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6 - Chamados não atendidos

Depois daquele chocolate, Melinda sentiu necessidade de mais e sabia que apenas não comia mais porque estava na casa de outras pessoas e não lhes ía pedir mais. Não tinha descaramento para isso. A sua memória da fase adulta enviava-lhe memórias de sua primeira adolescência enquanto Melinda, daquele seu transtorno que fôra tão difícil combater. Lágrimas rolaram pelas suas bochechas devido à lembrança.

Inaïa olhou para si intrigada.

— O que se passou? Estás bem?

Melinda olhou para a bailarina e sentiu que tinha ali uma amiga. Caramba, na verdade sentia uma conexão com ela que ía além de suas idades compatíveis. Nunca saberia explicar de onde vinham essas suas súbitas simpatias por pessoas que nunca tinha visto na vida, como aquela que sentira por a escritora que ajudara a DOM a descobrir mais sobre todo o caso que envolvia Óscar.

Disse a Inaïa que não se passara nada e conseguira acabar com o assunto antes mesmo de ele começar, sobretudo porque falara em como estava sentindo calor com o seu casaco.

Foi instruída a colocar o casaco num cabide à entrada da mansão. Olhou para o bolso onde sabia que Cila estava e afastou-se.

Na hora do jantar sentira um certo medo de passar fome. Apercebera-se nesse momento que tinha uma ideia pré-feita sobre a cozinha francesa, um pouco preconceituosa. A comida era algo apetitoso, muito apetitoso mesmo, aquém de suas expectativas.

Conhecera a família de Inaïa quase na integra e estava a achar tudo aquilo fácil de mais.

Fácil de mais para ser verdade.

A logomania de Cerise só facilitava a recolha de informações sobre aquela família.

Poderia colocar suas mãos no fogo, figurativamente, porque literalmente com certeza meteria, de que Inaïa não era uma trocada, nem Cerise, nem mesmo Lorelei, que mal jantara, saíra outra vez. Parecia ter mil ocupações.

— A tua irmã trabalha em quê? — perguntou Melinda, curiosa, desconfiada até.

— Ela faz tudo e não importa o quê.

— Ela está indo ter com alguém que precisa dela em qualquer lugar — disse Cerise. — É sempre assim.

Melinda nem precisava de tanta confirmação. Não havia dúvida alguma de que Lorelei era uma fada e poderia ser qualquer tipo de fada, porque qualquer tipo de fada ouvia e respondia a chamados. Ela tinha esse dom muito desenvolvido. A fénix conseguia perceber isso muito bem. Todas as suas formas eram capazes de sentir a magia que vibrava naquela mesa e emanava de todos ali, das filhas, da mãe e até mesmo... do pai. Mesmo continuando perplexa com a semelhança dele com Óscar, agora conseguia notar o brilho de seus olhos, o brilho de sua aura, a energia mágica que emergia de si.

Melinda sentia muito mais do que podia entender ainda, se ela tivesse conhecimento de sua própria condição há mais tempo, ela veria no pai de Cerise, Inaïa e Lorelei uma centelha de poder mágico bem enfraquecido devido à falta de uso, essa sendo consequência de ele não saber das suas origens mágicas, assim como nenhuma de suas filhas sabia.

Mas ele era diferente das filhas e isso efetivamente Melinda conseguia sentir. Como não era uma augenide, não podia ver a cor das auras, mas daria a cara à tapa de como as filhas tinham uma cor diferente do pai delas, o que abria um leque de questionamentos na mente já tão bagunçada da famosa fénix profetizada.

No seu bolso, Cila tinha um ataque de sono provocado por o calor do tecido e o bem estar e aconchego que aquele espaço lhe estava proporcionando.

Não sabia por que razão a mãe daquela família não estava em casa, comendo com eles, mas teve medo de perguntar e ser inconveniente. Pensou até que ela poderia estar morta, até ouvir Cerise perguntar:

— Mas afinal onde está a mãe? Ela nunca falha uma refeição em família.

— Disse que teve um assunto de família — respondeu o pai.

As duas filhas olharam uma para a outra espantadas e intrigadas.

Eh bas, dis donc! — disseram as duas em uníssono.

Melinda sempre achara aquela expressão francesa muito engraçada.

O patriarca da família mudou o assunto.

— E a vossa amiga? Ela deve ter de ir embora, n'é?

— É sim — falou Melinda, sentindo-se de repente a mais no seio daquela família. — A minha tia pode estar preocupada. Vou-lhe mandar uma mensagem.

Pegou no telemóvel e de fato escreveu a Tânis.

Não muito tempo depois, Tânis com Sana no pendura de um carro rosa-choque entraram pelo portão do casarão.

— Nossa — exclamou Inaïa. — A tua tia tem um carro lindo. Não sabia que ela tinha carro, sequer. Parti do pressuposto que não tinha quando vos vi. Porque não disseste?

— Aaa — soltou Melinda. — Não surgiu.

Por pouco não respondeu "se tu não sabias, eu muito menos".

Quando se aproximou do carro, Tânis esboçava um sorriso enorme e Sana um leve tom de divertimento. Não era uma expressão que lhe testemunhara até então.

Despediu-se das duas irmãs mais novas e entrou no carro rosa-choque. Mas mais em choque que o carro estava ela.

Ele não era Óscar.

Sabia que não era Óscar, mas ao mesmo tempo sentia que era sim e isso era muito estranho.

Deu por si a imaginar que simplesmente estava a ver o seu avô em outros rostos. Não era como se nunca tivesse tido esse tipo de alucinações. A sua terapeuta provavelmente a relembraria disso se pudesse falar com ela nesse momento. A relembraria do quanto já vira Xavier em rostos de outras crianças, do quanto já vira o rosto de Rogério seu pai no rosto de homens com o mesmo porte físico, do quanto já vira o rosto de Estela, sua mãe que estivera presa por quinze anos, durante todo esse tempo, no rosto de outras mulheres com o mesmo cabelo loiro ou o pior de todos, o rosto de Lourenço. Esse rosto ela vira muitas vezes até onde não havia rosto nenhum.

A terapia que seguia desde a adolescência nunca sarara completamente as suas feridas do passado, mas sentia que ao pouco se curavam.

Ela vira o seu irmão ser raptado, logo a seguir o seu pai assassinado e então anos depois passara por o pesadelo de ter o seu corpo violado vezes sem conta por aquele homem a quem a sua mãe idolatrava a ponto de achar que ele fôra seduzido por uma criança que pediu socorro várias vezes.

Aquelas lembranças ruins estavam mais fortes que nunca.

Tânis perguntou o que descobriu, mas Melinda não a ouviu logo.

— A sim — disse — Conheci mais uma irmã e senti outra aura mágica, porém não é igual à Inaïa.

— Não é igual? Ao que se parece?

— Não lembro, mas sei que já senti aquela magia noutros seres antes.

— Em Fairie ou na Terra?

— Não sei — respondeu Melinda pensativa, tentando lembrar a todo o custo. — Talvez nos dois.

— E a Cila, onde está? — perguntou Sana.

— Aqui — respondeu Melinda levando cuidadosamente a mão ao bolso, porém quando o abriu ele estava vazio, não tinha nada ali, muito menos um ser vivo, mágico e brilhante.

Os seus olhos se abriram de susto. Onde a fada se havia metido?

Estaria em sarilhos com as outras duas Artemísias?

De fato sentiu-se uma adolescente à beira de um sermão, um castigo talvez.

Queria não estar a sentir-se tão quente, tão sufocada sobre si mesma.

— Onde está a Cila? — perguntou também Tânis.

— Ela estava no meu bolso da última vez que a vi — respondeu Melinda.

— Estava? — perguntou Tânis. — Não está mais?

Melinda susteve a respiração enquanto dizia que não.

Sana olhou Tânis que conduzia atentamente olhando para a frente.

— Ela deve ter saído e ficado no casarão. É uma fada, basta-nos pensar nela que ela vai aparecer numa poeira dourada.

E Sana chamou em pensamento, Tânis chamou em pensamento, Melinda chamou em pensamento por a fada vezes e vezes sem conta, mas simplesmente ela não aparecia e Cila nunca ficara sem aparecer a um chamado, fosse de quem fosse.

O silêncio entre as três criaturas sobrenaturais no carro era apenas cortado pelo barulho do carro assobiando ao vento da noite. Todas estavam preocupadas, embora todas quisessem acreditar que por alguma razão Cila não podia aparecer. Alguma razão importante.

Melinda achou que talvez não fosse sensato falar que vira um homem igual a seu avô, já estavam com um assunto suficientemente preocupante em mãos, não precisavam de mais esse problema.

Tânis virou na primeira rotunda e começou a conduzir de volta para o casarão onde viviam Inaïa e a sua família.

— Vamos voltar para buscar a Cila? — perguntou Melinda.

— Vamos, ela não responde aos meus chamados e ela nunca me fez isso.

— Também estou a chamá-la — disse Sana.

Melinda ía dizer "eu também", mas isso não iria adiantar de nada. Precisava de pensar numa boa desculpa para voltar.

Precisava dizer que esquecera de algo que realmente lhe faria falta, o seu telemóvel talvez. Não era assim tão difícil.

O carro parecia voar no asfalto.

Melinda saiu do carro e correu até ao portão da frente. Estava tão preocupada, que a sensação de ter uma fada poderosa perto de si passou-lhe completamente despercebida. Na verdade foi de encontrão até aquele cheiro de biscoitos de baunilha e chocolate. Parecia ser um odor natural. O rosto da mulher era jovem, mas não tão jovem como o seu quando era adulta. A mulher era loira e tinha cabelos perfeitamente cacheados, mas o mais notório para a fénix é que a mulher resplandecia de brilho feérico, não por ser poderosa e sim porque parecia acabar de chegar de Fairie.

A mulher olhou para si e pareceu empalidecer, mesmo sob a luz do luar. Ainda assim a luz das lanternas ali próximas eram o suficiente para ambas se verem bem uma à outra.

Era uma mulher muito linda. Inaïa era muito parecida com ela, realmente muito mesmo e isso fez Melinda saber por instinto absoluto de quem se tratava. Era a mãe das irmãs fadas. Parecia jovem demais para ser mãe de uma moça com a sua idade, mas nada de estranhar numa fada... mas esta fada... esta fada sabia que era uma fada. Ela sim, sabia.

Realmente o destino é aquela coisa que te leva onde queres, talvez não quando esperas, não nas circunstâncias que mais favorecem a situação, mas irremediavelmente Melinda sempre se via naquela linha onde o destino a acariciava com o seu tato um pouco duvidoso.

"Ezlíria realmente existe" pensou Melinda.

Ó se existia, a olhava invisível, majestosa em seu vestido preto que empurrava seu busto para a frente e acabava em ondas roxas, planando no ar não muito longe das duas.

Melinda não conheceu aquela mulher, apesar de saber o que ela era, mas a mulher por sua vez sabia quem era Melinda e o que ela era e temeu por sua família, temeu pelo seu segredo mais precioso, pelos segredos sobre seu marido que nem ele sabia.

Sentiu-se numa encruzilhada, porque pensou que aquele era o fim de todos os segredos que guardara das pessoas que mais amava, mas Melinda nem imaginava seus pensamentos.

— Olá, eu sou amiga da sua filha Inaïa. Jantei cá e deixei o meu telemóvel. Só voltei para vir buscá-lo.

A fada foi surpreendida por aquelas palavras e desconfiou da veracidade delas, mas jogou o seu papel de humana que não era e abriu a porta a Melinda, que entrou e admirou mais uma vez o teto alto e a amplitude vasta daquele casarão.

— Devo ter deixado na cadeira onde me sentei na sala — disse Melinda.

— Vai buscá-lo, então — a mulher disse aquilo numa voz amena, mas a sua voz era assim por natureza, não dava para perceber se havia uma pinga de rudeza em seu timbre.

— Vou sim.

Cerise estava andando no andar de cima com algo escondido perto de seu corpo.

Primeiro Melinda realmente procurou debaixo da mesa da sala, chamou Cila em pensamento e nada. Olhou em todos os cantos que podia, tentando detetar o mínimo par de asinhas brilhando, mas sem sucesso. Não via Cila em lado nenhum, mas a sua atenção foi chamada pelo grasnado de um corvo de uma das janelas da casa. Soou tão forte que Melinda não teve como não olhar. Inclusive a matriarca da família olhou também, em sobressalto.

De perto da matriarca surgiu uma moça de cabelos vermelhos.

— Senhora, ainda há comida para si na cozinha.

— Obrigada, Ariadne — respondeu a mulher de uma beleza excecional de uma forma bastante amigável.

Definitivamente não era todos os dias que via uma empregada ser tratada por a sua patroa como uma igual, ainda mais a matriarca de um casarão. Melinda detetara a humildade, sem entender que realmente elas eram iguais de algum modo ou haviam sido, num passado onde a matriarca era somente alguém querendo se passar por uma humana no seio de uma família podre de rica.

— Podes ir embora, Ariadne. Está na tua hora.

— Claro — respondeu Ariadne, olhando a patroa de frente, também ela a tratando como uma igual. — Na verdade estava só esperando o meu noivo chegar. Ele ficou de me vir buscar.

— Com que então é sério, mesmo?

Ariadne sorriu e assentiu. Depois ouviu-se o barulho de um carro e a empregada foi-se embora.

Os olhos da matriarca viraram-se novamente para Melinda.

— E então? O telemóvel?

— Não o encontro. Talvez tenha deixado no quarto da Inaïa ou talvez da Cerise. Posso subir?

— Claro, criança — respondeu a fada, tentando atingir uma verdade que estava bem longe de suas suspeitas.

Melinda subiu sob o olhar da mulher e mais uma vez foi atraída por o grasnado de um corvo, numa outra janela do corredor que estava seguindo. Apenas seguiu as coordenadas daquele corvo que parecia querer a todo o custo comunicar-se consigo.

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