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9: Meu senhor

Damiano odeia vadias que não comentam e nem deixam like!

O mundo
é um puteiro sujo
onde quem sente muito
está sempre sendo
fodido.

Que covardia.

Arthur Diogo, em Essa intensidade me fazendo mergulhar.

• • •

• DAMIANO RUSSO •

Desço as escadas após o exercício matinal e o devido banho, pronto a preparar algo para o desjejum.
Os meus cabelos estão soltos porque fiquei com preguiça de usar o secador depois do banho e decidi deixá-los secarem naturalmente, então passo a mão neles de segundo a segundo, ordenando-os para não molharem o meu rosto.

Passo pela sala de estar e constato o silêncio glorioso na casa. Suspiro em alívio, não vou ter que lidar com a Giada hoje. Ela é problemática e tenta uma aproximação sempre que me vê. Sinto que acha que temos algo diferente de amizade e parceria depois do meu deslize, e me incomoda sempre que tenho que colocá-la no seu lugar. Então simplesmente a evito.

Quase fico de bom humor ao ver que não lidarei com ela esta manhã, mas automaticamente o meu ânimo desmorona. Nunca tive nada de graça mesmo.
A hacker está na cozinha, atarefada com algum tipo de nassa em uma taça no balcão e assobia como se já vivesse aqui há anos.

— Bom dia — cumprimento, já em direção ao frigorífico para pegar um pouco de queijo e um pote de peito de frango desfiado, que eu faço questão de ter sempre para o desjejum.

— Bom dia, flor! — devolve, radiante, e eu franzo o cenho com o apelido — Não precisa, já estou a cuidar disso.

— O que é isso? — aponto para a taça nas suas mãos.

Tenho quase a certeza de que não posso comer o que quer que ela tenha decidido fazer.

— Panquecas — ergue a colher e faz a massa escorrer como demonstração — E antes que você diga que não vai comer, pelo açúcar, saiba que coloquei mel para adoçar.

— Não vou comer na mesma — dou de ombros, indo pegar o pão integral no armário — E antes que você diga que eu não vou comer porque não gosto da sua comida, o que seria estranho já que eu nunca provei, saiba que sou alérgico.

— À panquecas? — ela franze o cenho e entorta o nariz. Eu a olho com estranheza. Alérgico à panquecas?

Ao mel — esclareço enquanto monto a minha sanduíche no balcão partilhado com a Giada — E ao leite de vaca também — aponto com o indicador para o pacote de leite que ela comprou na mercearia, que certamente usou para as panquecas.

— Merda — solta baixinho e larga a colher de qualquer jeito — Eu acordei cedo para um caralho e comprei tudo o que não tinha para o desjejum...

Noto o seu desânimo e encolho os ombros. Não sei bem o que dizer ou fazer. Não lido bem com tristeza ou qualquer outro tipo de emoção negativa vinda de outras pessoas. Eu simplesmente não me importo. E ver a Giada chateada porque se esforçou para me agradar e se frustrou, não desperta empatia em mim, como deveria. Então a encaro como se a situação fosse normal.

— Deveria perguntar por que eu não tinha leite e mel em casa. Todo mundo tem — fecho a sanduíche e guardo o queijo, que é de cabra, e o frango desfiado.

— Talvez tivesse acabado — murmura, entristecida, a olhar para a tigela de massa agora inútil.

— Você está aqui há quase duas semanas e nunca viu um mísero litro de leite normal, nem uma gota de mel — me sento no banquinho e dou uma trincada na minha sanduíche.

— Não piora a minha situação, Dami! — guincha, irritada — Eu fiz até um bolo e você não vai poder comer...

— Para que tudo isso? Sabe que é demais para duas pessoas, não sabe? — passo a mão no cabelo, que ameaçou tocar a minha comida.

— Por isso é que seremos três, duh — solta e eu ergo uma sobrancelha.

Não tenho tempo para perguntar de que porra a Giada falou, pois a campainha toca e ela dá um pulo de alegria, abre um sorriso que não estava ali antes. Eu me pergunto que será em plena manhã e como ela sabia e eu não, já que a casa é minha.

Não gosto de receber visitas inesperadas, e gosto menos ainda do facto da Giada ter convidado alguém sem o meu consentimento.

— Ele chegou! — esfrega as mãos uma na outra.

— Ele quem? — largo a metade da sanduíche no prato.

Como ela se atreveu a chamar alguém para a minha casa, sem que eu soubesse? Se ela pedisse, eu não aceitaria, mas ao menos isso seria o correto a se fazer. Não trazer uma pessoa qualquer para o meu espaço pessoal, como se fosse dela também.

— Eu vou abrir a porta — anuncia e saiba correr para fora da cozinha.

— Giada! — chamo, o meu timbre endurecido pela consternação, tal como os meus punhos cerrados ao lado do corpo.

Me levanto do banco e sigo os seus passos. Sem muita escolha, paro no meio do caminho quando a porta se abre e revela o convidado, que a Giada abraça, muito sorridente.

Eu ergo uma sobrancelha em descrença. Isso só pode ser uma brincadeira...

— Como você está, magricela? — ele cumprimenta e larga a mala grande perto da parede, muito à vontade pelos vistos.

— Eu estou ótima. Ainda bem que já está aqui! — ela responde e só falta beijá-lo na boca de tanta proximidade e empolgação.

Eu observo tudo, atônito. Os meus olhos se abrem mais e ardem tanto, que eu tenho que piscar repetidas vezes para fazer o ardor passar. E na terceira vez que abro os olhos, ele já está na minha frente. Com a boca escarranchada em um sorriso, ele me puxa para um abraço irritantemente caloroso, que me deixa com arrepios e vontade de me soltar no mesmo segundo.

Il mio primo querido — ele cumprimenta e deixa dois beijos nas minhas bochechas, que me deixam enojado.

Ele é chato desde criança, e sabe que eu odeio isso, mas continua a fazer porque tem prazer em me irritar. Quando éramos pequenos era até divertido, eu era igual a todas outras crianças, mas depois dos dez anos, muita coisa mudou em mim.

Me desenvencilho do abraço e não escondo o meu descontentamento. Não era suposto ele estar aqui tão cedo, eu mal tive tempo de me lembrar que ele viria.

— Lorenzo — solto e cruzo os braços na frente do peito, uma forma de demonstrar o meu descontentamento.

— Sim, primo, sou eu, o Lore — brinca, mas sem arrancar um só sorriso de mim — Olha, Gia, ele está tão surpreso que não consegue esconder a alegria. Eu também estou feliz por estar aqui, Dami.

— Ele está extasiado — Giada entra na onda e prende uma risada, sabendo que não, não estou feliz.

Ele tenta me abraçar de novo, mas eu impeço, empurrando-o pelo peito.

— O que faz aqui? — pergunto, confuso — Eu falei para o zio que tinha que me organizar. Só passaram três dias desde que ele ligou, você não tinha que estar aqui ainda.

— Calma, primo, calma — ele estende as mãos, cauteloso — Eu precisei vir mais cedo porque uma vaga de emprego não é eterna e eu tinha uns papéis pra' assinar antes de começar.

— Sabe o que é um hotel? — pergunto, cínico — Vem que eu te mostro.

Agarro-o pelo ombro e dirijo-me à porta, mas ele se solta do agarre e ajeita as roupas que amassei. Está bem vestido, observo.

— Nem todos herdaram uma pequena fortuna dos pais, Dami. Eu não tenho dinheiro para pagar um hotel agora.

Contextualizando, depois que os meus pais morreram, o testamento do meu pai foi lido e havia uma grande quantia em euros que ele economizou por anos para subir o seu projeto. E a minha mãe tinha algumas jóias com algum valor, que eu vendi e deixei apenas as de família.
Com isso, eu multipliquei a quantia deixada para mim, o único filho, e consegui comprar as ações na LeBlanc, que foram bem caras, por sinal. Por isso eu tenho o dinheiro que tenho e não me faltam as coisas às quais estou acostumado.

— E eu não tenho cabeça para aturar dois desnaturados de uma vez — aponto para os dois melhores amigos, que me olham do mesmo jeito que me olhavam quando eu os repreendia na adolescência.

— Olha, mano, eu prometo me comportar. Eu não sou mais o mesmo Lorenzo de antes. Olhe para mim, estou de terno — se exibe ao dar uma volta com um sorriso de orelha à orelha.

O rapaz de topete castanho-claro e olhos escuros nunca foi muito confiável. Costumava fazer pequenos furtos em casa e na rua quando precisava de dinheiro para as suas frivolidades, e já chegou a pegar uma grande quantia em espécie do escritório do meu tio. Ele roubava porque gostava, não exatamente por necessidade, é isso só piorava na recepção que todos nós sentíamos. Vincenzo, que é mais velho e viúvo, teve que atuar como advogado do filho inúmeras vezes, e passar a mão na cabeça dele, já que a perda da esposa o havia deixado mais apegado ao pestinha. Mas eu nunca fui do tipo leve. Eu socava o menino quando tinha que ser, pois ele não era mais uma criança, e ameacei que se ele fizesse algo parecido novamente enquanto eu estivesse fora, eu mesmo o tiraria de casa para que o meu tio ficasse em paz.

Agora ele me aparece todo cheio de pinta e acha que vou acreditar na sua mudança do dia para a noite. Nada me faz crer que ele não continuaria a fazer o mesmo se não tivesse esse emprego.

— Roubado? — provoco e aponto para as suas roupas.

— Damiano! — Giada repreende, mas eu não ligo, ele já recebeu pior de mim — Ele é o seu primo, seu sangue...

Italianos priorizam o sangue acima de tudo, já que a família é a primeira a nos dar a mão quando caímos, mas eu nunca fui muito de seguir essa regra.
O sangue deve ser leal e verdadeiro para com o seu sangue, não prejudicar como ele prejudicou, roubar e enganar.

— Não, Gia, deixa — o Lorenzo pede e se inclina para pegar a mala no chão — Eu vou encontrar um lugar para ficar, já que sou tão indesejado na casa do meu próprio irmão...

— Você colocou "irmão" nessa frase só para me fazer sentir culpado?! — guincho, tentado a agarrá-lo pelo colarinho aprumado.

— Funcionou? — a sua expressão idiota se ilumina, como sempre acontece quando consegue algo que quer.

— Não — digo, monossilábico.

— Então deixa eu tentar de novo — pigarreia, ajeitando as lapelas do casaco — Meu irmão, sabe que eu te amo mui...

— Você fica — interrompo, impaciente para as suas tentativas fracas de convencimento. Dizer que me ama é como conversar comigo sobre o clima — Mas nada de garotas, nada de dormir até tarde ou chegar tarde, nada de ouvir música alta, nem sujar e não limpar. Entendido?

— Você nunca foi muito divertido, mas desde quando se tornou um emo carrancudo e depressivo?

— Você está bem perto da porta. Não me custa nada te colocar para fora com socos — ameaço, me voltando para regressar à cozinha.

E como não há descanso para os ímpios, os dois vêm atrás, rindo de alguma surra que dei no meu primo ou algo assim.

— A minha mandíbula ainda dói, e já fazem dois anos — Lorenzo finge um tom de lamentação.

— Eu lembro, você teve que fazer uma recolocação e implantar alguns dentes — Giada brinca, rindo também.

Como eles podem falar de quando eu quase arranquei o rosto do meu primo num acesso de raiva, com tanta tranquilidade e animação? Estou rodeado de malucos, Giada e Lorenzo conseguem ser mais perturbados do que eu.

Vou até o frigorífico e pego o suco de uva que Giada fez.

— Isso tem mel? — ergo a jarra para ela, ignorando as suas gargalhadas altas.

É isso que eu tenho que fazer, ignorar ou vou colocar os dois para fora em dois tempos.

— Não, não adocei. As uvas estavam doces o suficiente — ela responde e eu sirvo um pouco para mim.

Hmm, o que tem aqui? Frango? — Lorenzo fala de boca cheia e eu me dou conta de que está com a minha sanduíche na mão, devorando como se fosse ele quem a fez.

O suco desce na minha garganta queimando, por mais gelado que esteja. Para não bater no meu primo logo no seu primeiro dia aqui, eu suspiro e saio da cozinha, pisando duro e resmungando sobre o quão irritante vai ser esse período com ele.

Tomara que Giada ache logo uma casa e o leve junto, porque eu não prometo ser um bom hospedeiro.

Cruzo a porta do meu quarto e me deito na cama para relaxar, respirar e pensar sobre o que acabou de se passar. Meu primo chegou e o meu ânimo, que já era quase inexiste, foi abaixo por completo.

Um "pin" de mensagem me tira dos meus pensamentos e eu olho para a mesa de cabeceira, onde o meu celular está disposto. Pego e olho a tela iluminada. Estava esperando uma mensagem dela desde cedo. Lambo o lábio inferior, satisfeito com o conteúdo dela.

Parece que ela já recebeu a encomenda.

Não consigo dizer se ela está só surpresa com o contrato, que já tem a minha assinatura, ou se está puta por ter que assinar um contrato para foder.
Mas é assim que funciona e sempre funcionou comigo. Se eu quero uma mulher para dominar, ela tem que estar ciente de que o nosso envolvimento não passará de um contrato, tendo o nosso consentimento por escrito.

Então, para testar o seu humor atual, decido provocá-la um pouco, mas com muita educação, é claro.

Reprimo uma risada porque ouço as vozes de Giada e Lorenzo no corredor, provavelmente ela está levando ele pro' único quarto de hóspedes que restou, para que se acomode.
Então me mantenho quieto, para evitar atiçar a curiosidade daqueles dois.

Às vezes eu sinto vontade de estrangular essa garota.
Mas aí eu me lembro de que já fiz e porra, o meu pau até dá um pulo dentro da calça de moletom. Vê-la agonizar pelo ar e sentindo prazer ao mesmo tempo foi a coisa mais linda que eu já presenciei.

Minha mão coça para espancar e degradar essa garota tão forte, que ela não será capaz nem de se levantar da cama no dia seguinte. É impressionante o facto dela continuar tão malcriada, mesmo vendo o que eu fiz com ela na minha sala, e sabendo que posso ir muito mais além.

Não respondo mais, apenas deixo o celular de volta na mesa de cabeceira, me levantando da cama num pulo, no intuito checar os dois adolescentes lá fora.

Mas quando me coloco em pé, meu corpo inteiro dá um tranco pra' frente e eu caio ajoelhado. A dor no peito chega com tanta intensidade, que um gemido agonizante escapa da minha garganta. Levo a mão ao peito e cravo os meus dedos na minha pele, buscando por alívio.
Fico todo arrepiado, minha pele sobreaquece subitamente e eu já sei o que vem depois, por isso me preparo para as lancinantes pontadas nas têmporas.

"Saudações, alma".

Meu estômago revira e a bile percorre o caminho acima, me fazendo curvar o tronco só para impedir o vômito.

— Preciso que...pare de me causar tanta...dor — digo em resposta, me afundando em agonia — Não precisa disso para se mostrar.

"Eu faço isso porque é bem mais divertido. Finalmente conseguiu a Fadinha, pude perceber".

Odeio o jeito que ele se refere à ela, do mesmo jeito que eu, como se o pertencesse.

— Fiz isso porque sabia que não me deixaria em paz...argh! — me contorço mais, suando frio — Ela é toda sua agora. Então por favor, me deixe seguir com o meu plano.

"O seu plano se tornou meu quando você decidiu se juntar a mim — vocifera, irritado, fazendo doer mais — E ela é nossa, não apenas minha. Aproveite, meu caro, eu sei que quer".

— Ugh — engulo em seco, fatigado — Vá embora, VÁ EMBORA!

A risada sanguinária me faz vibrar e eu juro para mim mesmo que se ele fosse um corpo físico, já estaria esguichando sangue nas minhas mãos. Eu faria questão de esfolar a sua pele enquanto ainda estivesse vivo, obrigá-lo a engolir o próprio sangue e comer a própria merda. Eu teria prazer em matá-lo e levaria horas para terminar.

E ele sabe disso, mas não se intimida. Pelo contrário, isso só o alimenta.

— Dami? Está tudo bem aí? — ouço a voz do meu primo lá fora, mas não respondo — Dami?

"Eu vou, mas você sabe que voltarei quando e onde eu quiser. Tome cuidado para não me despertar amanhã, não queremos assustar a garota".

— Apenas vá — digo entredentes, puxando o ar com toda força que consigo.

— Eu vou entrar — Lorenzo avisa, girando a maçaneta da porta.

— Não...— ele não pode me encontrar nesse estado, com ele ainda aqui.

"Até mais, alma".

Então Dagon se vai, no mesmo minuto que Lorenzo invade o meu quarto sem ter sido convidado, e me encontra quase caído no chão, murmurando coisas desconexas e recuperando de todos os efeitos que a apropriação me traz.

Está cada vez mais forte e eu não sei como segurar. Não tenho poder sobre ele, então é bem difícil sempre que ele vem, não facilitando para o meu lado.

— Irmão? O que foi? Está mal do ombro?

Meu tio, Lorenzo e alguns familiares próximos sabem das minhas crises de dor intensa, inclusive Giada. Depois do acidente, o doutor contou ao meu responsável, que era Vincenzo, que talvez eu não recuperasse os movimentos do braço, porque o corte foi profundo demais e conseguirem salvar o membro foi um milagre.
Mas eu estava decidido a não ficar mais fraco do que já me sentia. A raiva foi o meu combustível e eu fazia sessões de fisioterapia compulsivamente, obcecado em recuperar o meu braço. E recuperei. Mas tenho sequelas que devem durar a vida toda, o meu ombro congelado, que deu um jeito de passar a afetar o meu coração, e as dores que quase me fazem desmaiar.

— Saia — ordeno — Saia daqui, Lorenzo!

Ele não se vai, continua tentando me ajudar a levantar. Eu aceito a mão dele e me esforço com tudo o que posso para me sentar na beirada da cama.

— Onde estão os remédios? Não me diga que parou de tomar de novo — ele olha para mim, incisivo.

— Já mandei você sair — tento mover o ombro para destravá-lo.

Lorenzo me ignora e se volta para a minha mesa de cabeceira, onde eu guardo os remédios. Ele encontrou logo de primeira.

— Toma — murmura, colocando dois comprimidos na minha boca — Vou buscar um pouco de água.

Mastigo os comprimidos com força quando meu primo sai.

— O que foi? — ouço Giada perguntar do corredor.

— Crise. Não vá para lá.

Suspiro em alívio com a resposta de Lorenzo. Seria capaz de me matar se os dois viessem em conjunto me importunar.

Quando Lorenzo volta com a água, eu bebo o copo inteiro e a jarra na sua mão também.
Agradeço com uma batidinha nas suas costas e me levanto, ainda um pouco grogue, indo até o banheiro do quarto para lavar o rosto e me refrescar.

Lorenzo continua na porta, me observando como se eu fosse uma criança doente que ele tem que cuidar.

— Tem que ir para o hospital. Há quanto tempo você não cuida disso? — aponta para o meu ombro.

Eu pego uma toalha pequena no suporte da parede e enxugo o rosto e as mãos, passando por ele e bufando audivelmente.

— Eu estou bem, ok? Não sei se você sabe, mas isso não irá passar. E se for pra' ir ao hospital toda vez que sinto uma dorzinha, terei que viver por lá mesmo...

— É tão frequente assim? — se aproxima, me fitando com atenção — As crises.

— Não — minto e pego um elástico na mesa de cabeceira e prendo o cabelo desajeitadamente — Eu vou trabalhar.

Deixo Lorenzo para trás, me dirigindo para o escritório, onde penso que terei um pouco de paz nessa casa.
Pego um exemplar de Para Além do Bem e do Mal de Nietzsche, que adquiri na Itália, antes de vir para cá, e me sento na poltrona no canto do cômodo, onde uma luminária de chão ilumina o canto, fazendo com que eu não precise dos meus óculos de leitura para ler.

Odeio usar óculos de grau, me faz lembrar que estou envelhecendo, e eu nem sou tão velho assim.

Não consigo não me identificar com a filosofia deste grande pensador prussiano.
Foi criado para ser pastor, por uma família puritana, e lhe foi ensinado desde bem novo a seguir a igreja. Mas ao se rebelar, decidiu seguir uma vida libertária, não deixando-se levar pelos dogmas da sociedade.

Antes dos meus pais morrerem, eu tinha tudo o que uma criança da minha idade poderia desejar. Uma casa com uma família feliz dentro, brinquedos, amigos, e o amor dos que me rodeavam. Mesmo sendo bem pequeno, eu já valorizava isso com todo o meu ser.
Lembro que íamos à igreja todo domingo, minha mãe acendia uma vela todas as noites e rezava para santos que eu não conheço mais. Meu pai me apresentou ao padre e eu fui batizado.
Parecia tudo muito lindo para quem via de fora, e era muito mais perfeito para mim, que estava dentro.

Mas de um momento para o outro, num dia fatídico, todas as minhas crenças foram levadas para longe de mim.
Os peritos disseram que foi um acidente, que o travão falhou e o carro saiu da pista, batendo com tanta força contra uma grande árvore, que eu fui arremessado pela lateral da máquina, e fiquei quase enterrado num buraco que havia ali, por horas a fio.
O vidro não se quebrou em pedaços muito pequenos, senão eu estaria todo desfeito. Saí com a grande cicatriz no meu ombro e peito, uma na nuca e outra, muito maior e mais dolorosa de todas, na alma.

Os dois estavam mortos. O carro pegou fogo e explodiu.
Eu só não morri porque o casaco que estava vestindo era grosso, e estancou o meu sangue, ao mesmo tempo que me protegia do frio.

Só me lembro de ter acordado dias depois. Não conseguia falar, nem me mover. Tudo em mim doía. Não sobrou um só centímetro indolor, nem um só recanto da minha alma ou do meu coração.

Se Nietzsche não teve um motivo tão grande como esse para lhe fazer desacreditar da existência de um deus, imagina eu, que tive.
Não que eu não acredite, eu acredito que ele exista, mas não há nada que me faça idolatrá-lo como antes, não mais.

Enquanto meus pais foram mortos em uma emboscada alimentada pela ganância, o responsável está aí, usufruindo de tudo como se fosse seu.

Prefiro permanecer nas sombras, adorando quem me dá o que eu quero de imediato.

O dia passa rapidamente, comigo andando atrás do meu primo e de Giada, que fazem a maior bagunça em casa, querendo ouvir música alta e jogar videogame, que eu nem sei de onde saiu, na minha sala de estar impecável.

Eu me sinto como uma dona de casa se sente tendo filhos endiabrados.

Se só com essa amostra gratuita eu me sinto aflito, imagina se eu tivesse filhos de facto.

Desisto de andar pela casa no fim do dia, e decido retornar ao escritório.

— Uma tal de Fadinha está ligando para você — Lorenzo surge na porta — Muito bonita, por sinal.

Eu me levanto da poltrona num pulo e caminho até ele, arrancado o celular da sua mão. Ele me olha de canto e ri de um jeito irritante, do jeito irritante dele.

— O que estava fazendo com o meu celular? — pergunto, tentado a atender logo, para ela não achar que estou ignorando.

— Calma, garanhão, você deixou no quarto. Eu estava de passagem, ouvi e peguei — ele explica ao se recostar na parede de braços cruzados — Tenho a certeza que o nome dela não é Fadinha...namorada?

Faço cara feia, abominando tanto a sua mexeriquice, quanto o que ele acabou de perguntar.
Nunca namorei na vida. Odeio a ideia de me prender a alguém com um compromisso que exige exclusividade e estar disponível a cem por cento.

Além de estar velho demais para "namorar". Nisso eu até aceito que sou velho.

— Namorada é o meu pau — cuspo, irritado porque a Fadinha desligou a ligação — Saia daqui.

— Hm, é bom que esteja ficando com alguém, mesmo que não seja namoro — ele fala, sorrindo ainda — Pelo menos assim esse seu humor de Gru pode mudar um pouco.

— Fora! — ordeno e ele se vai.

Eu fecho a porta e volto para a poltrona, mas dessa vez, não para ler Nietzsche, e sim, para ligar para a Fadinha.

Ela atende no segundo toque, como se estivesse muito perto do celular. Eu sei que ela é influencer e essa merda toda digital, mas não consigo deixar de pensar que ela estava esperando que eu retornasse.

E essa possibilidade me deixa satisfeito pra' um caralho. Eu gosto que ela pense em mim, que espere por mim, que me queira. Seria um dom merda se não gostasse.

Eu liguei para você — ela atira logo que atende — Três vezes.

— Eu vi. Por isso retornei — respondo, me recostando no estofado.

Por que não atendeu na hora? — ela aumenta o tom da voz, o que me desagrada bastante — Estava me ignorando?

— Ei, olha aqui, menina...— massageio as têmporas, totalmente sem disposição para aturar uma birra — É melhor você tomar cuidado com a porra da boca. Se comporte.

Ela não diz nada, mas eu posso ouvir a sua respiração ficar gradativamente mais ruidosa, soando como um sibilar ansioso e nervoso. Posso até imaginar ela mordendo o lábio inferior, cheio e pintado com o vermelho cherry da outra vez.

Tudo o que eu quero é ver o meu pau marcado com essa cor, enquanto ela engasga e se esforça pra' engolir mais.
Espero que ela seja gulosa, porque o que ela terá que engolir não é pouco.

— Eu não te ignorei — deixo claro — Estava ocupado e não ouvi tocando.

Era só o que me faltava, ter que dar explicação para uma mulher treze anos mais nova do que eu.
O que o tesão não faz, certo?

Tudo bem, me desculpe — pigarreia — Eu só queria saber onde vamos nos encontrar amanhã. Você não pode chegar aqui em casa e eu não conheço a sua, então...

— Eu te busco a duas quadras da empresa, às sete horas — determino.

Me levanto para trancar a porta e pegar a caixa de lenços de papel na secretária, deixando na mesinha perto da poltrona, onde eu volto a me sentar.

E preciso vestir algo específico? Li no manual que vocês, dominadores, gostam de decidir essas coisas...

Gosto que ela tenha lido o manual e esteja memorizando algumas coisas. Isso significa que quer me agradar e obedecer. Muito boa menina.

— Não, Fadinha. Deixo a seu critério para a primeira vez — decido fazê-la um agrado.

— Obrigada, meu senhor.

Se eu soubesse que ela me chamaria por um título nesse exato momento, eu teria gravado a conversa para ouvir quando e onde quisesse.
Porra, o prazer reverbera pelo meu corpo em vibrações lentas e arrepiantes, e eu decido que não posso deixar essa garota assim.

— Está no quarto, certo? — procuro saber.

Huhum — assente.

— Fazendo o quê?

Ia tomar um banho para dormir quando decidi ligar.

— Ótimo — acaricio o meu pau por cima da calça — Vá para a cama.

— Mas eu ainda n...

— Cama. Agora — ordeno, no meu tom ditador.

Ouço os seus passos pequenos e o seu arfar quando se recolhe para a cama.
Ela consegue ser obediente, muito obediente, só preciso ensiná-la a não questionar ou refutar as minhas ordens. E isso vai ser muito divertido.

Estou na cama — avisa, complacente, a voz suave e bonita me agrada desde a primeira vez que a ouvi.

— Vamos brincar um pouco — anuncio — Aceite a chamada de vídeo e posicione o celular para que eu possa te ver deitada.

Por mais incrível que pareça, ela não reclama, e em poucos segundos, estou tendo uma visão completa da Fadinha usando uns shorts de flanela curtos e uma blusa justa no corpo. Posso ver que os bicos dos seus seios estão eriçados contra o tecido e o seu olhar é brilhante quando foca na câmera, olhando com estranheza porque não pode me ver, pois, desliguei a minha.

Senhor? — chama, se ajeitando bem sentadinha na cama.

Gosto que ela saiba que nesse momento eu não sou o Lucca, ou o ogro, que ela se habituou a me chamar, agora eu sou o seu dom, o dono dos seus pensamentos e do seu corpo, e posso fazer o que eu quiser.
Ela parece tão expectante e ansiosa, apoiada nos cotovelos para poder mostrar o quão excitada está, e eu posso ver, está deliciosa.

— Já se tocou antes?

Seus lábios se separam e me dão uma fome do caralho.

Não, senhor — ela responde, muito submissa, afastando as pernas mesmo sem eu ter mandado.

Hm...— assinto, cruzando uma perna em cima da outra — Tira a roupa e deita na cama.

• • •

ATT: as atualizações passarão a ser feitas a cada dois dias. Essa dinâmica começa já na semana que vem.

A safadeza começa no próximo capítulo. E já vou avisando que eu não pego leve.

Gostou? Vai gostar mais depois, vadia.

Comenta e deixa a estrela pra mim.

Monas, o contrato 🗣:

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