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1 - Falta de ar

A sensação de liberdade que aquele par de asas lhe proporcionava era algo que Melinda nunca poderia descrever. Era uma sensação maravilhosa que tomava conta de todo o seu corpo de ave, corpo esse que ela sentia muito mais como seu, do que o seu corpo humano, mas os dois eram seus e ela nunca se desfaria de nenhum dos dois se lhe dessem a escolher.

Desbravou toda a Fairie durante um tempo incalculável, sedenta de saber tudo, de conhecer tudo. Olhou os cogumelos que pareciam gigantes; as fadas em seus variados tamanhos; as árvores mexendo-se, mostrando que tinham vida em si; um rio enorme onde vira sereias e ninfas. Ficou tão extasiada com essa visão que fez um pouso ligeiramente desajeitado perto de um grupo delas. Admirou-as, sentindo-se inclusive um pouco atraída. Perguntou-se se isso acontecia com toda a gente ou se era apenas sua pansexualidade falando.

As sereias a olharam completamente espantadas e ao mesmo tempo com sorrisos abertos.

— Olá, fénix — disse uma delas.

— Olá, agente.

Ela olhou para o lugar de onde vinham aquelas palavras e teve até um pouco de dificuldade em reconhecer. Era Emira. Enfim ela estava num lugar protegido pelo reino humano.

Melinda decidiu se transformar em sua forma humana para olhar para ela. Ela não tinha cauda.

— Porque não tens uma cauda? — perguntou.

Emira sorriu e aquele sorriso era tão lindo! Ela parecia tão nova, não parecia mais a mesma mulher que vira duas semanas antes.

— Ninfas não tem cauda.

— Ah — entoou em entendimento —, vieste para cá — constatou.

— Sim.

— Porque só agora?

— Porque uma grande amiga relembrou-me que as coisas que deixei na terra não são mais minhas.

Melinda a olhou intrigada. Os seus olhos eram da cor do fogo e em seu corpo nuo, uma roupa de fogo cobria as suas partes íntimas. Todas aquelas criaturas a olhavam ainda mais intrigadas e espantadas que antes. Foi então que olhou para o seu corpo e percebeu o seu estado, conseguira fazer suas roupas flamejantes apenas com o poder de seu pensamento e o seu corpo estava mais malhado que nunca, como se em vez de voar ela tivesse ido por seis meses ao ginásio.

— Emira, o que deixaste na terra?

Melinda havia feito a pergunta, mas no fundo já sabia a resposta, era seu poder de fénix emergindo cada vez mais em seu coração.

Emira olhou as suas novas companheiras, agora todas elas livres. Tinha a certeza que tinha visto pelos menos três daquelas mulheres fugindo da Sede da Rede de tráfico humano de seu... avô. Chegava a ser irónico pensar que o monstro era seu avô, sangue de seu sangue.

— Um filho — respondeu Emira, depois de uns bons segundos de silêncio, que calara todas as sereias e ninfas.

Melinda aproximou-se de Emira voando sob a água com as suas asas em chamas. Temeu causar o temor dos seres ali presentes, mas eles se sentiram confortáveis com aquele calor, ele era hospitaleiro.

Emira aproximou-se, ficando à frente dos outros que ouviam a conversa curiosos.

— E não te interessa saber onde ele está?

— Para quê, se ele não é mais meu? — inquiriu Emira, com alguma tristeza no rosto.

Melinda pensou diretamente em Xavier e em sua busca incessante por respostas. Emira não tinha o seu instinto. Olhou para as águas e viu o seu reflexo, e aquela dor de não saber onde se encontrava Xavier sempre seria o seu calcanhar de Aquiles. Ela perguntara ao seu avô, quando este já estava do lado de dentro das grades, mas para sua própria infelicidade, ela viu sinceridade nele quando este disse que não sabia. Fôra treinada para farejar uma mentira e nisso aí, infelizmente, aquele monstro não mentira.

— Somos diferentes! — exclamou Melinda.

— Sim, tu és fogo, eu sou água.

— Não é por isso, tu acomodaste-te a viver não sabendo nada sobre um ser que saiu do teu ventre, que tem nas veias o teu sangue, já eu sou incapaz de baixar os braços e parar de lutar.

— Do que estás a falar?

Melinda estava divagando. Sentou-se numa rocha, os pés na água, deixando nela fumaça, o que deixara algumas bocas abertas, algumas de contemplação e outros de susto.

— Estou a falar do meu irmão. Foi raptado quando eu tinha apenas quatro anos. Se hoje estou aqui, a principal razão é ele, não aquele ser que te prendeu. Mas esse monstro tinha informações, ou pelo menos eu pensava que tinha.

— Encontraste mais respostas?

— Poucas, mas encontrei — disse Melinda. — Porque não procuras o teu filho? Eu não consigo entender.

Melinda realmente queria entender como era possível não sentir uma necessidade urgente em saber onde estava um parente que supostamente amas mais que tudo o resto no mundo.

— Eu escolhi não saber onde está o meu filho, pela proteção dele. Por isso fui mantida tanto tempo em cativeiro, sem esperanças de sair para outro lugar, sem esperanças sequer de ser vendida a outro monstro. Eu nunca falei onde estava o meu filho pelo simples fato de que escolhi não saber.

— Mas alguém tem de saber — respondeu a menina fénix.

— Sim, a criatura que me ajudou. Ela com certeza sabe.

— Como se chama essa fada?

— Frida Berg.

— A Frida Berg?

— Tu já a conheces?

Sim, Melinda conhecia, era a Fada profetiza que a mandara chamar até a sua casa, a fada que lhe dera a beber chá de girassol, coisa que ela nunca tinha provado. Era quem lhe havia explicado o surgimento dos Filhos do Tempo e quem eles eram. Frida parecia uma pessoa ligeiramente louca, mas ela sabia que ela procurara informações sobre os Filhos do Tempo. E essa mesma fada sabia algo sobre o filho de Emira? Quantas mais coisas essa fada saberia?

— Eu conheço — constatou Melinda, pensativa.

A ninfa fechou os olhos e suspirou mais uma vez.

— Eu espero que ele tenha tido melhor sorte do que eu tive. Sim, gostava de saber ao que se parece, gostava de saber se é casado, se tem filhos, se...

— Se sabe que é em parte ninfa?

— Sim, eu penso nisso. No que ele se tornou. Se será que ele...

Calou-se e Melinda e as criaturas em volta (algumas) prenderam o ar em entendimento.

— Se tornou um monstro? — perguntou Melinda, lembrando-se de sua mãe, uma das feridas que carregaria toda a sua vida.

Queria acreditar que os genes não eram capazes de dar ruindade a ninguém e sim a criação, mas às vezes ela mesma se achava uma pessoa má, vingativa, capaz de matar a sangue-frio e sobretudo: sentia-se uma impostora dentro de seu próprio corpo.

Algumas criaturas deixaram escapar um chiado de terror à menção da palavra "monstro".

✨✨✨

Frida Berg perscrutou as outras fadas a observando com curiosidade à frente de sua porta. Esperava por Melinda, mais uma vez. Sabia que ela voltaria. Sabia que ela voltaria com uma pergunta, uma que a envolvia pessoalmente e que a estava colocando ansiosa, pois não sabia se deveria dizer onde estava o filho de Emira. Já faziam muitos anos, a criança não era mais uma criança há muito tempo, mas o pior eram os laços que ironicamente o ligavam a si mesma. Ele não era só um apelo ao qual respondera enquanto fada que era, ele era bem mais do que isso. Esse momento, aquele em que revelaria a sua identidade e a sua localização implicava pessoas que amava. Não queria mexer no que parecia estar bem, alinhado... mas Frida estava esquecendo uma coisa, a única que tinha o poder do destino não era ela, nem nenhuma fada, era Ezlíria, a Deusa do destino, que inacreditavelmente nunca havia aparecido em seus sonhos. Ela, uma profetiza, nunca tinha sido abençoada por o rastro mágico daquela Deusa.

Estava com uma caneca fumegante de chá de girassol em suas mãos e quando viu a fénix surgir ao longe indo na sua direção, deixou cair a caneca e queimou os seus pés.

Melinda fôra rápida. Surgiu na frente de Frida tal um relâmpago e a olhou séria, já em sua forma que misturava a humana com a fénix.

— Frida? O que você fez por o filho da Emira? Trouxe-o para aqui? Deixou-o... — pensou só um pouco — do outro lado? No mundo dos humanos?

— Tu sabes, não sabes?

Frida paralisou os olhos em Melinda. Esta olhou a caneca com chá derramado nos pés da fada e percebeu que havia algo preocupando a fada.

— Você sabia que eu ía voltar.

Não era uma pergunta, era de fato uma afirmação e Frida não negou.

— Porquê você está tão assustada? — perguntou Melinda, fazendo as chamas em si acalmarem.

Nesse momento o piso da entrada rangeu um pouco, o que desviou o olhar de Melinda. Quando Melinda viu a criatura que atraiu a sua atenção, virou uma humana completa, sem chamas ou labaredas em volta. Os seus olhos deixaram de ser vermelhos, para voltar a ser verdes claros e destes algumas lágrimas jorraram.

— Como? — perguntou à mulher, que a olhou com a ternura de uma avó amada.

— Minha pequena Amara.

Melinda correu para aqueles braços abertos para si e abraçou a idosa com verdadeira ternura. Lembrou tão bem daquela voz lhe dizendo "Sê tu mesma, pequenina. Voa voa..." e ela voara, pela primeira vez na sua primeira vida.

— Capitolina? Mas como? O que você é?

— Sou uma augenide, meu amor. Tu sabes.

— Pois, por isso não compreendo. Você é uma humana, humanos não pertencem ao Outro lado do Véu, nem augenides.

— Eu pertenço. Um dia tu abraçaste-me e deitas-te uma lágrima no meu ombro, lágrima essa que a minha pele sugou. As lágrimas de uma fénix curam.

— Eu sei disso, mas o que isso tem a ver?

— Talvez por eu ser uma augenide, essa lágrima me tenha dado um pouco mais que uma cura que eu não precisava. Precisei me proteger onde os humanos não me atacassem e um dia, passei para este lado.

— Como?

— Também não sei, mas creio que os mistérios são uns bons regentes da minha vida. Eu sempre soube tanto sobre toda a gente, é bom saber que enfim tem algo sobre mim mesma que eu não sei. E nem preciso saber.

— Mas... Lina, você é imortal, porque... faz tantos séculos.

— Talvez eu não seja. Quem sabe?

— Estou contente de a ver, Capitolina. Caramba, eu tenho tanto para lhe contar, porém preciso muito que a Frida...

Olhou, mas Frida não estava mais ali.

— Onde ela está?

— Também não sei, minha pequenina, mas ela tem a resposta, pelo menos uma delas, que tanto anseias.

— É por isso que você está aqui, Lina, você continua a ser essa mulher sábia. Sabe o que eu acho?

— Diz-me!

Então Melinda calou-se. Decidiu que iria guardar aquilo consigo, mas era uma certeza. Capitolina era bem mais que uma augenide. Ela não era uma humana, senão ela nunca teria um acesso tão fácil ao Outro lado do Véu, ela era mesmo o que os aldeões falavam que ela era, e isso não era uma coisa má, mas precisava de ser protegida, porque muitas outras suas semelhantes não haviam sido e isso era demasiado triste.

Melinda ía respeitar a ignorância que trazia paz de espírito a Capitolina, mas ela sabia a verdade, pelo menos desta vez ela sabia uma verdade que nem tinha procurado. Capitolina era indiscutivelmente uma bruxa, talvez por isso continuava a ter a sua aparência de oitenta anos, cabelos brancos, rugas na cara... os seres ali não eram assim por norma, na verdade Fairie tinha seres com mais de mil anos que aparentavam ter apenas trinta anos e na maior parte das vezes isso era o máximo que a aparência envelhecia.

— Acho que você é muito especial, por isso está aqui. Esse mundo protegido dos humanos não é digno de quem não tem um coração como o seu.

— Gostaste de Fairie, não é?

— Eu amei, porém as minhas respostas geraram mais perguntas. Eu estava à procura do meu irmão perdido e...

— Descobriste que tem mais pessoas por aí a serem descobertas ou libertadas.

— Você sabe da Violante? Da maldição?

— Eu sei sim, minha filha. Eu fiquei lá e eu vi as coisas acontecerem. Já com o Onofre não aconteceu nada... Pelo menos não em vida.

— O que quer dizer com isso?

— Ele foi amaldiçoado na morte ao limbo e lá ele foi torturado e morto por um mutante bem pior do que ele.

— Mutante? — O peito de Melinda estremeceu à menção daquela palavra. Ela tinha sido assassinada por um mutante, por isso estava ali, agora, lembrando de tudo das vidas passadas — Qual foi o outro mutante que o matou?

— Barât. Ele abriu uma fenda com o que fez no limbo e...

— Fugiu. É, eu sei quem ele é e agora que penso...

Não interessava falar disso a Capitolina, mas porquê Barât não tinha ido para Veuna, assim como Óscar?

Frida desaparecera.

Ela estava diante de uma bruxa que preferia não saber que era uma bruxa, porque isso remetia a algo ruim.

Estava sozinha com um monte de perguntas sobre as suas origens e de repente, nem sabia bem como ou porquê, faltou-lhe o ar.

Ar...

Precisava de ar.

✨✨✨

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