20 - Livros dos Dons
Actualmente
Embora estivesse conduzindo, a mente de Melinda viajava noutra esfera para além das estradas de alcatrão. A primeira música que seu pen-drive produziu foi Fire on fire de Sam Smith. Aquela música tinha o poder de transportar seus pensamentos para longe, onde eles haviam nascido. Maurício estava ao seu lado e o Dr. Raúl e Pedro estavam sentados no banco de trás. Havia uma espécie de tensão no ar, era quase palpável, mas então viram uma águia planando a cima do carro, como se estivesse seguindo a direção que eles tomavam.
- Vocês estão a ver o mesmo que eu? - perguntou Pedro, que abriu a janela do seu lado e quase meteu a cabeça de fora.
- É uma águia imperial ibérica - respondeu Maurício - É muito estranho a presença dela aqui.
- Porquê?
- Primeiramente porque é inverno, segundo porque seu habitat natural não é aqui e sim a sudoeste de Portugal ou Marrocos.
- Vias muitas quando lá estavas? - perguntou Melinda.
- Via algumas, sim. São lindas!
Na cabeça de Melinda, aquela música de seu sonho voltava:
"Um coração rude envenenado
Pela inveja conspurcado
Uma maldição a assolou
Desde então ninguém a salvou
Trotando sob rochas e florestas
Penedos e montanhas além mar
Escondeu-se por meio da magia
Esperando quem a viesse salvar"
- Parece que está a seguir-nos - comentou Pedro.
- Eu sinto mais que estou a ser guiada por ela - constatou Melinda - Espera... eu...
Face à sua súbita desconfiança, Melinda começou a abrandar o carro, até o parar do outro lado da faixa. A águia voou quase a pique até à grade de proteção da estrada e pousou as suas garras afincadamente.
- O que estás a fazer? - perguntou Pedro a Melinda, estupefacto.
- Vou só confirmar uma coisa.
Melinda abriu a porta do carro e saiu com cuidado. Aproximou-se da águia que não fugiu de si.
- Tio? És tu?
Obviamente o animal não respondeu.
- Se fores tu levanta uma asa.
A águia levantou uma asa.
Dentro do carro, o agente, o consultor policial e o cientista olhavam atónitos para ela e para a águia.
- Tudo bem. A gente está com uma espécie de capacete que espero ajudar uma adolescente em perigo de vida e tu devias, sei lá, ir até a minha casa ou procurar a tua irmã mais nova e perceberes o que ela está a tramar. Veio hoje ao hospital provocar-me.
A águia anuiu a cabeça.
- Muito bem. Eu vou conduzir, tio.
Mal entrou no carro, Maurício perguntou na maior certeza "é o teu tio?". Melinda respondeu afirmativamente e seguiu até ao distrito do Porto. Quando chegou a casa de Sílvia, a música do seu sonho já tinha girado vezes sem conta em sua cabeça, como numa repetição sem fim.
No final das contas, aquela espécie de capacete a quem o Dr. Raúl chamara de bloqueador, conseguira ter o efeito que Maurício esperara. Sílvia sentia-se melhor. Decididamente, Raúl alcançara o seu objetivo final com aquele aparelho. Num instante Maurício deixara de sentir tanta raiva de seu tio. Afinal das contas, o seu sofrimento valera para alguma coisa e diminuira o sofrimento de alguém. Sílvia não merecia que seu cérebro explodisse numa chuva de mil cacos, assim como Sara não merececera morrer queimando por dentro.
Tudo estava bem quando acabava bem... só que as adversidades da vida estavam longe de acabar para aquelas quatro pessoas.
Quando Melinda acabou de estacionar o carro no parque da univerdade, teve a impressão de que alguém a olhava ao longe, alguém de cabelo escuro e encaraculado, mas não deu importância, apenas esperou todos sairem do carro para o trancar e caminhou a passos firmes até à cave da Universidade, onde o laboratório estava localizado.
- Não pude deixar de notar que estás muito pensativa - disse Maurício a Melinda, quando entrou atrás dela.
- Oi, pessoal - disse Inês olhando para eles. Estava dando festas em Gina e ao que tudo indicava, estava tendo uma conversa com ela, antes de Melinda, Pedro, Maurício e seu tio chegarem.
- Oi, Inês - disseram todos em discordância temporal.
- O que se passou na nossa ausência? - perguntou Melinda.
- Nada de especial. Estive a medir ondas magnéticas a partir do computador, a tentar localizar algo com energia forte, mas apesar de detectar algo, a aérea é demasiado grande para definir uma localização em concreto. Obviamente tentei reduzir a aérea o máximo possível e ainda assim a aérea atinge parte da cidade do Porto e de Rio Tinto.
"Um coração rude envenenado
Pela inveja conspurcado..."
- Melinda, tu estás bem? - perguntou Pedro - Ontem desmaias-te. Passas-te a noite no hospital. Hoje saís-te e tiveste um acidente de carro. Vieste para aqui com uma dríade perseguida por membros da Rede. A seguir foste até Sobreiro a conduzir. Fomos ajudar a Sílvia Craveiro e agora estás com uma cara tão...
- Amarelada - terminou o Dr. Raúl - tenho a solução para isso. Agente Alves, você fez a ordenha à Gina, como lhe pedi?
- Sim, Doutor - respondeu Inês.
- Vou servir à agente Torres uma taça de leite achocolatado. Ajuda a ganhar os sentidos.
A ideia agradava bastante Melinda. Ela comera, mas não grande coisa. No entanto, o seu problema era aquele sonho enigmático, assim como aquela música que se incrustava em sua mente sem querer largar.
- É outra vez aquela música. E... lembrei-me de algo que pode parecer invenção minha, mas juro que é verdade.
- Senta-te - mandou Maurício - Precisas descansar. Desculpa ter pedido que viesse nos ajudar. Eu sou um idiota. Tu devias ter ido para casa descansar.
- Não, nem pensar, Maurício. Ainda bem que eu fui. Só assim pude entender... ou não...
- Pareces confusa - constatou Pedro.
- Eu estou mais ou menos. É difícil definir.
Após receber a taça de leite com chocolate quente em suas mãos, Melinda começou a contar o porquê de estar esquisita, pensativa e ligeiramente confusa.
- Desde criança que sempre sonhei com uma mula sem cabeça - começou - acontecia de tempos a tempos. O sonho era sempre igual, ela aparecia, relinchava para mim erguendo as patas dianteiras no ar e prontos. Tenho uma vaga ideia. Com os anos, a distância de tempo entre os sonhos foi ficando menor, mas ainda assim passavam-se meses que não sonhava com isso, até há uns dois mêses. Agora a frequência é maior e a desenrolação do sonho mudou drasticamente da última vez que o tive. Isso deixa-me nervosa. Como se tivesse acontecido ou ainda fosse acontecer. Desta vez a mula apareceu a correr na minha direção numa pressa furiosa. Foi a primeira vez que a mula sem cabeça me assustou. Foi também a primeira vez que ouvi uma melodia harmoniosa.
- Aquela música na tua cabeça? - perguntou Inês.
- Essa mesma. Ela continua se repetindo infinitamente.
- Era a mula que estava a cantar? - voltou a perguntar Inês.
- Não. O som não vinha da mula, vinha algures detrás dela. Era uma voz feminina, parecia ter um instrumento de sopro acompanhando. Fiquei atenta à letra da música, como se isso tivesse extrema importância, mas era só um sonho. A música era bonita. A voz pareceu-me até ligeiramente familiar. Quando a música acabou, a mula desapareceu que nem num estalar de dedos. Senti um chão diferente abaixo dos meus pés e a minha mãe estava à minha frente, deitada de costas numa cama de massagens. Olhei em volta e vi que estava numa biblioteca enorme. Senti-me como a Bela no castelo do Monstro. A diferença era que todos os livros ali eram edições dos livros publicados da minha mãe. Aí do nada apareceu um ciclope. Por incrível que possa parecer, eu fiquei a ver aquilo como se estivesse a ver um jogo de futebol a partir das bancadas. A minha mãe não saiu do lugar onde estava, o massagista também não, mas os livros todos, sem exceção, foram aspirados pelo ciclope que parou num instante e deixou os livros espalhados pelo chão. Um deles parou bem na minha frente e eu peguei nele. Fiquei surpresa. No lugar do nome do autor estava escrito Ezlíria. Apenas isso, sem sobrenome. Em letras grandes, plenas de curvas bem feitas estava o título do livro: Dom de fogo.
- Dom de fogo. É o nome do livro que foi roubado ao meu tio - disse Maurício.
- Exactamente.
- Abri o livro e ele cantou para mim a mesma música que ouvi antes. Fechei o livro e pensei sentir o barulho de cavalos trotanto.
- Espera aí, tio, disses-te que o livro não tinha autor - praguejou Maurício.
- Tecnicamente não tem. Tem escrito o nome Ezlíria, o nome da Deusa do destino. Para mim isso não é um nome de autor, faz parte do título. É uma lenda.
- Como eu - disse Ernesto da porta do laboratório.
- O que sabes sobre isso, tio? - perguntou Melinda olhando para ele como se ele não tivesse acabado de chegar e como se vê-lo aparecer do nada fosse um hábito em sua vida.
- Eu já contei que Ezlíria aparece nos sonhos das pessoas.
- Ela não apareceu no meu sonho...
- Eu só ouvi a parte final do que estavas a contar. Sobre o livro: Dom de fogo. Bem, fica sentada e... na verdade sentem-se todos, vou-vos fazer mergulhar um pouco mais fundo na lenda portuguesa que acredito plenamente ser real.
Todos se sentaram e então, Ernesto, em forma humana, vestido com a roupa que pertencera outrora ao ex-namorado de Melinda, começou a contar, com alguma resistência do Dr. Raúl, a história que conhecia há tanto tempo que não saberia mais dizer.
- Acreditasse que outrora Ezlíria escolheu Lusitânia, agora Portugal, para espalhar os livros dos Dons, dentre eles Dom de fogo, Dom de água, Dom de terra, Dom de ar e mais alguns que são um pouco mais secretos. Os livros não foram ter a um lar qualquer. Não. Com a deusa do destino, nunca nada é coincidência, só destino.
- Foram para as mãos de Encantadores - proferiu o Dr. Raúl, como se tivesse ido buscar aquelas palavras a uma vida anterior.
- Então você sabe! - exclamou Ernesto para o Dr. Raúl.
- Não muito. Era contado na minha família como uma lenda de linhagem. Nunca acreditei nessas histórias.
- Não me admira - constatou Ernesto - No entanto, se o livro estava em sua posse é porque um de seus antecessores era um Encantador de elementais de fogo.
- Elementais de fogo? - indagou Pedro.
- Isso, dragões, fénixes, quimeras e salamandras.
- Salamandras? - indagou Pedro novamente.
- Sim, não as salamandras que conhecemos, salamandras místicas, cuspidoras de fogo. Todo o elemental de fogo tem essa capacidade.
- Realmente - disse Pedro - Cada tiro, cada melro. É assim desde que entrei para a DOM. Para mim, agora lenda é a normalidade. Tudo que eu pensava ser historiazinha de criança é real. O que mais? O pai natal existe?
Melinda gargalhou, pois lembrou-se nesse exacto momento que ela mesma fizera aquela mesma pergunta a Bernardo.
- O que é um encantador? - perguntou Maurício, mais curioso que nunca. Tratava-se da sua família também, sangue do seu sangue.
- Um encantador é um humano especial, com uma afinidade especial com esses seres que eu citei. Os elementais.
- Suponho que o mesmo aconteça com os outros elementais da natureza - disse Inês - A Gaia, por exemplo, ela pode ter um encantador?
- Não - respondeu Ernesto - Os elementais da terra são os gnomos, duendes e algumas espécies de fadas.
- Tio, tudo bem seres um metamorfo, mas como sabes tanto sobre... tudo isso? - perguntou Melinda.
- Depois de me transformar num metamorfo, por obra da própria deusa do destino, eu estudei muito sobre criaturas que nem eu, sobre Ezlíria e outras tantas coisas. Posso ser um bicho, mas sou um bicho com cultura.
- Já pensou em colar essa frase na traseira de um carro? - perguntou Pedro - Pessoalmente amei: Posso ser um bicho, mas sou um bicho com cultura - gesticulou.
Melinda bocejou sem nem se aperceber. Estava com sono, muito sono mesmo.
- Bom, talvez eu deva mesmo ir para casa - disse, sentindo que se não fosse nesse momento, acabaria por adormecer ali - Pedro, passa por favor os relatórios por mim e dá ao chefe. Eu estou mesmo muito cansada.
- Na boa, Melinda. Tiveste um dia longo. Prometo começar o relatório hoje, só não prometo acabá-lo.
- Eu vou - já na porta, virou-se para o seu tio - Vou deixar a janela da cozinha aberta, para o caso de decidires dormir quentinho dentro de uma casa, com autorização do dono, para variar.
- Agradeço, sobrinha, mas como não tive tempo de procurar a minha irmãzinha malvada, acho que vou fazê-lo depois de me ir embora daqui.
- Ah, toma - tirou a pulseira de hospital que continuara até então no seu pulso, colocando-a em cima da mesa do telefone - Talvez isto te ajude, ela esteve no hospital hoje de manhã. Não conheço a qualidade do teu olfato sobrenatural de metamorfo, mas pode ser que ajude.
O olhar de Ernesto acendeu-se.
- Obrigado, Mel. Com certeza é melhor que nada. Não imaginas aquilo que sou capaz de fazer apenas com isto.
- Talvez imagine um pouco - disse sem se despedir, apenas partindo.
- Nossa - disse Pedro - É a primeira vez que vejo a Melinda partir assim porque está cansada, sem nem se despedir. Não se despediu nem de ti - olhou directamente para Maurício.
- O que queres dizer com isso?
Inês e o Dr. Raúl se juntaram abanfando alguns risinhos cúmplices.
- Ora, não é óbvio? E por falar nisso, mais alguma coisa a acrescentar sobre essa história de Encantadores? É que tenho um relatório a escrever e o Bernardo valoriza o detalhismo.
- Tens um relatório a escrever e um encontro com a Luana, não é? - perguntou Inês sorridente.
- Como é que sabes?
- Somos colegas de trabalho e a mim, nada escapa.
- Tens de dar umas aulas ao Maurício sobre isso.
Maurício revirou os olhos.
- Acho que falta uma coisa - disse o Dr. Raúl - Estão-se a esquecer do facto que fui assaltado e só me levaram esse livro.
- E foi o Señior, se acreditarmos nas tuas suposições - disse Maurício.
- Exacto. Isso quer dizer que ele provavelmente acreditou que as respostas para as ambições dele estavam naquele livro.
- Ou talvez ele estivesse à procura de outra coisa e esse livro o tivesse cativado - supôs Inês.
- Naaaa, devias ter visto aquela biblioteca, aliás, aquele salão. Claramente era um livro que ele queria encontrar e encontrou - informou Pedro.
- Pois, mas porque será?
- Acho que estás a esquecer da nossa última constatação sobre esse senhor, Inês - disse Pedro - Ele é provavelmente a cabeça de pirâmide de uma rede de tráfico huma... correção, tráfico e exploração de criaturas sobrenaturais.
- Sim, lembro-me que aliás fui eu quem trouxe boa parte das informações sobre ele. Mas, como é que ele ía saber que aquele livro estava na posse do Dr.? - olhou para o cientista ao seu lado - Quem da sua família era o Encantador?
- Ó, isso são histórias para boi dormir...
- Tio - pediu Maurício - conta lá, por favor.
Raúl suspirou.
- A história já tem muitas gerações atrás e envolve uma mulher da nossa família que se chamava Ofélia.
- Inesquecível como nome - comentou Pedro - Vou-me sentar outra vez para ouvir.
- Portanto, segundo os dizeres, ela apaixonou-se perdidamente por um viajante que aparecera na aldeia de Sobreiro. Ele era um colecionador de jóias raras e Ofélia, uma espécie de tia-trisavó do meu pai. A família de Ofélia tinha posses e eram muito conservadores.
- A questão é: quem não era naquela época? - comentou Maurício.
- Ainda assim, Ofélia tinha apenas dezasseis anos e não ficava bem cirandar um com um homem mais velho se não fosse com a intenção de casar.
- Eles casaram-se? - perguntou Inês.
- Em princípio ele não estava nada interessado nela, mas depois ela descobriu um truque para o conquistar. Ela encantou-o com o doce canto que ela tinha. Dizem que tinha uma voz de anjo. Ela cantava e ele obedecia.
- Que nem numa hipnose?
- Talvez seja isso, não sei. Apenas estou a contar as histórias que me contaram a mim. Tudo isso é treta - desvalorizou fazendo um gesto com a mão.
- Não interessa se não acreditas, tio. Apenas conta! Nunca ninguém me falou sobre isso.
"Depois de já o ter conquistado, Ofélia seguiu o apaixonado até o sítio onde ele dormia e surpreendeu-se com o fato de em vez de uma casa, encontrar uma caverna. Tinha pedras preciosas num canto. Como ele não sabia que tinha sido seguido, sentiu-se à vontade para se transformar naquilo que era realmente, um dragão. Ela gritou com medo e apercebendo-se da sua presença, o homem viu-a fugindo. Ela foi rápida, fugiu e espalhou pela aldeia que o viajante por quem se tinha apaixonado era um dragão. As pessoas chamaram-na de louca, mentirosa e por aí além. Riram-se dela. Ela isolou-se em casa e dias depois quando o viajante se apercebeu do que acontecera com Ofélia, mostrou a sua natureza de dragão aos aldeões. Assustados fugiram para as suas casas e armaram-se de todo o tipo de instrumentos que pudessem utilizar contra o dragão. Consumida pela culpa, Ofélia meteu-se no meio, tentando proteger o seu amado dos aldeões. O dragão ameaçado expirava fumo pelas narinas e cuspiu fogo da boca. Ofélia cantou e isso fez o dragão parar naquele momento, transformou-se de novo em humano e então os aldeões assistiram surpresos à transformação que os fez admitir que Ofélia dissera a verdade, o viajante era um dragão. Mal podiam acreditar, mas continuavam querendo matar a criatura. Apesar daquele viajante nunca lhes ter feito mal, a ignorância não lhes permitia ter acesso a outro tipo de atitude que se baseiasse em sensatez. O que se passou depois, a história modificou com os anos que se foram passando e pelas bocas que foram contando, mas o mais importante havia ficado imutável. Ofélia casou-se com o dragão e descobriu que tinha o puder mágico de o encantar, confundido por muitos com o poder de controlar. Ela amava aquela criatura de fogo e ele era encantado por ela.
Embora Raúl não acreditasse minimamente na veracidade da história que acabava de contar, Maurício e mesmo os dois agentes não podiam de deixar de reparar no quão coerente ele parecera ao contar a história toda. Sem momentos de devaneio, sem pequenas loucuras ou mesmo as normais e habituais falhas de memória. Raúl parecia dono de seu juízo todo, como há muito tempo o seu sobrinho não havia visto. Controlando a vontade de comentar sobre isso mesmo, Maurício se conteve e olhou o seu relógio de pulso. Apesar de ter tido um dia tão ocupado quanto o de Melinda, constatava que o dia ainda estava longe de chegar ao fim e sentia necessidade de ocupar o seu tempo um pouco isolado da vida social.
- Acho que vou escrever sobre isso, para ajudar o Pedro com os relatórios - disse Maurício.
Pedro fez uma expressão de surpresa e agrado ao ouvir aquilo. Era realmente muito gentil da parte de Maurício, sendo ele apenas um consultor da DOM.
- Acho que o Bernardo não ía concordar.
- Não conheço ainda o chefe muito bem, mas suponho que ele queira ver trabalho, apenas isso. É mais um dado. Dados... importantes. Quero dizer, a lenda da minha família que eu acabei de saber, o roubo de um livro que eu também só soube hoje que existia, o Señior. A cura. A Rede.
- É realmente incrível - disse Inês - Parece que esse homem está no centro de tudo.
No centro de tudo...
🔥🔥🔥
Oi, brasinhas, vocês não imaginam os crossovers espalhados neste capítulo. Bom, talvez possam imaginar o nome dos próximos livros.
Se estiverem a gostar, recomendem o livro, pleaseeee. As minhas divulgações nos grupos de facebook só têm flopado. E claro, não esqueçam de carregar na estrelinha e fazerem meus olhos brilharem de alegria a cada clique, porque cada like, visualização e comentário são uma vitória. Esse livro não tem quase comentário nenhum. A primeira versão foi muito mais célebre. Uma verdadeira ironia tendo em conta que esta versão está sendo escrita com muito mais afinco, dedicação no roteiro e na trama toda.
Enfim, longo o desabafo. Desculpem. Até o próximo capítulo.
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