendo e já tinham permissão para curtir a festa sem se incomodar com ela ou incomodá-la. Ela também saboreava um belo naco de javali assado com batatas que, colocado bem em frente a ela na mesa, tivera o poder de afastar suas amarguras sentimentais. Foi quando um garoto veio se servir e, passando desajeitadamente entre Berna e a prima, deu uma cotovelada na coroa de flores de Berna, estragando pelo menos três flores, uma das quais chegou a cair no chão.

- Hm... parece que minhas chances já eram - comentou o rapaz, ao curvar-se para apanhar a flor caída. "Cabelo preto", Berna anotou rapidamente, "Ufa". - E por minha culpa - ele completou, com ar irônico, mas agradável, ao se levantar e entregar à moça uma margarida amarrotada. Ela fitou a flor.

- Gosto de margaridas - disse. -Obrigada.

De fato, eram suas flores preferidas; e a voz que congelou seu sangue logo em seguida sabia disso.

- Eu bem que tentei, mas já tinham escolhido uma - o falante soava displicente. - Se eu soubesse que era ele, teria conseguido que trocassem.

Berna voltou-se para o lourinho de cabelos cacheados que se assentara do outro lado dela. Wotan tinha olhos de um verde amarelado, uma vez descritos por alguém como "olhos de ovo estragado". Tinha ombros largos e sempre fora considerado alto para a idade. Quanto ao ar de zombaria, somente o usava com Berna e outros amigos chegados. Era uma exclusividade; não a melhor, mas...

- Por quê? - ela perguntou, com a curiosidade despertada pela última afirmação a ponto de obliterar a raiva extrema que sentia dele.

- Não te interessa - ele respondeu, degustando as palavras. O sangue de Berna voltou a ferver.

- E qual foi a que você trouxe? -questionou, contida.

- Esse girassol - ele retrucou, rindo. - Pra você andar por aí pagando mico com essa coisa enorme na cabeça.

Berna alçou a mão para a nuca e tirou de lá a flor que ele apontava. Meticulosamente, destroçou o girassol, pétala por pétala, semente por semente. Wotan olhava a cena, boquiaberto. Recuperou-se.

- Muito obrigado - ele disse, abalando o ar triunfante de Berna. - Você é uma grande amiga me poupando o risco. Eu mesmo teria feito isso, mas as coisas complicariam para o meu lado se alguém do clã visse. Sempre se tem esperanças quanto ao cargo de chefe, embora eu pense que ninguém pode governar muito bem se tem um monstro marinho por esposa.

Ela sabia que ele dissera isso por despeito, o que não a impediu de ficar irritada. Mas também não deu o braço a torcer. Ignorando o último comentário, disse:

- Ninguém de seu clã devia ter permissão de participar das coroas. Que é que vocês querem com as moças dessa aldeia, se vão embora?

O tom de voz da princesa foi mais amargo do que ela gostaria. O rosto de Wotan assumiu uma expressão compassiva então, e, ao falar, ele estava sério:

- Então você soube?

- Não, Wotan. Você está sonhando e já vai acordar - ela retrucou, rude.

- Como?

- Não te interessa - ela devolveu. Olhou-o de esguelha. - É verdade?

Ele fez que sim com a cabeça. Ela bufou.

- Quando?

- Isso eu não sei. Vai sentir minha falta, bruaca? - ele acrescentou, tentando fazer graça para disfarçar o constrangimento. Obviamente não acertou na brincadeira. Berna levantou, sem mais apetite.

- Muita, acredite - ironizou, afastando-se aos trambolhões.

- Vai dançar? - ele questionou, ao vê-la descer a prancha que levava do convés à praia, onde havia música.

- Não te interessa! - ela gritou, sumindo de vista.

Mais tarde, naquela noite, Berna conferiu com a família o estado da coroa de flores. Era difícil acreditar, mas nem uma só restara impune.

- Ah, não, maninha! - Una parecia realmente desolada com o resultado da superstição. - Parece que você vai ficar solteirona.

- Ou vai ser raptada - Kyrah tentou ajudar, com pena da irmã. - Por isso que nenhum guerreiro...

- Nem diga uma coisa dessas - disse Heric, com voz grave, bocejando. - Ninguém raptará uma filha minha enquanto eu viver.

- Pouco me importa... - resmungou Berna, e, sem dar boa noite para ninguém, foi para o quarto arrastando os pés, e fechou a porta atrás de si. "Como se eu pudesse aceitar outra pessoa", pensou, suspirante, lutando com o peitoral de prata para removê-lo sem ajuda.

Quando finalmente conseguiu algumas coisas caíram no tapete. Eram as pétalas do girassol de Wotan, e a margarida do outro rapaz, que ela tinha prendido distraidamente no peitoral. A janela estava aberta, e uma rajada de vento que entrou lançou as longas pétalas amarelas do outro lado do quarto.

"E assim você se vai, Sr. Skidbladnir", suspirou. Fitando a margarida amarrotada, presa a seus pés, completou o pensamento: "sem querer me levar junto..."

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