05, a teoria dos três encontros.
Eu passei o resto da semana conversando com Han Jisung por ligação. Por sorte saíamos do trabalho quase no mesmo horário, e sempre que tínhamos um tempo livre trocávamos mensagem, inclusive, logo mais ele teria que criar uma pasta separada na galeria para Soonie em seu celular.
Agora, no sábado, eu só faltava explodir. Não literalmente, é claro, porque eu ainda queria sair com o Jisung. Mas eu já estralei tanto meus dedos por conta do nervosismo que chegou ao ponto de Soonie estar me encarando claramente assustado pelo barulho.
— Desculpa Soonie. — pedi, e o gato se espreguiçou lentamente, começando a lamber sua patinha. — Você 'tá muito despreocupado. Sabia que seu pai 'tá uma pilha de nervos? — o gato miou, sem nem olhar pra minha cara. Que abusado.
Mas nem tive tempo de fazer drama pra cima dele, porque minha campainha tocou, me fazendo levantar num pulo do sofá.
Ok. Respira Minho, respira. É só um filme. Só isso.
Me acalmei mentalmente, respirando fundo, andando devagar até a porta, a abrindo logo em seguida.
Caralho. Obrigada mãe do Jisung, obrigada mesmo.
— Você 'tá lindo. — deixei escapar em um murmúrio, me repreendendo logo que vi o sorrisinho de canto de Jisung.
— Obrigada. Você também 'tá um gatinho. — Ele respondeu, e eu agradeci balançando a cabeça, ainda embasbacado pela beleza dele. — Bom, eu comprei ingressos pra gente assistir no cinema, mas ainda 'tá meio longe do horário. Eu 'tava pensando em conhecer o Soonie antes da gente ir...
— Claro, claro! Pode entrar. — eu disse, dando espaço para que ele entrasse na casa. Ele fez uma pequena reverência agradecendo, pedindo licença ao passar.
Soonie geralmente era muito tímido, apesar de ser o gato mais carinhoso que eu conheço. Meu medo era que ele não quisesse nem ao menos dar oi ao Jisung.
Fechei a porta, acompanhando o Han para a sala, enquanto ele olhava ao redor, provavelmente procurando o gato. E assim que ele pisou na sala, a atenção de Soonie se voltou para nós, e ele virou a cabeça nos encarando.
Numa súplica, olhei para Soonie fazendo bico, pedindo para que ele viesse ao menos cheirar Jisung pra ver se gostava dele. Porque obviamente eu precisava da aprovação do meu filho antes de qualquer um.
E não foi só o Jisung se agachar no chão, que o gato veio observar ele? Nem com Hyunjin tinha sido tão rápido, sem contar a demora que foi pra Soonie aceitar ele, já que Hyunjin tinha um cachorrinho, Kkami, e consequentemente acabava tendo o cheiro dele.
Soonie deu uma voltinha, inspecionando Jisung inteirinho, parando novamente em sua frente, se sentando com a cabeça inclinada pra cima, olhando bem pro rosto do garoto. Ele estendeu a mão pra fazer carinho devagar, pra que o gato visse que suas intenções eram boas, e Soonie não mexeu um músculo. Mas assim que a mão de Jisung estava pertinho de si, o bichinho inclinou sua cabeça mais para cima, esfregando suas orelhinhas na palma dele, pedindo carinho.
Não consegui conter meu suspiro aliviado. Ele tinha gostado de Jisung. Sucesso.
— Você é o gatinho mais fofo que eu já vi — Jisung murmurou, com uma voz fininha, enquanto Soonie ronronava em sua mão. — Eu acho que ele gostou de mim. — Disse, olhando para mim de baixo, quando Soonie se deitou de barriga para cima, se remexendo pedindo para que Jisung o acariciasse.
Eu dei uma risadinha, concordando.
— Ele gostou mesmo. Se você não fizer carinho agora, ele vai ficar magoado.
Que cena linda, eu juro que se eu pudesse até gravava.
— É melhor a gente ir agora, hm? — Jisung falou, enquanto se levantava. Soonie se levantou junto, passando por entre as pernas do garoto, miando. — Oh amor, eu volto depois, tudo bem?
Não abusa não, Soonie. Eu também quero atenção dele.
— Vamos, você quer que a gente vá de carro? — perguntei e Jisung negou.
— Eu queria que a gente fosse caminhando, é aqui perto, e é melhor pra gente conversar. — Concordei, pegando Soonie no colo, que miou mimado.
— Para com isso, sua vez já acabou. — falei para ele, o colocando deitado em cima do sofá. Chequei se sua comida e água estavam no lugar, e a areia limpa, antes de pegar a chave de casa, acompanhando Jisung para a porta novamente. — Até depois, bebê. — me despedi do meu filho, que só se ajeitou no sofá, indo dormir.
Tranquei a porta atrás de nós, com Jisung me olhando com um sorriso ladino.
— O que foi? — perguntei, indo ao seu lado para que começassemos a caminhar juntos.
— Tenho uma queda fortíssima por caras que gostam de animais. — Até me engasguei com o ar, começando a tossir. Han Jisung era direto demais.
— Ah... — nem consegui responder, sentindo meu rosto ficar quente. — Que filme a gente vai ver?
Ele balançou a cabeça, provavelmente notando a mudança de assunto, mas parecendo não se importar.
— É uma animação japonesa. É a minha favorita, e estão repassando ela no cinema. É um romance, espero que não se importe.
— Eu adoro romances. — falei, o que era realmente verdade. Eu adorava filmes românticos, com finais felizes. Se Han Jisung ousasse me fazer assistir um filme triste no nosso primeiro encontro, eu ia voltar pra casa agora mesmo. Não vou chorar na frente dele tão rápido assim, limites né? — Ele tem final feliz, né?
Jisung riu, concordando.
— Relaxa. É um filme lindo, acho que você vai gostar. Eu geralmente prefiro filmes de terror, mas essa animação realmente tem meu coração.
— Não consigo assistir filmes de terror sozinho.
— A gente pode ver um junto qualquer dia desses. — Insinuou, uma clara indireta de que ele queria sair comigo de novo, e meu coração errou uma batida. Senhor.
— Se você não ligar comigo pulando de susto nos momentos cruciais...
— Te dou até a mão se quiser. — Quero sim, obrigada.
— Temos que combinar então. — eu ri, e paramos em frente à uma rua, esperando para atravessar.
— Hm... Quantos anos você tem? — Ele me olhou, indagando. — Eu te chamo de hyung, mas você não me disse sua idade.
— Eu tenho 22.
— Eu tenho 20. — Disse, olhando para os dois lados da rua, antes de atravessar comigo atrás. — Bom, eu não vou mentir. Eu olhei seu cadastro na loja pra saber seu nome, mas só o nome mesmo. E talvez eu tenha procurado seu Instagram pra saber se você era bonito na internet também...
Arregalei os olhos, o encarando, soltando uma risada alta logo depois.
— Acho que eu faria o mesmo se tivesse a oportunidade. — dei de ombros, e ele riu também.
— Bom saber que eu não pareço um maníaco. — Ele estalou a língua no céu da boca, com uma expressão divertida.
— Que atire a primeira pedra a pessoa que nunca stalkeou alguém por quem se interessou.
— É algo a ser analisado.
Continuamos trocando pequenas palavras, já perto do shopping. Jisung me convenceu a passar numa loja de guloseimas ao invés de comprar a pipoca do cinema, alegando que valia muito mais a pena. Paguei nossa cesta, pegando as poucas sacolas enquanto o Han andava animado à minha frente.
— Tem certeza que não quer que eu pegue alguma? — Perguntou, e eu neguei. — Hm, que hyung prestativo você. — Brincou, me fazendo rir.
Subimos para o andar do cinema, e esperamos alguns minutos antes de entrar na sessão. Jisung procurou nossos assentos, que ficavam localizados bem no fundo, já que ele disse que se sentia esquisito com pessoas se sentando atrás dele. Achei específico, porém muito válido.
Nos ajeitamos em nosso lugar, e eu abri sua bebida, a colocando no porta-copos ao lado de sua poltrona.
— Obrigada. — Ele sussurrou, e eu sorri pequeno.
Abri as coisas que íamos comer para não ter que fazer muito barulho no meio do filme, e esperamos os trailers começarem.
Logo que a tela se acendeu, e os trailers deram início, mais pessoas começaram a chegar. Jisung disse que a sessão não teria tantas pessoas, já que faziam alguns dias que o filme estava sendo repassado, e ele não estava errado. Poucas pessoas apareceram, e se sentaram consideravelmente longe de nós, em sua maioria, casais, heteros, e alguns grupos pequenos de amigos.
Me virei para Jisung, com o rosto ficando quente à medida que alguns pensamentos passavam pela minha cabeça. Ele olhou para mim, parecendo confuso e alheio ao que eu pensava, e eu só balancei a cabeça, aguardando o início do filme.
Calma, Minho. Ele parece desnibido mas nem tanto. E, tipo, não é como se eu nunca tivesse beijado Chan no cinema. Mas foi só isso. Uma junção de mãos aqui e ali, e alguns selinhos antes de prestarmos atenção no filme.
— Você 'tá bem? — Jisung perguntou baixinho, se aproximando de mim, e eu senti meu rosto esquentando ainda mais, agradecendo aos céus que estava escuro o suficiente para ele não conseguir me ver direito, porque eu provavelmente estava vermelho pra caralho.
— 'Tô. — sussurrei de volta, afastando os pensamentos do meu ex-namorado pra longe.
Eu definitivamente podia afirmar com certeza que não sentia mais atração romântica alguma por Chan, mas era inevitável relembrar umas coisinhas aqui e ali. Mesmo assim, eu estava no momento saindo com outra pessoa, e me sentia meio mal de pensar em alguém ao lado dele.
O filme começou, e de canto de olho, pude perceber Jisung abrindo um sorriso gigante, com os olhos brilhando em empolgação, enquanto ele se ajeitava mais uma vez, sem tirar sua visão da tela nem por um segundo.
Era lindo. O sorriso iluminado dele demonstrava que ele realmente não estava mentindo quando disse que era sua animação favorita, e não pude deixar de sentir meu coração ficando quentinho e abrir um sorriso feliz.
Pode ser extremamente bobo aos ouvidos de alguém, mas a importância disso pra mim... Ah, Han Jisung, eu realmente posso me apaixonar por você a qualquer momento.
Me virei para frente, por mais que quisesse continuar admirando o sorriso do garoto ao meu lado. Agora eu precisava retribuir o ato dele buscando gostar desse filme, nem que fosse um pouquinho.
( . . . )
Meu Deus.
Eu chorei. Eu chorei na frente dele no nosso primeiro encontro. Eu quero cometer o oposto de viver.
Eu conseguia sentir a vermelhidão até a ponta das minhas orelhas, mas Jisung parecia não se importar nem um pouco. Consegui notar que seus olhos e a pontinha de seu nariz estavam levemente coradinhos também, o que podia significar que ele também tinha se emocionado. Que bom.
E caralho que filme lindo. Realmente, tinha tido um final feliz, do jeitinho que Jisung tinha me dito, mas tinha sido uma história tão linda que eu não me aguentei. Nossa, por que esse tipo de romance não pode existir na vida real?
Estávamos saindo da sessão, enquanto Jisung me perguntava o que eu tinha achado, apontando coisas que eu provavelmente não tinha notado, e explicando as partes que eram difíceis de entender, e eu tentava responder tudo na mesma empolgação que o garoto.
Entramos no elevador, juntamente de outras duas garotas que tinham saído da sessão com a gente, e eu não pude deixar de escutar a discussão que elas tinham sobre o filme.
— Por que em todo romance eles demoram tanto pra ficar juntos? — Uma dizia, parecendo indignada.
— É pra ter conteúdo. Se eles se resolverem e se pegarem já no início, não tem filme. — A outra explicou, e eu concordei mentalmente com ela.
— Ainda bem que na vida real é diferente. Se eu gostar da pessoa eu beijo ela no primeiro encontro mesmo. — Ela soltou, dando de ombros, e a porta se abriu, com as duas saindo ali mesmo.
Caralho.
A porta se fechou logo depois, e continuamos ali dentro, esperando o último andar.
Um silêncio esquisito se instalou, provavelmente pelo que tínhamos escutado, e eu comecei a pensar. Será que Jisung era assim também? Será que ele esperava que eu fosse beijar ele? Calma lá que eu não me preparei mentalmente pra isso!
O Han me olhou de canto de olho, abrindo a boca.
— O que você acha? — Ele perguntou, se apoiando na parede do elevador, olhando para mim.
— O que eu acho do que? — perguntei de volta.
— Do que ela disse. — Indicou com a cabeça para a porta do elevador. — Você também acha que eles deveriam ter sido mais apressados?
Encarei o chão formulando uma resposta. Por quê que parecia que essa resposta seria importante?
— Bom... Eu acho que entendo as duas garotas. Esse tipo de coisa não dá pra ser apressado demais, ou não vai render um conteúdo e desenvolvimento legal. É claro que queremos que eles se peguem logo no início, mas vai ficar chato se eles mal se conhecerem. — Subi meu olhar para ele. — É claro que ninguém gosta de enrolação desnecessária, também.
O elevador parou, e ele saiu na frente. O segui até a entrada do shopping, quando ele parou, se virando para mim, com o mesmo sorriso ladino em seu rosto que ele dava com frequência.
Ele ergueu três dedos em frente ao seu rosto.
— Três encontros. Essa é a quantidade exata que eu levo pra decidir se um garoto vale a pena ou não, e se devo dar outro passo com ele. — Ele pontuou, e isso esclareceu exatamente alguns pontos na minha cabeça. — Eu tenho uma teoria de que esse é o tempo que eu devo levar pra conhecer alguém. É claro que conversar pelo celular não conta, mesmo que seja necessário e eu adore.
— É um número bem exato. Você pensou muito sobre isso?
— Na verdade não. — Ele riu, balançando a cabeça e abaixando sua mão. — Eu não saí com muitos garotos na vida, mesmo que pareça. Dá pra contar nos dedos quantos foram, e ainda vai sobrar alguns. Eu só fui percebendo que depois de três encontros eu conseguia determinar se queria algo a mais com eles ou não, e acabei chegando a conclusão que era o número que eu devia seguir.
Eu dei uma risada, não conseguindo não o achar adorável. Era estranhamente específico mais uma vez, mas um bom ponto. Quem era eu pra falar de esquisitice, afinal?
— Tudo bem. Acho que deveríamos marcar o segundo, então. — disse, claramente o surpreendendo. — Pode ser lá em casa dessa vez? Por mais que Soonie vá roubar sua atenção de mim, estou disposto a correr o risco.
Ele sorriu.
— Algo me diz que depois do terceiro eu não vou conseguir me afastar de você. Está ciente disso, Lee Minho?
— Pode ter certeza de que eu estou torcendo pra isso.
(N/A): presente de ano novo que era pra ter saído ontem!
é o maior capítulo da fic até agora, mandei muito bem mesmo, hein?
o filme era your name pra quem quiser saber.
até o próximo, vou tentar não demorar!
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