06, jantar romântico e sobremesa.
— É sério, eu sou ótimo cozinhando doces! É só me dizer qual você quer que eu leve.
Peguei uma laranja, a virando algumas vezes pra ter certeza de que estava boa, e assim que constatei que sim, a coloquei no saco plástico que servia para pesar a fruta.
— Já disse que você pode deixar a parte de cozinhar só comigo... Eu que te convidei pra ir lá em casa. — ajeitei o celular na orelha apoiado em meu ombro, arrumando a cesta do supermercado com minha mão.
— Eu vou me sentir mal de ir de mãos vazias. — Han Jisung repetiu, pela terceira vez, do outro lado da linha.
Terminando de selecionar as frutas, fui para a fila de pesagem.
— Eu sei que levar a mim mesmo já basta, porque eu sou um doce, mas..! — Ainda bem que não 'tá no viva voz e eu estou num ambiente barulhento, de verdade. Eu não sei nem onde enfiar a minha cara.
— Segundo encontro, Jisung, esqueceu? — o relembrei, enquanto entregava as frutas pra mulher que estava cuidando da balança.
— Eu sei. Foi uma piada.
— Ainda não me acostumei com esse seu humor. — Obrigada — agradeci à ela assim que coloquei tudo na cesta de volta, checando se faltava alguma coisa.
— Pois deveria. Assinou um contrato verbal em que estava estipulado que você vai ter que me aguentar por um bom tempo.
— Se eu passar na sua prova dos três... Ah, caramba, esqueci o leite condensado!
— Leite condensado pra quê?
— Eu ia fazer uma torta...
— Ótimo! — Exclamou, praticamente me interrompendo — Amo fazer torta. Não faça, eu vou levar!
— Mas Jisung...
— Beijos e até mais tarde, hyung! — E desligou.
Suspirei balançando a cabeça. Han Jisung parece ser teimoso demais, vou apenas deixar pra lá.
Me dirigi até alguma das filas, todas pareciam estar do mesmo tamanho então só entrei na que estava mais perto. Ainda com o celular em mãos, comecei a digitar uma mensagem pra mandar para Hyunjin, quando uma voz conhecida me chamou, me fazendo travar.
— Minho?
Qualquer dia, Deus. Você podia ter feito esse garoto aparecer QUALQUER DIA. Não hoje, por favor.
Me virei para trás, encontrando Bang Chan, e um garoto um pouco mais alto que nós dois ao lado dele. Fiz uma cara fingida de surpresa, olhando para o Chris.
— Ah, oi.
O outro garoto me olhou, parecendo pensar um pouco, quando fez uma expressão de entendimento, e apontou para mim.
— Você trabalha na cafeteria do centro, não trabalha? — Perguntou, e me recordo levemente de já ter visto ele, sem ter certeza, já que passavam clientes demais pela cafeteria e seria impossível para mim lembrar o rosto de todos eles.
— Sim. — Eu e Chan respondemos juntos, e eu arqueei uma sobrancelha, enquanto ele evitava contato visual comigo.
— Ah, eu fui lá uns dias atrás. Provavelmente você não se lembra. Mas eu lembro que o cheesecake que você me indicou foi um dos melhores que eu já comi! — Elogiou, com um sorriso, e na mesma hora me lembrei do dia que o atendi.
"— Alô... Ah, oi, hyung. — Ele pegou a caixinha com o cheesecake e o recipiente com os dois frapuccinos, os equilibrando em suas mãos. — Hmm, não, estou saindo agora. Avise Hanji que estou levando o cheesecake favorito dele. Yah, não vou chamá-lo de hyung nunca, aceite!..."
Hanji? Ele conhece Han Jisung?
— Você é amigo do Jisung? — perguntei, sem pensar muito, e ele sorriu grandemente.
— Meu Deus então você é o mesmo Minho que ele comentou! Caramba, que mundo pequeno! — Ele deu uma risada, e estendeu a mão pra mim. — Sou Kim Seungmin, prazer. Trabalho no mesmo lugar que o Jisung.
Abri um sorriso torto, meio confuso, e apertei sua mão.
— Sou Lee Minho.
— Desculpe se estou sendo indelicado, mas ele comentou que vocês vão sair hoje..?
De canto de olho, vi a expressão de Chan ficar franzina.
— Ah..! Vamos sim! — respondi, e virei rapidamente para frente, vendo que só faltava uma pessoa na minha frente, começando a colocar as coisas da minha cesta no balcão.
— Você pode me fazer um favorzinho? — Pediu, fazendo um bico, eu diria, involuntário.
— Se estiver ao meu alcance...
— Eu ia passar na casa dele daqui a pouco, mas já que vocês vão se ver, me poupa o trabalho. — Ele tirou algo do bolso, e me estendeu.
Peguei devagar o pequeno objeto em minhas mãos. Um pen-drive.
— Pode entregar à ele? — Pediu, e eu assenti. — Obrigada! Ah, é sua vez. — Apontou com a cabeça, pra pessoa no caixa, que já passava minhas compras.
Rapidamente coloquei a cesta no lugar, abrindo minha sacola ecológica — Diminuam o uso das sacolas plásticas, pessoal! — E colocando tudo ali.
Finalizei minha compra, a pagando, e me virei rapidamente para os dois atrás de mim, acenando com a cabeça.
— Tchau, Seungmin e... Chris.
Seungmin acenou com a mão sorrindo, e Chris só balançou a cabeça, de um jeito esquisito. E ali estava. A indiferença de sempre de Christopher Bang. Foi exatamente por isso que terminamos.
Revirei os olhos, encaixando a sacola no meu braço, indo pro estacionamento.
( . . . )
Estava terminando de preparar um dos melhores pratos que minha mãe já me ensinou a fazer, enquanto escutava Minari ao telefone, reclamando.
— Pra mim você nunca cozinhou.
Respirei fundo, irritado.
— Cala a boca, eu sempre cozinhava pra você na casa da mamãe.
Escutei um resmungo incompreensível do outro lado da linha.
— Eu sei, mas eu 'tô preocupada. Vai que você começa a namorar esse menino e não me dá mais atenção.
Revirei os olhos.
— Não revire os olhos, aliás!
— Você colocou mesmo câmeras aqui em casa? — reclamei. — E para com isso! Você nem precisa da minha atenção, Mina. Você só sabe me provocar e irritar quando 'tá entediada.
— Eu sei, e eu amo isso! Imagina você fica tão ocupado se pegando com ele que nem responder eu te irritando responde mais?
— Não foi você que disse que eu deveria ficar com alguém?
— Eu 'tava te irritando, óbvio!
Bufei alto, desligando o fogo, e pegando um pano de prato.
— Não enche, Mina. Vai sair com a tua namorada, vai.
— ELA NÃO É MINHA NAMORADA! — Escutei a campainha logo depois do grito dela, e sorri, pegando o celular em mãos.
— Ele chegou, tenho que desligar. Um beijo pra você e a garota que 'tá te enrolando.
— Tchau, traidor.
Larguei o celular na mesa, checando se não tinha mais nada no fogo, e lavei minhas mãos, antes de ir para a porta atender Jisung.
Abri a porta, soltando um suspiro assim que vi a visão dele todo arrumadinho — Nem tanto, é que quando você é Han Jisung, aparentemente você fica bonito de qualquer jeito. — segurando uma sacola e uma embalagem relativamente grande.
O ajudei a entrar em casa, pegando a sacola maior.
— É a torta que eu fiz. 'Tá uma delícia, pode confiar. — Soltei uma risada, que garoto teimoso. — Oi. — Ele sorriu, se aproximando de mim.
— Oi. Você 'tá lindo.
Ele passou uma mão no cabelo, sorrindo.
— Eu sei. — Brincou, e estendeu a outra sacola para mim. — E, você 'tá gostoso. Com todo respeito. — Adicionou.
Certo, talvez eu já esteja me acostumando com a sinceridade dele.
Desci os olhos para a sacola, a pegando.
— Não sabia o que trazer pra gente beber. Então peguei um vinho tinto. Combina com quase tudo, eu acho. Errei?
Balancei a cabeça, negando.
— Acertou em cheio. Vem comigo. — Apontei para a cozinha, e ele me seguiu, saindo da sala.
O guiei até a mesa, pedindo que ele se sentasse e esperasse enquanto eu viria servi-lo.
— Você é tão prestativo, hyung... — Disse, apoiando seu queixo em sua mão, com um sorrisinho travesso no rosto.
— Você já disse isso. — ri, indo até a cozinha.
Coloquei o vinho em cima do balcão, tirando duas taças, pratos e os talheres também. Montei o prato dele primeiro, com todo o cuidado que consegui, sorrindo satisfeito pro resultado logo depois. Montei o meu de qualquer jeito mesmo, pra mim a aparência não fazia diferença alguma, apesar disso, ficou bonitinho.
Levei os dois pratos, colocando um em frente ao de Jisung, e um em frente à cadeira que eu ia me sentar. O sorriso dele cresceu, e ele subiu os olhos pra mim.
— O cheiro disso aqui 'tá ótimo! O que é?
— Conchiglione recheado com tomate seco e ricota ao molho branco. — ditei, quase como se fosse um segredo. — Mamãe me ensinou essa receita quando criança, é um dos pratos que eu mais gosto de cozinhar.
Ele parecia impressionado.
— Uau. Já imaginava que você era chique mesmo.
— É quase um macarrão ao molho branco, mas com algumas besteirinhas a mais. — dei de ombros, eu amava esse prato, mas não é como se fosse nível restaurante Michelin.
Peguei rapidamente as taças e o vinho, entregando os talheres à Jisung. Posicionei as duas, abrindo a garrafa de vinho, e despejando em ambos os recipientes.
— Eu não entendo nada de vinho, mas o cheiro desse aqui é muito bom. — comentei, e Jisung riu, concordando.
Me sentei em frente à ele, que levantou sua taça em minha direção.
— Gostaria de propor um brinde, Senhor Lee. — Disse em um tom brincalhão, e eu o acompanhei, levantando a minha taça também.
— Ao nosso segundo encontro? — sugeri, e ele deu um sorriso ladino.
— E ao terceiro que virá.
Que garoto, meu senhor.
Brindamos, e logo pedi à Jisung que provasse o prato. Não precisei de nenhuma palavra além da feição de satisfação e o longo murmúrio que ele deu assim que começou a mastigar, pra saber que ele tinha gostado.
E, deixe-me enfatizar, algo que eu não havia percebido antes. Jisung comia enchendo as bochechinhas de comida, me lembrando levemente um esquilo pequenino e adorável. Quase parei de comer pra admirar ele ali mesmo.
— Isso aqui 'tá bom demais, hyung! — Exclamou, assim que tinha terminado de mastigar.
— Pode comer o quanto quiser. Eu fiz bastante pra nós dois.
Comigo não tinha essa de comer pouco em encontro, coisa nenhuma. Preciso de alguém que eu vá levar pra um restaurante e faça a conta valer a pena ao meu lado. E Jisung parecia exatamente assim.
As chances de eu me apaixonar por esse garoto só aumentam.
Conversamos bem pouco enquanto comíamos e bebíamos, sobre como nossa semana havia sido, e o que tínhamos feito. Não tinha muito o que dizer, pois nos falávamos ao telefone todo dia, mantendo o hábito de às vezes serem ligações, também. Tiveram até mesmo uns dois dias em que aconteceu de ambos dormimos com os telefones ligados, só percebendo que não tínhamos desligado quando acordamos.
O vinho era bom. Já tínhamos terminado de tomar a nossa terceira ou quarta taça, apesar de já termos terminado de comer. Eu era forte pra bebida, mas, não sabia dizer se Jisung também era. Ele não parecia bêbado, só levemente corado e um pouco mais solto.
Peguei as louças, as colocando na pia pra lavar depois, e eu e Jisung nos dirigimos pra sala, nos sentando no sofá. Soonie capturou a atenção do Han por alguns minutos, até se cansar e ir deitar no outro sofá.
Coloquei um filme qualquer pra passar, só para servir de som no ambiente, enquanto conversávamos. Jisung ainda tinha uma taça de vinho em sua mão, a degustando de tempos em tempos.
— Ah! Um amigo seu me pediu para te entregar isso. — disse, assim que me recordei do pen-drive no meu bolso, o entregando para o Han.
Ele me encarou confuso, pegando o objeto em mãos.
— Seungmin? Vocês se conhecem?
— Já o vi na cafeteria uma vez. Me lembrei brevemente dele, e quando ele associou quem eu era, me pediu pra te entregar. — Han assentiu com a cabeça, guardando o pen-drive.
— Ah sim. Você encontrou com ele aonde?
Curvei meus lábios em uma linha reta. Eu não sabia se contava ou não. Era esquisito citar o ex-namorado pra um provável interesse romântico seu? Por outro lado, não vejo motivo de esconder isso. Não quero começar isso escondendo alguma coisa, não seria certo.
— No supermercado. Um pouco depois de você desligar. Ele estava com um conhecido meu. — me corrigi logo depois — Meu ex-namorado, na verdade.
Jisung parecia levemente surpreso.
— Vocês são amigos ainda? — Perguntou, balançando o vinho devagar em sua taça.
Meneei a cabeça, negando.
— Foi um término relativamente ok, ambos concordamos nele, apesar de eu ter dado a ideia. Mas ficamos só como conhecidos, mesmo. Talvez eu não seja do tipo que tem amizade com ex.
O Han virou sua taça, bebendo todo o conteúdo dela.
— Hmm. É, eu também não vejo muito sentido.
Concordei com um aceno, mexendo no meu cabelo, e me levantei, indo ligar o ar-condicionado. A bebida tinha me deixado com uma sensação um pouco mais aquecida.
Assim que me sentei de volta, olhei para Jisung. Ele olhava para a televisão, parecendo pensativo. Quando notou meu olhar sobre ele, se virou para mim. Consegui por alguns momentos, observar todos os detalhes de seu rosto que eu não havia notado antes. Os olhos cor de amêndoa, o nariz de botão, as bochechas protuberantes que estavam levemente rosadas pelo teor alcoólico do que tínhamos bebido, e os lábios desenhados levemente entreabertos, enquanto Jisung respirava serenamente. Notei por um segundo seus olhos descendo para os meus lábios também, quando ele subiu novamente para meus olhos.
Ele colocou a taça que estava em sua mão sobre o criado-mudo do lado do sofá, e, respirou fundo, antes de me surpreender ainda mais.
Han Jisung se levantou em minha frente, se aproximando, e se sentando em meu colo, virado de frente para mim, com uma perna de cada lado da minha cintura.
— Ainda é o segundo encontro... — murmurei, e ele deu um sorriso ladino. Canalha.
— Que se foda. — E se inclinou, colando seus lábios nos meus.
Ao mesmo tempo que ele levara suas mãos para o meu pescoço, puxando meus fios de cabelo levemente, eu segurei sua cintura delineada, me deliciando ao escutar o baixo gemido que fora abafado pelo juntar de nossas bocas. Jisung tomou a dianteira, pedindo passagem com a língua, e, caralho, óbvio que eu cedi. Na mesma hora.
Beijar ele era bom demais. Pra porra. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, sabia exatamente como me deixar todo arrepiado, e principalmente, me deixar ao ponto de perder todo o restante de sanidade presente no meu corpo.
Ele se afastou devagar, ainda muito próximo de mim, com um sorriso sacana estampado em seu rosto.
— Parabéns Lee Minho. Você conseguiu me fazer ter certeza ainda no primeiro encontro. É um recorde. — Sussurrou, ainda que parecesse querer anunciar isso pra quem quisesse ouvir.
— Vou me certificar de que seja um recorde só meu.
E o puxei bruscamente, com ele parecendo satisfeito pela força usada, voltando a beijá-lo até que ficássemos sem ar.
Ele estava certo. Pra que sobremesa, quando seus lábios tinham o sabor mais doce e viciante que eu já havia tido o prazer de provar?
(N/A): PQP
eu tô muito orgulhoso desse capítulo até agr, sério, essa fanfic é a minha favorita
como eu disse antes, ela é destinada a dar tuudo certo, não vamos ter dramas aqui! eu só planejei boiolice e pegação mesmo.
bomm, foi isso, até o próximo capítulo!
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