004
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CAPÍTULO 004
Segredos Sob a Superfície
A minha cabeça estava mergulhada em mil e uma possibilidades diferentes, mas ambas me levavam para o mesmo resultado. Ou seja, para nenhum lugar.
Todas as folhas com as minhas anotações sobre pequenos fragmentos sobre uma possível origem da adaga não faziam o menor sentido. Absolutamente nenhum dos livros em que fiz as minhas pesquisas conseguiram me ajudar verdadeiramente.
Minha mente insistia em deixar essa pesquisa de lado e focar em outras coisas, como por exemplo, por que diabos Scorpius estava quase morrendo em meio a uma crise de pânico no meio da floresta e chorando. Mas essa é uma incógnita que eu prefiro não pensar, porque, mesmo que de maneira indireta, estaria pensando nele.
Meus pés adentraram a biblioteca, exatamente como eu me lembrava. Exceto pelo bibliotecário, esse eu não faço ideia de quem possa ser. Seus olhos relaxados se ergueram para mim, parecendo me estudar. Apenas sorri, totalmente sem jeito enquanto me encaminhava até o setor que espero que possa me ajudar.
Entre estantes abarrotadas e o cheiro antigo de páginas envelhecidas, eu me perdi completamente no labirinto de textos que me prometiam respostas para todos os meus questionamentos. A biblioteca de Ravenbourg é a minha maior aposta em encontrar alguma coisa que possa me ajudar com a origem da adaga.
Deslizei meus dedos sobre as lombares de cada livro, lendo cautelosamente os seus títulos. "A arte das armas medievais ", me parecia muito atrativo. Mas não acredito que aquela adaga tenha sido forjada em apenas alguns séculos atras, eu saberia se fosse. Continuei vasculhando, meus neurônios trabalhando euforicamente enquanto analisavam cada título e qual daqueles poderiam ser úteis para a pesquisa.
Com pouco mais de 15 livros sobre a mesa, respirei fundo quando coloquei a foto da adaga no centro e todas as outras anotações que havia feito durante as semanas em que não consegui muita coisa sobre esse objeto.
Folheando um dos livros, minha mente vagou para o final da tarde de ontem, quando encontrei Scorpius naquele estado. Eu havia me perdido na floresta, queria chegar ao lago que costumava ir antes, mesmo sabendo que ele fica na propriedade dos Molaschi. Para a minha infelicidade, acabei me perdendo, foi quando o encontrei. Por alguns segundos achei que ele estivesse sendo idiota, mas quando notei suas mãos tremendo sobre o seu peito, entendi que ele estava passando por alguma espécie de crise. Eu acabei agindo por impulso, confesso que minha mente perversa me disse para deixá-lo lá, que o deixasse sofrer, mas algo em mim se recusou.
Balancei a cabeça, espantando esses pensamentos e voltando a prestar atenção nas páginas do livro. E foi assim que passei toda a minha tarde dentro da biblioteca folheando livros velhos e sem nem uma resposta para nenhum dos meus questionamentos.
— Procurando algo específico? — A voz me fez sobressaltar da cadeira. Me virei rapidamente e vi um homem parado ao meu lado, o mesmo que estava na recepção da biblioteca quando cheguei aqui mais cedo. Ele é alto, com cabelos castanhos médios desalinhados e olhos azuis tão penetrantes que pareciam brilhar. Sua presença parecia algo sobrenatural para esse lugar. — Desculpe-me, não quis assustá-la.
Olhei para ele por alguns instantes, estudando-o. Um pouco desconfiada.
— Eu estou, mas não tenho certeza se vou encontrar aqui, - respondi, tentando manter o meu desinteresse em saber quem ele é. — Posso te ajudar em algo mais?
— Na verdade, talvez eu possa ajudá-la, — ele respondeu, os lábios curvando-se em um sorriso enigmático. Sem pedir permissão, ele pegou o livro que meu tio havia me dado folheando suas páginas. — Bem interessante, esses símbolos são mais antigos do que parecem. — Seus olhos deslizaram pela foto da lâmina da adaga, onde descobri que tinham alguns símbolos estranhos. —Esses aqui, você os percebeu sozinha?
Encolhi os ombros, a presença dele me deixava um pouco intimidada.
— Talvez eu esteja vendo coisas onde não existem. Pode ser só gravuras sem sentido.
— Ou talvez esteja olhando nos lugares errados. — Encarei seus olhos brilhantes. — Este livro é uma interessante escolha.
— Conhece esse livro?
— Digamos que já vi algo parecido antes. — Respondeu, passeando seus dedos sobre as margens do volume. — Mas o que você realmente está procurando não está aqui.
Ele deixou o livro sobre a mesa e sumiu entre as prateleiras, voltando alguns minutos depois tão silenciosamente quanto havia chegado da primeira vez. Um grande livro de couro desgastado, com um título dourado em suas mãos.
— Experimente esse, — disse, colocando-o sobre a mesa.
Olhei para o volume sobre a mesa com cautela.
— E por que eu deveria confiar em você? Eu nunca vi você aqui na cidade, nem sei qual o seu nome.
Ele sorriu de lado, cruzando seus braços, deixando seus músculos sobressaltados sobre o tecido de sua camisa. Seus ombros mexeram.
— Você não precisa. Mas se quer encontrar suas respostas, esse livro pode ser um bom começo, Lilly. E, me chamo Zyon.
Olhei para o exemplar mais uma vez, nunca havia notado a presença de um livro como esse aqui na biblioteca. Levando em consideração que eu já li grande parte da sessão de história antiga deste lugar, realmente me intriga nunca ter esbarrado com ele antes.
— Obrigada, eu acho.
— Não precisa me agradecer. — Olhei para ele, seus olhos me estudando cautelosamente.
— De qualquer forma, obrigada, Zyon.
— Não me agradeça. Espero que consiga fazer sua pesquisa e descobrir suas respostas.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Zyon se virou e desapareceu entre as estantes. Fiquei parada, incerta e intrigada com a forma dele agir. Algo em mim era desconcertante, mas a curiosidade me venceu. Abrindo as grandes e antigas páginas, meus olhos se perderam sobre os diagramas, tabelas e explicações detalhadas sobre a interpretação de símbolos arcanos.
À medida que ia lendo, uma conexão entre as poucas coisas que havia descoberto, começou a se formar em minha mente. Usando o método descrito ali, além de conseguir decodificar aqueles símbolos que sempre me intrigaram desde sempre, descobri que esse livro é na verdade um grimório. Os códigos que sempre achei serem apenas rabiscos sem sentido, na verdade são palavras em uma espécie de código que eu nunca ouvi falar, nem mesmo na minha faculdade.
O processo levaria horas, dias até que eu pudesse decifrar realmente algo que pudesse me ajudar a entender o que é a adaga. Meus olhos se ergueram para o teto da biblioteca, onde as janelas de cristal davam uma visão ampla do céu, as estrelas já começando a aparecer.
Respirei fundo, esticando meus braços sobre minha cabeça. Minha cabeça doía um pouco, não sei exatamente quanto tempo fiquei ali, lendo e decifrando os códigos, sem ao menos perceber que o tempo havia passado tão rapidamente. Enquanto absorvia as informações, senti um arrepio em minha nuca, como se alguém estivesse me observando. Fechei os livros, organizando minhas anotações e empilhando os outros livros para que Zyon os organizasse depois. Escrevi um pequeno bilhete, lhe agradecendo pelo livro e dizendo que o levaria comigo para continuar estudando e assim que possível, o devolveria.
Apertei os meus livros contra o meu peito e sai da biblioteca, sem encontrar Zyon para me despedir adequadamente. A lua sobre minha cabeça me fazia ter noção de que havia perdido toda a minha tarde e parte da noite completamente perdida entre os livros e minhas anotações.
Meu caminho até em casa foi rápido, não gosto de andar sozinha à noite e principalmente depois da sensação de estar sendo observada na biblioteca. Meus passos eram firmes e rápidos, em mais ou menos 10 minutos eu já estava chegando aos portões da minha casa. Meus pais haviam viajado hoje pela manhã. Eles não me explicaram muito bem, mas estavam indo à trabalho e ficariam fora durante as próximas duas semanas.
Subi os degraus pulando de dois em dois, colocando os meus livros sobre minha cama. Ao me virar em direção a minha penteadeira, uma caixa de papelão me chamou atenção, não me lembro de ter deixado nada aqui antes de ir para o museu de manhã e nem de já estar aqui quando passei no início da tarde para pegar meus materiais de estudo.
Deslizei meus dedos sobre a caixa, um pequeno recado escrito em um pedaço de papel. "Para Lilly Winckler". Esse era o único bilhete à vista, talvez tivesse algo mais dentro da caixa. Abri a mesma em uma velocidade recorde, deixando meus olhos curiosos caírem sobre as capas de uma edição antiga de livros com um título em comum: Os Mistérios do Divino e do Oculto. Mergulhei meus dedos sobre cada um, lendo atentamente seus títulos e buscando por qualquer bilhete revelando quem os havia me presenteado.
Ao total, essa edição conta com 7 livros, "Runas Perdidas: O Alfabeto dos Anjos", era o primeiro. Sua capa com detalhes em prata. Abri suas páginas, folheando rapidamente, até que um pedaço de papel caiu de sua página inicial. Segurei o papel entre meus dedos, desdobrei e meus olhos caíram sobre as letras escritas.
"Nem todo símbolo é o que parece ser. Às vezes, a resposta está no espaço entre as linhas".
Semicerrei os olhos, é como um tipo de comando ou aviso? O bilhete não tinha mais nada além disse escrito. Deixei o primeiro volume de lado e peguei o segundo: Grimórios Antigos e seus Guardiões. Abri sua primeira página, encontrando um novo bilhete.
"O poder mais perigoso não é o que está contido nos livros, mas o que está escondido nos seus próprios instintos".
Terceiro livro: Sombras Celestiais: O Enigma das Espada Sagradas.
"Essas espadas guardam mais do que história – elas escolhem quem é digno de carregá-las e ainda mais de poder usá-las. Descubra o porquê".
Quarto livro: O Labirinto da Eternidade.
"A jornada não é linear, e os atalhos nem sempre levam onde você espera. Mantenha os olhos abertos para o inesperado".
Quinto livro: As Vozes do Além: Um Guia para os Mediadores.
"O que você ouve no silêncio pode ser mais verdadeiro do que qualquer palavra. Confie nos seus sentidos".
Sexto livro: Fúria e Graça: O Legado dos Nefilins.
"Graça e fúria são dois lados da mesma moeda. O equilíbrio entre elas pode mudar o curso de tudo".
Sétimo livro: Segredos do Éter: Artefatos e Relíquias Perdidas.
"Nem todo artefato deve ser encontrado, mas alguns escolhem quem os encontrará. Siga o seu instinto".
Meus olhos percorreram por cada bilhete escrito à mão, sem assinatura ou qualquer coisa que pudesse me dizer quem os havia escrito ou porque os haviam me enviado. Segurei o primeiro livro da coleção entre os braços e corri pelas escadas. Meus pensamentos tentando imaginar quem poderia ter enviado algo tão específico. Será que o Zyon os deixou aqui depois que sumiu da biblioteca?
Adentrei a cozinha apressadamente, os olhos de Núbia e as outras empregadas me encarando com curiosidade.
— Senhorita, deseja alguma coisa?
— Núbia, você sabe quem deixou isso no meu quarto? — Ergui o livro brevemente em direção a mais velha.
— Eram livros que tinham na caixa? — Concordei, — lamento querida. Um entregador chegou aqui no fim da tarde e entregou-a, não disse quem havia enviado. Achei que teria algum cartão na parte interna.
— Não. Só os livros. Obrigada Núbia, talvez eu descubra em outro momento quem me mandou. — A mais velha sorriu gentilmente. —- Deseja algo mais, senhorita?
— Pode levar uma garrafa de café sem açúcar para o meu quarto?
— É claro, algo mais? Para o jantar?
— Pode fazer o que preferir. Peça para levarem ao meu quarto junto ao café. — Ela concordou. Girei sobre os calcanhares marchando de volta para o meu quarto. Minha cabeça processando todos os nomes de quem poderia ter uma coleção dessas e ainda por cima me presentear com tal.
Deixei meus olhos percorrerem pela caixa da adaga e seguirem para o livro de couro que Zyon me mostrou mais cedo. De uma hora para outra as coisas resolveram se encaixar ou será uma grande coincidência?
Larguei o livro sobre a bancada da minha escrivaninha e segui para o banheiro. Descartei completamente a hipótese de terem sido enviados por Zyon, Núbia disse que a caixa chegou no fim da tarde, e quando ele me entregou o livro de códigos já era noite.
Meus músculos relaxaram instantaneamente ao entrarem em contato com a água morna que caia do chuveiro, finalmente desacelerando meus pensamentos e me permitindo apenas aproveitar.
Meus orbes oculares estavam totalmente focados em encontrar os significados dos símbolos da adaga no livro de códigos. Mal piscava, eu sei que assim que chegar ao último dos desenhos estranhos estarei a um passo de descobrir ao menos a origem ou o que é esse objeto.
As duas últimas semanas foram muito produtivas, por mais que eu tenha tido dias extremamente corridos, indo para o centro de pesquisas do museu pela manhã, passando toda a tarde na biblioteca e parte da noite e madrugada, os códigos e símbolos gravados na lâmina estavam quase me revelando algo.
Mordi a ponta do meu lápis antes de rabiscar sobre uma folha outro significado de mais um dos símbolos. Minha mente processando todas as peças. Um sorrisinho significativo se formou em meus lábios ao finalmente chegar ao último dos símbolos.
O silêncio na biblioteca parecia quase reverente enquanto eu foleava as páginas em busca de respostas. Um dos livros que eu havia recebido, "Sombras Celestiais: O Enigma das Espadas Sagradas", vem me ajudando bem mais do que eu gostaria, inicialmente, eu disse para mim mesma que não os leria antes de descobrir quem os havia enviado, mas o título deste em específico me intrigou, principalmente depois que descobri que a adaga, na verdade é uma espada.
Minha surpresa foi instantânea, ela é muito menor do que uma espada costuma ser. Mas, a gravura sobre sua lâmina dizia ao contrário. Folheei as páginas para uma das marcações que havia feito ontem à noite e deixei o livro aberto ao meu lado. Voltei minha atenção para os códigos e finalmente descobri o que ele queria dizer.
Um gritinho eufórico escapou entre meus lábios quando finalmente pude juntar aquelas letras e formar as palavras. Minha expressão mudou totalmente quando li o que os símbolos, juntos, queriam dizer.
Uma espada de arcanjo? Por que isso viria para o museu de Ravenbourg ao invés da catedral, por exemplo? Foquei meus olhos sobre o livro aberto no capítulo que abri a pouco. O texto explicava que essas armas eram criadas para arcanjos, verdadeiros símbolos de poder e destruição.
Recostei minhas costas na cadeira, meus dedos pressionando minhas têmporas. Uma espada de arcanjo? Isso não faz o menor sentido. Para algo assim existir, seria o mesmo que admitir que céu e inferno, e bruxas ou papai Noel existem. A revelação me deixou atordoada por alguns segundos, um gosto amargo de inquietação. Peguei o meu bloco de notas, anotando freneticamente as referências do livro para fazer uma análise melhor em outro momento.
Totalmente perdida em meus pensamentos e teorias, mal ouvi quando passos ecoaram entre as prateleiras e se aproximaram de mim. Levantei o olhar com um breve sorriso, esperando encontrar Zyon, mas meu sorriso se desfez imediatamente ao reconhecer aqueles fios loiros esbranquiçados. Sua expressão totalmente tranquila enquanto fitava alguma coisa nas páginas do livro que segurava.
— Você não cansa de aparecer nos lugares que eu estou? — Disparei, o fazendo erguer a cabeça e me olhar.
Scorpius deu de ombros, colocando algo para marcar sua página, o fechando em seguida e um sorriso enviesado brincando em seus lábios.
— Não culpe o destino por essas coincidências. Ele tem um senso de humor peculiar. Além do mais, talvez seja um dom. Ou simplesmente você não tenha percebido que eu sempre estive por perto.
Bufei, fechando meus livros e começando a organizar as minhas anotações. Não quero lhe dar o gostinho de me tirar do sério.
— Se não tem nada relevante para dizer, sugiro que me poupe. Gaste o seu tempo fazendo algo que realmente seja importante.
Ele permaneceu imóvel, seus olhos fixos em mim.
— Talvez eu tenha algo a dizer. Talvez você devesse ouvir.
— Não tenho o mínimo interesse nos seus jogos, Scorpius. — Levantei-me da cadeira, tentando passar por ele, mas ele deu um passo em minha direção, impedindo a minha passagem.
— E quem disse que eu estou jogando? — Sua voz ficou mais baixa, rouca, quase em um sussurro. — E se eu estiver tentando... ajudar?
Encarei seus olhos azuis cinzentos, meus olhos estreitando.
— Ajudar? É isso que você chama de espionagem disfarçada? Me seguindo, aparecendo em todos os lugares que estou? Isso não é ajuda. É obsessão.
Minhas palavras pareceram desconcertá-lo, mas ele não recuou.
— Obsessão huh? Talvez. Ou talvez seja porque sei o que você está tentando descobrir... sei onde isso pode te levar.
Soltei uma risada. Um som seco e sem humor.
— Ah, claro, você é o grande conhecedor de tudo. Sabe de alguma coisa? Então fale de uma vez ao invés de se esconder atrás de frases de efeito.
Scorpius se aproximou mais um passo, sua presença invadindo meu espaço pessoal, quase colando nossos corpos.
— Não é tão simples, Ma Belle.
O apelido dito de forma rouca por sua voz me fez travar, meus dedos apertando os livros que segurava.
— Não me chame assim. Nunca mais.
— É o que você sempre diz, mas nunca parece significar. — Ele sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos cinzentos. — De qualquer forma, considere isso como um aviso. A verdade sobre essa espada, adaga, ou o que quer que seja, não é algo que você vai querer carregar sozinha.
Respirei fundo, engolindo a verdadeira resposta que eu gostaria de lhe dar.
— Eu não preciso da sua ajuda. Nem agora, nem nunca.
— Talvez. Você pode achar o que quiser. Mas a questão não é se você precisa. É se vai conseguir lidar com toda a verdade. — Ele deu um passo à frente, mas parou quando levantei a mão, tocando o seu peito em alerta. — Eu só estou dizendo... Cuidado com o que você descobre. Algumas verdades não podem ser desfeitas.
Não respondi. Apenas ergui a cabeça e o empurrei seu ombro, passando por ele sem a intenção de respondê-lo. Mas parei abruptamente, virei-me para ele outra vez, seus olhos fixos em mim.
— Algumas pessoas são mais perigosas que certas verdades ou espadas.
Não esperei que ele respondesse algo. Marchei rapidamente para fora da biblioteca sentindo meus pulmões ardendo. Respirei profundamente antes de praticamente correr até a minha casa. Meus pais ainda não haviam retornado, pelo que a minha mãe disse, só voltariam daqui uma semana.
Eu devo dizer que estou muito satisfeita com os meus avanços, mas algo no que Scorpius me disse me deixou totalmente desconfortável. E se ele realmente souber de algo que seria importante para a minha pesquisa? Talvez se eu me aproximasse dele para trabalharmos juntos, as coisas poderiam ser mais rápidas...
— Isso nem faz sentido, se a gente não misturar as cascas de salgueiro enquanto ferve não vai dar certo. — Scorpius segurou suavemente as minhas mãos.
— Ma Belle, se misturar isso agora, vai deixar no tom e no cheiro errado. Tem que misturar quando estiver morno, fora do fogo e aos poucos.
— Mas aqui... — Seus dedos tocaram os meus lábios, me calando e me fazendo encarar seus olhos azuis cinzentos.
— Confie em mim, Ma Belle. Você confia? — Balancei a cabeça, concordando. Seus dedos longos pegaram os frascos dos ingredientes sobre a nossa bancada do laboratório da escola. Aos poucos o loiro acrescentou as cascas de salgueiro, pós retirar o pequeno recipiente das chamas e mexendo suavemente por longos minutos.
— E então, deu certo? — Perguntei depois de longos minutos de espera.
— Eu acho que sim. No livro diz que o resultado tem que ficar em um tom azul topázio. — Olhamos juntos para nossa mistura e concordamos. O anel sobre o dedo dele reluzindo em contraste aos pequenos raios de sol.
— Scorpius...
Seus olhos fixaram nos meus, senti minhas bochechas arderem quando me inclinei e deixei um beijo em sua bochecha. Seu pescoço e rosto ficaram rosados.
— Você é genial. Com certeza quando trabalhamos juntos somos os melhores.
Balancei minha cabeça, tentando espantar aquelas lembranças de minha mente. Peguei o grimório outra vez, abrindo-o para tentar me distrair e não pensar na possibilidade de pedir ajuda a ele.
Ao passar uma das páginas, uma folha dobrada e amarelada caiu sobre o meu tapete. Pisquei algumas vezes olhando para aquele papel, como eu não o percebi antes? Recolhi o papel do chão, desdobrando-o e encontrando mais e mais códigos na mesma escrita do grimório, mas também havia alguns símbolos que lembravam os que estão na espada.
Alcancei o livro de códigos, abrindo-o em uma das páginas que eu havia decorado ter algumas informações importantes. Olhei novamente para aquela espécie de pergaminho antigo, sua escrita quase apagada. A letra, pequena e apertada neste idioma que eu não faço a menor ideia do qual seja.
Com certa hesitação, comecei a comparar os códigos do pergaminho com os do livro. Cada palavra se encaixando como um quebra-cabeça. A adrenalina começando a tomar conta de mim.
Cerca de 4 horas depois, finalmente havia decifrado as primeiras linhas. Meus olhos percorrendo sobre as palavras em uma língua que eu consigo ler.
"O portador do aço sagrado não carrega apenas poder, mas também a sentença dos céus. Aquele que despertar a lâmina deverá provar ser digno de sua escolha, ou sofrerá com a irá de seu verdadeiro dono".
Meu coração disparou. A lâmina a que este texto se refere só pode ser a mesma da espada que estava no museu. Mas como isso se conecta comigo? Ou com minha família, já que este documento estava dentro de um grimório antigo que pertenceu ao meu avô e depois ao meu tio? Até mesmo Scorpius parecia saber sobre a espada.
Peguei o meu celular, com a ideia de ligar para o tio Julian, mas hesitei. Já é bem tarde e o tio Julian não me pareceu saber nada sobre o grimório e muito menos sobre esse documento. Desisti de fazer a ligação e voltei para os livros que trouxe da biblioteca e o meu livro misteriosos, anotando e pesquisando a fundo seus enigmas quase impossíveis de decifrar. Minha busca frenética sobre qualquer coisa que citasse qualquer referência à lâmina dos serafins. Finalmente, depois de um longo período de pesquisas, encontrei uma ilustração em um site e uma pequena descrição sobre essa tal lâmina no livro. Uma espada de lâmina longa, com detalhes angelicais e runas brilhantes gravadas em sua extensão.
— A espada do arcanjo... — sussurrei para mim mesma, os olhos fixos na página.
É bem mais que uma simples adaga. É uma arma celestial, perdida há séculos, e de alguma maneira agora em minhas mãos, sobre minha responsabilidade. Fechei o livro e respirei fundo, tentando processar o que acabei de descobrir. O peso dessas informações parecendo esmagar os meus órgãos.
Mas uma pergunta ainda persistia em minha mente, por que Scorpius pareceu tão interessado na espada? Seria apenas uma coincidência ele reaparecer exatamente quando tudo isso começou?
Resolvi pesquisar um pouco sobre os tais antigos portadores da Espada do Arcanjo, talvez na internet pudesse ter algum resultado mais rápido. Enquanto lia um artigo que falava minimamente sobre, um som vindo da minha janela me fez congelar. Virei-me lentamente, mas tudo o que vi foi minha própria silhueta refletindo sobre o vidro. O vento parecia ter aumentado no lado de fora. Apesar do medo que senti, minha mente permanecia criando várias e várias teorias sobre o que de fato essa espada pode fazer.
Bonjuor!! Olha mulher, tamo aqui firme e forte com essa história, honestamente, eu queria muito soltar todos os capítulos que já estão prontos, mas, preciso controlar a minha ansiedade e seguir com o planejamento.
Espero que estejam gostando dessa história e estejam ansiosos pelos próximos capítulos tanto quanto eu.
Não deixem de votar e deixar seus comentários durante a história.
Beijos de luz,
Kalisa.
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