Go back to being plastic

Tic.

A cabeça acertou a parede com força.

Tac.

A cabeça afastou-se.

A menina estava sentada no canto de seu quarto abraçando suas pernas e acertando a cabeça na parede. Fazia de si mesma um metrônomo para a música perturbadora que sua tia costumava cantar quando embalava-a para seu sono, a qual balbuciava, quase inconcientemente.

"Tic Tac faz o relógio

E os anos vão passar

Tic Tac sem parar

Não pode te esperar

Tic Tac ouça já

O som de todos sofrendo

Tic Tac veja só

Você e eu morrendo."

O quarto já fora um cômodo muito belo e bem organizado. Os lençóis tinham o mesmo padrão florido do papel de parede, rosa e branco. A cama era grande para sua dona, e cheia de travesseiros e almofadas coloridas. A cabiceira era maior ainda, na cor dourada. O armário costumava guardar dezenas de vestidos coloridos e pouquíssimas combinações de outras peças. A penteadeira, com seu espelho magnífico e bem limpo dava um ar convidativo ao quarto da garota. Mas agora tudo estava destruído. As portas brancas do armário estavam escancaradas, quebradas e queimadas. O papel de parede estava todo rasgado e alguns pontos ainda pegavam fogo. A cama, desarrumada. Todos os travesseiros haviam sido furados e penas e espumas enchiam o piso de madeira. O espeho viera ao chão, e a menina tinha um caco dele em sua mão.

"Acalme-se, Nisseny" A voz da cadela de pelúcia amarela soou no cérebro da menina, observando-a bater a cabeça na parede cada vez mais forte. "Sei o quanto é difícil perder alguém, mas sua tia está melhor assim. Não aguentaria viver em sua própria mente por mais tempo."

Nisseny não respondeu. Ao invés disso, segurou o caco de vidro com mais força, fazendo sua mão sangrar, e arrastou-o por seu rosto. Ainda não satisfeita, passou a ponta por suas pernas e braços, deixando o sangue escorrer por sua pele branca e gelada. Aquilo ainda não a deixara satisfeita. A pelúcia continuava a falar, e Nisseny desejava que ela se calsse. Segurou o pedaço do espelho em frente ao seu rosto e admirou seu reflexo. A franja estava cumprida de mais, quase chegando na sua boca. Ainda assim o castanho de seus olhos não conseguiam se esconder. O cabelo era dividido exatamente no meio de seu couro cabeludo; a metade direita era rosa claro, como as flores em seus lençóis; a metade esquerda era azul claro, como o céu em seus dias favoritos. E o arranhão recentemente adquirido sangrava em sua bochecha e pingava em seu vestido preto e azul.

Em sua mente, o tic tac de um relógio a perturbava. Ele sempre estivera lá, tiquetaqueando em seu cérebro, contando os segundos da vida de Nisseny. Às vezes desejava que parasse. Outras, desejava que nunca fosse embora. Ali, sentada no chão com um caco de vidro na mão, Nisseny quis calar o relógio mais do que jamais desejou algo em toda a sua vida. Passou o objeto cortante em sua testa, em suas têmporas, e estava prestes a passa-lo de fora a fora a fora em seu pescoço quando a porta do quarto se abriu.

Tic Tac

Olá Crybabies!

Eis o prólogo de minha história para o projeto Crybaby. Por enquanto, não prometo postagem regulares, mas quero ao menos começar a divulgar capítulos, assim me obrigo a escrever o livro.

Tenho a ideia de indicar uma história do projeto a cada capítulo, e qual a melhor forma de começar se não com a CrazyLittleBrazilian? Afinal, é culpa dela que eu gosto da Melzinha.

A história dela ainda não foi iniciada, mas eu já sei que é maravilhosa hahah. Sua música de escolha foi 'Carousel', e contará a história de Milah, uma órfã que terá sua vida virada de cabeça para baixo devido a uma troca de olhares num parque de diversões. Vão lá conferir 'Caroulsel' da Lia enquanto esperam o próximo capítulo (:

E lembrem-se também de entrar no perfil oficial do projeto, o ProjetoCrybaby, para participarem e confirerem todas as obras participantes, além de outros projetos parceiros.

Vlw Flw