25: O reflexo
VOLTEEEI.
Sentiram saudades? Eu senti muitas.
Me perdoem pelo sumiço. Conto tudo no fim do capítulo.
Deve ser amor no cérebro
Que me faz sentir desse jeito
Ele me deixa com cicatrizes, mas me fode tão bem
Que eu nunca me canso
Rihanna, em Love On The Brain.
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• ALEXA LEBLANC •
Eu sinto a presença dele, forte e estática atrás de mim. Pouso o garfo, engolindo com violência a última porção da omelete. Estava ótima, mesmo irritado, ele cozinha bem.
Lambo os lábios, absorvendo o sabor do queijo de cabra na minha língua, que eu decidi adicionar à comida depois que ele saiu.
Não ouso me virar. Tenho medo, medo do que irei encontrar. Não sei se ele estará igualmente chateado como quando saiu, ou se estará mais calmo e quererá conversar. Embora saiba que a última opção é bem improvável.
Empurro o prato para longe, dando por terminada a minha refeição e o barulho metálico do garfo faz um eco incômodo diante do completo silêncio na cozinha.
O que é suposto eu dizer? Ou pensar? Ou melhor, por que ele não diz nada? O que estará pensando? Por que me observa tão atentamente, calado?
— Preparei um banho quente para você — sua voz pesada reverbera.
Me viro, estremecendo com o calor que se espalha nas minhas entranhas. Sinto o revirar absurdo no estômago. Borboletas.
— Vem comigo, Fadinha.
E eu vou. Imediatamente me levanto da cadeira e vou até ele. Sua mão se estende para mim e se entrelaça à minha. É quente e terno, carinhoso até, acalma toda a confusão que a sua explosão de há pouco me causou, diminui a dor da sua ausência e desprezo. Suas duas facetas entram em colisão e me deixam sem entender absolutamente nada.
Passamos pela sala de estar ao sair da cozinha, que é um ambiente bonito e amplo, com uma parede de vidro que dá vista para a cidade. O cômodo é decorado em tons neutros como preto, cinza e branco, além do verde em algumas plantas dispostas simetricamente.
Ao fundo, há escadas, que nós subimos agora, de madeira polida escura e corrimão de vidro, onde eu apoio a minha mão livre à medida que subo, para não cair, de tão bambas que as minhas pernas estão.
Já no topo das escadas, há dois corredores em cada lado. O da esquerda é onde Damiano me leva, que presumo ser o dos quartos. A porta ao fundo é que ele abre, revelando um quarto igualmente neutro, com outra parede de vidro que dá para a varanda e duas portas, provavelmente do banheiro e do closet.
Nossas mãos se abandonam lentamente, como se não quisessem, e mesmo contra a vontade, eu recolho a minha mão.
— Este é o seu quarto? — pergunto e ela acena em confirmação — Você...vive aqui com eles dois?
— Lorenzo e Giada? — dessa vez, ele pergunta e eu aceno — Sim, por enquanto. Eles estão à procura de apartamentos.
— O meu pai tem um prédio residencial ótimo. Tenho a certeza de...
— Não — me corta, virando as costas para ir até uma das portas — Eles se ajeitam.
Aperto os lábios, decidida a não falar mais nada, mas intrigada com o motivo de sempre irritar Damiano quando falo do meu pai.
Porém, não pergunto nada sobre isso. É óbvio que ele não quer conversar.
— A banheira está cheia, tem tudo o que vai precisar lá. Pode ir.
— Tem um secador? — pergunto também, antes que ele saia.
— Na segunda gaveta do armário do banheiro.
— Ok, obrigada.
Mordo a parte interna bochecha, esperando que Damiano se vá, mas ele permanece parado no meio do quarto. Então eu me dou conta de que ele quer ter a certeza de que eu vou obedecer e tomar o bendito banho.
Após um suspiro em rendição, giro pelos calcanhares e percorro o caminho até o banheiro, com a mesma impressão de ser observada, a presença elétrica dele atrás de mim, o olhar fervoroso dele queimando as minhas costas.
Dentro do banheiro, me viro para fechar a porta e pela fresta que vai minimizando aos poucos, eu vejo Damiano e seu belo par de olhos verdes me perscrutarem com atenção, de um jeito muito demorado, até que a porta se fecha e eu, estupidamente ansiando que ele invada o banheiro e cumpra todas as promessas que a sua boca não proferiu, mas as suas íris verdes expeliram com tanta fúria, eu não tranco a porta. Deixo-a destrancada, para quando ele quiser entrar.
A água morna me recebe, com poucas bolhas de sabão flutuando sobre ela, o cheiro almiscarado dos seus produtos de banho preenchem o espaço, adentrando as minhas narinas e quase me dopando, e se fixa na minha pele como um chiclete grudento no cabelo. Impossível de sair, a não ser cortar.
Essa metáfora me parece a solução mais certa para tudo o que tem acontecido ultimamente. Cortar o Damiano. Cortá-lo da minha mente, da minha alma, do meu ser, minhas entranhas, meu subconsciente, minha pele, minha vida. Damiano está em tudo!
Damiano é tudo.
— Tudo...— divago, à medida que a água vai ficando mais e mais fria e eu preciso sair para tomar um duche.
No box, lavo o cabelo rapidamente, saio e recolho um roupão no pregador da parede, este que fica enorme no meu corpo e pesa, também inundado com o seu cheiro.
Abro o armário ao lado do espelho e apenas avisto os produtos do Damiano, que são inúmeros inclusive, da espuma de barbear ao esfoliante.
Sem encontrar o secador em nenhuma das gavetas do pequeno armário, decido sair para procurar no quarto. Os dois lados da cama possuem uma mesa de cabeceira. Abro a primeira e me deparo com duas fotos jogadas dentro e um celular. Nas fotos, um menino posa com um homem e uma mulher de aparência jovial e muito parecidos com ele. Pelos olhos, num tom incomparável de verde, eu noto que é Damiano, além dos cabelos completamente pretos e já compridos na altura.
Ele tem um sorriso largo, bem como as pessoas ao seu lado, obviamente seus pais. Nem parece o homem frio e fechado que conheci há pouco mais de um mês. O menino está feliz, com um brilho no olhar cheio de alegria, muito diferente do brilho gélido e indiferente que agora se faz presente.
Largo as fotos, começando a sentir a sensação incômoda de impotência. Não saber o que tirou o brilho feliz do seu olhar, e consequentemente, não poder fazer nada, é dilacerante. Fico com agonia de dentro para fora.
Pego o celular, dando um olhar rápido na porta e aguçando os ouvidos, para me certificar de que não serei pega. Porém, quando clico no botão de início, o ecrã bloqueado me recebe como um lembrete de que é errado invadir a privacidade dos outros. Então, imediatamente fecho a gaveta e me levanto da cama para procurar na outra mesa de cabeceira.
Me sento na beirada e puxo a pega, vejo envelopes, papéis e mais papéis. Viciado em trabalho — penso comigo mesma. Reviro um pouco mais até sentir o volume de algum objeto, presumo ter encontrado o secador.
Então enfio a mão por baixo dos papéis e puxo a máquina.
Minha mão treme e o objeto cai quando vejo o que é. Pulo da cama, me afastando alguns passos, mas voltando para perto da mesa de cabeceira para espreitar e ter a certeza do que vi e toquei.
Uma arma. Damiano tem um maldito revólver!
Deveria colocar tudo de volta no lugar e optar por deixar o cabelo secar naturalmente, mas sou uma tremenda curiosa e enxerida, e no segundo seguinte, me vejo com a arma na mão, observando de perto, já que apenas vi o meu pai guardar uma dessas no escritório quando era pequena. E bom, nos filmes também, mas isso não conta.
Empunho o revólver e miro na porta, que é a plataforma plana mais próxima, mas não atiro. Primeiro, porque não sei como sequer atirar, e segundo, eu teria sérios problemas se enfiasse uma bala na porta do quarto do Damiano.
E por falar no diabo, quando estou no auge de me sentir a Kim Possible, a porta se abre rapidamente e dela surge ele. Não parece nada abalado quando me vê com o revólver na mão, mesmo com ele mirado na sua testa.
— Trouxe o secador, estava no quarto da Giada — informa, erguendo a máquina no ar.
Depois, ele atira o secador na cama e fecha a porta atrás de si com um clique suave. Eu continuo parada, com os braços erguidos e a arma empunhada. Se eu não for a pessoa mais burra do mundo, eu não sei quem é.
— Você sequer sabe atirar? — pergunta, a sobrancelha erguida em descrença.
— Por que tem uma arma? — ignoro a sua pergunta e continuo na mesma posição, mesmo que os meus braços estejam doloridos e dormentes.
— Responda a minha pergunta.
— Sei — finjo um sorriso de confiança — Você deveria ter medo.
Uma sombra de sorriso perpassa pelos lábios rosados de Damiano, que disfarça levando a mão ao queixo e o indicador à boca.
— Destrave a arma então — diz em tom de desafio.
— Você não vai querer me ver fazer isso — desafio também.
— Mas eu quero. Vamos, destrava e atira, Fadinha.
Abro a boca, descrente, mas o seu olhar incisivo me faz crer que é a sério o seu pedido.
— Seu suicída! — exclamo.
— Sua mentirosa — devolve, obviamente se divertindo com a minha experiência inexistente com armas.
Vou baixar os braços e desistir de bancar a fodona dos filmes policiais, mas Damiano estende a mão na minha direção e pede para eu permanecer assim.
— Dê uma volta de noventa graus — ele ordena e eu dou.
Me deparo com a parede de vidro da sacada a mais ou menos um metro de onde estou, e meu reflexo nele meio abafado pela luz do sol e a distância.
— Dois passos para a frente — manda, eu faço.
Meus braços agora doem insuportavelmente e eu preciso baixá-los logo, mas também preciso obedecer o que ele me diz. O divisor de águas está mais inclinado para as vontades do meu amo do que para as minhas próprias vontades.
Damiano se move pelo quarto, lento e sério, levando o seu tempo, caminhando como uma pantera que circula a sua presa, e que, a qualquer momento, irá atacar.
Mas não é isso que ele faz. Em algum lugar do quarto, ele faz com que as cortinas se fechem, do lado de fora do quarto, na sacada, o que deixa o meu reflexo nos vidros da porta ainda mais nítido.
Estou ridiculamente parada, com uma arma empunhada e um homem se posicionando atrás de mim. A discrepância nas nossas alturas é gritante, só para não falar da largura dos nossos corpos. Damiano poderia me matar sufocada só com um abraço, e mesmo que eu devesse me afligir com essa constatação, eu não o faço. Pelo contrário, agora eu quero que ele me abrace.
— Não é assim que se segura uma arma — ele sibila, perto demais para a minha própria sanidade — Você precisa...— dá uma pausa, subindo os braços até os meus ombros —...relaxar.
Estou tensa até aos ossos, cada pêlo do meu corpo eriçado e cada músculo rígido. O ar agora não é suficiente para suprir a minha necessidade, e quando ele percorre o caminho pelos meus braços até parar nas minhas mãos, eu solto um arfar ligeiro, que logo se transforma em uma respiração vergonhosa, de tão falha.
Damiano toma as minhas mãos nas suas, cobrindo-as por serem tão grandes, e pousa um beijo na dobra do meu ombro e pescoço. Dessa vez, eu solto um gemido baixo e embaraçoso, e sinto a risada grave dele reverberar pelo ambiente e fazer palpitar uma certa terminação nervosa.
À essa altura, eu já estou pulsante, minha buceta chora mais a cada minuto pela sua proximidade.
— Você endireita a postura...— ensina, enfiando o joelho entre as minhas duas pernas e separando-as. Também se aproxima mais, o que me faz empertigar a coluna — Ótimo. Segura firme com as duas mãos — ele continua, firmando as suas mãos nas minhas, e consequentemente, na arma — Respira fundo, destrava...— continua, fungando perto demais do meu pescoço e mostrando com se destrava, sem descolar um só milímetro do meu corpo.
— Damiano...— tento alertá-lo, mas falho miseravelmente.
A minha voz já foi com Deus e eu não sei se quero afastá-lo agora. É quase palpável a minha tesão por ele e a dele por mim, sinto o seu pau cutucar o fundo das minhas costas e o meu mel escorrer pelas minhas pernas, roupão afora.
Mas o meu lado racional, que definha a cada segundo que passa, me avisa que eu estou a dançar com o diabo, brincando com o fogo agora, com essa arma na mão e outra arma logo atrás de mim.
— Shh, foco — ordena e eu me calo imediatamente — Olhe para o seu reflexo, você está gostosa pra' caralho assim.
Eu olho para o nosso reflexo. Eu de cabelo molhado sou um desastre, mas Damiano torna tudo mais bonito só com a sua presença. E o seu elogio me desmonta.
— Então, respira fundo — eu respiro fundo — Destrava — destravo o revólver — E atira.
Eu congelo na hora de atirar e tento largar a arma, mas Damiano é mais rápido do que eu e no segundo seguinte, a arma dispara e me faz dar um pulo de susto, mesmo tendo silenciador.
O vidro, há bem pouco tempo intacto, agora está estilhaçado, partido em pedaços pelo chão branco. Meus joelhos fraquejam e de repente me falta o ar, vendo os inúmeros pedacinhos de vidro tilintando pelo chão, até quase tocarem nos meus pés descalços.
— Está com medo, bichinho? — pergunta, no exato tom de quando ele me perseguiu no chalé.
— Se eu disser que estou, você vai parar? — devolvo, já sabendo a resposta.
Porém, não é um "não" que abandona a sua garganta, e sim, uma rude, animalesca e molhadora de calcinhas, risada. Uma risada alta que se espalha pelo ambiente como um enxame de abelhas, deixando a minha pele quente e inflamada, como se tivesse sido picada por todas elas.
— Deite-se no chão — ordena, arrancando o revólver da minha mão. A risada para repentinamente.
— Você é maluco? Eu vou me cortar toda! — guincho, gesticulando para os cacos espalhados no chão.
Me viro para ele, que continua impassível, girando a arma no dedo indicador como se fosse um brinquedo. O olhar maníaco nunca abandona as suas íris esverdeadas, o que as deixa escurecidas.
– Não é como se você já não estivesse acostumada com isso. Não é, bichinho? — inclina a cabeça para o lado, pervertido.
— Eu não vou...
— Vai — estreita o olhar e ergue uma sobrancelha em descrença. Isso, senhoras e senhores, é a minha desgraça — Não vai, bichinho?
Meus lábios se costuram um no outro, ficam encrispados pela resposta vergonhosa que quer sair deles.
Ele está aqui na minha frente, com uma polo preta e uns calções de linho, sexy como tudo, mas perigoso como a porra da minha tendência desviante. Eu quero me deitar nos cacos e o meu primeiro instinto é me odiar por isso.
Mas eu o faço, eu me deito. Delicadamente me ajoelho e aos poucos vou me estirando no chão, até estar completamente de costas viradas para os cacos, apenas protegida pelo tecido grosso do roupão. Não me movo, pela possibilidade dos cacos o rasgarem e acabarem por me ferir.
A sombra de um sorriso repousa nos seus lábios cheios, e dura por poucos segundos até dar lugar a um brilho feral que expande todas as possibilidades para o agora.
O revólver baila na sua mão, zombando de mim por não saber atirar, até que ele se ajoelha, também em cima dos cacos, e se curva na minha direção, ficando com o rosto perigosamente perto meu.
Arfo com a proximidade, e ergo o peito de forma inconsciente, para que assim, possamos nos tocar de alguma forma.
— Lembra de quando flertou comigo com uma faca?
A lembrança está bem viva na minha memória como uma marca de um pé deixada no cimento fresco.
Aceno, incapacitada de falar. Sua respiração quente pousando no meu rosto é demais para mim.
— E lembra de como eu respondi ao seu flerte? — continua, já começando a desfazer o laço do roupão.
Minha mente vagueia para aquela noite escura, em que ele me fodeu usando uma fodida faca. O cabo deslizando pela minha carne molhada é uma memória que minha mente nunca será capaz de apagar.
Mas agora, Damiano sugere me foder com a porra de um revólver. Com um revólver! O mesmo que usou para disparar contra o vidro agora a pouco e que desce pelo espaço estreito entre os meus seios, trançando o caminho até o meu umbigo.
— Você não vai me foder com uma pistola, Damiano — minha voz treme, sussurrada.
— Sua buceta está tão encharcada, que você aceitaria ser fodida com qualquer coisa, se eu quisesse — rosna, descendo mais a arma pela minha pelve.
A dança lenta e silenciosa ali me faz arfar de medo. Já me vejo estirada em uma poça de sangue, com um buraco na buceta.
Não, não, eu não sou nem louca de aceitar...
— Essa merda está carregada. Você não vai me foder com isso, porra! — xingo e me remexo para tentar fugir, mas ele me imobiliza pelos pulsos e força o cano da arma mais para baixo.
Fico estática. Minha buceta pulsa em resposta, uma tremenda traidora, e o suor de medo escorre pela minha testa.
Combustível, a porra do medo é o meu combustível!
— Shh, tento na língua, menina — ralha, como um pai chateado com a filha — Confia em mim?
— Confio — simplesmente sai, nem preciso pensar.
— Então abra essas pernas e me dê essa buceta.
Sem um pingo de relutância, para o meu total desprezo de mim mesma, eu abro as pernas. Mas não é o um abrir normal. Eu arregaço as minhas coxas o máximo que posso, fazendo com que o roupão, com o laço agora desfeito, se abra por completo e deslize pelos lados do meu corpo.
Estou exposta, completamente exposta. Meus seios doem de tanta tesão, minha barriga e peito sobem e descem freneticamente, e o líquido viscoso que escorre buceta afora é suficiente para encher uma piscina, pelo que Damiano observa fixamente e lambe os lábios, passando o dedo pela minha virilha, bem na tatuagem.
— Quero te ver gozar tão porcamente, que eu terei que te carregar depois — desce mais o dedo, seguido do cano da arma. Ambos repousam delicadamente no meu centro pulsante.
— Estou com medo — choramingo, suando mesmo após um banho refrescante.
— Eu sei, bichinho. Não é gostoso? Hum?
Enquanto fala, Damiano usa o indicador e o polegar para abrir caminho dentro de mim, afastando os meus lábios vaginais para alojar o cano da pistola entre eles. Meu buraco dolorido de excitação suga para dentro, em uma contração embaraçosa.
Damiano arfa, vidrado na minha buceta que recebe a arma tão bem. Mas não deixa os meus pulsos livres por muito tempo, os agarra acima da cabeça novamente.
Ele tem razão, ele sempre tem razão. Eu o deixaria me foder com qualquer coisa. Minha buceta receberia qualquer coisa, se ele quisesse.
— Sim, sim...é muito gostoso — respondo, focada na sensação de ter o perigoso objeto deslizando para dentro de mim tão facilmente — Ah, merda...
— Que boca suja, Fadinha — zomba, enfiando o quanto a minha buceta recebe, o que é praticamente tudo — Tão molhada, caralho, olha só...
Damiano também tem a boca suja, tão suja, que quando solta um palavrão, eu quero atacá-la com a minha.
Ele começa a mover a arma para fora e para dentro, explorando até onde o meu medo e tesão podem combater um com o outro por um lugar no meu corpo. Só que o duelo apenas piora no meu estado de loucura beirando a insanidade. O movimento é lento, numa velocidade tortuosa e dolorosa pra' caralho. Dói deliciosamente, como se eu tivesse uma amostra do que é o inferno e me desse conta de que não é tão horrível como as pessoas dizem.
Não, não é. O inferno pelo qual Damiano me faz passar é o mais viciante de todos. Como um loop de dor e prazer que se repete, e repete e repete, e nunca, nunca serei capaz de me saciar.
— Está suando. Do que tem medo, bichinho? — o tom de zombaria sempre incrustado na sua voz.
— Não dispare, não dispare — imploro, torturada pelo medo eletrizante da arma vir a disparar.
— Um, dois...— inicia uma contagem tenebrosa, ouço a arma destravar —...três.
No três, eu me encolho completamente, apavorada e arrepiada. O calafrio que passa pela minha espinha e termina na nuca é evidência de que eu achei que Damiano ia disparar, mas ele não o faz. Ou melhor, ele até pressiona o gatilho e o clique se perde no ar, mas é apenas isso. A fodida arma tinha apenas uma bala, para meu alívio.
Ele, notando o meu desespero, solta uma risada de deleite, aquela que soltou mais cedo, que reverbera por cada poro da minha pele, adentrando todas as camadas dela e se fincando nas minhas entranhas.
Como eu seria capaz de me saciar?
Como poderia? Como poderia me sentir satisfeita algum dia e não precisar mais de ter esse olhos ferozes em mim, a boca úmida depositando beijos pelo meu corpo e a língua chula soltando xingamentos obscenos demais para serem descritos. Como!?
— Isso, pequena, goza nessa porra! — rosna, mostrando os dentes como um animal — Uma grande putinha, é isso que você é!
— Meu dono, meu dono, meu dono...eu não...Ah!
Aperto os olhos com toda a força que consigo, enquanto o meu corpo todo dá um solavanco para cima e depois, desfalece no chão sujo de cacos de vidro. Nenhum deles me magoou tanto como ter Damiano me fodendo com uma arma.
Ainda gemo, entorpecida pelo recente orgasmo, flutuando num vórtice negro, em que só estamos eu e ele, consumidos pela energia impactante um do outro.
Porra, Damiano é tudo!
Ele é completamente tudo, do bom ao mau, ele é. E mesmo assim, mesmo quando é mau, eu o amo. E eu tenho pavor desse amor, porque sei que irá me arruinar. E pior, tenho mais pavor ainda mais porque sei que irei deixar que me arruine.
Aos poucos, ele retira o revólver da minha buceta, que sai escorrendo da quantidade absurda de líquido que expeli quando gozei. E como se não bastasse olhar para o objeto como se fosse um pote de ouro reluzente achado no final do arco-íris, Damiano enfia o cano na boca e o chupa, sugando o meu mel com deleite no olhar. Expiro, hipnotizada demais para contextualizar. Quero sentir novamente essa boca em mim, me bebendo como um mendigo que há muito não consome água.
Porém, indo contra todas as minhas vontades mais primitivas, Damiano solta os meus pulsos e ameaça se levantar. Meus reflexos agem e eu sou mais rápida ao prendê-lo entre as minhas pernas nuas. Ele, surpreso pela minha reação, ergue uma sobrancelha inquisidora para mim.
— Algum problema, pequena?
— Eu que pergunto — respondo, me apoiando nos cotovelos — Você não vai...?
Paro de falar, com vergonha demais para completar a frase.
— Não — determina, sucinto e depois dá uma olhada fria completa no meu corpo inteiro. Sou obrigada a deixá-lo se afastar — Essa foi a última vez — afirma, sucinto. Meu coração cai no meu estômago, retumbante — Eu não consigo te tocar sem te arruinar, e sem me arruinar. Então eu não irei te tocar, de todo.
— O quê? E-eu achei que...Damiano...— as palavras me falham, meu lábio inferior treme com a iminência das lágrimas.
Ele me trouxe para cá, cuidou de mim e tocou o meu corpo como há uma semana me privou de ser tocada, e agora diz que não vai mais me tocar? Como é suposto eu reagir a isso?
— Você é um anjo, Alexa — diz o meu nome com toda a devoção que seus olhos podem exprimir e eu só fico ainda mais confusa, ainda esparramada no chão — E eu sou um cachorro. Ou você é um cachorro e eu sou o seu homem, seu dono. Você acredita em mim como se eu fosse um deus e eu te destruo como um.
Espalmo as mãos no chão e sinto os cacos ferirem a minha pele, porém, a dor não é tão forte quanto a que sinto ouvindo as palavras afiadas de Damiano me atingirem de uma só vez. É...cruel.
Com um impulso tomado pela raiva, eu me levanto do chão, cambaleio, mas não ouso cair. Ainda tenho muito a dizer!
— Então por que me trouxe aqui? Hum? Por que preparou comida e um banho para mim? Por que me comeu nesse maldito chão?! — berro com tudo que tenho, as lágrimas escorrendo sem freio — Por que raios diz que eu te faço sentir, se não se importa nem um pouco com o que eu sinto?!
A parte branca dos olhos de Damiano se torna vermelha, raiada de sangue pela aparente raiva que o consome. Os punhos cerrados são evidências de que o seu sangue corre nas veias tão forte quanto o meu.
— Porque você me deixa doente de desejo...— grunhe, ofegando como um touro que acabou de ver um pano vermelho, enquanto marca um passo na minha direção e me obriga a marcar outro para trás —...um desejo de possuir você, de ter você sempre perto de mim — outro passo duro, eu piso os cacos sem sentir dor alguma — Eu devo ter você exclusivamente, ferozmente, possessivamente!
— Então me tenha, eu estou aqui, me tome — minha voz treme diante da ameaça que se estende na minha frente.
Damiano assumiu uma postura ameaçadora e o medo escapa de mim pelo suor pegajoso.
— Eu não posso...— vacila e cessa os passos.
A desilusão estampa o meu rosto como tinta em uma tela branca e eu não posso evitar que mais lágrimas corram, grossas e quentes.
— Pare de chorar, por favor, pequena.
— Um covarde, é isso que você é. Um maldito covarde! — cuspo.
Contorno a muralha que é o seu corpo e ele não me impede, pelo contrário, fica calado, parado no mesmo lugar, com os punhos ainda cerrados e a expressão ainda fechada, mas com um toque de emoção ali. Odeio que ele não queira deixar transparecer o que eu o faço sentir.
Pego as minhas roupas no banheiro, emboladas de qualquer jeito e as visto sem me importar se estão amassadas ou sujas do vômito de hoje cedo. Eu só quero ir embora, sair do mesmo ambiente que ele, pois agora eu me sinto claustrofóbica só com a noção de que está a poucos metros de mim.
Saio do banheiro, pisando duro e tentando não olhar para a sua figura sentada na beirada da cama de cabeça baixa.
Tento pensar que é tudo fingimento, que ele não está abalado por quebrar o nosso vínculo, mas não consigo. O meu amor por ele não permite que eu o veja como o ser cruel e insensível que toda vez demonstra ser.
Como posso lamentar a perda de um amor que nunca falei em voz alta? Que nunca senti com minhas próprias mãos? Que nem tive tempo de construir? Nós fodemos, eu queria que ele me fodesse, mas oh céus, como eu pude me apaixonar tão rápido?
— Vou devolver a coleira, eu não preciso mais dela — aviso, parada diante da porta, com a mão na maçaneta e o coração na garganta.
— A coleira é sua — responde e posso sentir que olha para mim, mas não devolvo o olhar, nem me viro.
— Foi minha — corrijo com um leve balançar de cabeça — Não mais. Agora ela é tão minha, quanto eu sou sua.
Não espero resposta, porque sei que no mínimo sinal de vacilo da sua parte, eu estarei vergonhosamente ajoelhada. Saio do quarto na velocidade da luz e corto o corredor a passos rápidos e apressados. No topo da escada, eu ouço uma risada morna e calma que bem conheço, e depois, vozes animadas.
Sinto ciúme da Manon. Ela pegou o primo normal, enquanto eu fiquei com aquela pedra de gelo.
— Você é um idiota, isso sim — minha prima diz entre as risadas.
À medida que desço, a imagem dos dois esparramados no sofá, com menos roupa do que eu me lembro que estavam, surge no meu campo de visão.
— Acredite, eu nunca...— Lorenzo para de falar ao me ver descer as escadas — Cunhadinha, oi!
— Oi — respondo, ríspida demais para o meu gosto — Manon, vamos embora.
Dessa vez, eu pareço a mais velha, e ela até obedece, acenando em confirmação e pegando as suas roupas espalhadas pelo chão.
— Mas já? Eu achei que...— Lorenzo reclama e faz beicinho.
— Nos vemos mais tarde, lembra? — Manon sussurra.
Enciumada demais com a interação afetuosa dos dois, eu me dirijo à saída, mas antes, dou uma olhada para trás e vejo Damiano surgir no topo das escadas. Ele me olha, eu o olho, a mágoa e a raiva entre nós é quase palpável.
Decido não me martirizar mais e sair.
Espero que eu consiga sair mesmo.
Ai ai, o que Damiano ainda vai fazer com essa pistola...
Gostaram? Espero que sim.
N/A: Então, sobre o sumiço...Pessoal, além de escrever, eu canto. Sim, sou cantora. E as últimas semanas têm sido uma pilha de nervos porque faz pouco mais de uma semana que eu lancei a minha primeira música. Tenho ansiedade, então é bem difícil para mim conciliar as atividades, quando coloco o foco em uma, é só aquela até conseguir concluir. Então tive que me focar na publicidade e tudo mais, da minha música, antes de continuar a escrita aqui.
Enfim, é isso. Ainda estou a tentar voltar ao normal com tudo, e prometo não sumir por tanto tempo mais, kk. Espero que vocês não tenham me esquecido, porque Damiano e Alexa ainda vão dar o que falar.
Mais uma vez, desculpem pelo sumiço. Amo vocês, minhas vadias!
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