002
Não deixem de votar e comentar durante a leitura do capítulo!
.....................................................
CAPÍTULO 002
Um Olhar Para o Passado
Minha respiração me dava a ideia de que eu havia corrido uma maratona completa contra o atual medalhista de ouro mais rápido do mundo. A fatia de torta de morango com frutas vermelhas de Núbia era a única coisa capaz de me fazer respirar normalmente outra vez e obrigar o meu cérebro a funcionar corretamente outra vez.
Guiei o garfo com a torta que eu tanto aprecio até os meus lábios e praticamente gemi ao sentir aquele sabor contra o meu paladar. Com a nossa abertura das festividades, a parte reservada para o baile estava cheia de casais dançando ao som dos músicos. Mesmo que Ravenbourg seja uma cidade moderna, suas construções antigas e suas tradições quase medievais sempre deixaram os turistas completamente encantados.
Balancei meus pés que não alcançavam o chão enquanto deixava os meus olhos vagarem pelas crianças que corriam alegremente pelo pátio. Meus sapatos estavam escondidos sobre a barra do meu vestido, meus dedos gritando para serem libertos daquele aperto. Que minha mãe nunca descubra que estou descalça em um evento, eu poderei me considerar uma pessoa morta.
— A torta de morango com frutas vermelhas da Núbia são de longe uma das melhores coisas desse baile. Só perdem pelo fato de você ter voltado para casa. — Sua voz ao canto do meu ouvido me deixou completamente arrepiada e com raiva ao mesmo tempo.
— O que você acha que está fazendo? — Calcei meus saltos novamente de uma maneira discreta e ergui o meu corpo, mesmo assim precisei erguer minha cabeça para olhar em seu rosto.
— Qual foi, Ly. Não pode me evitar para toda a sua vida. — Peguei o meu prato com o pedaço de torta e passei por ele esbarrando propositalmente em seu braço, já que não alcançaria em seu ombro.
— Acredite em mim, eu não só posso como já fiz isso por dez anos.
— Você não estava aqui, é claro que não precisaria nem tentar. Mas agora... — Lhe interrompi, virando abruptamente em sua direção e apontando um dedo em seu rosto.
— Agora? Não existe agora, Molaschi. Nunca existiu e nunca irá existir. E se quer saber, nem mesmo passado existe.
— Não pode apagar o passado, Lilly. Mesmo que não suporte essa ideia, sabe que não pode desfazer o que foi feito. — Seu corpo se inclinou para que sua cabeça pudesse se aproximar do meu ouvido. — Mesmo que você me odeie, nunca vai conseguir tirar da sua cabeça que um dia nós já fomos...
— Não. Você não vai entrar na minha mente, Molaschi. Me faça um grande favor e não me procure novamente. Me deixe em paz.
Sai sem dar-lhe tempo para responder. Largando o meu prato em alguma mesa qualquer.
Mal me importei em todas as pessoas que esbarrei pelo caminho, só preciso respirar – ficar longe dele.
Ao conseguir me livrar daquele tumulto, finalmente consegui um lugar longe suficiente daquelas pessoas para tentar acalmar os meus pensamentos e consequentemente os meus batimentos cardíacos. Ele não deveria ter toda essa influência sobre mim. Eu não posso perder o controle por causa dele.
— Você está bem? — Uma voz gentil me atingiu. Virei em direção a mesma e vi uma garotinha de mais ou menos 12 anos me observando.
— Estou, eu... só precisava respirar um pouco.
— Minha mãe disse que não era para a senhorita estar aqui. É perigoso para alguém da sua classe. — Olhei ao redor, notando os olhares curiosos das pessoas sobre mim. Não percebi que havia me afastado tanto a ponto de estar na divisão dos rebeldes. — Eu posso acompanhar você, se você quiser, é claro.
Os olhos verdes e redondos da menina me olhavam como se eu fosse uma espécie de celebridade. Respirei fundo e concordei, ela estendeu a mão para mim e eu a segurei, seus dedos pequenos e frágeis eram mais ásperos do que eu poderia imaginar.
— A sua mãe está por aqui? — Questionei e ela apontou para uma senhora de idade já avançada que sorriu sem mostrar os dentes e acenou para nós. Me pergunto como é possível que com todos os recursos que temos aqui em Ravenbourg, estas pessoas passem por uma situação dessas. — Pode chamar ela aqui?
A garotinha soltou minha mão e se dirigiu a mulher. A mais velha ergueu seu olhar assustado para mim e desviou para sua filha novamente. Ela pegou um pedaço de madeira, apoiando seu corpo no mesmo e caminhou mancando até onde eu as aguardava.
— A senhorita precisa de algo? — Sua voz tremula me deixou apreensiva. Ela parece tão frágil em suas vestes simples e desgastadas.
— Gostaria de me acompanhar até a minha mesa? — Seus olhos dobraram de tamanho com meu convite. Sua cabeça balançou em negação e eu me aproximei, segurando uma de suas mãos totalmente tremula. — Terei que insistir. O baile é para todos os moradores, não é justo que fiquem aqui sem participar. Venha comigo, a torta de morango que a Núbia fez está divina.
— Eu agradeço a sua boa intenção senhorita, mas eu não posso realmente. – Senti um aperto no peito por sua recusa, mas optei em não insistir ainda mais.
— Sinto muito por toda essa situação, se tiver algo que eu possa fazer para ajudar, é só me dizer.
— Apenas volte para junto das pessoas que são como você. Não deveria ter vindo até aqui senhorita, principalmente desacompanhada e a esse horário. – Olhei em seus olhos, estavam frios como uma noite de inverno.
— Eu só... obrigada pela preocupação e pela ajuda. – A senhora assentiu em resposta e sua filha segurou a minha mão outra vez, voltando a me guiar para o parque central. Assim que nos aproximamos da ponte que dava acesso as tendas da festa, a menina parou bruscamente. Parei junto dela enquanto ela largava minha mão.
— Senhorita, precisa de mais alguma coisa?
— Pode me esperar aqui por alguns minutos? Quero te dar uma coisa em gratidão por ter me ajudado. — Seus olhos verdes brilharam com a minha proposta, sua cabeça balançando em concordância.
Me apressei em voltar para as tendas e encontrei Núbia servindo algumas pessoas na mesa gigantesca de comidas que haviam sido preparadas para essa noite. Passei pelos garçons que me olhavam com curiosidade enquanto eu seguia até a cozinha organizada especialmente para este momento.
— Senhorita Winckler? O que está fazendo aqui, precisa de algo?
— Ah, Núbia! Que bom que apareceu, pode preparar uma cesta grande com os melhores pratos e sobremesas, por gentileza? — A mais velha me olhou com curiosidade, mas apenas seguiu o meu pedido. Em menos de 5 minutos ela voltou me entregando uma cesta enorme cheia de comidas e frutas.
— Não sei bem o que pretende, mas tome cuidado. – Sorri em resposta e me virei em direção a mesa de doces, peguei uma das tortas de morango com frutas vermelhas e a equilibrei entre os meus dedos. Algumas pessoas me observavam de canto de olho, tentando entender para onde eu iria com toda aquela comida. Certamente não seria para minha casa, levando em consideração que temos o suficiente para dar conta de alimentar um grupo com mais de alguns milhares de pessoas.
Assim que cruzei a ponte, a garota estava me esperando encolhida em um parapeito da ponte.
— Aqui, pegue isso. – Ela recuou um pouco quando lhe estendi a manta que fazia parte do meu vestido, mas quando sentiu a macies e o tecido lhe aqueceu, logo aceitou. – Consegue carregar isso sozinha?
— Senhorita, é muito gentil. Ninguém costuma ser assim com a gente. – Ela esticou os braços para segurar a cesta e teve êxito imediatamente.
— Você é uma menina muito linda, sabia? – Ela sorriu, mas se encolheu e se afastou um pouco quando outra pessoa se aproximou de nós.
— Fazendo caridade, Winckler? – Amara Beckett sibilou atras de mim. Vi quando a garotinha tremeu e suas pernas sujas e com pequenos arranhões vacilaram por um momento.
— O que veio fazer aqui?
— Ah, nada demais. Só vi você sair com uma cesta enorme e decidi ver até onde estava indo. Tinha certeza de que não estava roubando para levar para casa. – Seu tom carregado de sarcasmo me fez revirar os olhos.
— Bem, agora que já sabe aonde vim, pode ir embora. Não concorda? – Ela assumiu uma postura mais rígida e eu olhei na mesma direção que ela. Alguns homens malvestidos nos encarando no beco em que dava para o local onde os refugiados se exilavam.
— Acho melhor irmos embora, Lilly.
— Pode ficar com a manta. E leve comida para a sua mãe e para quem estiver precisando, tem bastante coisa na cesta. – Amara puxou o meu braço e pude ver por cima dos ombros quando a menina correu em direção a um dos homens, o qual ela entregou a cesta com um imenso sorriso nos lábios.
— Ficou louca, Lilly? Sabe que ir até lá é perigoso. – Sentamo-nos perto da fonte. Os olhos verdes de Amara me fitando intensamente.
— Nunca nos proibiram de ir ao lado dos rebeldes, o que aconteceu?
— Eu não sei exatamente, só ouvi meu pai comentando sobre rebeliões e uma morte. – Arregalei os olhos, nunca ouvi falar que os rebeldes haviam matado alguém. Sempre foram pacíficos, apenas pessoas que se rebelavam contra o congresso e que não queriam viver sobre suas ordens. Mas pelo estado em que vi brevemente aquele lado onde antes possuía fábricas, lojas e casas simples, parecia mais estar abandonado do que jamais esteve.
— Eu não fazia ideia. Apenas precisei de um momento sozinha e sequer percebi que tinha me afastado tanto. Foi quando aquela menina apareceu e me trouxe de volta.
— Que ótimo que foi ela ao invés de um velho tarado. – Não pude deixar de rir com seu comentário. – Tudo bem, agora que já sabe sobre o histórico deles, não deve voltar lá.
— É claro...
— Vamos tomar um drink? O Nyck quase se jogou dentro da fonte ano passado depois da disputa de tequila. Você precisava ver a cara de desespero dos pais dele quando viram ele quase agarrando a senhora Brigite.
Uma pequena risada escapou de meus lábios. Eu não posso permitir que minha vida gire em torno do Molaschi. Já que estou de volta à Ravenbourg, tudo o que posso fazer é aproveitar os momentos de diversão que essa cidade pode me proporcionar.
As caixas empilhadas no galpão do museu da universidade, eram como encontrar o tesouro no fim do arco íris. De volta a rotina e no meu verdadeiro proposito de ter retornado, coloquei as luvas em minhas mãos para finalmente poder dar início ao trabalho.
A maior parte das caixas que foram enviadas para os nossos estudos já haviam sido abertas e os objetos levados para o centro de pesquisas da Universidade de Ravenbourg. Apenas alguns que foram considerados como frágeis demais ou perigosos – seja lá o que isso signifique exatamente, - ficaram sobre responsabilidade do grupo mais experiente na área. Nesse caso, eu e as pessoas que já se formaram e atuaram na área obtendo sucesso.
Uma caixa esculpida em ouro e prata maciços me chamou a atenção, ela parecia ter um brilho fora de normal, mesmo que dentro da sala em que está não tenha luz diretamente do sol. Segurei o objeto em minhas mãos, o guiando até minha mesa de estudos. Ao abrir a caixa, franzi minha expressão.
O que uma espécie de adaga – muito curta para ser uma espada, mas longa o suficiente para não ser uma simples faca, - estava fazendo no meio dessas coisas? Até onde fiquei sabendo, apenas livros e documentos estariam nesta carga. Abri o meu notebook para revisar o catálogo de itens que estavam disponíveis para estudo. Nada sobre uma adaga brilhante em uma caixa de luxo. Se não está no catálogo, como isso veio parar aqui?
— Amara — chamei pela mulher que ergueu a cabeça entre a pilha de caixas que separava por ordem de relevância do item. — Você sabe se nesta remeça tem alguma adaga ou espada?
— O que, não tem nada falando sobre armamentos nos nossos estudos dessa vez. — Ela ergueu uma das sobrancelhas. — O que você encontrou?
Seus passos vieram em minha direção, seu cabelo em um coque todo bagunçado.
Os olhos da garota observaram atentamente o objeto, tentando decifrar em pensamentos de onde ele havia surgido.
— Já viu algo parecido com isso antes?
— Não?! Nem quando estudei sobre armas gregas vi algo parecido com essa aqui. — Seus olhos fixos no objeto cortante o estudavam minuciosamente, tentando encontrar qualquer índice que pudesse indicar de onde ele deve ter vindo.
— Que droga, vou ter que informar que um objeto veio para o destino errado. Você segura as pontas por aqui? Não vou me demorar muito, só tenho que fazer uma ligação e enviar um e-mail para o meu supervisor.
— Achei que você tinha sido promovida.
Ela estalou a língua enquanto arrancava as luvas de seus dedos, deixando suas unhas medias e pintadas de vermelho sangue ficassem amostra.
— Eu fui, mas isso não quer dizer que ainda não precise de um supervisor mais experiente. Não me leve a mal, Lilly, eu só tenho 27 anos. Não sou uma anciã se é isso que esperava de mim.
Soltei uma gargalhada e a morena de cabelos lisos deu uma piscadela para mim enquanto saia do galpão com sua calça jeans justa e seu típico estalar de dedos quando estava pensando demais.
Concentrei meu olhar sobre o objeto na mesa enquanto suspirava. Quantos segredos será que essa relíquia guarda? Será que já matou alguém ou só era usado como enfeite na casa de alguém muito rico e que gostava de colecionar objetos cortantes? Será que de fato é algo histórico ou só um pacote que veio para o destinatário errado?
Retirei a adaga de sua caixa e observei os detalhes esculpidos em seu cabo. A parte onde seguramos é inteiramente feita com um tipo de metal. Prata, para ser mais específica. Já sua parte cortante é com algo parecido com ouro, mas algo me faz acreditar que em seu componente não tem apenas ouro. É um pouco menor que o meu antebraço, mas tão intrigante e hipnotizante quanto.
— Atrapalho? — Uma voz surgiu ao fundo da sala. Senti meu coração disparar com o pequeno susto. Guardei a adaga em sua caixa devidamente e girei sobre os calcanhares.
Senti meu estomago embrulhar no momento que meus olhos captaram suas madeixas loiras, inconfundíveis diga-se de passagem. Apertei a bancada da mesa atrás de mim e acompanhei seus passos lentos e seu olhar atento sobre os objetos que estávamos separando para os estudos.
— Como entrou aqui? — Não pude conter a minha cara de surpresa. — Não importa, vai dar meia volta e voltar por onde entrou.
Um sorriso presunçoso se formou em seus lábios.
— Não antes de falar com você. — Olhei pela primeira vez em seus olhos —desta vez menos cinzentos que no dia do baile, semana passada.
— Não temos nada o que falar, se me der licença, preciso voltar ao trabalho. — Virei de costas para ele tentando não gritar e expulsá-lo daqui a socos e pontapés. O som de uma cadeira sendo puxada ecoou pelo lugar, indicando que esse imbecil estava se sentando sem a minha permissão.
— Esculta aqui, Molaschi, este aqui é o meu local de trabalho e eu não vou tolerar receber reclamações por você ter danificado nem um dos objetos de pesquisa. — Após finalizar minha fala, o loiro derrubou uma pequena caixa de madeira no chão ao erguer seus pés sobre a mesa que ela e outras estavam postas. Senti meu sangue ferver instantaneamente. — Mas que porra!
— Desculpa! Eu não tinha visto. — Dei um tapa forte em seus sapatos de couro, forçando-o a retirar os pés da mesa. Me inclinei na direção da caixa, colocando os documentos e outros papeis de volta em seu interior. — Olha, Lilly, eu só quero conversar com você, tá legal?
— E quem te falou que eu quero conversar? E principalmente se for com você? — Meu tom ácido pareceu incomodá-lo, já que se mexeu desconfortável sobre a cadeira.
— Não fode, só me escuta, por favor.
— Não fode? Se fode você! Acha que eu tenho a obrigação de te escultar! Pois eu mesma te digo, Scorpius, você está morto para mim há dez anos quando eu viajei para a Itália. Por tanto, trate de ser um bom fantasma e não ficar me perturbando como um vivo faria.
— Quer que eu te implore? É isso?
— Qual o seu problema?
— Vários, para ser bem sincero... — odeio como ele consegue fazer piadinhas em meio as discussões. Um dia ele ainda vai ganhar um belo soco por ser esse grande idiota inconveniente. — Olha, eu preciso que você me esculte. Nem que depois disso você não queira mais me ver nem pintado na sua frente.
— Eu não quero te ver pintado nem agora, quem dirá depois. — Ele riu, antes de me olhar intensamente.
— Imaginei que fosse dizer isso, por isso eu pensei em um plano B. — Encostei sobre a mesa e observei um resquício de tatuagem em seu pescoço, lembro-me que ele não tinha nem mesmo uma simples cicatriz que fosse em seu corpo. Ele sempre adorou praticar exercícios e manter seu físico impecável, o que deve ter acontecido para que ele decidisse fazer tatuagens? Sacudi a cabeça para espantar esses pensamentos.
— Plano B? Se você tivesse um alfabeto de planos, ainda sim eu não estaria interessada em falar com você.
— Desde quando você se tornou assim, tão difícil de convencer?
— Para você, deixa eu pensar... Desde sempre, filho da puta.
— Sem palavrões, Ma Belle. — Senti minha coluna vertebral se desestabilizar no momento que aquele apelido saiu por entre seus lábios.
— Sabe, Ly, eu acho que deveria te dar um apelido. — Virei meu rosto em sua direção. Seus olhos azuis fitando intensamente as estrelas.
— Mas você já me chama de Ly, e só você pode me chamar assim.
— Eu sei, mas esse é meio que só de amigos. Eu li um livro nesse último fim de semana e o vilão chamava a garota por um apelido que só eles dois entendiam. Achei que você fosse gostar da ideia. Mas deixa pra lá.
— Não, eu gostei. Mas como vamos fazer isso? Tem alguma ideia? — Scorpius virou seu rosto em minha direção, suas sardas se destacando por sua pele estar levemente rosada.
— Bem, não exatamente. Mas queria comentar sobre a ideia, Ma Belle...
— O que?
— O que?
— Do que você me chamou?
— De Ly. — Seus olhos novamente voltados para o céu.
— Eu podia jurar que tinha escutado outra coisa. — Ele sorriu e sua mão deslizou lentamente até tocar suavemente em meu cotovelo, fazendo um carinho que só ele sabia fazer.
Minha cabeça parecia querer explodir. Esse tipo de memória é algo que eu passei os últimos dez anos tentando enterrar.
— Não me chame por esse apelido. Por nem um apelido. Se poder me fazer um favor, nunca mais repita nem mesmo o meu nome.
— Acredito que não estou te pedindo muito, Winckler. Se me ouvir agora, juro que paro de te procurar e te deixo em paz. — Ergui meus olhos para olhar diretamente em seus olhos. Estavam tênues, como um mar tranquilo. E isso me assusta.
— Está. Está pedindo o equivalente a doar meus dois rins e morrer sem meu próprio corpo ser capaz de fazer suas funções corretamente.
Em um baque seco, a cadeira que ele estava sentado foi arremessada sobre a parede, se desfazendo em mil pedaços. Sobressaltei para trás pelo susto.
— Eu estou tentando, okay?! Eu quis fazer do seu jeito, mas você não colabora. Você sempre acha que pode ser perfeita, não é, Ma Belle? Quero ver até quando isso vai durar.
Completamente paralisada, o acompanhei caminhar calmamente com as mãos em seus bolsos. Meu coração parecia querer pular para fora do meu peito e a minha respiração pode ser qualquer outra coisa, menos regular. Me segurei sobre a mesa, forçando minhas pernas bambas a se dobrarem para sentar-me na minha cadeira, em frente à minha bancada de trabalho.
— Não encontramos nada sobre essa adaga em nem um dos arquivos. O Rubens entrou em contato com os entregadores e eles negaram qualquer tipo de reclamação de alguém que pediu uma adaga. — O som da voz de Amara me obrigou a me acalmar. Passei as mãos pelo rosto, tentando aliviar toda a tensão que pudesse estar em minha face.
— Então o que você pretende fazer com ela?
— Sinceramente, não faço ideia. Ela é bem bonita, mas não parece ser mais que uma adaga qualquer feita para decoração.
— E se não for só de enfeite? — Questionei, tentando forçar minha mente a pensar em outras coisas.
Como um lago com águas calmas e cisnes nadando em sua superfície.
— Bom, eu tenho uma pilha de documentos codificados para traduzir. Nem que eu quisesse conseguiria pesquisar sobre ela. — Meus olhos se voltaram para a adaga outra vez. Algo me diz que ela não parece ser apenas de decoração.
— Posso ficar com ela, então? Posso pesquisar sobre quando tiver um tempo livre.
— Não vejo problemas, só vou te dar um termo de responsabilidade. Caso seja algo importante, poderá ser exposta em outro momento no museu de armas históricas da universidade, ou servir para estudos. — Forcei um breve sorriso. Antes de se virar para providenciar o termo de responsabilidade, Amara me fitou com o cenho franzido. — Está tudo bem, Lilly? Parece que você viu um fantasma.
— Antes fosse um fantasma...
— Está realmente bem? Posso pedir que alguma enfermeira venha te ver.
— Não, não é necessário. Foram só pensamentos indevidos para o momento. Vamos voltar para o trabalho, essa pilha de documentos codificados não irá se descodificar e nem traduzir sozinhos.
Ela forçou um sorriso, voltando para os seus afazeres.
Minha mente está uma completa bagunça; Ele me deixou uma completa bagunça.
O que ele quis dizer com "Quero ver até quando isso vai durar"? Eu realmente não consigo entender aquele idiota. Sempre se acha o centro do universo, o único que sabe das coisas e o dono da razão. Mas, seja lá o que ele quis dizer com aquilo, eu vou mostrar para ele que está errado.
Eu não preciso que ele tente me controlar, me manipular. Se Scorpius Molaschi acha que vai me intimidar, espero que alguém o avise que a Lilly que deixou está cidade há dez anos, está morta. E foi ele mesmo que a matou.
Segundo capítulo postado! Eu espero muito que essa história esteja do agrado de vocês, eu estou dando o meu melhor em cada capítulo e torcendo que atraia leitores novos para Dominion. Quero pedir que deixem seu voto a cada novo capítulo e comentem também, é dessa forma que eu consigo saber se a história esta do agrado de vocês e também consigo um engajamento legal do meu trabalho.
Bem, espero que gostem do segundo capítulo e vejo vocês no próximo!
Beijos de luz,
Kalisa.
Minhas redes sociais:
Instagram: autorakalisa
TikTok: autorakalisa
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro