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23 - Trovões ribombantes

Actualmente

Num dia em que os raios de sol não perfuravam as nuvens cinzentas, Luana alcançava mais uma vez a porta da pensão onde ficava sempre que ía ao porto. Uma hora teria que explicar a Pedro que a sua casa não era naquela cidade. Ela vivia no Alentejo, no palacete de sua família. Quando dera a Pedro os convites para o baile promovido pela Editora, pensara em guardar a informação para esse dia. Não que devesse alguma coisa ao agente, mas a verdade é que sentia que devia justificar-se, não por ele ser um policial, mas sim porque um sentimento mais forte do que ela mesma começava a nascer entre os dois. Ela sabia que ele sentia o mesmo. Mais uma vez olhou para o seu contacto e bloqueou o ecrã do telemóvel impedindo-se de ligar-lhe. No entanto Pedro devia estar pensando nela, pois o seu telemóvel começou a tocar nesse mesmo momento.

- Sim?

- Alô, Luana. A Melinda agradeceu os convites, mas na verdade não liguei por isso.

Ela gostava daquela característica dele, a maneira como era directo. Tinham isso em comum.

- Diz...

- Bom, eu só não quero que leves a mal, mas é importante. A Melinda meio que "convocou" a tua presença, se for possível, numa reunião. Eu vou-te mandar o endereço por mensagem. Só precisas dizer uma hora que estejas disponível, não queremos atrasar a tua vida, nem nada do gênero.

- É sobre aquele interrogatório que me fizeste na pastelaria?

- Foi um interrogatório informal, mas sabes que foi uma revelação e tanto n'é? Quero dizer, bichos papões?

- É. Entendo. Diz-me que não vou ser presa por homicídio.

- Com certeza não vais. Garanto-te. Só que como deves imaginar, eu escrevi tudo que me relatas-te. Faz parte da minha profissão. O facto é que tanto o chefão de departamento como a Melinda, que é agente principal, ficaram com a pulga atrás da orelha. A sério. Tu precisas de vir o mais rápido possível. Precisamos de ti e ainda precisaremos com certeza no futuro, quando sonhares com algum desastre.

- Não tenho tido sonhos muito específicos. Tenho uma sensação esquisita, mas não sei discernir.

- Entendo. Não te sintas pressionada. A sério! És humana, não um interruptor que se ligue e se desligue.

- Obrigada por entenderes.

- Claro que sim.

- Diz à tua colega que irei agora mesmo - disse Luana, de repente dando as costas para a porta da pensão e indo na direção do carro. Um trovão ribombou perto de si, o que a fez correr até seu carro. Tinha medo de pouca coisa e o barulho dos trovões não lhe fazia confusão, porém tinha medo de andar na rua quando eles ribombavam. Com o poder sobrenatural que tinha, imaginava que seria bem capaz de ser uma fonte de atração para eles. Não queria constatar que estava certa, nem tentar entender se estava errada, apenas queria estar abrigada.

Mal se instalou dentro de seu carro, uma chuva intensa começou a cair, fazendo as estradas se inundarem. A água descia nos bueiros com rapidez.

Após o som de mensagem soar no telemóvel, visualizou a mensagem com a morada do Comando Policial. Nunca precisara entrar naquele sítio e nunca pensaria que isso acontecesse num dia de outono tão intenso. O inverno que se aproximava a passos largos, manisfestava a sua futura presença. Colocou no GPS do carro o endereço e com calma dirigiu-se ao comando. Detestava conduzir com chuva, os trovões só pioravam a situação. Os pára-brisas moviam-se insistentemente para cima e para baixo, mas nem a velocidade máxima era o bastante para tornar a sua visibilidade na estrada satisfatória. Só queria poder ter a capacidade de poder acabar com o mau tempo. Detestava aquele tipo de condições meteorológicas.

Quando chegou ao Comando, viu Pedro à entrada, que só não estava sozinho porque falava com o Sr. Castro, o dono da relote de fast-food. Sentiu algo familiar quando se aproximou. Era muito ligeiro, porém podia jurar que ele não era muito diferente de si. Os dois homens a saudaram e Pedro fez questão de a encaminhar até ao escritório de Bernardo Teles como se fosse o seu guia privado.

- Este é o escritório do boss. A Melinda está com ele. Não precisas de estressar.

- Essa é a pior coisa a dizer a alguém, quando não queres que ela se estresse.

- Desculpa - pediu Pedro, batendo à porta.

Bernardo abriu a porta. Luana ficou um pouco impressionada com o seu porte físico, mais especificamente com os peitos rijos e os bíceps espantosos. Por alguma razão imaginara que o boss era um homem mais velho, com barriga de cerveja e uma caixa de donuts à sua frente. Não poderia estar mais enganada. Bernardo, cordial como sempre, agarrara a mão de Luana num cumprimento forma.

- Bom dia, senhora Luana Almirante. É muito bom vê-la aqui. Sente-se! - mostrou com as mãos as cadeiras que dispusera em seu escritório.

Pedro fechou a porta atrás de si.

Não era apenas Melinda que estava ali sentada, também se encontravam ali Inês e Maurício. Como chefe, Bernardo dispensava de uma mesa oval no seu escritório. Desde que Maurício e Inês se juntaram à equipe, era a primeira vez que se sentavam ali. Os dois sentiam-se um pouco nervosos e ansiosos.

- Acho que dispensa apresentações. Creio que já conheçe a nossa agente principal, Melinda Torres, a nossa agente criptográfica Inês Alves e o nosso consultor policial Maurício Santos.

- Hmmm, prazer - disse a Maurício. Se o conhecera antes, não se lembrava.

Luana sentou-se um pouco envergonhada do lado de Pedro.

- Estamos aqui devido a novos factores no caso em que temos. Enfim, graças aos relatórios dos membros da equipe pude perceber algumas pontas soltas querendo juntar-se, mas antes disso - olhou directamente para Luana - Quero que entenda realmente o que fazemos aqui. Nós todos, juntamente com o Dr. Raúl Travassos, que não está presente porque não se faz necessário. Sem ofensas... - olhou para Maurício, que anuiu em concordância - Fazemos parte da DOM. A Unidade Nacional do Outro Mundo. Eu sei que o Pedro lhe explicou por alto, mas é importante que saiba realmente o nosso papel a nível nacional. Somos uma Unidade Policial que se faz necessária quando um crime de ordem sobrenatural acontece. Quando a polícia "normal" não consegue desvendar um caso, é aí que nós entramos, mas agimos em segredo. A DOM é extremamente secreta, mesmo dentro da corporação policial. Quem sabe sobre a DOM? Pergunta você. Os policiais que são membros, as criaturas sobrenaturais que também gostamos de chamar criaturas DOM e alguns humanos especiais.

- Como eu - constatou Luana.

- Exactamente. Como você. Quando tem um problema de ordem sobrenatural é a nós que se deve dirigir, como por exemplo um Bicho-papão que lhe entra pelo quarto adentro.

O coração de Luana deu um solavanco. Pedro certificara-a que ela não teria problemas por causa do homicídio que cometera. Se é que aquilo podia se chamar homícidio.

- Calma - disse Bernardo, como se tivesse ouvido o seu coração.

O telemóvel dele tocou.

- Chefe, é o Duarte - disse Melinda que olhara para o ecrã - Ele não era para estar presente?

- Era sim, Melinda, mas... depois falaremos disso, Torres.

Melinda não pensou muito no assunto, mas percebeu pelos traços de Bernardo que algo que dizia respeito a Duarte não estava certo.

- Aquilo que você fez, senhorita Almirante, foi de uma coragem incrível. Mesmo alguns policiais não teriam o sangue frio que você teve, para fazerem o que você fez. Você não tinha opção e foi um ato de defesa, mas devo explicar que matar seres sobrenaturais pode sim tratar-se de um homicídio. Tudo vai depender das circunstâncias que rodeam o caso em si. Neste momento, criaturas sobrenaturais e humanos mágicos, sem culpa de nada, vivendo as suas vidas estão a morrer por causa de um engenho que impulsiona os poderes de quem já os tem. E sim, isso é homícidio em massa e quando apanharmos o culpado ele será preso. E é isso que distingue o que você fez, daquilo que esta pessoa faz. Ele sabe o que está a fazer e está a fazer com um intuíto, apanhar alguém para seu benefício próprio.

- Se curar - disse Maurício.

- Se curar de quê? - perguntou Luana.

- Vamos a isso agora mesmo - levantou-se e pegou numa caneta azul. Então começou a escrever num quadro branco disposto perto da mesa, conforme falava, dando um formato a todos os dados que vinham juntando até então - Prestem atenção. Aqui - apontou para a palavra Señior circundada - Está a mente sádica por trás de toda uma trama criminosa, o que nos leva ao tigre, um codinome de alguém nada discreto que tem um site relatando todo o tipo de seres sobrenaturais e casos de mortes dos mesmos. A gente sabe disso porque aqui a nossa agente Alves o seduziu e conseguiu de maneira audaciosa descobrir vários dados. Esse Señior é apenas alguém supostamente espanhol ou latino americano, que criou aquilo que chamou de Impulsionador porque procura uma cura.

O desenho tornava-se maior conforme ele falava.

- Por outro lado, ainda seguindo apenas esta linha de raciocínio, vamos viajar no tempo e nos lembrar de uma loção em que o Dr. Raúl Travassos trabalhou. O objetivo era criar uma poção da juventude. Alguém me pode relembrar o nome?

- Desprogeria - respondeu Maurício - Sendo que Progeria é o nome de uma enfermidade genética extremamente rara, em que sintomas se parecem muito ao processo do envelhecimento manifestando-se logo nos primeiros anos de vida, o meu tio achou por bem pegar na palavra e construir um antónimo dela. Desprogeria é o termo que ele inventou para nomear o processo inverso de envelhecimento. O processo que o retarda de modo infinito.

Bernardo escreveu a palavra no quadro.

- Eu não explicaria melhor, obrigado, Santos. A questão que se coloca, o que isso tem a ver com Señior? Em tempos, numa festa de angariação de fundos em Paris, o Dr. Raúl Travassos dividiu a ideia de seus experimentos e falou com alguns anfitriões e ele está totalmente convencido de que conheceu este Señior - apontou com a caneta o nome - tudo o que o homem disse, mais ou menos, consegui com que o Travassos me contasse. Gravei e escrevi num relatório que poderei mostrar-vos se quiserem sanar alguma dúvida a respeito. Estou convencido, assim como o nosso querido cientista , de que de facto ele conheceu o Señior, que dava por o nome de Señior Hernandez, aquando desse baile. Entretanto descobrimos que a casa do Dr. Travassos foi assaltada e para surpresa de qualquer um, só deram pela falta de um livro. Surpreendentemente o único livro que não era um clássico.

- O único que o meu tio não levava a sério - constatou Maurício.

- Porquê? - perguntou Luana.

- Porque não era um clássico, para ele nem sequer tinha nome de autor.

- Mas tinha - constatou Melinda - É um livro chamado Dom de fogo. A autora chamasse Ezlíria.

- Esse é o nome da deusa do destino - disse Luana sorrindo, como quem diz "que nome bonito".

- Ela mesmo - respondeu Melinda - O Dr. Raúl é um homem da ciência. Até há bem pouco tempo não metia sequer a hipótese da magia existir, por isso ele não levava o livro a sério, mas creio que lhe tivesse algum carinho, pois é herança de família.

- Ao que parece - Maurício tomou a palavra - Eu descendo de uma linhagem de Encantadores de elementais de fogo.

- Humanos com o poder de encantar determinadas criaturas - os olhos de Luana se acenderam como faróis - Incrível! A minha avó tinha razão. Ela contava-me histórias sobre Encantadores, Homens do Tempo e tanta coisa e ela acreditava mesmo que existiam. Eu... - mesmo com os olhos brilhando, lágrimas pequenas teimavam em romper do canto de seus olhos.

- Só para que conste - começou Pedro por dizer, olhando para Luana, pedindo com os olhos autorização para contar. Ela cedeu - A avó que a Luana está a falar é a Condessa Anastácia do Carmo Mascarenhas.

Todos ali presentes ficaram atónitos olhando para Luana um bom bocado. As parecenças físicas não estavam lá, mas aquilo que não dava para constatar a olho núo, o sangue, pertencia aos mesmos antepassados. Luana era neta da Condessa Anastácia.

- A Condessa louca? - sussurou Maurício, que levou uma cotovelada de Inês - Não queria ofender. Desculpa!

- Eu sei o que falam da minha tia. Mas se ela é louca, todos nós aqui dentro somos. Ela sempre contou a verdade. O bicho papão raptou a irmã dela. Alguém raptou.

- Como ao Xavier - disse Melinda.

- Quem?

- O meu irmão - explicou Melinda - Eu tinha quatro anos. Ele foi raptado e o meu pai foi morto por isso. Foi morto em vão, só para não puder impedir de raptarem o Xavier.

- Eu sinto muito - disse Luana.

Maurício e Inês também acabavam de ouvir aquilo pela primeira vez.

Bernardo desenhou no quadro um quadrado com a palavra bicho papão, que ligava ao nome de Melinda e de outro lado a Luana e a um A que representava sua avó, a Condessa.

- Esse é mais um ponto crucial nesse caso - disse Bernardo - A gente só tem de olhar como um todo. Está claro que os bichos papões aparecem à noite para raptarem crianças. Temos em cima da mesa três casos...

- O que isso tem a ver com o que estavamos a falar?

- O tigre - respondeu Bernardo - alinhavando de novo aquela palavra no quadro. Melinda...

Melinda suspirou antes de falar.

- O meu pai morreu à minha frente. Ele arrancou um colar do pescoço da pessoa que o matou, um dente de tigre. E é muita coincidência. Eu sinto que é a mesma pessoa. E se for, trabalha para o Señior, como a gente já sabe.

- Não estarão a viajar na maionese? - perguntou Pedro frazindo o sobrolho - Já é supôr muito além das expectativas.

- Eu sinto que é o mesmo e que esses raptos não são aleatórios - alvitrou Melinda.

- E isto leva-nos ao outro lado da situação, porque graças a uma dríade - Bernardo prosseguiu - Descobrimos que o Señior é a cara por trás de uma Rede em pirâmide de tráfico sobrenatural. Portanto, a Rede de tráfico age como outra Rede de tráfico humano, mas em vez de meros humanos, traficam humanos mágicos ou criaturas sobrenaturais para estas terem seus poderes explorados enquanto quem as comprou tem os bolsos cheios.

- Então, quer dizer que os bicho-papões são o quê? Uma espécie de empregados bandidos do tal Senhor e que raptam crianças como... eu? Esperem. Raptam crianças com poderes? É isso?

- Foi o que eu comecei a imaginar - disse Melinda - Talvez o meu irmão tivesse um poder qualquer, talvez fosse um Empático ou um Augenide. Eu não sei.

- O que é um augenide? - perguntou Luana.

- Um humano que reconhece os seres sobrenaturais pele cor das auras. Cada ser tem uma cor diferente - explicou Bernardo - Creio que é humanos assim são extremamente úteis para uma Rede de tráfico sobrenatural.

- Como sabe isso das cores, chefe? - perguntou Pedro.

- Eu tenho uma amiga augenide, Pimenta. Acha que ando aqui há quanto tempo? Dois dias?

Um trovão rompeu o céu em resposta e a chuva forte que fustigava os vidros ouviou-se num volume mais alto.

- Acho que não é insensato pensar que o Señior já age nas sombras da lei há muito tempo - começou Melinda - E que talvez ele leve para o seu lado criaturas como bichos papões, que devem ser impossíveis de traficar, mas super úteis para raptar crianças. E que provavelmente, as lendas dos bichos papões não sejam bem como nós as conhecemos. Talvez não sejam crianças aleatórias que eles raptam, as crianças mal comportadas como nós aprendemos na infância. Talvez detetem cheiro a magia e só raptem seres mágicos.

- Foi um Bicho-papão que raptou o teu irmão? - perguntou Inês

- Eu não sei - Melinda encolheu os ombros - Eu não o vi. Com certeza essa Rede não abranje só raptores que sejam bichos-papões.

- Eu acho que é tudo uma enorme suposição sem suportes firmes que a sustentem. Algumas coisas só me parecem coincidência - constatou Pedro.

- Olha, Pedro, se tu estivesses na floresta quando eu e a Melinda ficamos no colo dos ramos de uma dríade fugitiva, talvez visses as coisas de um jeito diferente. A verdade é que mesmo acreditando, ainda estás céptico. A gente ouviu muito bem o nome Señior ser falado pelos perseguidores da Gaia e a Gaia contou-nos tudo que sabia sobre a Rede.

- Aqui o Maurício conseguiu ser bem específico - disse Bernardo - Tal como aqui no meu quadro, o Señior está no centro de tudo. É isso que temos de compreender. E julgo que enquanto não encontra a criatura que quer encontrar, aproveita as que encontra, ainda vivas, para traficar ou para as submeter a seus proveitos. E assim nunca lhe falta dinheiro para viver e pagar salários aos empregados. Aliás, provavelmente temos que procurar um milionário. Portanto, de um lado ele tem a procura pela dita "cura" e do outro o tráfico. Uma sendo a consequência dos maus resultados da primeira.

- Nunca tinha visto as coisas desse jeito - disse Maurício - Segundo o meu tio, ele pertencia à Elite Filantrópica, lá há 30 anos atrás.

- Exato. Se começou na altura, a Rede dele já alcançou um nível muito elevado, com imensas pessoas envolvidas e vítimas também e o pior...

- Diga, Chefe? O que é pior que isso?

- O pior é que acabei de perceber que foi precisamente há trinta anos ou vinte e tais que a DOM começou a perder força. Há trinta anos, mais coisa, menos coisa, tivemos muitos casos em mãos. Casos sem resolução. Depois o Rogério morreu e ficamos mais fracos, vulneráveis e provavelmente tem corruptos entre nós desde a época.

- Rogério? - indagou Melinda - O meu pai?

- Sim, Melinda. Ele era um agente da DOM. Um óptimo agente, por sinal.

Melinda sentiu que no fundo já sabia. Que talvez até já tivesse ouvido aquelas palavras, só não lembrava de quando, nem onde, nem de quem. Ela sempre seguira os passos de seu pai, mesmo sem se aperceber. E ali estava ela, lutando para descobrir o que seu pai não conseguiu descobrir na sua época de juventude.

- Depois temos mesmo que falar, chefe - disse Melinda.

- Com certeza, Torres. Falaremos.

- O baile proposto pela minha Editora é para angariar fundos para as famílias carenciadas - disse Luana - Se vocês acham que ele é um filantropo, talvez ele não perca essa oportunidade.

- É uma hipótese muiiiiito remota - constatou Maurício.

- Eu sei, mas... ele deve estar pelo Porto, n'é? É o único baile Filantrópico por enquanto que eu tenha conhecimento. É mais uma desculpa para beber e festejar, mas vamos fingir que pensamos que é só por causa dos carenciados.

- O Porto... - Inês quase sussurrou - Ele parece que tem preferência por esta cidade.

- Nem sempre foi assim - emendou Bernardo - Se realmente era ele por trás dos desaparecimentos incalculáveis desde há trinta anos, eles aconteceram um pouco em todo lado, inclusive na Madeira e nos Açores. Até mesmo em Tânger, perto da fronteira marítima...

Melinda e Maurício se entreolharam. Tânger fôra a cidade que recebera Melinda na chegada a Marrocos e onde Melinda e Maurício haviam comido como uns deuses pela primeira vez na companhia um do outro. As lembranças eram impossíveis de ignorar.

- Mas ultimamente as mortes tem sido na nossa zona e tem as forças magnéticas que eu consigo medir a partir das placas tetónicas. O impulsionador está algures no Porto e abrangue todo o distrito - disse Inês.

Três trovões desgovernados desferiram o céu em lampejos luminosos. A chuva não se acalmara nem um pouco.

- A agente Alves deve estar certa. Tudo indica que esse homem - mais uma vez clicou no seu título - Está aqui, perto de nós. Nós somos uma boa equipe e vamos apanhá-lo.

- Vocês são. Não se esqueçam que eu sou uma escritora, não uma agente policial.

- A gente não se esquece, senhorita Almirante - disse Bernardo - Mas se você está aqui não foi só para a metermos a par de tudo. Foi para pedirmos ajuda.

- O quê?

- Isso mesmo. Não se preocupe com a sua segurança. Você está segura connosco. Está face a face com uma campeã de tiro ao alvo por três anos consecutivos, a nível mundial.

Luana olhou para Melinda sentada à sua frente, a admiração escancarada na sua expressão. Melinda sorriu-lhe amigavelmente. Na verdade Luana nem precisava de saber isso para sentir que era bom estar perto de Melinda, porque era mesmo. Algo naquela mulher ruiva de olhos verdes lhe dava a sensação de bem estar e era talvez apenas por causa disso que não estava pulando na cadeira a cada trovão que soava no céu escuro.

- Pretendo perguntar se é viavél conseguir mais convites para o baile da Editora ou se conseguimos adentrar de outras maneiras.

- É muito em cima da hora. Não consigo arranjar mais convites, mas talvez haja uma maneira de conseguir penetrar o baile - sorriu.

- Eu tenho de ir - disse Maurício - Desculpem, mas o meu tio está sozinho e estou receoso com o estado dele por causa desta trovoada.

- Vá, Santos. Mas faça cuidado.

Maurício foi certo de que aquele baile iria ser divertido e só esperando que aquela tempestade passa-se até então.

Um trovão ribombou perto de si. A electricidade que se soltara fôra extremamente visível, como num desenho animado ou num filme com efeitos especiais. Aquilo assustou-o mais do que estava à espera.

Foi então que teve a clareza de espírito de pensar que talvez algo não tivesse normal. Aquela trovoada violenta que atacava a cidade... Aquilo acontecera de maneira ligeiramente repentina. De manhã parecia apenas um dia de outono normal, com as folhas secas servindo de tapete e o tempo frio próprio da estação. Mas agora o dia despencara numa tempestade de trovões ribombantes. Como se a situação climática tivesse sido provocada... Impulsionada!

🔥🔥🔥

Oizinho, espero que estejam atentos!
😉😉
Até o próximo capítulo.

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