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Capítulo 2

Novembro de 1982

-Esmeralda minha filha, você precisa sair de casa. Sua cadeira de rodas vai emperrar de tanto ficar no mesmo lugar. Saia desse quarto, já se passaram dois anos desde que tudo aconteceu. -diz minha mãe com os olhos suplicantes e tristes.

-Mãe, a senhora sabe que não tenho vontade de sair. Eu já tentei isso uma vez, e não aguentei os olhares de pena e desconforto das pessoas. Já saio o bastante indo e voltando do trabalho na semana. A primeira coisa que elas enxergam é essa cadeira horrorosa. Já disse, não vou e não vou.

-AAAAH ela vai sim tia. -outra voz aparece no quarto abrindo a porta de uma vez e me dando um susto de quase arrancar o coração. Só podia ser Madeline.

-Mad você quer me matar do coração? -pergunto lançando o melhor olhar de fúria que podia em direção a minha melhor amiga.

-Para de ser fresca Esmeralda. Eu vim te resgatar, porque eu juro que estou pra desistir de ser sua amiga se você não sair desse quarto.

-Eu já disse que não v...

-E se você usar a desculpa da cadeira de rodas novamente eu lanço ela na sua cabeça. -Mad me interrompe, com os braços cruzados e expressão de quem não iria desistir. Minha mãe sorri de canto e eu então percebo que foi ela que chamara minha amiga pra me convencer a sair.

-Vai filha, vai ser legal. Hoje tem culto, tenho certeza que terá alguns jovens e você vai se enturmar. Quem sabe não arranja até um gatinho...

-MÃE. -grito e tapo os olhos envergonhada. Madeline segura a barriga de tanto rir.

-Ué, como vocês jovens falam hoje em dia? Não é gatinho mais não? -pergunta a minha mãe perdida e eu solto a risada que estava segurando.

-Pode deixar que eu te ensino os novos flertes de hoje tia. -diz Mad piscando pra minha mãe. Eu não podia acreditar.

-Mãe, eu não vou pra igreja pra arranjar namorado. Além do mais, a senhora sabe que...

-Você não se apaixona. -diz em coro Mad e minha mãe juntas com os olhos revirados.

-É claro que eu sei disso minha filha, mas Deus pode muito bem ter um propósito na sua vida que envolva você conhecer um gatin...

-MÃE não diga gatinho de novo por favor. -digo e Mad dá uma gargalhada maior ainda.

-Tudo bem tudo bem. -minha mãe levanta as mãos em sinal de rendição.

Madeline me surpreende de novo empurrando a minha cadeira de rodas sem permissão e começando a correr comigo pela casa.

-UHUUUUUUU. -ela grita me girando na cadeira e eu juro que se minhas pernas funcionassem nesse momento, eu levantaria e daria um enorme soco nela.

-MADELINE EU VOU MATAR VOCÊ. -grito e ela corre mais ainda comigo pela sala. Depois de cansar ela para sorrindo e se abaixa em minha frente.

-Vai nada. Eu sou sua única amiga, o que você faria sem mim? -ela pergunta com um sorriso meigo e eu sinto minha raiva esvaziar aos poucos ao olhar pra minha amiga.

Ela fora a única que nunca havia me deixado desde que tudo aconteceu, mesmo nos meus piores momentos Mad sempre esteve aqui tentando me fazer rir. Eu era grata por tê-la em minha vida. Entretanto, ela era convencida, e nem em outro século eu admitiria isso a ela.

-Faria várias coisas. -respondo ajeitando meu óculos e levantando o queixo em altivez, criando uma postura falsa de superioridade.

-Palhaça, agora que você vai ver. -ela diz tirando meu óculos e começa a bagunçar meu cabelo, arrancando vários gritos de mim e me fazendo bater nela até aonde eu enxergava. O que por sinal, era quase nada.
Obrigada miopia.

-Vocês não crescem nunca. -ouço uma voz grossa e associo mesmo que sem enxergar que era o meu irmão mais velho.

Mad em uma situação súbita de nervosismo coloca os óculos torto em meu rosto e quando eu volto a enxergar além se borrões, fito o rosto ruborizado da minha amiga.

Eu ainda iria conversar com ela sobre isso, será que ela estava gostando do meu irmão?

-Que dia você vai parar de ser otário nariz de tucano? -digo jogando a almofada que estava próxima no sofá em sua direção e ele mostra a língua em uma atitude completamente infantil.

Tudo bem que ele não tinha nenhum nariz de tucano, mas quando eu era criança não tinha tanta criatividade assim e inventei o primeiro apelido que achei.

-No dia em que você enxergar quatro olhos. -ele joga a almofada de volta e a mesma desvia, batendo em Mad ao invés de mim. O idiota não reparou e saiu indo em direção ao seu quarto com o cheiro exalando suor. Ele havia acabado de voltar do futebol, oh agonia.

-Desculpa pelo Fred Mad, meu irmão é um imbecil. -digo sorrindo e Mad estava tão distraída que demorou uns 10 segundos pra me responder.

-An? Ah, sim, claro, verdade. -ela diz gaguejando e começa a mudar de assunto da água pro vinho. Ignoro por hora, e faço uma nota mental de voltar nesse assunto com ela depois.

Decidi que iria, pois de tantos nãos, eu devia isso a Mad e a minha mãe, que não aguentava mais me ver sem sair.

Passo o resto do fim da tarde me arrumando com Mad e ouvindo ela e minha mãe conversarem animadamente. A relação das duas era algo tão íntimo que eu quase via Madeline como uma outra filha da minha mãe.

Tomo um banho demorado devido à dificuldade, mesmo após esses dois anos, de realizar uma tarefa tão simples como essa. Coloco um vestido longo azul um pouco florido e arrumo a franjinha em meu cabelo que quase sempre andava bagunçada.

Me olho no espelho e me sinto bonita, apesar de lembrar que ninguém irá reparar em outra coisa além da cadeira.

Respiro fundo e ouço os gritos de Mad atingirem meu tímpano. Era hora de ir. Mexo as rodas da cadeira e vou em direção a sala, onde já encontro meu pai sorridente nos esperando com a chave do carro na mão.

-Pai, isso é mesmo necessário? A igreja é aqui perto, as ruas foram iluminadas e tem até guardas noturnos depois de tudo o que aconteceu. Eu e Mad podemos ir sozinhas. -digo já imaginando o trabalho de ter que dar ao meu pai como todas as vezes quando vamos sair ao entrar no carro, colocar a cadeira...

-Claro que é necessário filha, vou levar e buscar vocês duas. Não é trabalho nenhum. Estou tão feliz ao vê-la saindo de casa, tem tempo que não vai a igreja ou a lugar algum e...

-Eu sei pai, prometo ir mais vezes. -o interrompo e lanço um sorriso sincero, vendo os olhos do meu pai brilharem de esperança.

A pior parte de tudo o que me aconteceu, por incrível que pareça, não foi a falta de andar, mas sim, assistir a preocupação dos meus pais dia após dia nesses últimos dois anos.

-Deus ouviu as nossas orações. Nada me alegra mais ao saber que você está seguindo em frente filha. Está tão linda. -diz meu pai apertando as minhas bochechas e ouço a gargalhada de Mad atrás de mim. Reviro os olhos na direção dela e logo entramos no carro, indo em direção ao culto. Minha mãe entra junto correndo com um sorriso de orelha a orelha e meu pai liga o rádio do carro.

Logo após um caminho extremamente curto, em cerca de 4 minutos já havíamos chegado. Sorrio em agradecimento ao meu pai por ele me descer e me ajeitar novamente na cadeira, e abaixo a cabeça sentindo o olhar das pessoas serem direcionados em nossa direção.

Meus pais respiram fundo e sorriem pra mim, me encorajando a seguir em frente. Eu sabia que eles decidiram não entrar hoje para que eu criasse coragem e aprendesse a enfrentar as pessoas sozinha. Entretanto, após esses dois anos eu não era mais a mesma Esmeralda simpática e sorridente.

-Boa noite Esmeralda, quanto tempo não a vemos aqui. -diz uma mulher que eu havia esquecido o nome, trazendo consigo mais outras três que olhavam mais pra cadeira do que pros meus olhos.

-Boa noite. -respondo seco e curto, fazendo um sinal pra que Mad me tirasse dali. Ela entende e sorri envergonhada para as mulheres, me empurrando e me acomodando em um lugar no fundo.

-Amiga, você tem que ser mais legal com as pessoas. -suspira Madeline.

-Muitas não foram legais comigo. Ninguém sequer se importou em me visitar Mad, você sabe que eu tenho dificuldade em confiar novamente. Apenas o pastor nos ajudou e deu força para os meus pais durante todo esse tempo. Falando nele, o culto já vai começar. Depois conversamos. -digo rápido e fixo meu olhar ao púlpito, encerrando o assunto.

O pastor começa com uma oração e eu fecho os meus olhos engolindo em seco. Havia um bom tempo em que eu não orava, e muitas vezes eu pensava que talvez Deus não estava mais com vontade de me escutar.

Depois da fatídica noite, tudo dentro de mim havia mudado, e isso incluía o meu relacionamento com Deus.

Quando a oração terminou, eu não senti nada, e pensei que talvez vir aqui hoje tivesse sido uma completa perda de tempo. Pra minha surpresa, quando a pregação começou, todas as vertentes dos meus pensamentos foram quebradas. 

-Meus irmãos, Hebreus capítulo 13 versículo 5 diz: "Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei." Percebem o quão maravilhosa é esta palavra? -o pastor começa e o meu coração começa a se agitar. -Deus nunca abandonou nenhum de nós em momento algum de nossas vidas, ele sempre esteve conosco.

Será mesmo pastor? Em todos os momentos? Porque ele não esteve comigo quando eu recebi aquele tiro e passei pela maior aflição de toda a minha vida?

-Jesus nos ensinou grandes ensinamentos meus queridos irmãos: Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. -Eu estava pensando alto demais? Como essa palavra estava respondendo os meus questionamentos? É apenas uma coincidência, nada do que eu escutar aqui trará a antiga Esmeralda de volta.

Os meus sonhos foram quebrados, os meus planos foram rompidos e tudo o que eu imaginei pra minha vida havia desaparecido como pó.

-Não se enganem com este mundo e com as coisas que nele contém. A palavra de Deus é viva e eficaz, e se Deus lhes prometeu que jamais os abandonaria, ele cumpre. Deus não é homem para que minta. Além do mais, nunca pensem que nossos planos são iguais aos dele, por ele diz em Isaías 55:8: "Os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus caminhos."

CHEGA. Grito internamente. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e meu peito prestes a sufocar. Eu não estava preparada, eu não iria sair tão fácil assim da minha bolha pessoal e não queria continuar tão confusa em relação aos meus sentimentos.

Foi um erro vir aqui, eu devia ter continuado em meu quarto. Olho pra cima a fim de fazer minhas lágrimas voltarem de onde saíram e falho miseravelmente.

Me escondo por trás do meu cabelo e sussurro pra Mad que precisava beber água. Ela faz menção de se levantar pra me acompanhar e eu toco em seu braço a alertando de que não era preciso.

Coloco a mão nas rodas da cadeira e vou em direção a área separada da igreja onde continha os banheiros e uma mesa com moringas de barro com água fresca.

Passo tão atordoada com as palavras que ouvi que não percebi quando a cadeira esbarrou em alguém e as rodas passaram por cima de um pé desconhecido.

Meus olhos ainda embaçados nos óculos em virtude das lágrimas que insistiam em cair tentam focar na pessoa em minha frente. Era um homem, mas eu estava estressada e confusa demais para pedir desculpas. Continuo meu caminho como se nada tivesse acontecido.

-Ei senhorita, nem um pedido de desculpas? -ouço a voz grossa do homem que provavelmente acabei de "atropelar" e paro de movimentar as rodas.

Respiro fundo e tento me acalmar, sentindo meu coração prestes a explodir.

-Não, seus pés não foram arrancados, lide com isso.

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