32 - Fogo crepitante
Actualmente
A música que não abandonava a sua mente estava servindo de melodia de fundo, enquanto alguém chamava o seu nome em eco. Não era o nome Melinda, mas sabia que ainda assim era o seu nome.
Amaraaaaa!
Um coração rude envenenado
Pela inveja conspurcado
Amaraaaa!
Uma maldição a assolou
Desde então ninguém a salvou
Amaraaaa!
Trotando sob rochas e florestas
Amaraaa!
Penedos e montanhas além mar
Amaraaa!
Escondeu-se por meio da magia
Amara!
Esperando quem a viesse salvar
O último chamado foi mais curto. Não teve eco e foi declarado de forma mais nitida. A voz estava próxima. Aquela voz de outra vida.
Num momento estava sendo jogada num fogo crepitante, no outro estava sonhando, buscando algo no ínfimo de um passado dentro de si. Aquela era ela. Aquela jovem que amava os pais adoptivos mutuamente, mas que era odiada pela irmã. Aquela jovem que apanhara a sua irmã tendo relações sexuais no celeiro por trás de casa com o padre da aldeia. Aquela jovem que fugira por não aguentar mais a sua irmã Violante.
Como sempre lá estava ela: a mula sem cabeça, com o pescoço em chamas. Era ela quem estava chamando Amara, o que queria dizer que estava chamando Melinda.
Como é que aquela mula que não possuía cabeça conseguia falar?
Melinda olhou a criatura focadamente, não deixando que nada tirasse a sua concentração, nem aquela melodia, nem aquele lugar desconhecido. Era só ela e a criatura. Aproximou-se. Não sabia porque é que nunca tinha feito aquilo antes. Porque é que nunca tinha encarado aquela criatura e simplesmente a confrontado.
- O que queres de mim? Porque não sais da minha cabeça? Porquê agora, sua maldita? Nem quando estou a morrer tenho paz?
- Não estás a morrer. Tu sabes isso.
Sabia?
- Então? O que queres?
- Ajuda. Preciso que me tires o ferro que está no meu pescoço. Só isso me libertará desta maldição.
- Pescoço? Mas estás a arder em chamas. Não posso colocar aí as minhas mãos.
- Podes sim. Na realidade, Amara, só tu podes. O fogo não vai te machucar. O fogo faz parte da tua essência. Sempre fez e sempre fará.
Era verdade, o fogo não a machucava, o que era incrível e estranho.
- O fogo não me machuca - constatou - O que eu sou?
- Não te lembras?
- De quê?
- Amara, tu és uma fénix. És uma elemental de fogo.
- E tu? Quem és tu? Como sabes quem eu sou?
- Sou a tua irmã.
- Não, não és a Lavínia.
- Pois não - disse a mula - sou a Violante.
Violante. Aquele nome apertava seu coração. Era angustiante, mas soube que era verdade.
- Como?
- Como me tornei esta mula sem cabeça?
- Sim, como te tornaste esta criatura e porque assombras os meus sonhos?
- Eu fui amaldiçoada pelos sacerdotes do mosteiro por causa dos meus pecados e assombro os teus sonhos porque és a única elemental de fogo que eu conheço. Tenho assombrado todas as tuas vidas na esperança de me salvares.
- Todas as minhas vidas?
- Sim. Quando uma fénix morre, outra nasce.
- Como reencarnação?
- Acho que não é bem isso. É o teu espírito.
- Como eu posso ser uma fénix?
- Eu não sei. O nosso pai trouxe-te para casa quando eras uma bebé recém-nascida.
- E como consegues assombrar os sonhos de alguém?
- Eu não sei bem, é como se vivesse numa outra dimensão ou numa linha de tempo diferente e só assim consigo pedir ajuda. É esta maldição.
- Se eu tirar o ferro o que acontece?
- Eu deixo de ser esta criatura que tu vês.
- Mas não estás na tua época. O que te vai acontecer? Vais morrer?
- Sinceramente não me interessa, só quero deixar de ter esta existência.
- Tudo bem.
Melinda inspirou fundo, aproximou-se mais, colocou as mãos no fogo e tirou de o ferro preso no pescoço da mula. Tocar no fogo foi tão simples quanto mergulhar as mãos em água quente. Não lhe doeu e tão pouco se queimou. Atirou o ferro para o chão. O fogo apagou-se num segundo. O corpo da criatura envolveu-se num fumo alaranjado e quando se dissipou, não era mais uma mula que estava ali e sim uma moça de cabelos loiros e olhos azuis. A sua pele era ligeiramente morena.
- Obrigada, Amara. Desculpa por tudo, da maneira como te tratei e de pensar que tu me ías denunciar. Tu eras tão inocente que nem percebeste, mas eu era má e queria que tu fosses também. Queria ter razões para te odiar.
- Eu sinto que isso faz sentido - disse Melinda - Mas eu não me lembro. Foi por isso que foste amaldiçoada?
- Não - Violante sorriu - Antes fosse, ao menos saberia que fui castigada justamente. Não. Eu fui amaldiçoada por dormir com o Onofre.
- Esse nome...
- É o padre da nossa aldeia. Sabes, eu realmente gostava dele, mas ele dormia com outras. No entanto, ele foi apenas colocado noutra freguesia e eu fui amaldiçoada pela eternidade. Durante estes séculos todos fiquei me torturando, imaginando que também estava a ser castigada por ter sido tão má pessoa, tão má irmã...
- Será que vou me lembrar disso? - perguntou Melinda. Sentia que era tudo verdade, mas não conseguia acessar aquelas lembranças.
- Talvez, em sonhos - Violante sorriu. Foi de encontro a Melinda e a abraçou - És a criatura mais bela que alguma vez vi e olha que durante esta existência amaldiçoada eu conheci muita criatura.
A sua imagem começava a perder a cor, a desaparecer.
- Tu estás...?
- A deixar de existir, sim, eu estou. Obrigada mais uma vez.
- De nada.
- Não, tenho de te dizer mais uma coisa.
A urgência tomou conta daquelas palavras. Violante estava cada vez mais transparente.
- Amara, Melinda, o teu irmão...
- O Xavier? Sabes onde ele está?
A cada instante a sua imagem se dissipava um pouco mais.
- Tempo.
- O quê? - indagou Melinda estressada - Não tens mais tempo?
- Não é isso - falou rapidamente - Filhos do Tempo...
Não teve tempo de proferir nem mais uma vírgula. A sua existência deixara o plano terrestre naquela última palavra: Tempo, que fôra algo que Violante não teve mais.
Melinda fôra jogada para fora daquela clareira e sentira seus olhos se abrirem. Só via fogo crepitando em torno de si, nuns movimentos dançantes coordenados, ciciantes e vermelhos. Ouviu vozes. Foi na direção delas que caminhou e enquanto isso, a sua mente acessava as memórias de outras vidas. Amara tinha sido a sua primeira vida. Violante... todo aquele tempo tinha sido Violante... Mal podia acreditar naquilo.
Bernardo, a voz de Bernardo. Ele teria um relatório incrível para ler quando ela escrevesse aquela sua experiência.
Pedro, ela ouvia-o também e a Inês. Era bom ouvir aquelas vozes tão familiares e queridas, mas a verdade é que havia apenas uma voz que morria de vontade de ouvir, a voz de Maurício.
🔥🔥🔥
Maurício estava sentado no lugar do condutor no carro de Melinda, quando o seu coração parou de repente. Levou a mão ao peito e expirou fortemente o que o fez ter uma tontura.
- O que foi? - perguntou o tio de Melinda ao seu lado.
- Tive a sensação de que algo de ruim aconteceu. Sinto que alguém se feriu. Devíamos ir lá ver.
- Nem penses, meu jovem. Vais ficar aqui em segurança. Deixa o trabalho com os profissionais.
- Mas a Mel...
- Calma, a minha sobrinha sabe-se cuidar. Gostas dela, não é?
- É assim tão óbvio?
- É muito. Só um cego não vê. Vocês têm química. Quando vocês se olham fica muito clara a atração que vos envolve.
- Para um metamorfo, você fala muito bem, com palavras caras.
- Isso é um elogio?
- Claramente - suspirou mais uma vez - Esta espera está a matar-me.
- Respira fundo! - Ernesto instruiu
Maurício fez isso mesmo e ficou tonto mais uma vez.
- O que você acha daquela teoria da Mel? Aquela de haver um Señior e um Júnior?
- Faz sentido - disse Ernesto - Não sei como não pensei nisso antes.
- Será que ele teve um filho bastardo?
- Ou pode ser a Estela.
- Porque diz isso?
- Porque ela é a fotocópia do meu pai em todos os aspectos e sempre foi a queridinha dele e... agora que penso bem, a casa onde ela está... de certeza que foi ele que lhe comprou. Ele nunca deixaria a Estela orfã de pai estando vivo. Ela era especial para ele.
- Será que ela sabe que ele está vivo?
- Acho que não. Ela chorou muito a morte dele. Sempre foi a que mais sentiu a perda dele. Eu acreditava realmente que ele tivesse morrido por...
- Por causa do meu tio.
- Sim.
- Entendo, mas o meu tio não é o culpado de todos os males do mundo e ele é um pouco instável, não o perturbe com essas coisas uma próxima vez que estiver com ele, 'tá?
- Um pouco? Não entendo como um génio pode ser tão... instável.
- Eu sei que você ía dizer louco. Tudo bem. Todo o génio tem um pouco de louco e todo o louco tem um pouco de génio.
- Onde lês-te isso?
- Não me lembro, mas acredito piamente - meteu as mãos no volante e suspirou prolongadamente - Por muito que a gente tente fazer assunto, a sensação de que algo ruim se passou não me larga.
- Olha além - disse Ernesto quando viu algumas pessoas passarem na frente do carro e desaparecendo de maneiras diferentes na vegetação daquela floresta onde se esconderam.
Maurício olhou Ernesto e depois abriu a porta do carro. Saiu do carro e olhou para o céu que se escurecia muito rapidamente.
- Caramba, vai trovejar outra vez - pensou em voz alta.
- Algumas criaturas sobrenaturais conseguem fazer isso - comentou Ernesto do outro lado do carro. Tinha igualmente aberto a porta e saído para a rua.
A floresta à volta deles parecia diferente de um momento para o outro.
Maurício sorriu.
- Mel... de certeza que ela libertou as criaturas presas. Elas estavam além, no forte. Aquela era a sede do tráfico. É por isso que parece que o mundo ao redor de repente mudou de cor. Encheu-se de magia de um momento para o outro.
Algumas gotas pequeninas começavam a molhar o chão e quando a primeira gota caiu na bochecha de Maurício ele teve a confirmação de suas certezas. Algo anteriormente bloqueado desbloqueara e aquela trovoada iria ser bem pior do que as anteriores. Aquela pequena gota era só o começo de uma grande tempestade.
- És um jovem bem inteligente, sabes? Posso ver porque a minha sobrinha tem uma queda por ti. Deves ter razão, sinto a presença de outros metamorfos e não só. Os raios tem carácter sobrenatural sempre, sabes?
- Não sabia - admitiu Maurício.
- Sim, raios, trovões são o prenúncio do nascimento de algumas criaturas e de grandes acontecimentos. E algumas criaturas geram trovoadas apenas estando por perto.
- Isso tem muita lógica, aquilo ali... - Maurício olhou para uma ave ligeiramente diferente das normais.
- É uma harpia. É, tinhas razão. Bem vindos à liberdade!
- Como os humanos não se apercebem da existência de... da vossa existência?
- Primeiramente porque o ser humano tenta sempre encontrar uma explicação lógica para o que não consegue entender. Conseguindo encontrar essa explicação o ser humano dá o assunto por encerrado.
- E se não encontra essa explicação lógica?
- Nesse caso estão todos aqueles que acreditam que nós existimos, alguns em segredo, outros publicamente. Os que acreditam publicamente naturalmente são desacreditados.
- E então a magia continua secreta.
- É isso mesmo, meu jovem, precisamos ser secretos, porque se deixamos de ser secretos coisas muito más podem acontecer.
- Como criarem uma rede de tráfico sobrenatural e vos caçarem como se não fossem pessoas com sentimentos?
- Exatamente. Vejo onde queres chegar.
- É. Esse monstro precisa de ser preso. Desculpe...
- Não, tudo bem. Custa aceitar que o monstro é o meu pai, mas é a verdade. Realmente existe uma pergunta que não quer calar, como é que ele teve acesso à informação sobre o mundo sobrenatural? Foi preciso saber mesmo muito para nos conseguir capturar, vender e ter uma Rede inteira disto.
A pergunta foi respondida com uma chuva desenfreada. Pareciam cair baldes de água do céu. A trovoada não iria demorar a romper.
Maurício e Ernesto entraram no carro logo a seguir a chuva despencar. Ouviu-se um uivado algures.
- Continuas com a sensação de que algo ruim aconteceu? - perguntou Ernesto, vendo Maurício com uma expressão mais amena.
Na verdade a chuva trouxera um apaziguamento ao seu coração, como se aquilo que acontecera de ruim tivesse mudado como por... magia!
Maurício podia ver claramente no meio daquele temporal que tudo na sua vida se tornara mágico desde que conhecera Melinda.
Ela era a magia em seu estado mais puro e apaixonado.
🔥🔥🔥
Melinda pudera ter a experiência de recordar suas vidas anteriores exactamente quando seus pés pisaram o chão além da fornalha onde fôra jogada.
O impostor com a cara de Duarte estava ali, amarrado a vigas de madeira bem apertadas. Gaia e mais umas duas criaturas a olhavam de um lado, no outro estava Pedro, Bernardo e Inês.
- Melinda? - indagaram Pedro e Inês. Bernardo no meio deles estava incapaz de pronunciar uma palavra sequer.
- Sou eu. Eu estou viva - constatou com exitação. Estranhou a sua voz. - Espera... - as suas mãos fizeram um gesto pausado - esta é a minha voz?
- É - respondeu-lhe Pedro - minha nossa, és uma adolescente.
- Eu sou? - indagou
Chefe e amigos não precisaram dizer nada. Ela entendeu que aquela era a mais pura verdade.
- Vês - disse Gaia à criatura ao seu lado - A morte nem sempre é o fim.
Não, a morte nem sempre era o fim, mas ela morrera realmente?
- Eu... - virou a cabeça o máximo possível por cima dos ombros.
As suas asas! As suas lindas asas flamejantes e magnificientes nas suas costas estavam ali.
- Sou uma fénix - completou - Eu não morri porque as fénixes não morrem, elas renascem das cinzas.
- Maldita. Como é que eu não vi? - resmungou o mutante.
Melinda colocou-se na sua frente dele e quando estava com seus olhos postos nos olhos do homicida, deu-lhe um murro no rosto com toda a força que conseguiu. Aquilo porporcionou-lhe uma felicidade genuína.
- Esta é por teres me matado.
Outro murro atingiu o mutante com tanta ou mais força que a primeira.
- Esta é por te teres feito passar pelo Duarte. Não lhe chegas nem aos calcanhares.
- Ele matou-o - disse Pedro, os olhos vermelhos.
Mais um murro atingiu aquele rosto que começava a ganhar contornos ensanguentados e diferentes.
- Esta é por teres matado o meu parceiro e amigo.
Outro murro estourou o seu nariz que começou a sangrar.
- Esta é por te teres inflatrado na DOM com o objetivo de traíres a tua própria espécie... seu canalha.
A cada murro que dava, Melinda se sentia mais vingada, porém a criatura ao lado de Gaia fungava e chorava cada vez mais. A certo momento Melinda não conseguiu mais ignorar. Já tinha esmurrado bastante o mutante, virou-se para aquela criatura de olhos azuis acinzentados e perguntou porque estava chorando. Era por causa da porrada que estava dando no mutante?
- Tudo bem?
- A culpa é minha. A culpa é toda minha.
Era impressão sua, ou não era a primeira vez que ouvia aquela voz dizer aquilo?
- Calma. Porque dizes isso?
Bernardo e Inês comunicavam entre si e começaram a transportar o mutante para fora dali, com a ajuda de um ser mágico que havia sido capturado por ele. O que era dele estava guardado, mas não podiam deixar o tempo passar. A justiça por vezes tardava.
As lágrimas e a tristeza da criatura apertavam o coração de fogo de Melinda.
- Porque eu sou a culpada. Fui eu... que desvendei os segredos do mundo mágico. Eu falhei com os meus e com as leis mágicas - abaixou-se e colocou os joelhos no chão - eu mereço ser castigada.
- Comece pelo seu nome - disse Pedro - Depois explica-nos o resto, t'á? O que fazemos com essa gente sedada, Mel? E o impulsionador?
- Àgua - disse a criatura chorosa - Muita água mesmo para apagar as chamas e isso deixar de funcionar. Eu preciso beber.
Mal viu um jarro de água numa das bancas de laboratório, a criatura aproximou-se e bebeu dali, depois aproximou-se da fornalha e num gesto ritualístico de mãos inundou o interior. O fogo se apagou e água incolor tingiu-se de preto lá dentro.
- És uma ninfa de água, não é? - perguntou Melinda de olhos brilhantes.
- Eu sou. Antes eu fosse apenas isso.
🔥🔥🔥
Todos os empregados da Rede que haviam sido sedados tinham sido trancados atrás da porta vermelha, o tempo necessário até uma patrulha da polícia comandada por Dagmara, a subintendente da Polícia Judiciária, acederem o local e os prenderem todos temporariamente em celas no DIC (Departamento de Investigação Criminal) por tráfico humano. O impostor foi colocado numa cela à parte e especial no Comando. O tempo dele ali seria curto. Dagmara assegurara Bernardo que conseguiria provas que testemunhassem contra eles no mundo humano, não podendo o crime sobrenatural ser tido em consideração por parte jurídica, legislativa ou sequer real.
No laboratório da cave da universidade do Porto, agentes e criaturas reuniram-se.
- É melhor a minha amiga Emira vos contar a história dela - disse Gaia.
Emira, a ninfa, tinha os olhos vermelhos de tanto chorar. Parecia doente e de facto estava. O psicológico da ninfa estava extremamente destruído há muito tempo.
- Eu vou contar, sim. Ele é o teu avô? - pegou as mãos de Melinda ao perguntar.
- Sim, o Óscar é o meu avô.
- Como é possível ele ser avô de uma fénix? Ele é humano, a única coisa sobrenatural nele é a maldade demoníaca.
Melinda engoliu em seco.
- Os genes não falharam totalmente, a minha mãe com certeza puxou a ele.
- Mas o teu tio?
- Eu não nasci metamorfo - esclareceu Ernesto - fui presenteado com o poder.
- Mas... - Emira sentia-se confusa - as fénixes só renascem em linhagens de fogo. Por isso são ruivas. Sempre são ruivas.
- Vivendo e aprendendo - comentou Pedro.
- É? - Melinda sorriu - O meu pai - acabava de compreender - Os Torres são todos ruivos.
- O destino tem coisas incríveis - constatou Maurício - Nunca esse monstro imaginaria que iria ter seres mágicos na própria família, sangue do próprio sangue.
Estava evitando o olhar de Melinda desde que ela se transformara na sua versão adolescente, porque sentia-se culpado pela atração que estava sentindo. De repente não estava mais apaixonado por uma adulta e sim por alguém que aparentava ser menor de idade. Parecia muito errado.
Inês colocou a mão no ombro da ninfa.
- Respire fundo e conte tudo. O senhor Óscar... ele torturou você para contar tudo?
Emira virou a cara para o lado envergonhada.
- Não, o problema não foi esse - apertou os lábios e fungou - é que...
- O quê, mulher? - perguntou Pedro ligeiramente rude. Maurício acotovelou-o por isso - Que mal ele lhe fez?
- Ele fez com que eu me apaixonasse por ele.
🔥🔥🔥
A continuação no próximo capítulo, que será publicado em breve porque está quase pronto.
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