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4: Só um cara

O demônio da tesão consegue ver você passar sem deixar estrelinha, nem comentar. :)

Cuidado com o que me diz
Olha com quem você fala
Amor, estou pegando fogo
Ele tem o fogo...e demonstra isso ao falar

Lana Del Rey, em Sad girl

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• ALEXA LEBLANC •

Mesmo não estando no clima, eu me obrigo a sorrir, para não acabar com a felicidade de todo mundo em me ter de volta a casa.
Os preparativos da festa começaram logo cedo. Os funcionários já estavam de pé há um bom tempo quando me levantei, e eu não costumo dormir até tarde.
Minha mãe está como louca, correndo de um lado para o outro, e eu não sei como consegue se manter impecável no seu vestido tubinho floral e o penteado bem feito.

Me pergunto para quê se arrumou tanto agora se vai se trocar mais tarde para a festa, mas logo me obrigo a calar meus próprios pensamentos. Eu sou igual ou pior do que ela, sempre estou arrumada.

Bom, com a exceção de agora, que estou ainda de baby doll, olhando através da janela.
A festa não será aqui, mas grande parte do buffet está sendo feito cá em casa, pois, maman fez questão de acompanhar cada preparativo de perto.

Um salão de eventos, que também é um clube, foi reservado para a festa, algo que mais parece com um palacete. O lugar pertence a Monique Loulier, uma influente socialite também francesa, amiga de maman. Conseguiram até um concerto ao vivo com Leona Foster, uma cantora espanhola renomada, que acabou de se casar com Klaus Foster, um magnata e CEO inglês.

Quando papa me contou tudo isso, eu fiquei extasiada e fui logo pesquisar sobre o palacete e um pouco da vida de Leona e Klaus. Me apaixonei na hora com a história dos dois e me entusiasmei com o número de acessos que o vlog que irei gravar terá, sem falar das storys e posts para o Instagram.

Só isso me deixa um pouco animada para a festa, e me faz esquecer de Pierre por um tempo.

— O seu vestido chegou! — Louis cantarola, adentrando o meu quarto com uma caixa grande e rosa.

— Coloca ali, vamos gravar um unboxing — digo, correndo até a cama, onde ele deixa a caixa.

Um laço enorme a enfeita e eu acho um detalhe que super combina comigo. Dior é uma marca com a qual tenho parceria e que se ofereceu para personalizar o vestido perfeito para mim. Dei os detalhes de como eu o queria, e deixei o resto com eles, que nunca falham.

Pego o celular na mesinha de cabeceira e peço para Louis gravar, enquanto eu abro a caixa.

Desfaço o laço com delicadeza e passo as duas mãos com leveza na tampa da caixa, para criar uma cena mais bonita.

— Bem Kardashian — ele zomba, me fazendo rir.

— Continua gravando, bicha!

Depois eu subo a tampa, balanço-a no ar para criar suspense e a pouso na cama em seguida, revelando o conteúdo da caixa. Um tecido acetinado e brilhante cobre o verdadeiro vestido. Puxo o pano com a ponta dos dedos e desvendo o mistério.

— Puta que pariu, bicha — Louis sibila, surpreso.

— É, eu sei — murmuro, igual a ele.

Pego com cuidado e sinto as pedrarias contra a minha pele. Faço sinal para que pare de gravar, o primeiro take terminou.

— Que vestido lindo! — ele diz ao me ver erguer a peça diante de mim.

— Está melhor do que eu imaginei! — guincho, tomando cuidado para não amassar.

É um vestido todo rosa pêssego, que com a camada de pedras finas dá um toque de prata também. É tomara que caia, com luvas que têm uma camada bufante no antebraço. É em formato de corpete, pois, eu adoro valorizar o meu busto, e a fenda, porra, a fenda traseira não deixa nada para a imaginação, do jeito que eu gosto.

O meu vestido está perfeito, simplesmente perfeito!

— Eu podia morar nesse vestido — Louis passa a mão pelo corpete — Arranja uma parceira com a Dior pra' mim também?

— Se você arranjar uma com a Bottega pra' mim — barganho. Louis também trabalha no ramo digital, e tem um vínculo com a Bottega.

— Você é uma prima horrível — reprova, mas sorrindo pequeno.

— Família é família, mas negócios são à parte, mon bébé — dou de ombros, pousando o vestido com cuidado na cama.

— Segundo take? — ele pergunta, já preparando o celular.

— Sim. Vou só ver se a minha câmera está carregada, pra' não ter imprevistos mais tarde. Pode gravar.

Deixo Louis gravando o segundo take do vídeo e vou até a minha secretária, onde deixei o meu laptop e a câmera recarregando durante a noite. Os usei para gravar e editar um vlog da minha volta às Américas e isso me levou algum tempo, e também fiquei sem carga de ontem para hoje, contando também o trabalho na empresa.

— Prontinho — meu primo avisa, me passando o celular de volta, assim que me aproximo dele — Se quiser ajuda pra' editar, é só avisar.

— Não precisa, Lou — nego, tratando de devolver o vestido na caixa — Você já tem me ajudado com tudo por aqui, e hoje deveria estar se cuidando para mais tarde.

— Como se eu tivesse algo melhor pra' fazer do que fofocar com a minha melhor amiga — revira os olhos, se sentando no colchão e cruzando as pernas — E não se preocupe, o meu terno chegou ontem.

— Tem uma foto? — pergunto, me colocando ao seu lado — Espero que não esteja planejando me roubar o protagonismo como na minha festa de quinze.

— Você é a mais bonita dessa família, Lex. É impossível te roubar o protagonismo.

— Com esse vestido...— volto a colocar a tampa na caixa —...é impossível mesmo.

Me acomodo na cama e deixo um suspiro escapar, olhando para o teto. Louis se deita ao meu lado e ouço a sua barriga roncar. Continua sendo o mesmo guloso de sempre.

— Quando vão servir o café? — pergunta, afagando a barriga plana.

— Quando saírmos daqui...? — digo, como se fosse óbvio.

— Então vamos, preciso me abastecer porque não tenciono comer um só canapé mais tarde.

— Sim, claro — murmuro, desconfiada, e ele me fita com indignação.

— É sério! — pula na cama, ficando sentado com as pernas cruzadas — Olha, eu estou de olho no filho de um dos sócios da LeBlanc, e ele não precisa saber que eu como tipo um leão faminto.

— Então essa sua "dieta" se deve a um cara? Quando você vai parar de ser safado? — dou um tapa fraco no seu braço e me levanto da cama, pegando o robe do conjunto de baby doll no divã perto da janela.

— Quando você arranjar um pau pra' chupar — aponta para mim acusatoriamente — E sabemos que isso não vai acontecer tão cedo, então...

— Ei, não é bem assim! — protesto, vestindo o robe — Você fala como se eu não tivesse conhecido nenhum homem desde que cheguei em Nova Iorque.

— E conheceu? — cruza os braços, me seguindo em direção à saída — Nós dois bem sabemos que não, Lex, então...

— Conheci! — guincho, mentindo — Eu conheci um cara.

Bom, não é propriamente uma mentira. Eu conheci sim um homem. Não sei o nome dele e nem voltei a vê-lo desde então, mas a gente conversou por um bom tempo.

Bem, talvez não tenha sido uma conversa, foi mais uma troca de palavras estranha.

Abro a porta e tento avançar pelo corredor, mas Louis me barra, olhando para mim com surpresa.

— Conheceu? Quem? Quando? Onde? — bombardeia, andando para trás à medida que eu vou marcando passos para a frente.

— Na empresa — dou de ombros, começando a suar frio — Não me faça mais perguntas, não é nada importante.

— Pelo menos me diga o nome dele — implora, me puxando para ficarmos lado a lado e de braços dados — Ele vem pra' festa?

— Não, eu não o convidei e ele não vem — afirmo, sucinta — E eu não me interessei tanto assim, é só um cara.

O cara mais bonito, sensual, quente e estiloso que já conheci, mas é só um cara.

— Você disse o mesmo do Pierre no princípio — ele provoca, com um sorriso irritante.

Fico de mau humor instantaneamente e me desenvencilho do meu primo, apressando o passo para chegar às escadas mais rápido.

— Se for pra' terminar como terminou com Pierre, melhor nem começar então — murmuro, pisando pesado pela raiva de ter que pensar no desgraçado logo hoje.

Louis não diz mais nada, sabe que me deixou aborrecida com o assunto do meu ex. Então, quando chegamos à sala de jantar para tomar o café, eu me encarrego de trocar de assunto para não ficarmos num clima ao qual nenhum de nós dois está habituado.

Louis passa o dia comigo e até se arruma no quarto ao lado do meu quando as cabeleireiras e esteticistas chegam. Recebo um pacote completo de spa, que minha mãe teve a amabilidade de me oferecer, e tenho o dia de princesa que eu achava que só as francesas podiam fazer como deve ser.
Renovo a pintura das unhas, mudando para um leite quase cristalizado com pedras brilhantes. Como irei usar scarpin, apenas peço para pintarem as minhas unhas dos pés com um branco fraco.
Gravo tudo, absolutamente tudo. Inclusive, deixo uma live rolando em todas as minhas redes sociais. Não tenho como ver ou responder as interações, mas sei que meus seguidores estão comentando que nem loucos.
Faço babyliss e decido não renovar a pintura que utilizava em França. Meus cabelos estavam muito mais escuros, escondendo o seu tom original de mel, mas agora, eu gosto deles naturais.

A maquiagem é simples, mas não tão simples. Opto por um nude glamoroso, cada vez mais ansiosa para me vestir. E quando chega a hora, uma arara que pendura o vestido chega, me fazendo dar um gritinho de excitação.

Quelle perfection! — babo mais uma vez no vestido — Sei que vocês já viram no unboxing, mas esse vestido ao vivo é um sonho.

Falo um pouco em inglês para as câmeras posicionadas diante de mim, já que a maioria dos meus seguidores são daqui, e depois me levanto para colocar o vestido.

— Precisa de ajuda, senhorita? — uma das esteticistas se oferece.

— Não quero abusar da sua bondade, sei que esse não é o seu trabalho, mas sim, acho que vou precisar de ajuda — sorrio, correndo para o closet com a mulher trazendo a arara para mim — Como se chama mesmo?

— Claire, senhorita — responde, com um largo sorriso no rosto.

— Claire — meu "r" saindo um pouco pesado demais pelo sotaque — Vou me lembrar de você.

Dou uma piscadela e ela abre mais o sorriso.

— Obrigada, senhorita LeBlanc.

— Me chame de Alexa — puxo a fita do roupão e deixo a lingerie rosa aparecer — Agora me ajude a colocar esse vestido, ainda tenho muitas storys pra' fazer.

Ela ri um pouco e pega o vestido com todo cuidado para me ajudar.
O tecido se ajusta ao meu corpo como uma luva, afinal, foi feito por medida, então finalizo com as luvas e volto para o quarto, recebendo elogios das quatro mulheres que vieram para cuidar de mim hoje. Mais alguns toques no meu cabelo e maquiagem, e um longo abuso ao perfume me bastam para ficar pronta. Pego a minha bolsa prata com a pequena câmera, meu celular e alguns essenciais e saio para o quarto de Louis.

— Eu sabia, sabia que ainda não estaria pronto!

Me apetece socar o meu primo, que ainda está se olhando no espelho e sem camisa.

— Já começou a roubar o meu protagonismo! — cuspo.

— Aquieta o fogo no rabo, prima. Eu sou homem, é só colocar a camisa e o terno e estou pronto.

— Então ajeita isso, que preciso de você para as storys.

Quando Louis desvia o olhar do seu reflexo e se vira para mim, a sua boca quase cai ao chão.

— Você e a lua estão competindo pra ver quem brilha mais, só pode! — ele brinca, me analisando de cima abaixo — Esse vestido foi feito pra' você, Lex.

— Literalmente, né'? — dou uma volta nos scarpins de cetim prata, que combinam com a carteira, e que, infelizmente, não serão vistos, pois, o vestido os cobre.

— Bicha sortuda da Dior.

— Vai, Lou. Termina logo!

Louis fica lindo no seu terno vermelho vinho de veludo, com camisa e colete pretos e uma gravata borboleta do mesmo tom que o terno, mas com brilhantes que imitam rubis.

— Meu Deus, Lou, se você não fosse meu primo...— começo, assobiando em seguida.

— Deixa de ser nojenta, que da fruta que você come, eu engulo até o caroço — faz cara feia e ri comigo, entrelaçando o braço no meu — Vamos, madame?

— Com certeza, cavalheiro — entro na brincadeira e saímos de braço dado do quarto de hóspedes que meu primo ocupou.

Chegamos no topo das escadas iluminadas juntos, e eu não me surpreendo quando flashes inundam a minha visão. Louis se afasta depois de pegar a minha bolsa de mim, e dela tira o meu celular para gravar as minhas storys.

Desço os degraus sendo fotografada e filmada pela minha família. Papa e maman esperam por mim no hall, assim como o restante dos meus primos, que fizeram questão de me verem antes da festa.

Dou o braço para papa após cumprimentar a todos e pousar para mais algumas fotos e saímos todos, sorridentes e cheios de elegância como só a minha família sabe fazer. Maman está radiante num longo dourado e papa no seu smoking clássico preto. As gêmeas vestem o mesmo modelo de vestido rodado, mas em cores diferentes, um preto e outro amarelo. Catherine optou por um vermelho num estilo bailarina, e Manon está usando um rosa choque longo e brilhante.

Eu ocupo um carro com meu pai e minha mãe e meus primos vão noutro carro, ambos no mesmo modelo. Furgões com vidros fumê.

Não demora tanto para que cheguemos ao clube, o local fica bem perto da nossa moradia.
Meus primos descem e entram, assim como meus pais, que vão para cumprimentar algumas poucas pessoas e ver se está tudo em ordem.

Poucos minutos se passam comigo sozinha dentro do carro, apenas querendo acalmar a ansiedade respondendo algumas mensagens importantes, quando dois toques no vidro do carro me despertam e logo depois, a porta se abre. Um dos seguranças diz que já posso sair e me ajuda a descer.

Mais flashes, dessa vez, de paparazzi. Claro que meu pai convidaria noventa por cento da imprensa nova-iorquina para cobrir o evento. Maurice LeBlanc simplesmente não sabe ser discreto.

Mas como eu posso julgá-lo quando estou num vestido incrivelmente supremo, posando como se fosse uma deusa do Olimpo?

— Obrigada, obrigada — digo, com simpatia, parando de posar para caminhar pelo tapete vermelho na entrada.

— Senhorita LeBlanc, está de volta para ficar? Como se sente em estar de volta depois de cinco anos? Vai finalmente assumir o seu posto na empresa da família? Como vai o seu relacionamento com Pierre Leroy? — eles bombardeiam, mas eu não vacilo.

Suspiro, mantendo o sorriso no rosto e a postura altiva.

— Prometo que irei responder todas as vossas questões, mas agora é hora de estar com a minha família. Obrigada.

Me volto para a entrada novamente e sigo adiante, pisando firme no tapete e sorrindo sinceramente ao ver todos que conheço e alguns que nunca vi antes olharem para mim com admiração, e acima de tudo, carinho.
Olho em volta, o lugar é incrível, decorado todo em veludo vermelho e dourado chamativo. Tudo está muito lindo, mas mais lindo ainda está o pessoal que veio para me receber, convidados dos meus pais, que se tornam meus também.

Uma música amena toca no fundo e eu aceno para todos, sorrindo e tentando segurar as lágrimas. Estava com tantas saudades disso!

— Ela chegou! — papa vem até mim, com os braços abertos, e me cumprimenta como se não tivesse feito o caminho até aqui comigo — Espero que tenha gostado, tesouro, é tudo para você.

— Está tudo incrível, papa.

A decoração é rosa, num tom ainda mais fraco do que o meu vestido. Mesas altas estão espalhadas pela esquerda e direita, e um bloco de dança se encontra no meio, onde eu tenciono riscar os meus saltos com meus primos a noite toda.

— Venha, vamos recepcionar os nossos convidados — ele me puxa consigo e maman nos encontra no caminho.

Passo a meia hora seguinte pulando de mesa em mesa, fazendo questão de perguntar se estão gostando do ambiente e se estão bem acomodados, sem esquecer, claro, de agradecer pela presença de cada pessoa aqui.

Quando faltam apenas três mesas, eu suspiro alto, aliviada por estar acabando e eu poder, finalmente, curtir.
Mas meu ânimo se esvai logo que papa diz o nome do próximo convidado.

— Meu tesouro, esse é Bryan Durant. A família é francesa, mas tem seus negócios aqui, igual à nossa.

Eu não acredito que meus pais ainda não esqueceram esse cara...

— Deve se lembrar dele das vezes que falamos quando estava de viagem — minha mãe fala, solícita, afagando as minhas costas nuas pelo decote profundo.

— É, eu lembro — tento sorrir — Como está? Está gostando da festa?

Opto por cumprimentá-lo do jeito que fiz com todo mundo, mas ele não parece muito satisfeito com isso.

— Não seja tão formal, querida Alexa. Podemos não nos conhecer como deveríamos, mas seus pais já me falaram muito sobre você, e eu até sinto que a conheço muito bem...

Ele se aproxima, pega a minha mão coberta pela luva e a beija, sem tirar os olhos de mim.

Bryan não é um homem feio, não, muito pelo contrário, é lindo. Mas o jeito que as coisas começaram entre a gente e a sua abertura em praticamente me comprar, é inadmissível, e o torna automaticamente feio aos meus olhos.

— Terão muito tempo para se conhecerem, não é, Dauphin? — maman solta.

— Sim, teremos sim...

— Claro que terão, Brigitte. Eles estão destinados a isso — papa acrescenta, arrancando de mim um revirar de olhos pouco elegante.

Sem paciência, vou me preparando para me despedir de Bryan pelo resto da noite e ir cumprimentar o resto, mas a expressão de Maurice se ilumina ao meu lado, com o seu corpo se virando para a entrada e os seus braços se abrindo de novo. Ele faz muito isso quando quer parecer convidativo.

— Meu caro Lucca! — solta, sem se importar com as pessoas à volta — Estava achando que nunca ia chegar.

O homem ao fundo apenas sorri e recebe meu pai num abraço curto e meio desengonçado.
Eu forço a visão para me lembrar quem é o homem que certamente já vi em algum lugar, e flashes das lembranças do dia em que fiquei presa com uma pedra de gelo no elevador me atingem.

O tal Lucca é a pedra de gelo!

Ele e papa trocam algumas palavras no meio do salão e logo depois os dois começam a caminhar na minha direção. Maman me pega pelo braço e me arrasta com ela até eles, e quando meu olhar se cruza com a pedra de gelo, vejo uma sombra de reconhecimento passar pelas suas íris escuras, mas a expressão neutra e fria nunca abandona o seu rosto.

A barba bem aparada adorna o seu rosto quadrado com perfeição e os fios longos estão presos na parte de trás da cabeça, num coque perfeito, que até me causa inveja.
O smoking negro é muito diferente das vestes ousadas que o vi trajar no outro dia, mas não o deixam menos atrativo, só apimentam mais a sua imagem imponente e cheia de si.

— Lucca, deixe-me apresentar o meu tesouro, minha filha e herdeira, Alexa, e minha amada esposa, Brigitte — meu pai enuncia, muito satisfeito por sinal.

— Senhora, senhorita — ele acena, a voz pesada e grave reverbera pelo ambiente, pousando na minha pele e me fazendo arrepiar.

— Ah, não seja tão contido, Lucca. Venha cá — minha mãe pula na sua frente e o agarra para dois beijos nas bochechas.

Ele até força um sorriso, mas nada de concreto sai, apenas algo estranho e sem graça. É óbvio que Lucca está desconfortável e tenso, só não entendo o porquê.

— Cumprimente como deve ser, Dauphin — ela incentiva, me dando um leve empurrão.

Sou jogada na frente de Lucca e tropeço no vestido, sendo amparada por mãos grandes e quentes que agarram meus antebraços com força, força até demais, que me faz até sentir uma pontada de dor.
Me apresso e beijo as suas bochechas duas vezes, mas ele se retrai muito mais do que quando Brigitte o fez, então me vejo obrigada a me afastar.

Pigarreio, recuperando a postura e voltando a manter distância.

— Lucca Rossi é meu mais novo sócio. É um investidor italiano que se sentiu tentado a investir na LeBlanc. Não é ótimo?

— É perfeito. Eu adoro a Itália! — maman guincha, tentando agradar o homem.

— Digamos que não podia deixar a oportunidade passar — ele diz, endireitando a postura.

Papa vai responder, mas um segurança se aproxima e cochicha algo no seu ouvido.

— Preciso resolver um assunto rápido lá atrás. Por favor, aproveite a festa, Lucca — ele se despede.

— Tenho a certeza de que vou soltar fogos pelas orelhas em instantes — Lucca diz, mas consigo captar o mesmo tom de sarcasmo que usou comigo no elevador.

Semicerro o olhar, o cara é um mal educado mesmo.

— Vou dar uma olhada nos seus tios. Já volto — maman se vai, me deixando no meio do salão com Lucca, que me fita como se eu fosse um bicho do mato.

— Gosta do que vê? — provoco, sem conseguir deixar passar meu lado convencido.

— Estando em cima desses saltos assassinos eu não estaria tão confiante — ele diz, calmo — Já tropeçou uma vez e é só o início da noite.

Abro a boca, indignada.

— Você parece um cavalheiro, mas só falta relinchar para ser o próprio cavalo — cuspo, cravando as unhas enluvadas nas mãos.

— Ainda pareço um cavalheiro? Bom, acho que tenho que dar um jeito nisso.

— Nenhuma mulher está procurando por um bruto como você!

— E ainda assim, recebi olhares de cobiça de cada uma das mulheres aqui quando entrei. Por que será, Fadinha?

Minhas bochechas se aquecem instantaneamente. Dou graças a Deus por ter a maquiagem para esconder o quanto fico vermelha quando coro.

— Não recebeu o meu olhar de cobiça — balanço os ombros, empinando o queixo.

— Não faria diferença — dá de ombros, levando as mãos aos bolsos.

Mais uma vez, eu quero perfurar um olho do homem na minha frente, mas me controlo. Sou uma dama e ele é só um...

— Ogro! — solto, sem mais.

— Já me chamaram pior.

— Mude — continuo monossilábica.

— Aqui? No meio de toda gente? — percorre o olhar pelo salão, fingindo estranheza.

— Não é disso que estou falando, e você sabe — quase rio, mas não posso demonstrar simpatia a esse Shrek.

— Bom, de outro jeito está fora de cogitação — murmura, desviando o olhar para um ponto atrás de mim — Tem ali outro cara que com certeza adoraria ser aborrecido por você, ao contrário de mim.

Eu fico estática, sabendo que Bryan está olhando para cá, e não me atrevo a olhar para trás.

— Continue conversando comigo — peço imediatamente.

— Não estamos conversando para eu ter como continuar.

— Só...continue falando! — digo, entredentes.

— Não quero.

— Está falando agora — sorrio, vitoriosa.

E então, ele não responde mais. Ergue uma sobrancelha incisiva e me fita, o olhar cheio de escárnio, me deixando quente de raiva.

— Vamos aproveitar que a recepção já foi feita e estrear a pista de dança — ouço no microfone e me viro, vendo Leona Foster lá em cima num vestido lindo e vermelho — Então pegue o seu par e balance ao som da música.

Uma ideia surge repentinamente, e como só quero afastar Bryan de uma vez, pego Lucca pelo pulso e o arrasto para a pista.

— O que está fazendo, garota?! — ele se solta com brusquidão, mas eu não desisto.

— Vamos dançar, garoto — zombo — O que foi? Está preocupado em perder todas as mulheres que te olharam com cobiça hoje?

— Estou mais preocupado em estar dançando com uma esquizofrênica.

— Ah, cale a boca, você é dez vezes mais estranho do que eu — reviro os olhos e volto a agarrá-lo pelo pulso, dessa vez, pousando a sua mão na parte baixa das minhas costas, enquanto a Leona começa a cantar a sua versão de Sway de Michael Bublé.

Leona tem uma voz linda e eu adoro dançar. Então só estamos unindo o útil ao agradável.

Meu braço se enrola pelo pescoço grosso de Lucca e minha mão livre pousa na sua. Ele se contrai e tenta me soltar, mas eu o prendo mais contra mim, sentindo a parede de músculos que é o seu peitoral.

Começo a me mover, mas ele fica parado como uma estátua, odiando estar tão perto de mim. Quase me sinto mal, mas aí lembro que outros dariam o braço para me terem assim tão perto e que só estou nessa situação delicada para me livrar de outra mais delicada ainda.

— Dance — ordeno, pisando o seu pé com o salto e fazendo-o começar a se mover, mas não ao som da música. Apenas para fugir de ser pisoteado de novo.

Alguns casais se aglomeram na pista e eu consigo distrair a atenção de mim, mas sendo quase impossível, já que esse vestido pode ser visto até da lua.

— Não estou habituado a isso...— murmura, muito perto da minha orelha, o que me faz arfar.

— A quê? Dançar?

— Isso...e estar assim...— ele tenta explicar, mas eu não entendo e decido deixar para lá.

— Dance — ordeno mais uma vez, perto do seu pescoço e ouvido, para que não hajam mais dúvidas.

Não espero a sua resposta e dou um giro, balançando o quadril com formosura, sendo observada atentamente pelo olhar frio e tenso de sempre. O cara não esboça uma expressão calorosa sequer, está aqui, me agarrando com a ponta dos dedos como se tocar em mim fosse a pior coisa que ele foi submetido a fazer.
Mas não me deixo abater. Tenho a certeza de que se os papéis estivessem invertidos, ele estaria soltando fumo pelas orelhas.

Finjo demência e cantarolo junto com Leona, no intuito de irritar mais ainda o Lucca.

Quando os ritmos de marimba começam a tocar
Dance comigo, me faça balançar
Como um oceano vagaroso abraça a costa
Me abrace apertado, me balance mais

— Está se saindo muito bem, ogro — zombo, fazendo-o soltar um som quase feral da sua garganta, um rosnar irritado.

Sinto quando a sua mão na minha cintura ganha mais força. Franzo o sobrolho, estranhando o seu comportamento, e mais ainda, o jeito que o meu corpo reage a isso. Fico arrepiada e com as pernas bambas de um jeito delicioso.

— Lucca...— sibilo, tentando chama-lo a razão. Sua expressão dura me repreende e eu me afasto automaticamente.

Capto a respiração acelerada do homem e o momento em que ele quase arranca a gravata borboleta do pescoço. Abro a boca para falar, mas Lucca já está se distanciando, marcando passos pesados para longe e me deixando plantada no meio da pista como uma boba.

Mordo o lábio inferior, preocupada com uma possível crise como aquela do elevador. E mesmo sabendo que estamos num espaço aberto, eu serpenteio entre as pessoas, indo em direção às escadas para segui-lo.
Pulo os degraus e pego o corredor por onde ele seguiu, ignorando os chamados de algumas tias pelo caminho.

O corredor tem muitas portas e eu tenho muita paciência para abrir cada uma para checar se Lucca está bem. Mas quando vou abrir a primeira, uma voz nada bem-vinda me para.

— Querida Alexa, a pista acabou de abrir. Dance comigo.

• • •

Calma, o Bryan é inofensivo...acho eu.

Diz aí o que achou!

Comenta e deixa a estrelinha, vadia!

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