10: Vem de chicote, algema...
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Ah, e feliz ano novo.
Estrelas, escondam o seu fogo
Não permitam que luz alguma veja os meus negros e profundos desejos.
William Shakespeare, em Macbeth.
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• ALEXA LEBLANC •
— Eu me masturbei no banho depois, e hoje de manhã também...
Meus pensamentos voam para o motivo de eu ter me masturbado duas vezes em menos de vinte e quatro horas. Lucca.
Ele me incitou a me tocar até gozar na sua frente, ontem, na chamada de vídeo.
Nem me importei com o facto de ele ter gravado e fodam-se os julgamentos. Eu estava fodidamente consumida pela tesão e a voz grave e rouca do homem me dizendo para abrir mais as pernas e apertar o meu pescoço não ajudavam.
Para quem nunca se masturbou antes, eu já estou pró.
Acho que já não posso julgar Louis por fazer web sex, eu faria de novo sem problemas.
Louis, que até então estava deitado na minha cama de barriga para baixo e balançando os pés no ar, se coloca sentado num movimento rápido demais para processar, e franze o sobrolho, me observando como se eu fosse uma alienígena.
— Você? A princesinha da LeBlanc? Batendo sirica? Só acredito vendo!
— Primeiro: você é meu primo e gosta de pau. Isso é nojento — ergo o indicador — E segundo: não vou perder tempo fazendo você acreditar, preciso me arrumar rápido pra' ver o meu homem.
Me viro em direção ao closet e caminho até lá, enrolada no roupão e com uma toalha na cabeça.
— Oi? Eu ouvi bem? — Louis aparece na porta, com uma mão na cintura — Seu homem?
— O quê? — olho para ele, confusa.
— Você disse que vai se arrumar rápido para ver o seu homem.
— Não, não disse — balanço a cabeça e volto a atenção a um dos guarda-roupas, que alberga vestidos de noite.
— Disse sim — insiste, se aproximando com um olhar incisivo e um sorriso de canto de boca — Você disse que o Lucca Rossi é seu homem.
— Ah, eu nem prestei atenção, Lou — encolho os ombros, recolhendo dois vestidos dos cabides — Esse ou esse?
— Eu não sei, pergunta pro' seu homem — provoca, adorando me ver corar.
Quando disse que Lucca é o meu homem, eu não quis dizer no sentido literal. Ele é o homem com quem eu tenho trocado impressões sobre...muita coisa, e também, com quem eu vou virar a noite transando. Só coisas leves. Nada de mais.
— Lucca é dominador — revelo, me esquivando do foco da conversa, e corro para fora do closet com os dois vestidos nas mãos.
— Espera, o que você quer dizer com "dominador"? — Louis me segue e para bem na minha frente, perto da cama, onde eu pouso os vestidos — De chicote, algema...
— E corda de alpinista — assinto, balançando a cabeça e mordendo o lábio tão forte, que até sinto o gosto metálico do sangue na boca.
— Puta que pariu — ele leva uma mão à boca — O seu homem é a porra de um sadomasoquista.
Eu abro a boca para dizer que ele não é o meu homem, e muito menos eu sou a mulher dele. Nós somos dominador e submissa, dono e propriedade, senhor e subordinada.
Eu deveria me sentir ofendida, e há um tempo atrás até me sentiria, se Lucca não fosse um fodido demônio que parece estar sugando a minha alma aos poucos.
Eu adoro a ideia de ser sua sem ter o direito de tê-lo como meu. Meu único dever é servi-lo, e eu estou bem com isso.
— Quem é homem de quem e quem é sadomasoquista?
Eu e Louis olhamos para a porta e vemos a minha mãe surgir com Manon atrás dela, que entra em silêncio e se senta na beirada da minha cama, também esperando que um de nós responda a derradeira pergunta.
— O homem da...da...— fico parada, dando sinais para Louis me ajudar.
— Da minha agente, tia — ele responde, muito melhor mentindo do que eu — Ele gosta daquela coisa pesada mesmo.
— E por que vocês estão de conversa sobre a vida pessoal da coitada da agente? — ela inquire, como se quisesse torcer a orelha dos dois.
— Fofoca é fofoca, né', maman. Nem que fosse sobre o Papa Francisco — eu respondo, rindo sem graça e recebendo um olhar de reprovação tão absurdo, que o meu sorriso morre imediatamente.
— Mais respeito com o líder da igreja católica, você é uma moça cristã, Dauphin!
Ouço Louis travar o riso ao meu lado e quase soco as suas costelas.
— Me desculpe, maman. Deus proteja o Papa — murmuro, fingindo arrependimento.
— Deus proteja o Papa — ela repete, suspirando — Vim acompanhar a vossa prima Manon e avisar que o jantar já está sendo servido.
— Ai, eu não via a hora — meu primo solta e tenta passar por mim pela comida, eu o puxo pelo suéter, fazendo-o recuar.
Ele me lança um olhar que diz "Bicha?", e eu lhe lanço outro que responde "Bicha!".
— Já aviso que nós vamos sair, maman. Então não vamos jantar — digo, segurando Louis no lugar.
— Eu fiz almôndegas com aquele molho picante que vocês gostam — ela insiste, sorrindo.
— Tia...— Louis chama, com a voz chorosa, querendo se livrar do agarre.
— Maman, guarde um pouco para mim. Prometo comer quando voltar.
— Tudo bem, vou guardar para os três — ela pisca um olho cúmplice e se vai, fechando a porta.
— Tia, não...— Louis continua choramingando pelas almôndegas e eu o largo, batendo na sua cabeça cabeluda depois.
— Você é um traidor. Ia me deixar aqui sozinha! — guincho.
— Você não ia ficar sozinha, eu estou aqui — Manon se anuncia, sorrindo pequeno.
Não consegui esconder a surpresa quando a vi chegar, e não consigo esconder até agora.
Manon, a prima com a qual eu mais briguei durante a nossa infância e adolescência todas, agora está aqui no meu quarto, olhando para mim com amabilidade e doçura.
Não sei dizer se é fingimento, e também não consigo me sentir totalmente à vontade. Porém, de todo modo, até me sinto feliz por ela estar aqui. A sua presença pode significar uma trégua.
— Oi, Manon — cumprimento, indo beijar as suas bochechas — Desculpe, é que esse...cabeça de vento me deixa com os cabelos em pé!
— Não se estresse muito, cuidado com as rugas — ela aconselha, me arrancando um sorriso torto — Gosto deste, e acho que o seu homem sadomasoquista também vai gostar.
— Coff coff, fofoqueira, coff coff — Louis finge tosse, mas eu entendo o que ele disse, e tomo atenção com isso.
— Meu? Nããão — minha voz sai fina demais para que até a pessoa mais lerda do mundo possa acreditar — Você ouviu. É o homem da...— pigarreio —...agente do Lou.
— Você é uma péssima mentirosa, Lex.
— Coff coff, você também, coff coff — ele repete, e eu soco o seu ombro dessa vez.
— Era só brincadeira, ok? Eu não tenho um homem e ele não é sadomasoquista — determino, voltando a atenção para os vestidos — É só um ficante.
— Uma foda casual — Louis complementa, e eu assinto, dando de ombros.
— E quem é ele? Eu conheço? Estava na festa? — ela bombardeia, se apoiando na cama como se frequentasse o meu quarto muitas vezes.
— É um cara que conheci em uma festa — minto, erguendo os vestidos na minha frente para ela não notar que é tudo tirado do cu — Duvido muito que você conheça, não é nada de mais.
— Está namorando um Zé ninguém então? Você? A princesinha LeBlanc? — ela zomba, e eu posso ver que realmente está se divertindo com isso.
— Não é meu namorado, é só uma foda casual, como disse o Louis — atiro, tentando não soar ríspida — E vocês podem parar de me chamar de princesinha LeBlanc?
No mesmo momento em que paro de falar, o tinido de mensagem ecoa do meu celular, que acende no meio da cama.
Manon pega o aparelho e checa, muito enxerida. Meu pescoço pinica horrores com os nervos e a vontade de dar um tapa na sua mão pela invasão de privacidade. Mas ela é minha prima, e aparentemente está tentando socializar.
— Sadomasoquista ele pode não ser, mas dominador é, com certeza — ela ergue o celular na minha direção, me mostrando as mensagens.
— Coff coff, sem vergonha, coff coff — Louis volta a atacar.
— Eu ouvi isso, primo — Manon diz, mas ainda sorrindo com amabilidade.
— Não sou seu primo, e a intenção era exatamente essa, meu bem.
Ignoro a troca de farpas dos dois idiotas e decido ler o recado do ogro, que imediatamente me faz repensar todo o look que idealizei.
— Era só o que me faltava — sibilo, desesperada.
É claro que o fodido tinha que mudar de ideia sobre decidir a minha aparência na última da hora.
— Use esse — Manon aponta para o vestido verde musgo, justo e até o meio das costas, tomara que caia — Eu adorei.
Ele é lindo, simples e não tem como errar vestindo um desses. Mas o problema está em ser simples demais para um primeiro encontro. Eu quero estar sexy, sem ser vulgar, e impactar no primeiro minuto. Quero que Lucca olhe para mim e não se arrependa de me ter como submissa.
— Pois eu gosto mais do vermelho — Louis contra-ataca, apontando para o vestido de cetim, que passa um pouco o limite do verde musgo e tem uma fenda generosa que expõe toda a coxa até o quadril. Sem falar que é sem costas e tem um decote cavado em U.
Não posso negar que gostei mais do vermelho. O verde é elegante demais. Eu o usaria se Lucca tivesse intenção de me levar para jantar antes ou se fôssemos a algum tipo de convívio social, mas não é isso que ele quer, e já deixamos bem claro um para o outro que é só sexo.
— Me desculpe, Manon. O Lou ganhou dessa vez — sorrio pequeno, e pego o vestido escolhido.
— E quando é que eu não ganho? — ele se vangloria, cruzando as pernas e empinando o nariz.
Antes de me vestir, opto por tratar do cabelo primeiro, passando uma chapinha para deixa-lo todo liso e fazendo um rabo de cavalo na parte de trás da cabeça. Minhas costas são lindas demais para deixar passar.
De maquiagem, faço um nude bem básico, daqueles que até parece que estou sem maquiagem, e deixo grande parte das sardas aparecerem.
Faço tudo isso por quase uma hora, ouvindo meus primos discutirem. Louis é tão irritante, que Manon desiste e vai embora, dizendo que vai jantar e ele não. Dá pra' ser mais infantil? Eu aposto que é impossível.
— Você é terrível, Lou — digo em tom de reprovação, parada na frente do espelho e observando a minha aparência no vestido.
Como pensei que seria, a fenda quase mostra a minha lingerie, que é vermelha também, expondo toda a minha coxa.
Então eu decido não desperdiçar e coloco uma espécie de coleira que abraça a coxa, com pedras prateadas cravejadas, combinando com os brincos e os saltos prateados.
— Você sabe o quanto aquela garota é insuportável — ele aparece no closet — E saiba que ela não quer tentar uma aproximação, ela quer é sugar informações de você.
— Por que sempre tem que ver o mal nela? Ela é nossa prima!
— Ela é sua prima, não minha — faz uma careta de horror — E você sabe que ela é maluquinha, então não tem como não ver o mal nela.
— Não diga uma coisa dessas. A Manon não é maluquinha, só tem alguns...impulsos.
— Claro — revira os olhos e cruza os braços em cima do peito.
Como o meu senhor mandou, não uso colar algum. Talvez seja algum fetiche estranho, eu não sei. Mas estou ansiosa para descobrir.
— Acho que estou pronta — dou uma volta no lugar — O que acha?
— Muito melhor do que o vestido cor de merda — ele comenta, ainda alfinetando Manon, e vai até o armário das minhas bolsas — Pegue essa.
Pego a bolsa que combina com os brincos, a coleira na coxa e os saltos, e saio de volta para o quarto. Pego o meu celular, meus cartões de crédito e identificação e uma cartela nova dos comprimidos de morango, colocando tudo na bolsa.
Busco também pelo contrato de submissão, que guardei com cuidado na mesa de cabeceira em uma pasta preta.
— Pronta para o cabaré — Louis brinca, dando um tapa na minha bunda.
— Reze por mim, primo — peço, subitamente nervosa, me encaminhando para a porta.
— Vou rezar pra' que ele acabe contigo, pra' ver se você esquece o francês do pau pequeno.
— Eu te odeio — encrispo os lábios.
— Agradeça as minhas orações depois.
Depois de me despedir de maman, Manon, que veio com a mãe, tia Françoise, eu e Louis saímos.
Entramos no táxi que eu chamei previamente, mas ele fica a meio do caminho, depois de ligar para Trevor e os dois decidirem ir à uma festa aleatória em Los Angeles.
Quando noto que já estou quase no local combinado com o Ogro, pego um celular e mando uma mensagem para avisar que estou quase chegando. Ele não responde, mas visualiza, o que me dá a entender que ele já deve estar no local à minha espera.
Quando estou exatamente à duas quadras da empresa, pago o motorista e peço para me deixar por ali mesmo.
Na calçada, olho para os lados e nada de Lucca.
Pego o celular para mandar uma mensagem, mas um carro para na minha frente no momento em que vou escrever.
Penso em me afastar, pelos vidros fumê, mas quando um deles desce lentamente, eu posso ver Lucca do lado do condutor, com uma mão no volante e o maxilar trincado.
Uma rajada de vento passa e traz o seu cheiro consigo. Eu inspiro fundo, afetada.
— Entre — ele convida e eu prontamente abro a porta e entro, um pouco chateada com o facto dele nem ter se importado em descer para abrir a porta para mim.
— Está atrasado — aponto, me acomodando no banco do passageiro e colocando o cinto de segurança.
— Boa noite — sua voz pesada preenche o ambiente e eu me sinto imediatamente claustrofóbica — Às vezes você é tão mal educada, que eu penso que os seus pais não te ensinaram as boas maneiras.
— Também é má educação chegar tarde a um compromisso — alfineto, observando as suas vestes.
Uma camisa branca simples com dois botões abertos e uns jeans escuros justos nas coxas. E a corrente fina e prateada pendendo no seu pescoço é o meu ponto fraco, combinada com a pele morena e brilhante e os cabelos longos e negros penteados para trás.
Como pode um homem se vestir de um jeito tão simples, mas estar fodidamente atraente? Duvido que a minha calcinha vai aguentar seca até chegarmos onde quer que estejamos indo.
— O que foi, chefinho? Ficou sem palavras? — provoco, observando o seu perfil lateral perfeito.
— Não — ele manobra o volante, fazendo as veias das mãos saltarem. Socorro! — Estou só pensando em outras maneiras de ensinar você a controlar a boca, já que palavras não servem.
Instintivamente, minhas coxas se apertam, enquanto o calor crescente se acumula entre elas e me faz arrepiar. Minha pele entra em contacto com o gelado do ar condicionado, e mesmo assim eu me sinto quente. O contacto de suas palavras frias com o meu corpo quente causa uma sensação de choque térmico, que é boa demais!
— Onde vamos? Para o seu apartamento? — cravo as unhas na pasta do contrato, para tentar aplacar a minha excitação.
— Um deles — responde, sem tirar os olhos da estrada.
— Onde você mora? Vai me apresentar o seu cantinho?
— Não, nesse eu não moro. É só pra' passar o tempo — ele explica, e eu não consigo evitar o beicinho ciumento.
— Com...outras mulheres? — tento parecer não tão interessada.
— O que você tenciona saber com essa pergunta? — ele olha para mim pela primeira vez desde que entrei no seu carro.
O seu olhar percorre da minha cabeça, parando no meu pescoço, descendo pelo meu busto, barriga, pernas e parando também nos meus pés. Mas ele não diz nada, absolutamente nada.
E eu não sei se o agradei ou não, o que é muito frustrante.
— Perguntas que incitam exclusividade ou ciúmes devem ser evitadas — determina — Espero que saiba que eu não te devo explicações.
— E eu? Eu te devo explicações? — me atrevo a perguntar.
Não gosto do seu tom e nem do que as suas palavras querem dizer.
— Se eu quiser sair com outro cara, o que acontece?
— Fadinha...— ele tenta chamar a minha atenção , usando um tom de aviso.
— Tenho que avisar, pedir permissão...— continuo, chateada —...ou simplesmente posso sair fodendo com outros sem te dar explicações?
Sem responder, Lucca acelera subitamente e faz uma curva acidentada que me joga para frente e depois para trás, quando ele estaciona perto da calçada e avisa que chegamos.
Eu olho para o lado e avisto um prédio residencial iluminado. Muito bonito e no centro de Nova Iorque.
Por força do hábito, eu espero que ele contorne o carro e abra a porta para mim. Mas isso não acontece. Então eu abro a porta por mim mesma e quando vou descer, ele diz algo que me faz revirar os olhos.
— Vai descer daí ou precisa que eu te arraste para fora?
Meus olhos rolam com tanta força que até doem, e quando bato a porta e vou passar por ele, Lucca agarra o meu braço e me puxa, fazendo com que o meu ombro embata contra o seu peito. Mas ele não recua, nem dá sinal de desconforto ou dor pelo golpe.
— Você acabou de revirar os olhos para mim? — grunhe, muito próximo do meu ouvido.
Um arrepio percorre a minha espinha e os meus joelhos fraquejam. Cairia ao chão, se não fosse o seu aperto.
Um casal de idosos passa por nós e nos fita com estranheza, e eu sou obrigada a sorrir para não ter que sair me justificando das minhas próprias ações para uns senhores que eu nunca vi na vida.
— Vamos — ele me dá um empurrão quando vê que estou catatônica demais para falar, e eu obrigo os meus pés a andarem.
Lucca só larga o meu braço quando adentramos o elevador e encontramos um adolescente com a sua mãe dentro.
Sinto os efeitos da abstinência logo que ele me solta, e só então me dou conta de que os seus dedos apertavam muito, que até deixaram marcas.
Minha respiração ruidosa chama a atenção de todos na caixa metálica. De Lucca, que me fita com um brilho de satisfação no olhar, da mulher, que faz cara feia e do rapaz, que me olha sem entender nada.
Tento me controlar, mas é quase impossível. E tudo só piora quando me vejo em um corredor deserto com Lucca, e depois, dentro do seu apartamento.
Mal consigo olhar em volta, meu olhos só estão nele, que se move como uma pantera a todo momento, largando a chave no aparador e parando na minha frente.
— Já comeu? — pergunta, delineando o meu ombro com o indicador. Eu estremeço.
— Não — sou sincera. Não tem como mentir diante dele. Ele me olha como se pudesse ver a minha alma — Não estou com fome.
— Hm...— assente, subindo o indicador até o meu queixo.
E só então me dou conta de que estava com a cabeça baixa, o que dura pouco, pois, ele ergue o meu queixo, me obrigando a olhar para cima, para o seu rosto belo e intimidante.
Recebo dois tapinhas bem leves em uma das bochechas, como se eu fosse um bichinho de estimação bem comportado, e deixo que ele o faça, até fecho os olhos para receber o "carinho".
Sem dizer nada, Lucca se afasta, contornando um pilar da cozinha, que é aberta e dá diretamente para a sala. Acompanho tudo, vendo ele abrir o microondas e tirar dele um prato coberto por papel filme.
Ele descobre o prato e pega um garfo e uma faca num dos armários.
— Vem aqui — ele chama e eu imediatamente obedeço.
Lucca se senta em uma das quatro cadeiras da mesa branca e indica uma para eu me sentar. O prato é empurrado na minha direção e os talheres dispostos sobre ele.
Vejo espaguete com molho branco e tofu. Minha boca saliva, mas o meu estômago está uma confusão e eu não se é uma boa ideia comer agora.
— Coma — ele manda.
— E você não vai comer? — olho para o prato e depois para ele.
— Não, eu já comi — informa, cruzando os braços para me ver comer.
Eu pego o garfo e tento não me sentir tão intimidada, levando um pouco da comida à boca e constatando que está muito boa, e o sabor é leve, para variar.
— Você cozinhou? — pergunto e ele acena em confirmação — Para mim?
— Sim, para você, Fadinha.
Essa é a coisa mais gentil que Lucca disse e fez para mim. Como eu faço para convencer o meu cérebro idiota de que ele só está me alimentando porque não quer que eu caia morta no meio da sessão?
Acho que nem um só centímetro de mim está ciente disso, porque eu coro violentamente e disfarço, continuando a comer a minha massa com tofu.
Quando termino, empurro o prato na sua direção.
— Gostou? — pergunta, entretido com a minha cara de satisfeita.
— Estava muito bom — respondo. Lucca cozinha melhor do que eu, por sinal.
— Boa menina — congratula e pega o prato para levar ao lava loiças, voltando para perto de mim depois — Vem comigo.
A sua grande mão está estendida na minha direção e eu pouso a minha, que ele agarra com força e envolve com a sua temperatura corporal quente.
Minha calcinha foi com Deus.
Passamos pela sala de estar, muito simples e sem artigo decorativo algum, como se fosse um imóvel novo, e alcançamos um corredor que possui quatro portas, que imagino serem os quartos.
— Este é o meu quarto — ele aponta para a primeira porta do corredor — E aquele é o seu.
O meu é a última porta ao fundo, bem distante do quarto dele.
Achei que dormiria comigo ou coisa parecida, mas não me atrevo a dizer isso.
— Eu vou ter um quarto no seu apartamento agora? — tento brincar, mas é óbvio que ele não sorri.
— Eu não vivo aqui, já disse. Comprei esse lugar para as sessões.
Não sei se fico em êxtase por ele ter pensado em ter um cantinho para me receber, ou se fico triste porque ele aparentemente não me quer na sua verdadeira casa.
E tem mais. O nosso contrato é só de um mês. O que quer dizer que depois disso, ele terá outra submissa aqui.
— Entre — ele gira a maçaneta e me dá passagem.
Eu adentro o quarto e olho em volta. A cama com dossel está coberta por apenas um lençol fino e preto. A mesa de cabeceira é branca e simples, e uma poltrona preta no canto do quarto com uma mesinha na mesma cor ao lado, complementam os móveis do cômodo. Além disso, nada mais.
Agora já posso entender o porquê da casa ser tão vazia. Ele só a usa para foder.
— Isso é o contrato? — ele pergunta, indo se sentar na poltrona.
Ele é grande demais para o móvel, que até inclina ligeiramente para trás quando recebe o seu peso.
Nem imagino quando for a minha vez de recebê-lo. Acho que vou quebrar ao meio.
— Sim, é. Trouxe para assinar na sua presença, como disse antes — explico, tentando não parecer acanhada.
Lucca dá duas batidinhas na própria coxa, me chamando, e eu quase corro até ele e me sento no seu colo. A sua grande mão pousa na minha cintura e descansa ali, brincando de leve com o tecido fino do vestido, que escorrega, mostrando mais da minha coxa desnuda.
— Quando eu disser para você fazer algo, você faz no mesmo minuto. Tudo bem? — ele fala num tom ditador, mas fazendo um carinho leve, para criar um contraste.
— Sim, senhor — respondo, convicta.
— Eu mandei você assinar o contrato, mas a sua malcriação falou mais alto do que eu — continua, subindo a mão pelas minhas costas e afagando a minha pele nua.
Engulo em seco, começando a me sentir trêmula, querendo mais.
— Eu só queria que...
— Aqui não importa o que você quer ou deixa de querer — ele me interrompe — Eu sou o seu dom, seu senhor e seu dono. E o que eu disser é sempre uma ordem. Entendeu?
— Entendi, senhor — minha voz sai num fio fino, evidenciando a minha tesão desenfreada.
Como eu posso querer tanto um homem que quer que eu seja tão ou mais obediente que um cachorro adestrado?
— Muito bem — congratula, afagando as minhas costas nuas — Pode assinar.
Eu me atrapalho toda abrindo a pasta e a caneta que estava dentro rola até o chão, o que me faz erguer um pouco do seu colo para pegar, praticamente mostrando a bunda toda para ele.
Quando volto a me sentar, a sua mão está agarrando o meu rabo com força, e eu tenho que me concentrar em assinar, como se fosse uma missão de vida ou morte em Israel.
Risco o meu nome no local que é suposto e murmuro um "feito".
Posso até ver uma sombra de sorriso surgir nos lábios do Lucca, mas some tão rápido que eu não posso dizer se era mesmo um sorriso ou um reflexo.
— Agora você, o seu corpo e os seu pensamentos são meus — ele fala, com satisfação estampada na voz, enquanto tira o contrato da minha mão — Tem alguma coisa a dizer quanto a isso?
— Na verdade, tenho um pedido.
— Estou ouvindo, Fadinha.
Eu pego o celular dentro da bolsa brilhante e desbloqueio, abrindo as fotografias e procurando uma em específico.
— Quero que coloque essa foto no seu perfil do aplicativo de mensagens.
Quase rio quando Lucca ergue uma sobrancelha e me fita como se eu fosse a garota mais pirralha do mundo.
— Por quê? — pergunta, curioso.
— É a minha única exigência. Depois disso, eu sou toda sua.
Lucca suspira e arranca o seu celular do bolso da calça, abrindo o aplicativo de mensagens.
— Me mande a foto — pede.
Quase pulo do seu colo e bato palmas para comemorar. Eu achei que iria querer até me castigar por isso.
Eu faço como ele pede e mando a foto, que ele recebe e coloca como foto de perfil do aplicativo.
Eu esboço um sorriso largo e ele balança a cabeça, pegando o meu celular e o dele para deixar em cima da mesa perto da poltrona.
— Seus pedidos expiraram. Agora você vai seguir as minhas ordens.
— Sim, senhor — volto à minha postura complacente.
— Lembra da nossa brincadeira do outro dia?
Eu sinto as minhas bochechas aquecerem ao me lembrar de quando me masturbei para ele.
— Sim, eu me lembro, senhor.
— Vamos repetir — anuncia — Vá até a mesa de cabeceira e pegue a venda para mim.
Eu abandono o seu colo com muita relutância e faço o que Lucca me manda. Uma venda de cetim vermelho, que coincidentemente combina muito com o meu vestido, está na gaveta e eu pego.
— Sente-se na beirada da cama — ele ordena e eu faço.
Lucca se levanta, imponente e forte, e vem até o meu encontro, tomando de mim a venda e a esticando-a.
— Eu vou cobrir os seus olhos, para que você possa explorar os seus outros sentidos. Não tire a venda em momento algum. Entendido?
Tudo o que eu consigo explorar agora é ele e o seu corpo másculo, mas aceno em confirmação, muito fascinada.
Em alguns segundos, a minha visão está totalmente preta. Já não consigo observá-lo na luz vermelha e amena do quarto. Mas o que eu achei que não seria bom, se mostra como sendo um experiência muito instigante.
Se minha visão está coberta, automaticamente a minha audição fica mais aguçada.
— Deite-se e abra as pernas — ele manda, eu faço.
Com os lábios entreabertos para respirar melhor, eu me deito com as pernas abertas, sem poder ver absolutamente nada, só sentir e ouvir.
Sinto os seus dedos ágeis infiltrarem-se no meu vestido e agarrarem as alças da minha calcinha. Em dois segundos, ela é arrancada de mim com um puxão. Minha pele arde e é delicioso. Lucca rasgou a minha calcinha com facilidade e agora eu estou com a buceta molhada e exposta para ele.
— Abra mais — sua voz soa levemente rouca.
Eu abro as pernas o máximo que posso, fazendo o tecido do vestido embolar na minha barriga.
Porém, Lucca não está satisfeito. Ele me pega pelos joelhos e expande ainda mais as minhas pernas, me causando dor. Mas uma dor bem-vinda.
Arfo e mordo o lábio, acabando com o batom.
— Perfeita — sibila.
Meu peito se enche de satisfação por ouvir isso sair da sua boca.
— Agora, Fadinha, eu quero que você se foda pra' mim. Vai fazer isso?
Engulo em seco, esticando as mãos para acariciar a parte interna das minhas coxas.
Quero fazer um show inteiro para ele, seguir as suas ordens e ser o objeto do seu prazer.
Aqui, entre essas paredes, eu não tenho medo algum, nem desconfianças. Eu só tenho a tesão, a necessidade e o seu olhar sobre mim.
• • •
O próximo capítulo é só o colchão, tem nem água!🗣
Gostou? Se prepara para o que vem depois.
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