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10 - Impulsionador

Actualmente

Inês respirou fundo antes de entrar no Comando. Não tinha sido capaz de comer nada porque sentia um grande nó no estômago. Enquanto não estivesse frente a frente com o chefe de equipa Bernardo Teles, não seria capaz de meter nada na boca. Até o copo de água que bebera após sair da cama, parecera não lhe saber a nada. Ela sempre ficava sem paladar quando estava ansiosa.

Em nenhum momento mostrara insegurança na frente de Bernardo. Ela era determinada, astusta e brilhante e sabia disso. Conhecia as suas capacidades e normalmente isso chegava-lhe. Bastava fazer sobressair suas qualidades, capacidades e sua determinação valente.

Quando Bernardo pousou os olhos em si, entendeu claramente que não estava frente a frente com uma menina e sim com uma mulher de garra, disposta a sair dali com um sim, ele apenas não sabia o que ela queria, mas ela foi direta e clara. Bernardo adorava isso, sobretudo nas mulheres. Para ele a frontalidade era uma qualidade fundamental num policial. Não disfarçou o seu espanto ao olhar o currículo daquela jovem angolana. Os seus cabelos estavam cacheados e rebeldes. Ele gostou disso. A sua ex-mulher alisava os seus cabelos frisados, tinha um certo preconceito contra si mesma que ele sempre desaprovara, mas Inês impunha aquele tipo de orgulho negro que não escondia o que era, nem por dentro, nem por fora. Isso era de louvar. Passava-lhe confiança. Ela nem imaginava o quanto sua autenticidade trabalhava a seu favor.

Após uma breve leitura, Bernardo olhou para Inês como se tivesse decorado as falas de um roteiro.

- Estudou e trabalha com criptografia, descodificação, estatísticas, formatação de dados e acesso informático ilimitado . Fala algumas línguas para além de português, creolo e inglês... Que currículo! - Bernardo estava genuinamente surpreendido.

- Falta aí a informação mais importante. A que eu lhe queria dizer olhos nos olhos. Não me leve a mal.

- Pois então... - Bernardo incentivou a jovem a falar.

- Eu sei sobre a DOM.

O rosto de Bernardo continuou impassível, apesar de dentro de si ter ficado um pouco esquentado.

- Eu sei que existem criaturas místicas. Que a DOM protege os bons e trata dos maus e eu sei o que se está a passar. O caso do hospital.

- O que sabe sobre isso? - perguntou Bernardo, sentando-se na sua cadeira rolante, enquanto incentivava Inês a fazer o mesmo num gesto de mão.

- Isso tudo é por causa de um Impulsionador.

- Impulsionador?

- É. Um aparelho que impulsiona o poder que as pessoas ou criaturas têm. Não têm efeito algum em pessoas como eu e você, mas num lobisomem por exemplo... tem. Digamos que neste momento, a transformação não se dá só à meia-noite. Basta um sentimento mais forte, para que ele desperte a criatura escondida.

Bernardo levantou-se, extremamente preocupado com o que aquela jovem acabava de dizer.

- Eu sei. É muito preocupante. Por isso eu quero ser recrutada. Eu tenho as aptidões e o conhecimento necessário para encontrar a rede e o homem por trás desse impulsionador. A gente tem de o destruir, é claro, caso contrário, mais mortes acontecerão.

Bernardo suspirou e parou bem na frente de Inês, de mão estendida.

- Considere-se recrutada. Mas terá muito que me explicar, a-gen-te Inês Alves. Posso chamá-la assim?

- Claro, acho que percebeu que não sou de rodeios.

- Isso é uma qualidade que eu prezo na minha equipe. Você e a agente principal vão-se dar bem.

- Afinal existem mulheres no comando! - constatou.

- Com o seu QI, acho que rapidamente vai perceber que nossa Melinda Torres não é só uma mulher na polícia. Ela é A mulher.

- Com o tempo vai perceber que pudemos ser as duas As mulheres - respondeu Inês, com um sorriso no rosto.

Bernardo não duvidou nem um pouco. Aquela mulher exalava confiança. E ela realmente sabia de coisas. Como ela sabia? A urgência daquela informação era sentida e pungente, mas tinha de ter calma para não absorver mais do que era capaz. Ela havia de lhe explicar muito bem, como descobrira que era um aparelho que estava destabilizando e aumentando os poderes sobrenaturais das pessoas.

🔥🔥🔥


Do outro lado do comando, o agente mais galanteador passava dando sorrisos e cumprimentando os colegas. Adorava exibir o seu charme. Até os homens gostavam de sua simpatia e admiravam a sua postura. Pedro era sem dúvida um homem convencido e com um ego acima da média, mas sua naturalidade não chateava ninguém. Aqueles eram os traços que delineavam sua personalidade. Por vezes era vantajoso em seus casos, sobretudo sob disfarce.

- Meeel - entoou Pedro da porta já aberta do escritório da parceira - Tenho uma boa notícia.

- Qual? - perguntou Melinda, ignorando o facto de ele não ter batido à porta.

- A Luana Almirante vai estar no Via Catarina hoje à tarde a dar autógrafos e a vender livros, claro. Acabou de lançar um novo.

Via Catarina é um shopping no Porto, conhecido por seu encanto característico Portuense.

- Olhaaaa, Pedro, eu nunca te vi tão interessado em leitura.

- Por quem me tomas?

- Por alguém que parece muito mais interessado em ver a escritora do que nos livros dela.

- Não me condenes. Ela é muito bonita.

- Se tu o dizes...

Melinda continuou escrevendo o relatório.

- Podemos ir - lançou Pedro, como quem não quer nada com a coisa, quando evidentemente queria.

Melinda tirou os olhos do relatório à sua frente e olhou seu parceiro fixamente. Ele estava mesmo a falar a sério. Podia ver isso sobretudo na sua expressão corporal, embora o brilho em seus olhos claros o entregasse.

- Vamos sim. Este caso parece que vai algures dar nela - constatou Melinda.

- É o que acho - disse Pedro dando aquela missão de convencer a colega, por garantida.

- É a que horas?

- Às três da tarde.

- Tudo bem. Às três lá estaremos.

- Fazendo planos sem avisar o chefe? - perguntou a voz de Bernardo vinda de um dos lados, acompanhado por uma mulher que ao lado dele parecia sua filha.

Melinda levantou-se para o cumprimentar a ele e à mulher que sabia que lhe iria ser apresentada sem demoras.

- Agente Pimenta e Torres, esta é a nossa mais recente aquisição. Cuidado com aquilo que fazem e dizem, porque ela é muito inteligente e fala mais línguas que a minha ex quando está indisposta.

Os dois sorriram.

Pedro estava à porta, então recuou para trás para deixar os dois passarem. Bernardo entrou seguido de Inês, a quem pediu para fechar a porta. Ela fez o que lhe foi pedido, mas não sem pedir licença e desculpas a Pedro. Isso não impediria no entanto Pedro de ouvir, ou de saber o que já sabia, mas provavelmente Melinda se sentiria na obrigação de informar o chefe. De toda a maneira, não dava para desver o que ele já vira.

- Melinda, esta é a Inês Alves. Ela trabalhará directamente com o Dr. Raúl no laboratório.

- E com o Maurício.

- Claro - respondeu Bernardo, que subestimava bastante as capacidades do jovem - Ela tem um currículo impressionante e está a par...

- De tudo - Inês terminou por dizer - É um prazer conhecê-la.

As duas estenderam as mãos para se cumprimentarem e quando suas mãos se encostaram sentiram um choque que as fez retirarem as mãos rapidamente.

- Au, que choque - queixou-se Inês.

- Devo ser eu. Tenho muita electricidade estática. Às vezes isto acontece - admitiu Melinda.

- É- respondeu Inês, imaginando ter visto na rapidez de um segundo os olhos verdes de Melinda mudarem de cor. Claro que atribuiu o fenômeno à sua imaginação e se focou na conversa.

- Na verdade - Melinda começou por dizer, olhando para a porta, apostando que Pedro estava ouvindo do outro lado - O Pedro pode ter mais ou menos descoberto parte do nosso... - fez o gesto de aspas com os dedos - segredo.

Bernardo revirou os olhos e suspirou.

- Vocês os dois sempre encontram maneira de meter o bedelho onde não são chamados. Como?

- Ele seguiu-me até à universidade e...

- E?

- Ele presenciou o que eu chamaria de fenômeno científico. Tivemos acesso à última coisa que a Sara Craveiro viu graças à sua retina. O Dr. Raúl enfiou um dos olhos dela num aparelho que difusou as imagens num projector. Era o final de um livro da escritora infantil que está a dar que falar. O Pedro acabou agora mesmo de combinar comigo uma ida ao Via Catarina esta tarde, onde ela estará a distribuir autógrafos.

- Está a falar da Luana Almirante? - perguntou Inês.

- Exatamente.

- Tem lógica. Posso ir também? - perguntou olhando de Melinda para o seu chefe.

Bernardo anuiu com a cabeça antes mesmo de expôr em palavras sua opinião.

- Sim, eu acredito nas suas escolhas, agente Torres. Só me faça um favorzinho, encarregue-se de levar a agente Alves até o nosso cientista louco, enquanto eu levo o agente que está escutando atrás da porta até o meu escritório.

Apesar de seu tom continuar o mesmo, assim como sua expressão, ele estava zangado com Pedro e orgulhoso por Melinda lhe ter contado a verdade. No final das contas ela tinha sempre razão: segredos são comos torres. Duras, mas possíveis de derrubar.

Abriu a porta e viu-o ali por perto, fingindo estar à espera. Um ou dois outros agentes o olhavam embasbacados. Tinha vontade de puxar por a sua orelha, como se fosse um professor e Pedro uma criança, e levá-lo desse jeito até o seu escritório, mas Pedro não era burro. Era até bastante sagaz e como ouvira o que Bernardo dissera seguiu o chefe até o seu escritório. Era isso mesmo que almejava, sabia que a verdade lhe viria aos ouvidos naquela conversa. Toda a verdade e não uma parte dela. Bernardo não era tão básico que tentasse ocultar o que poderia descobrir por si mesmo. Não valia a pena, nem o tempo. Ambos sabiam disso.

Quando Pedro adentrou o escritório de seu chefe, não precisou que este lhe pedisse para fechar a porta. Era óbvio que aquela conversa era privada e não devia sair dali.

- Agente Pedro Pimenta, não vou perder tempo com descomposturas, vou-lhe contar a verdade, como você sabe, porque me conhece suficientemente bem a ponto de saber isso, no entanto, vou-lhe lembrar antes de tudo, que se lembre, depois de toda a verdade dita, que foi você quem trilhou este caminho sem volta.

Para Pedro, aquele tinha sido a coisa mais confusa que seu chefe lhe dissera, mas as últimas palavras se destacavam. Deixavam-no com a sensação de estar a descortinar um grande mistério.

- Sou da polícia preventiva, chefe. Sei perfeitamente disso.

- Da preventiva? Não será mais só da preventiva.

- O que quer dizer com isso? - perguntou Pedro, indignado. Até seu tom de voz soara desconfiado.

- Ora. Andou a cuscar, a meter o bedelho onde não devia, agora lide com as consequências. Para isso vou-lhe explicar desde já o que se faz na UNDOM.

- UNDOM? - indagou Pedro. Estava confuso. Estava sendo demitido?

- Unidade Nacional Do Outro Mundo. A gente trata de todos os casos que saiem do... - não podia perder a oportunidade de fazer suspense - normal.

Nossa, ele próprio não sabia o quanto queria tanto usar aquelas palavras desse jeito. Dera até um sorriso, apesar de o disfarçar no mesmo instante.

- Como o Caso Febre infernal?

- Exatamente. É evidente que não se trata de uma doença comum. Esse caso ultrapassa o padrão normal, é aí que a DOM, como os envolvidos preferem lhe chamar, entra em acção.

- Porque nunca ouvi falar nessa Unidade Nacional?

Bernardo olhou Pedro de esguelha.

- Você entende o conceito da palavra secreto?

Uma pergunta irónica dirigida à pessoa que seguira Melinda até um laboratório secreto, ouvira por detrás das portas e fizera de tudo para descortinar uma verdade que devia sempre ficar por baixo dos panos.

- Claro, chefe - respondeu.

- A UNDOM é secreta. Ninguém, a não ser os envolvidos, devem estar a par de sua existência.

- Então está-me a contar porque...

- Porque o senhor conseguiu se envolver. Não há como voltar atrás.

- Isto é... uma promoção? - perguntou, seu humor roçando a expectativa e o receio.

- Não - respondeu Bernardo, de costas eretas e lábios fechados.

Não estava contente. Aquela não era uma informação que devesse cirandar por aí e Pedro nem sempre era bom a guardar segredos. Bernardo sabia disso.

🔥🔥🔥

Antes

Como Inês descobrira Señior? Ela era muito boa quando o assunto se tratava de investigação. E Señior cometera alguns erros em seu percurso, apesar de não ter noção disso.

O primeiro dos erros fôra recrutar Kamau, seu pai, o segundo fôra de maneira indirecta provocar não só a morte dele, como de toda uma tripulação, segundo foi ele se sujeitar a procurar com seus próprios olhos o que quer que procurasse.

Embora a jovem mulher estivesse longe de saber qual era o grande objetivo de Señior com o Impulsionador, ela sentia que quase agarrara o segredo com os dedos. Tudo graças aquele tipo que se autoapelidava de tigre.

Depois de descobrir seu blog de creepy pastas, supostamente reais, Inês arranjara maneira de o encontrar frente a frente naquilo que deveria ser um encontro amoroso. Bastara fazê-lo beber além da conta, sorrir como se ele fosse o tipo mais interessante e bonito do mundo e conseguira fazê-lo falar. Aquele era um cliché que dava sempre certo. O ego masculino! Ela conseguia sempre o que queria por causa do bendito ego de macho que quer se autoafirmar a todo o custo.

- Eu vejo criaturas místicas há anos. Elas andam por aí, no meio de nós - disse ele.

- Sério? Isso é tão incrível- respondeu, levando a palhinha à boca de maneira cuidada e proposital - Já estiveste com vampiros? Já vistes os dentes deles?

- Ó sim.

- Há vampiros negros? Ou só há brancos? - perguntou.

- Sim, eu conheci um homem que foi mordido por um vampiro há muitos anos. Ele era negro e virou vampiro também. Qualquer um pode ser vampiro. Eles não são racistas, querida. Nem eu - disse o tipo, levando uma das mãos ao pescoço esguio de Inês. Claramente flirtando. Ele pensava que aquela conversa a estava cativando a querer conhecer o seu quarto no hotel.

- Ele precisava de morder pessoas? Matar?

- Não. Alimentava-se do sangue de animais. Trabalhava para o Señior, mas então o Impulsionador provocou os poderes dele e ele morreu num avião. Triste. Era um bom tipo. Nem sei como trabalhava connosco, com certeza não sabia onde estava metido.

- E onde estava metido?

- Na toca do lobo, belezura. Queres subir?

- Claro - respondeu Inês, que tinha seu plano traçado e tinha previsto todo o tipo de possibilidade seguinte.

Caso desse certo, o tigrinho iria cair no sono mais rápido do que havia virado o último copo de absinto. Provavelmente a noite de sexo que tanto desejava iria acontecer em seus sonhos. Ela era boa em dedução. Um vampiro negro, uma viagem de avião... ela só queria poder confirmar que falavam do mesmo homem, de seu pai. Ela só não sabia como. Teria que tentar uma tática arriscada.

Já no quarto, abraçou o homem, que salvo seja nem era de deitar fora, embora não fosse o seu tipo e tentou deixá-lo em estado de hipnose alcoólico.

- Talvez eu tenha conhecido um vampiro. Chamava-se Kamau. Conheces-te?

Esperava que ele estivesse quase num estado de coma alcoólico no momento da pergunta e da resposta. Muito calmo e sedutor, não se conseguindo mais segurar nas pernas, caiu para cima de Inês, mas teve a capacidade de afirmar que sim, era exactamente Kamau de quem falava quando disse que conhecia um vampiro.

- Como conheces-te?

- É que eu também gosto de criaturas místicas. Porque morreu? - disse, colocando o corpo sem forças dele na cama.

- O Señior, ele tem um impulsionador que faz os poderes aumentarem. É um aparelho fantástico, devias ver. O Kamau foi descuidado. Ele tinha umas injeções que lhe permitiam manter a humanidade. Claramente não tomou e acabou por infectar os outros com um vírus de vampiro.

- É o quê?

- Varicela vampírica, belezura.

Aquele homem era um poço de informações frescas.

- Para quê construir um impulsionador? - perguntou, desbotuando a camisa do homem e metendo a mão no interior.

- Para apanhar a cura.

Inês arregalou os olhos. Aquilo seria um trocadilho, uma metáfora, uma palavra em código?

- O que é a cura? O que isso quer dizer... tigre?

Mas o tigre estava já mergulhando noutro estado de espírito, rumando ao mundo dos sonhos onde ela não era alguém arrancando informações dele e sim alguém arracando a sua roupa. Sabia que aquela tinha sido sua única chance. Era uma pena não saber o que a cura significava, mas não podia se queixar, já tinha ido bastante longe na sua busca. Já sabia o essencial, o resto ela iria descobrir. Ela acabava sempre por descobrir.

🔥🔥🔥

Oi, brasinhas. Daqui a dois dias eu faço 30 anos. Não queria deixar-vos sem um capítulo antes de chegar lá.
Espero que estejam gostando.

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