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24 - Profetizada

Atualmente

Melinda deixou-se ficar para trás, depois de todos terem saído do escritório de Bernardo.

- Então, porque é que o Duarte não veio? Eu sei que ele não é realmente um membro da DOM, mas ele tem conhecimento sobre a situação, sobre a existência do sobrenatural.

Bernardo suspirou, enquanto acendia a chaleira eléctrica que tinha em seu pequeno kitchnet.

- Melinda, acreditas na tua intuição?

Melinda ficou alguns segundos refletindo no porquê daquela pergunta e no que deveria responder.

- Eu acredito sim, Bernardo.

- Eu também. Eu acredito no meu instinto e ele diz-me para desconfiar do Duarte.

- Por alguma razão em específico? - questionou Melinda.

- Diz-me, Torres, há quanto tempo não o vês?

Melinda não via Duarte há um tempo  mas não se apercebera disso. A última lembrança que conseguia acessar levava-a ao dia em que Sara Craveiro morrera por combustão intravenosa e levara um monte de pessoas consigo devido ao seu poder empático. Parecia que tinha sido há pouco tempo, mas já fazia cerca de um mês.

- Acho que a última vez que estivemos juntos foi no hospital, no dia das mortes em massa. Falamos juntos com a enfermeira e não me consigo lembrar se viemos juntos para aqui. Cheguei a pensar que ele pudesse estar de baixa um tempo. Acho que não dei grande importância à ausência dele.

- Ele está perfeito de saúde. Demais até.

- O que quer dizer com isso?

- Tem algo nele que está diferente - constatou Bernardo, que infelizmente não conseguia fazê-la entender. Só queria que Melinda pudesse sentir aquilo que ele sentia quando olhava para os olhos de seu subordinado. Era como se a sua alma tivesse abandonado o seu corpo. Sabia que aquilo não fazia sentido, mas era o que sentia.

- Realmente não posso fazer uma análise do estado dele, pois não estou com ele há demasiado tempo! Antes estavamos juntos todos os dias. Nunca pensei ficar um mês sem o ver.

- Exacto. Vocês eram próximos.

- Com certeza. Nem me apercebi que estamos tão... distantes. Nossa!

Acabava de lhe cair a ficha completamente. Com certeza algo estava errado e a culpa atravessou o seu peito, pois ela não reparara nisso e isso deviasse talvez ao facto de se ter aproximado de Inês e sobretudo de Maurício. Ela nunca pretendera substituir a amizade que tinha por Duarte, pelas amizades que vinha ganhando no decorrer do tempo, mas sem querer, ela não estava mais tão disponível para Duarte. Podia se emendar, obviamente.

Como se lhe lêsse a mente, Bernardo colocou a mão em seu ombro.

- Não te culpes. Tens tido a tua vida. Os teus problemas. Tens este caso que consome as nossas energias.

- Sabe, Bernardo. Eu só queria olhar nos olhos desse Señior que de senhor tem muito pouco e lhe perguntar: Porquê? Ele acha-se quem? Um Deus? Que pode aproveitar-se assim da magia das pessoas e pisar quem quiser só para ter o que quer? Maldito.

- Fazes-me lembrar o teu pai quando falas assim.

Melinda lembrou-se da conversa com a sua mãe. Seria Rogério mesmo o seu pai?

- A propósito, Bernardo, já que fala nele. Acha-me parecida com ele?

- Tens dúvidas, Melinda?

- É que a minha mãe...

Bernardo fez um sorriso irónico enquanto abanava a cabeça ligeiramente para os lados.

- Já entendi - disse - Ignora o que ela te disse. O objetivo é te magoar. Ela esteve na prisão por desasseis anos.

- Bernardo, quer dizer-me alguma coisa?

O seu coração deu um solavanco em expectativa. Ela nunca tinha dito a verdade a Bernardo. Que a assassina na verdade era ela. Ela matara Lourenço! Não a sua mãe. Aliás, Estela nunca faria isso. Ela era completamente obcecada por aquele homem, sempre tão necessitada de seu amor e atenção. Como poderia alguma vez matar o pai da única filha que lhe restava? Sim, porque ela nunca tinha sido tratada como uma filha e sim como um fardo.

Bernardo deixou o silêncio ser apenas interrompido pelos trovões. Aquela trovoada estada obstinada a ocupar o céu de Portugal. Bernardo deitou a água que já fervera na caneca onde colocara café em pó, colocou dois cubos de açúcar, dois quais nunca prescindia apesar de sua atenção com a alimentação saudável e após mexer o café com uma pequena colher, pegou na caneca e num porta copos antiderrapante e caminhou até à sua secretária onde os colocou. Sentou-se do seu lado da escrivaninha e fez um sinal de mão para que Melinda se senta-se à sua frente.

- Eu e o Rogério eramos mais que simples colegas. Partilhavamos os segredos sobrenaturais deste mundo e isso é mais do que suficiente para construir laços fortes entre as pessoas. Eramos amigos e estavamos treinados a dar a vida um pelo o outro se fosse preciso. Ele partilhou comigo o quanto eras especial.

Será que ele estava falando de seu par de asas cor de fogo?

- Nasceste num dia de trovoada intensa - disse olhando através dos vidros duplos de seu escritório.

- Como hoje?

- Exactamente como hoje. Eu lembro-me. Eu estava lá.

- O que você quer dizer com "estava lá"?

- No hospital. O dia estava tão parecido com o de hoje! Deve ser por isso que acordei com essa lembrança na cabeça.

Interessante, pensou Melinda, pois ela mais uma vez acordara com a lembrança daquele sonho maldito com a mula sem cabeça, indo na sua direção. Naquela melodia misteriosa "Um coração rude envenenado, pela inveja conspurcado...". A melodia ainda estava dançando em seus pensamentos.

- Durante todo o dia de hoje, não consegui afastar da mente o dia dez de janeiro de 1990, o teu dia de nascimento.

🔥🔥🔥


Antes

10 de janeiro de 1990

A trovoada rompia o céu em múltiplos filamentos de electricidade, quando Estela começou a sentir contrações cada vez menos espaçosas. Era madrugada do décimo dia do ano novo e da década de noventa. O nascimento daquela criança estava previsto para fins da década de oitenta, mas não acontecera. Tinha sido um nascimento profetizado pelo destino.

Quando Estela entrou na sala de partos, só conseguia pensar em tirar a criança de dentro de si, fosse de que jeito fosse. Aquelas contrações estavam a fazer a sua coluna estalar e não conseguia suportar aquele calor infernal por muito mais tempo. Sentia que ía dar à luz o próprio Satanás. O nascimento de Xavier não se assemelhara nem um pouco àquilo. Não sentira aquele calor insuportável, suas costas não pareciam vidro fino que poderia quebrar a qualquer movimento. Xavier nem sequer a fizera sentir contrações. Teve que lhe ser administrada ocitocina sintética na veia para provocar as contratações para o parto. E por incrível que pudesse parecer, ele nascera dia nove de janeiro de 1986. Exactamente há quatro anos atrás.

- Quero a epidural - gritou para uma enfermeira que soava da testa.

- Mas você tinha recusado.

- Mas agora eu quero.

A enfermeira olhou aflita para a sua outra colega presente.

- Sinto muito, mas é tarde demais. A epidural deve ser administrada a seu tempo e o tempo já passou há muito. Na verdade quando você entrou no hospital já não a podia levar.

- Mas, eu não estou aguentar. Está a doer muito.

- Eu lamento. Vou buscar paracetamol, mas vou já avisar, neste momento pouca coisa vai amenizar a dor.

Estela sentiu que ía morrer e odiou a sua bebé por isso. Bernardo estava do outro lado do quarto tentando acalmar Rogério o máximo possível.

- Porque é que eu não posso entrar? - ralhava - Eu sou o pai. O pai.

- Eu lamento - dizia uma enfermeira - A sua mulher está muito...

- Muito?

- Alterada. Acredite. Deixaríamos que o senhor entrasse se isso fosse acalmar a ânsia dela, só que a gente já lhe perguntou se quer a sua presença e ela...

- Ela?

- Ela gritou com a minha colega. Ameaçou apertar-lhe o galete se deixasse você entrar.

- Ela disse isso? - indagou atónito.

- É mais comum do que pensa. Ela está em muito sofrimento. Já passou o tempo da epidural mesmo antes de entrar. E agora parece estar a passar pelas passas do Algarve. Só se sente e descance. A gente vai fazer o parto mal ela tenha a dilatação suficiente, para evitarmos de ter que cortar. E acredite, estamos a evitar isso o máximo possível. Quer que eu lhe dê um café?

- Eu não suporto nem o cheiro a café - disse sentindo uma náusea só de lembrar daquele odor.

- Tudo bem, um chá, então?

- Que seja!

A enfermeira virou costas e Bernardo gargalhou, achando piada ao nervosismo do amigo.

- O que foi?

- Estava imaginando a tua filha. Será que ela vai ter o teu mau feitio?

- Que engraçado, Bernardo!

- É sério. És a única pessoa que conheço que não suporta café. Vai que ela também não gosta.

- Se não gostar é sinal que tem bom gosto.

- Se tu o dizes.

O chão pareceu tremer ao som de um relâmpago atroz.

- Que dia para ela nascer, não é? - indagou Bernardo.

- É. Essa trovoada faz os pêlos dos meus braços se eriçarem. Não me lembro de trovoar assim tanto.

Bernardo abriu a boca, mas não expressou o que lhe passou pela mente porque a enfermeira de há minutos atrás voltava com um copo de plástico emanando fumo. Depois ela entrou na sala de partos e ouviram Estela berrar como se tivesse sendo torturada.

Rogério estava sendo igualmente torturado pelos gritos dela. Daria mil vezes seu corpo às balas só para poupar a mulher de tanto sofrimento. Ele lembrava-se que o nascimento de Xavier não parecera tão violento, tão sofrido. O que tinha de diferente agora?

- Sabes - sussurrou Bernardo - É como se a tua filha tivesse sido profetizada por uma divindade.

Rogério sentiu a voz de Estela ficar longe, dando lugar a algumas histórias que eles haviam lido no âmbito do dever para com a DOM.

- A história de Taranis? Estás mesmo a supôr que a minha filha, sangue do meu sangue já estava escrita no destino e forjada nos trovões.

- Afinal lembraste da bendita frase: escrita no destino e forjada nos trovões.

- Lembro-me da frase sim, pura filosofia. Não pode ser, Bernardo. Eu sou um humano comum e a Estela também. Não somos sobrenaturais.

- Talvez a magia tenha pulado algumas gerações - opinou Bernardo.

Rogério abanou a cabeça. Os trovões estavam ecoando há dois minutos sem pausas.

- Não mesmo. Os meus pais não eram sobrenaturais e os pais da Estela também não. Se o meu sogro fosse, acredita, eu saberia - pulou com a violência do trovão que estourou ao acabar a frase.

- E a tua sogra? Os pais dela, por exemplo...

- Nunca te contei?

- O quê?

- A Ema cresceu num orfanato. Nunca soube quem eram os pais.

Mais um grito longo e ensurdecedor que se ouvia da sala de partos, mais um trovão que parecia querer rachar o teto do hospital ao meio e os fez estremecer.

- A sério? Não sabia, mas isso pode fazer sentido - a sua maneira calma e pousada de falar estava fazendo Rogério se irritar. Já tinha ruído as unhas todas com os nervos.

- Eu nem acredito que me estás a falar disto num momento destes, com a minha mulher lá dentro a sofrer para ter a nossa filha.

- Roger, eu sou estou a dizer que é uma possibilidade. Se a Ema nem sequer sabe quem são os pais, é bem possível que ela pertença a uma linhagem de sobrenaturais. Assim como é possível que por isso mesmo a tua filha tenha sido profetizada. Isso seria demais!

Uma das enfermeiras abriu a porta da sala de partos e deu livre arbítrio para Rogério entrar. Ele entrou como se tivesse pisando ovos e avistou a sua filha no colo de uma outra enfermeira. Estela tinha deixado de gritar, o seu rosto estava coberto de suor e os seus olhos estavam fechados. O seu coração parou por um nanosegundo quando a avistou daquela maneira.

- O que se passou?

- Tenha calma, senhor. Ela só desmaiou. Precisa de descansar. Foi um parto muito difícil. O mais difícil que eu testemunhei, se quer que lhe seja sincera. Dei banho à menina aqui mesmo na sala de partos. Pode ficar com ela enquanto a sua mulher não acorda.

- É claro que fico - disse estendendo os braços para receber a sua filha. Mal olhou o seu rosto pequenino, viu um sorriso se abrir. Ela reconhecera a sua voz, podia ouvi-la à muito tempo do interior da barriga de sua progenitora - És tão linda, minha filha. Tão linda!

Saiu da sala de partos. Estela ficaria mais um bocado. Bernardo olhou a bebé com ternura, mas não teve tempo nem de elogiar o pai de segunda viagem, que já tinha outra enfermeira falando com ele.

- Senhor Rogério - chamou uma enfermeira, tirando-o de seu embalo - Não perguntamos à sua mulher porque ela estava incapaz de raciocinar direito. Como já lhe disse, ela estava alterada, muito alterada, portanto não quizemos estar a ser incômodos, mas preciso saber o nome da menina para poder fazer o registro no hospital. É só uma formalidade. Já escolheu o nome?

Estela e Rogério tinham falado de alguns nomes, mas nunca entraram num real acordo. No final das contas, aquilo que ficara estipulado, foi a regra que haviam criado antes de Xavier nascer. Ela escolheria o nome se fosse menino e ele escolheria o nome se fosse menina. A seguinte e óbvia regra constava no facto de ser um nome que não desgustasse o outro.

Olhou para a filha fixamente e apaixonadamente.

Ela era tão linda!

- Melinda - disse para a enfermeira - O nome dela é Melinda Aires Torres.

- Melinda - repetiu a mulher sorrindo - Você acabou de escolher agora mesmo, não foi? Ela faz juz ao nome, mas não prefere saber o que a sua mulher pensa sobre isso?

- Não é preciso. Temos um trato sobre o assunto.

- Tudo bem - respondeu - Vou fazer o registro - saiu olhando para Bernardo de alto a baixo, demorando o olhar um pouco pelo seu peitoral musculado.

- Elas não te escapam, meu amigo - brincou Rogério - E então, ainda achas que esta menina maravilhosa é uma criança profetizada?

- Com certeza. O mundo precisa de uma menina linda assim. Que pai babado!

Uma enfermeira saiu da sala de partos transportando Estela na cama do quarto. Ela estava acordando aos poucos.

- Ela - chamou Rogério - Ela, estás bem? Olha a nossa menina. Queres pegar nela? Consegues?

Estela fez um gesto de distanciamento com a mão. Desmaiara mal Melinda havia saído de seu corpo. Não tinha intenções de a carregar nos seus braços. Rogério estranhou a atitude dela. Mais uma coisa que se diferenciava da primeira vez que ela estivera ali. Mal Xavier nascera ela pegara nele e o aconchegara em seus braços maternos. Não o quisera largar, nem quando disseram que lhe íam dar banho. Mas agora, não parecia ter essa mesma necessidade de proteção com Melinda. Sem se dar conta, Rogério ficara sentido por isso, como se ela o estivesse desprezando a ele e recusando afecto à filha recém-nascida.

Seguira-a até ao quarto. Bernardo seguindo igualmente seus passos um pouco mais distante.

- Ela. Eu já dei um nome à menina. Melinda. Tudo bem, certo? De toda a maneira não tem que ficar esse aí, o que conta é o registro no cartório.

- Tanto faz - disse a mulher, impávida e distante. Por ela a miúda podia até chamar-se Urraca. Ela não queria saber.

Os dois agentes da PSP e da DOM se entreolharam surpreendidos pela atitude da mulher.

Rogério colocou a bebé no berço, ao lado da cama de Estela e os seus olhos se depararam com um corvo fixando seu olhar algures num ponto à sua volta. Parecia que estava olhando a sua filha.

- Bernardo, estás a ver aquele corvo?

- Estou.

- Estranho, n'é?

- Se ela for uma profetizada não tem nada de estranho - respondeu Bernardo.

- E tu a dares-lhe.

- É, o corvo está mesmo analisando a situação. Sabes que eu tenho um certo limite para crenças, n'é? Quando chega em anjos, deuses e coisas do gênero a minha mente começa a fechar-se, mas depois daquele caso, tu sabes, eu já não digo nada.

- Que caso? O da Frida Berg? Estás a brincar? Ela nem sequer é uma deusa. É uma fada com a mania que é profetiza e o pior é que dispara para tudo que é lado e só acerta pela abundância de tiros.

Um trovão estridente ribombou no corvo que caiu duro no chão, a uns nove metros de altitude. Uma queda a pique. A morte do animal foi instantânea.

- Caramba, o corvo já era - constatou Rogério.

- Eu não estou com coragem de sair daqui - admitiu Bernardo - Esses trovões estão explondido em tudo que é sítio. Nem o corvo espião escapou.

- Bernardo, pára com essas piadas. És menos chato quando assumes a tua pose séria de profissional.

- A questão é que eu não estou aqui na condição de policial. Aqui eu não sou o teu colega, sou o teu amigo.

- Eu não sei como é que ainda estás aqui. Nem sequer és da família. E meio que, sem querer parecer racista, é evidente. O que disseste às enfermeiras?

- Talvez eu tenha mostrado o distintivo e dado a entender que a tua mulher precisa de proteção policial.

Rogério piscou os olhos, atónito, completamente perplexo.

- Se isso fosse verdade, eu bastaria. Também sou policial.

- Só que elas não sabem disso e tu não vais dizer.

Rogério revirou os olhos. Só Bernardo para se fazer valer de seu distintivo naquela ocasião. O pior é que ele ensinava os novatos da polícia a fazer o mesmo. Segundo ele, essa por vezes era a única forma de ser levado a sério, sobretudo quando a cor de pele era de alguém que há muitos anos atrás teria sido escravizado e nunca seria uma força da autoridade. Aquela ainda era uma época em que o racismo estava bem presente na sociedade, assim como o machismo. Isso via-se nas raras mulheres que se tornavam policiais e depois eram assediadas ou sofriam bullying no trabalho.

Olhando para a sua pequena filha, Rogério só conseguia pensar em como nunca deixaria que nada do gênero lhe acontecesse. Se dependesse dele, ela seria feliz.

Do outro lado da janela, a muitos metros do chão, uma mulher flutuava. Ou talvez não fosse uma mulher, talvez tivesse apenas a forma de uma. Uma forma muito sensual, por sinal. O vestido preto ajustava-se no seu tronco curvilíneo, enquanto a parte inferior caía e fazia-se flutuar levemente apesar da tempestade. Ela adorava ter aquele cenário como fundo. Era o sinal que precisava para aparecer e ver com os seus próprios olhos uma profetizada nascer. Via o brilho ardente do fogo a jorrar do berço ao lado daquela mulher loira. Sentiu a Sorte, sua corva, acordar da morte mais uma vez. Depois de se compôr vôou até o seu ombro e grasnou chateada.

- Um trovão matou-te? Nossa, Sorte. Hoje não estás em alta. Caís-te por terra aqui? Isso não é nada bom sinal.

E não era mesmo. Porque a cada morte da Sorte, o Azar pegava balanço, fazendo os acontecimentos que deveriam ser bons corromperem-se no núcleo do tempo.

De dentro do quarto, os homens não a podiam ver, a menos que ela quizesse. Ela sabia bem quem era aquela mulher que acabava de dar à luz. Era a irmã mais nova de Ernesto, um dos jovens que ajudara oferencendo a benção de ser mais que um mero imortal. Portanto ela sabia melhor que ninguém, ainda mais sendo quem era, que Melinda, aquela criança especial, precisaria de muita sorte na vida, porque azar tinha sido sair daquele ventre conspurcado, que acabava de ficar mais conspurcado ainda após dar à luz aquela menina pura.

O coração da menina nascera envolvido em chamas e tudo resto seria fogo, puro fogo, se cinzas e cicatrizes amargas não tivessem dado conta de sua vida, assim como antes tinha acontecido, quando seu nome fôra Amara e não Melinda.

🔥🔥🔥

Brasinhas, a reta final do livro começa aqui, mas ainda há muito para descobrir.
Mistérios para sanar.
Espero que estejam a gostar.
Por favor não esqueçam de deixar o vosso feedback.

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