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2 - Ponto zero

Atualmente

Bernardo Teles, chefe da polícia preventiva da PSP, estava longe de imaginar o teor da primeira chamada que receberia no dia vinte de setembro de 2020. Não duvidava que se tratava de um assunto profissional, mas não imaginava que seria aquele tipo de assunto, o tipo de assunto que o superintendente-chefe tinha encerrado havia cerca de quinze anos, a idade de sua filha mais velha.

Ele sabia que mais cedo ou mais tarde algo traria todo um mundo místico à toa bem nos olhos dos comuns mortais, ele apenas não sentira o dia chegar. Ele não era um deles, mas também não era um comum mortal, porque ele sabia. Sabia bem da existência dos seres que se escondiam na luz da noite e nas sombras de cada dia. Ele sabia melhor que ninguém que a realidade é uma questão de percepção.

Foi com pressa que dirigiu até ao hospital para ver um dos cenários que ficaria para sempre na sua cabeça. Não era o primeiro, nem seria o último, mas já fazia alguns anos que não se deparava com algo assim tão horripilante, por isso teve que dar uma pausa e respirar fundo antes de ligar para os seus agentes em serviço.

Como esperado, Melinda foi a primeira a chegar ao local, nas suas roupas de cores neutras, mas que não a faziam misturar-se com o resto do mundo, tanto quanto queria. Ela era uma agente exemplar, por isso ele a delegara a agente principal há um ano. O agente-coordenador, Duarte, aparecera praticamente ao mesmo tempo, queixando-se de algum condutor imprudente que encontrara no caminho até ao Centro hospitalar do Porto. Rapidamente perdera o fio à meada quando olhara em volta e vira aqueles corpos sem vida.

Eles não estavam lá para ver, mas tudo havia acontecido muito rápido. Um momento os pacientes estavam na urgência esperando impacientemente a sua vez de serem atendidos, no outro estavam ardendo em febre e a arder literalmente veia por veia.

Não dera sequer para saber quem era o paciente zero ou um, daquela febre infernal. Alguns pacientes já tinham febre quando chegaram ali, mas em nada tinha a ver com aquela febre.

A enfermeira Sónia Melro contava a Duarte tudo que vira, enquanto Melinda registrava tudo que ela dizia em seu notebook.

Portanto, uma jovem adolescente que já era conhecida no hospital, entrara ali em pânico. Ela exigira ser vista na hora por um médico que não fosse o dela, exigia que toda a gente saísse, mas como seria de esperar, ninguém deu ouvidos. Ela era hipocondríaca. Nunca ninguém lhe dava muita importância, nem a si, nem às suas teorias. A enfermeira comentou que era uma pena. "Era uma jovem tão bonita!" mencionou. Mas a beleza não era um atestado de lucidez ou sobriedade, Sara era a prova disso.

A polícia judiciária adentrava o local quando Sónia Melro passava a Melinda e Duarte o registro de entrada da adolescente. E toda uma grande equipe estava presente no local, na verdade mais que uma. Não era muito comum as perícias da PJ e da PSP trabalharem juntas num local, mas de vez em quando acontecia, num entanto neste caso em específico, Bernardo sentiu que desta vez não dava para partilhar informações com a PJ. Eles nunca entenderiam o que se passara ali, pela simples razão que o que se passara ali era de outro mundo. Bastava-lhe olhar para perceber. A PJ não encontraria nunca pistas reais do que era aquilo e ele precisava voltar a activar o que em tempos fôra desmantelado. Ele precisava de novos membros com urgência e trataria disso, não tinha dúvidas, ele precisava da Unidade Nacional do Outro Mundo e nesse momento ele precisava antes de tudo de demover a PJ de continuar a rodopiar por ali.

Pé ante pé, dirigiu-se àquela mulher que parecia ser uma versão mais bonita e voluptuosa de uma actriz famosa, de quem não sabia o nome.

- Inspectora?

- Comandante - corrigiu, como se fosse algo óbvio - Bom dia também para si, agente Teles.

- Lembra-se de mim! - exclamou.

- Nunca me esqueço de pessoas que se fazem notar. Diga!

Bernardo guardou um pequeno sorriso de agrado para se exibir a si mesmo face ao espelho mais tarde, e informou a mulher de que doravante a PSP tratava do caso, inclusive a equipe forense dele podia comandar sozinha a partir dali.

A superintendente levou a mal, como seria de esperar. Bernardo não contava com nada menos que isso, ele já conhecia a mulher de outros casos e colaborações. Sabia que ela era uma mulher de carácter forte e de ideias fixas. Ele teria que lhe dar uma justificativa convicta para que ela não desconfiasse do que se tratava ali, mas quando olhou Dagmara bem nos olhos, percebeu que ela não iria insistir, na verdade ela até parecera agradecida após os primeiros segundos de impacto, por ter sido tirada de cena juntamente com a sua equipe, só que ela teria que mostrar por alguma questão de ética profissional, que Bernardo, um simples chefe de departamento, não tinha autoridade para ter esse tipo de decisões.

- Não me leve a mal, senhorita - Bernardo proferiu a última palavra olhando as duas mãos brancas e bem tratadas de Dagmara. Procurava um sinal que lhe permitisse saber se ela teria mudado seu estado civil antes da última vez que cruzara seu caminho.

- Levá-lo a mal, Bernardo? Não. Que ideia!

Dagmara apenas ligou para seu superior e informou que o caso ficaria bem entregue nas mãos da PSP. Eles tinham outros casos. Parecia bastante conformada com a situação, como se estivesse passos à frente de Bernardo e ele não soubesse. Era nisso que ela se assemelhava ao chefe-principal. Era uma mulher que tinha suas costas sempre direitas, as palmas das mãos geralmente viradas para as pernas, uma aparência bem cuidada, atitude formal e modos ligeiramente arrogantes, contudo muito profissional. Bernardo admirava isso nela ou talvez fosse outro tipo de sentimento no qual preferia não pensar, não desde que sua ex-mulher lhe pedira o divórcio e fôra morar de seguida com outro homem, levando os dois filhos. Um golpe duro de aceitar.

- O que achas, Melinda? - inquiriu Duarte, que sempre contava com a intuição extraordinária de sua colega de equipa.

- Sobre a adolescente ou aqueles dois? - perguntou olhando para Bernardo e Dagmara.

- Achas? - inquiriu Duarte.

- Se acho? A química é notória. Pena serem demasiado parecidos. Dificilmente um dos dois dará o primeiro passo.

- Eu nunca pensei.

Melinda o olhou contractando os olhos. Ele entendeu o questionamento que passava pela cabeça da agente. O que é que ele nunca havia pensado?

- Eu não sabia que ele gostava das roliças. O safado gosta de ter o que agarrar.

Melinda corou e não deteve as risadas. Duarte riu da própria piada. Entretanto os superiores da PSP e da PJ pareciam se despedir. A equipe de Dagmara, a segunda comandante em Comandos Metropolitanos e Regionais, ía-se embora e deixava a PSP assumindo o comando. Aquilo era irónico.

- Olha, parece que desta vez a PSP vai assumir o caso - constatou Duarte.

- É. A Dagmara parece ter deixado fácil. Fácil demais - comentou Melinda pensativa, vendo a mulher fazendo gestos e chamando toda a equipe da PJ.

- Vamos a ver e foi o Bernardo que a conseguiu demover com seu charme.

- Porquê o tom sarcástico? Dúvidas do potencial do nosso chefe? - perguntou Melinda, ainda a sorrir.

- Eu não duvidaria - respondeu uma voz vinda de trás de si.

O agente Pedro Pimenta era muito bom no que fazia, ele apenas tinha alguma tendência a não chegar na hora aos casos policiais, mas tinha sempre boas desculpas para isso.

- O que se passou aqui? - perguntou, enquanto se ouvia um monte de disparos fotográficos bem perto de si.

- Aparentemente todas estas pessoas começaram a ter sintomas de uma doença completamente desconhecida após a aparição de uma adolescente hipocondríaca - respondeu Melinda virando o ecrã do notebook para ele, afim dele poder ler seus apontamentos.

- Isso está bem detalhado. Porque te focas-te tanto nessa descrição? - perguntou Pedro.

- Porque sinto que ela é o ponto zero.

- Ponto zero? - perguntaram Duarte e Pedro ao mesmo tempo.

- É. Ela apareceu com a teoria de que uma nova doença a estava afetando e afetaria quem estivesse doente de outra coisa, perto de si e isso aconteceu - respondeu Melinda.

- Qual é a teoria, agente Torres? - perguntou desta vez Bernardo vindo de frente.

- Ainda não tenho. Cedo demais para dar palpites.

- Porque não falamos com a adolescente? - perguntou Pedro.

Melinda apontou para uma linha no notebook, que Pedro leu e entoou um "ah" compreensivo.

- Que pena que mortos não falam - comentou.

- Por vezes o silêncio é bem mais explicativo - comentou Bernardo olhando ao redor - Perguntem à enfermeira com quem estavam a falar há uns minutos, perguntem onde está o corpo dessa adolescente.

- Vamos fazer issso, chefe - disse Pedro levando a mão à testa em sinal de continência.

Bernardo abriu a boca para falar algo, mas rapidamente desistiu.

Após perguntarem a Sónia Melro, a enfermeira, onde se encontrava o cadáver de Sara, foram levados até um dos gabinetes de atendimento. O corpo dela estava sendo removido.

- Esperem - pediu Melinda - Ela não tinha nada com ela? Uma mochila escolar, um telemóvel?

Um dos homens da perícia anuiu com a cabeça e colocou nas suas mãos um livro colocado num saco plástico e sua mochila.

- O inimigo invisível - foi o que Melinda leu na capa - Ela gostava de livros de suspense e terror - comentou.

Naquele momento Pedro não associara o nome do livro com nenhum nome, mas isso aconteceria. Porém, somente quando o nome da escritora viesse à baila.

- Posso levar...?

Antes de terminar a pergunta, a equipa forense abanou a cabeça como se tivssem combinado a sincronia. Talvez tivessem adivinhado que Melinda pediria aquilo. Era habitual dela.

- Depois de analisar-mos - disse a novata da equipe. A única mulher da equipe forense que parecia uma aluna do décimo ano e não uma jovem com quase vinte e dois anos.

- Obrigada, Lara - Melinda agradeceu com seu sorriso convidativo.

Nem sempre Melinda tinha um sorriso fácil, mas com Lara ele se abria de modo automático. Eram duas mulheres num mundo de homens, isso fazia com que houvesse um tipo de laço entre as duas. Até podia ser apenas simpatia pura. Fosse o que fosse, estava lá. As duas não se conheciam muito, mas sorriam uma para a outra como se não desse para evitar.

Por vezes Lara Dias sentia que Melinda nalgum momento devia ter cruzado o seu caminho, pois aquela sensação de "já nos conhecemos de algum lado?" perdurava desde há um ano, quando conseguira o seu estágio na equipe forense.

- Portanto, a garota não estava perto dos outros, que tipo de contágio é...? - começou Duarte.

- Viviana Mota, vítima do mesmo padrão, não era uma paciente - o chefe da equipe forense mostrou uma foto a eles. A mulher loira, de cabelos pouco acima dos ombros estava de olhos abertos, ainda cobertos de terror e sofrimento caída de qualquer maneira no chão do hospital.

Os agentes olharam a foto sem tentar tirar da mão do legista.

- Quem era ela? - perguntou Pedro.

- Auxiliar. Tinha acabado de vestir as roupas sociais para sair do trabalho. Tinha feito o turno da madrugada na maternidade. Um dos colegas dela disse que ela andava indisposta, dores de cabeça e assim. Segundo ele, ela parecia constipada.

Duarte e Melinda se entreolharam partilhando o mesmo pensamento. Sónia Melro dissera que Sara, a garota, havia dito que toda a gente doente à sua volta seria vítima do mesmo que ela e que por isso precisava muito de um antipirético, mas não lhe podiam dar o medicamento só porque sim. Ela tinha que esperar a sua vez e um antipirético tinha que ser receitado por um médico. Não lhe podiam dar aquilo de uma maneira qualquer. Ela devia seguir um protocolo. Aquela garota agia sempre como se não houvesse regras e como se cada um ali, não tivesse o seu papel a fazer. Palavras da enfermeira.

Melinda deu por si a pensar, que se fosse e enfermeira e Sara lhe pedisse o antipirético, ela daria sem hesitar. Não sabia de onde vinha esse pensamento, mas era uma certeza que tinha.

Um antipirético é um medicamento que diminui a febre, então, se ela sentia febre, tinha lógica ela pedir o remédio para o seu mal. Aquilo que não tinha lógica era todo aquele cenário, todas aquelas mortes espalhadas por o hospital. Nem mesmo Bernardo havia alguma vez assistido a um caso assim, tendo em conta sobretudo dos casos bizarros que ele via quando a DOM atuava e que continuava a ver precisamente pela DOM não atuar.

A reconstrução do caso era o seguinte: Sara Craveiro de desasseis anos, diagnosticada com hipocondrismo chegara ao hospital de manhã, em horário escolar, sozinha, alegando que precisava urgentemente de um antipirético. Falara com Sónia Melro, a enfermeira, porque a conhecia e Sónia era simpática consigo, porém completamente descrente. Ela dava a entender à adolescente que acreditava nela, para a jovem se acalmar, mas ela não acreditava, porque era uma profissional dedicada que acreditava nos diagnósticos dos médicos. Isso fazia dela tão ingénua quanto Sara.

O que sucedeu logo após foi precisamente aquilo que Sara falou. Coincidência? Não lhe parecia. Seu instinto nunca se enganava e algo lhe dizia, apesar de seu teimoso cepticismo,  que a verdade era simples de ver, ainda que muito difícil de acreditar.

Toda a gente naquele hospital que já estava doente de alguma coisa, começou a arder em febre e morreu após alguns minutos. As veias começaram a arder seguindo-se como um circuito até chegar ao cérebro e simplesmente o cérebro virara cinzas. Era demasiado mau para pensar ou sequer imaginar, mas era isso que tinha acontecido. Não havia muito tempo que os gritos de agonia haviam desferido pelo hospital de todos os lados e então um número demasiado elevado de pessoas morreu.

Face ao pesadelo, poucos estavam com ânimo para prestar declarações. Muitos profissionais de saúde estavam se fechando em copas. Nunca haviam testemunhado aquilo e pareciam querer acreditar que se não falassem sobre aquilo, talvez o que tinha acontecido se tornasse menos real. Mas não tornava. Aquela era a realidade. Eles haviam visto as pessoas morrerem no local de trabalho deles e eles não haviam impedido. Não tinham como, menos Sónia Melro, que apesar de não acreditar e continuar cega pela realidade que conhecia, sentia-se culpada, como se comecasse a sentir tarde de mais, que pelo menos daquela vez, Sara Craveiro não estava imaginando coisas, nem sendo uma louca descontrolada implorando por atenção. Ela morrera e ela só não vira o processo todo acontecer porque se distraíra com seus próprios problemas e com o protocolo que cumpria severamente. Se ela tivesse acreditado e dado a Sara o que ela pedira, não tinham agora imensas mortes por todo o hospital.

Andar pelo meio de tanta morte, para Melinda, era como pisar descalça o chão de um cemitério. Sentia um frio desconfortável em seu corpo inteiro e a sensação que os outros agentes sentiam não era muito diferente da sua, mas para ela o frio significava bem mais que desconforto, porque a sua pele estava sempre quente. Para o calor abandonar seu corpo era preciso haver algo muito errado ali. Ela nem se lembrava de alguma vez sentir as mãos frias como nesse momento. E ela já vira muita gente morta na sua profissão. Ela sabia, no fundo ela sabia, que desta vez era diferente. Desta vez as mortes eram muito mais que simples lampejos de últimos instantes de vida. Desta vez a alguma cortina tinha-se aberto e lhe mostrado mais do que seria suposto ver.

🔥🔥🔥

Estava mergulhada na pesquisa de imagens quando me deparo com uma imagem perfeita que mostra como ficaram as pessoas no hospital.

O que será que aconteceu com essa gente?

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