Congratulations
O som estridente do despertador já me dava nos nervos. Aquilo provocava zumbidos nos meus ouvidos. Fechei minha mão em um punho bem apertado e acabei por desferir dois socos sobre aquele aparelho eletrônico, infernal, o desligando na hora.
Agradeci aos céus quando parei de ouvir aquele barulho irritante, porém percebi que a batalha não havia sido ganha quando o meu celular começou a tocar debaixo do travesseiro. Quando peguei o Iphone foi impossível não segurar o revirar de olhos ao ver que era uma ligação de Dinah. Se não atendesse iria ouvir poucas e boas daquela louca... Não seria bom arriscar. Então acabei atendendo:
– O que você quer, Dinah?! – minha voz saiu arrastada de sono, mas ainda sim um tanto irritada.
– Onde você está, Lauren?! – dei um sobressalto da cama ao perceber que não era a única brava naquela história. DJ estava claramente alterada.
– Estou em casa... Por quê?
– Caralho, Lauren! Lembra que tínhamos uma reunião super importante com investidores asiáticos?! Você me deixou na mão de novo!
Fechei meus olhos e fui incapaz de abri-los por um logo tempo. A única coisa que ouvia era a respiração ofegante de Dinah do outro lado da linha. O que eu podia dizer?! “Estava enchendo a cara noite passada e acabei perdendo a noção de tudo…” Era a verdade, porém não parecia o certo a se falar.
– Dinah, eu sinto muito…
– Não quero ouvir esse discursinho, Lauren! Quero atitudes e você não está me mostrando isso a muito tempo! – ela tinha razão e uma explicação mal feita da minha parte não faria muito diferença. Ela provavelmente já sabia a causa de meu erro também...
– Essa empresa não é só minha, Lauren!
Suas palavras foram como um murro no estômago. A JaguarSoft era nossa! Fundamos, ainda jovens, aquela empresa com muito custo e no início o nosso amor pela informática que foi um combustível para manter aquele negócio em pé. Não tínhamos influência e poucos funcionários faziam o trabalho que milhares deveriam fazer… Porém, só depois de anos, trabalhando duro que nosso sistema operacional e nossos aplicativos de comunicação ganharam popularidade. O dinheiro começou a fluir e hoje somos donas de uma empresa mundialmente conhecida. O objetivo era sermos uma multinacional, no entanto, tudo ao seu tempo...
Devido ao meu mergulho em pensamentos, até que gratificantes, fui incapaz de notar no exato momento em que Dinah havia desligado o telefone na minha cara. Merecia a sua raiva, decepção e frustração. Merecia e pronto! Meu relacionamento com Dinah não era o mesmo de alguns anos atrás, acho que ser chamadas de amigas nos momentos atuais seria uma blasfêmia. Nós hoje em dia tínhamos um envolvimento profissional e infelizmente nada mais além disso.
Não me importava com aquela separação e suponho que Jane também não. Os tempos eram outros, as personalidades mudaram e a sede por sucesso aumentou . As únicas coisas que promoviam nossos encontros era com objetivo de manter a empresa de pé com a sua administração e os meus projetos.
Me levantei daquela cama e comecei a me aprontar para ir a empresa. Não consegui vestir nada num nível formal, mas uma calça jeans e um par de coturnos dava pro gasto.
Saí apressada do meu apartamento e comecei a me preparar psicologicamente para entrar naquele trânsito movimentado de Nova Iorque. Apesar de não morar tão distante assim da empresa, recomendação de Dinah para justamente eu não chegar atrasada, ainda sim levava uns bons minutos para chegar até lá.
A primeira coisa que fazia quando entrava em meu carro era abrir o porta luvas e tirar um maço de cigarro dali. Era como um ritual sagrado para mim e convenhamos fumar dentro de qualquer automóvel sempre seria uma delícia! Apenas você, um rádio baixinho, um cigarro Marlboro entre os dedos e a alta velocidade de quebra. Isso tudo era um puro tesão, porém o gosto do tabaco em excesso amargava minha boca… Precisava comprar chicletes.
(**)
Assim que cheguei em nossa sede nacional, localizada na grande Manhattan. O prédio enorme revestido por vidro e com o nosso slogan na fachada era sem dúvidas um dos mais bonitos daquele país! Entrei no subterrâneo, com a ajuda do nosso porteiro e logo procurei minha vaga exclusiva por aquele longo estacionamento de “sei lá” quantas vagas. Suspirei aliviada assim que estacionei minha BMW e já estava com meu próximo objetivo em mente, porém esse não seria tão fácil assim… Enfrentar Dinah!
Peguei um elevador, ali mesmo no nosso estacionamento subterrâneo, com destino ao penúltimo andar, o andar de Jane. Massageei minhas têmporas quando meus olhos caíram sobre o relógio digital presente naquela caixa metálica. Já se aproximava das duas horas da tarde o que não era um bom momento para chegar depois de uma reunião marcada para às nove da manhã.
– Boa tarde, senhora Jauregui. – fui recebida pela secretaria de Dinah assim que pus meus pés naquele andar. Era uma senhora bochechuda e aparentava possuir meia idade
– Boa tarde, Lurdes. – caminhei em direção a sua mesa, qual ficava num cantinho daquele espaço enorme, tentei colocar o melhor sorriso gentil em meu rosto. – Gostaria de falar com, Dinah. Por favor autorize minha entrada.
– Não será possível, senhora, pois a senhorita Jane não se encontra mais na empresa no momento.
Olhei para Lurdes totalmente sem reação. Sabia que correria o risco de não encontrar ela ali, mas Dinah já deveria saber que eu iria ao seu encontro igual todas as outras vezes que pisei na bola.
– Mande um recado para sua chefe falando que estive aqui e espero encontrar ela hoje a noite em meu apartamento. Faça esse favor para mim.
– Mais alguma coisa, senhora?
A velha senhora ajeitou seus óculos sobre a face, olhando-me com certa pena no olhar, mas ainda assim atenta a mim… Talvez já soubesse do meu deslize fatídico pela manhã.
– No que deu a reunião com os investidores asiáticos? Nós conseguimos fechar o negócio?
Os asiáticos, principalmente os japoneses e sul coreanos, eram bastante influentes no ramo da tecnologia. Nós queríamos fabricar hardwarerdware agora! Queríamos sair da nossa zona de conforto e expandir o nosso mercado de vendas. A reunião tinha como finalidade o fornecimento de materiais eletrônicos de qualidade alta por partes dos investidores. Assim que nós nos destacarmos no mercado de hardware esses investimentos dos empresários orientais voltaria em dobro!Em triplo se alavancarmos com as vendas! Era um negócio tentador e tinha quase certeza que nós duas conseguiríamos fechar!
– Nós conseguimos sim, senhora!
Fechei os olhos e fiquei com vontade de dar alguns pulinhos e levantar aquela secretaria nos braços ali mesmo para o mundo ver o tamanho da felicidade que senti com aquela notícia! Hoje iria comemorar de qualquer jeito e uma ida à um puteiro de luxo com open bar a disposição me parecia uma forma de comemoração justa!
– Eles assinaram nossos papéis de termos de acordo? Gostaria de dar uma olhada neles se possível, por favor!
Estava tão eufórica que eu acabava por parecer uma criança animada ao ver seus presentes debaixo da árvore de natal. A JaguarSoft estava crescendo!
– Creio que não vai ser possível…
A secretária parecia totalmente alheia a mim, pois seus olhos estavam mais atentos na tela do computador, de médio porte, em sua mesa.
– Os documentos ficaram com Dinah?
Normalmente, papéis de negócios ficavam numa área restrita apenas à nós e as nossas secretárias. Uma sala, isolada da movimentação dos funcionários, que continha as mais variadas comprovações de acordos fechados e toneladas de códigos privados de nosso sistema operacional e aplicativos. Nossas criações não podiam cair na mão da concorrência:
– Senhora Jauregui sinto lhe informar, mas parece que o acordo não foi oficializado. Segundo informações de senhorita Dinah os investidores deixaram o caso aberto, pois aparentemente os planos mudaram um pouco…
– Como assim?
Meu coração parecia querer sair pela minha boca. Odiava sentir aflição!
– Os investidores asiáticos querem uma sede no Japão, em colaboração com a Coréia do Sul, da JaguarSoft. Eles, aparentemente, não querem ser apenas meros fornecedores e sim colaboradoras de primeira. Porque de acordo com Yamada Akira, o empresário mais influente do grupo visitante, afirmou que sua empresa tem futuro no seu amado país de origem e que os lucros podem quadruplicar. Senhorita Dinah e a senhora irão ir para o Japão daqui a três dias com objetivo de fechar esse negócio oficialmente… Essas foram as palavras diretas de minha chefe.
A última coisa que ouvi antes de desmaiar foi o meu baque, quase surdo ,no chão. Japão? Seríamos uma empresa multinacional?! Viagem?! Sede?!
“ Eu preciso de um cigarro…”
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