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Capítulo 9


"So what if I'm crazy/ The best people are/ All the best people are crazy" _Mad Hatter, Melanie Martinez

Eu entrei em um ônibus e rezei silenciosamente para que minha mãe demorasse bastante no consultório. Passar pela porta da frente fora mais fácil do que imaginava. A recepcionista nem se deu ao trabalho de olhar para mim. Abri a porta e corri até a estação de ônibus mais próxima. Tinha alguns trocados no bolso e nem perguntei ao motorista se aqula linha me levaria para algum lugar próximo do hospital psquiátrico da cidade. Uma senhora muito gentil me explicou que eu estava andando na direção oposta, e me indicou o caminho até lá.

-Seu vestido é muito belo –ela elogiou com seu sorriso desdentado.

O cherio de alcaçuz em seu hálito e o branco de seus cabelos me deixavam confortável. Agradeci com meu melhor sorriso e troquei de ônibus na estação seguinte. Demorei bastante tempo para chegar na estação indicada, e ainda mais tempo para andar até o hospital. Minha mãe já deveria estar desesperada a essa hora, e eu nem havia atingido meu objetivo. Quando o vi, à distância, parei. Minhas mãos começaram a suar e minhas pernas ficaram bambas. Lembrei-me de meus dias ali, de como havia chegado lá. As memórias eram todas embaçadas, escuras e doloridas.

Primeiro havia o som da sirene da ambulância. Eu não conseguia me mexer na maca e não conseguia entender o porquê de ainda estar viva. Gritei por Brenda mas não obtive respostas. Então notei que estava com dor. Com muita dor. Todo o meu rosto escorria sangue, minhas mãos estavam com cacos de vidro cravados nelas e minha cabeça estava doendo. Quando acordei novamente eu estava em uma sala de hospital. Nem esperei para entender o que estava acontecendo e comecei a gritar por Brenda mais uma vez. Quebrei tudo ao meu redor e devo ter batido em uma ou duas enfermeiras. Só me calei quando encontraram minha pelúcia e prenderam meus braços em uma camisa de força. Dois homens vestidos de branco seguraram-me e apontaram uma injeção para mim. Mamãe assentiu. Eu só acordei novamente no meu maldito quarto do hospital psiquiátrico.

"Força Niss" Brenda me incentivou. Eu acordei de meus devaneios e já estava em frente à porta principal do hospital.

Tic.

Entrei.

Tac.

Fora como ser atingida por uma bala. Eu recurei alguns passos. As paredes brancas, a grande escada em espiral... Apertei Brenda contra meu peito mais uma vez.

-Não sei se consigo...

"Mas e se for obrigada?" Brenda tinha razão. Sempre tinha.

Respirei fundo e entrei mais uma vez. Andei até a recepcionista e disse que queria visitar algumas pessoas. Eu não me lembrava dela, talvez fosse nova. O importante é que ela também não se lembrou de mim. Seguimos por um corredor que acabava na única sala daquele lugar que eu gostava: o salão comum. Era ali que passávamos o dia quando estávaos bem, interagindo, recebendo visitas e tomando nossos medicamentos, como bons pacientes. Eu olhei em volta e reconheci alguns rostos. Tommy estava ali, em pé no sofá, cantando algo muito belo. Estella estava agachada em seu canto usual balançando para frente e para trás e arrancando fios de seu próprio cabelo. Andei até Tommy.

-Olá.

Ele desceu de seu sofá, animado e me deu um abraço. Nós conversamos por um tempo e eu quase me esqueci de que estava de volta naquele inferno. Perguntei como ele estava e se tinha novas músicas planejadas. Ele cantou uma inédita para mim.

-Assim que for liberado mandarei as letras para Paul –ele disse. –Então voltaremos com a banda. Diga ao mundo lá de fora para aguardarem, sim?

Eu dei-lhe um último abraço e andei até Estella. Antes mesmo de me cumprimentar ela perguntou se podia ter alguns fios rosa e roxo de meu cabelo. Eu ofereci-os com muito prazer. Estella era muito animada e entendia de matemática. Ela me contou tudo sobre a vida ali sem mim e tirou algo do bolso. Era um de seus bonecos numa forma humana. A cabeça era feita com meus próprios fios, rosa e azuis, como quando havia chegado ali. Eu sorri.

-É lindo! Obrigada, Estella.

-Não estava pronto antes, mas fico feliz que tenha voltado. Vai ficar?

-Não, apenas visitando.

-Então deve voltar logo. Não podemos ficar muito tempo longe um do outro. Juntos, somos todos normais. Separados, somos loucos de verdade.

Brenda teria mechido as sobrancelhas se fosse capaz. Eu era, então foi o que eu fiz. Estella esava certa. Ali, ninguém se julgava. Ninguém me olhava diferente, como na Casa de Bonecas. Ninguém exigia dentes brancos, olhava torto para Brenda ou discutia minha preferência de roupas. Seria ótimo se eu pudesse encontrar outra pessoa como eu fora do hospício. Sentiria-me melhor. Se não fosse louca, Estella seria matemática e filósofa. Uma pena que a loucura e a confecção de bonecos tomavam todo o seu tempo.

-Tenho que ir agora, mas onde está Joy? –Perguntei, olhando em volta.

-A bebê chorão? Já saiu. Embrulharam ela em um papel prateado e a ambulância saiu daqui com as sirenes desligadas.

-Como é? –eu me levantei, assustada. Meu coração bateu com mais força e meu cérebro continuou a me atormentar com o relógio infinito.

-A escada, Nisseny –Estella falou. –A sua escada em espiral, minha arte capilar. Você sabia que cabelo humano é incrívelmente resistente? Uma pessoa leve como a bebê chorão e semanas de trabalho resultaram naquilo. Esse é um protótipo. Martinez usou um bem maior –ela apontou para outra de suas obras. Era uma pequena corda com um lugar para encaixar sua cabeça no final, esculpida com os cabelos negros da bebê chorão. Joy Martinez havia escapado dali como eu planejara por muito tempo. -Ela está feliz agora agora, no céu dos bebezões.

Levantei-me dali com pressa. Sai do salão comum e não me lembro onde foi que errei, mas não acabei na recepção. O Tic Tac tomava conta de minha audição. Os meus sapatos não faziam barulho naquele chão, as pessoas dentro de seus quartos estavam dormindo e tudo o que Brenda falava era abafado pelo meu relógio. Podia ouvir alguém chamando meu nome, mas não sabia quem era ou de onde a voz vinha. Eu subi uma escada de emergência simplesmente por estar perdida. Virei alguns corredores errados e fui parar no pior lugar de todo aquele hospício: o corredor proibído. Os psiquiatras não sabiam daquele lugar. Nem todos os enfermeiros sabiam. Alguns pacientes sortudos também não.

Tudo começou a girar ao meu redor. Eu fechei bem os olhos e, mais uma vez, uma chama acendeu-se em minhas pálpebras. Desta vez eu abri os olhos, mas foi uma péssima decisão. Todas as salas pegavam fogo, com excessão de uma. Desesperada, corri até lá, de onde vinham gritos e um choro desesperado. O choque que levei ao ver a mim mesma deitada na maca, com os braços e pernas apertados por tiras de couro me debatendo fez-me recuar. Meu cabelo estava raspado. Um enfermeiro colocava luvas de borracha enquanto o outro pegava uma tira de couro do chão.

-Não adianta espernear, sua louca. Comporte-se e será mais fácil para nós dois.

O que colocava luvas de borracha testou uma máquina e riu quando quase tomou um choque.

-Certo, agora morda a tira de couro, Nisseny. E lembre-se: não faça barulho.

A minha versão do passado mordeu com toda a sua força enquanto ele apertava um objeto de metal em suas têmporas e uma corrente elétrica a atingiu. Mas quem sentiu a dor fora eu, a Nisseny que observava tudo e queimava nas chamas que me rodeavam. Eu gritei. Derrubei Brenda no chão e segurei minha cabeça. Os ferimentos em minhas têmporas que eu causara com um caco de vidro nunca estariam curados por causa dessas sessões de tortura. Olhei para minhas mãos e vi sangue. Uma sombra adentrou o quarto e o enfermeiro soltou o objeto. Voltei a assitir a cena, ainda gritando. A sombra envolveu os dois como fizera com meu padrasto e Dafne. Foi a vez deles gritarem, e eu corri. No final do corredor não havia fogo, não havia sombra, não havia nada de ruim. Havia uma luz e a silhueta da minnha pessoa predileta em todo o planeta Terra. Stel segurou minha cabeça e tudo voltou ao normal. Colocou seus polegares sob as minhas cicatrizes e depois limpou minhas lágrimas.

-Vamos dar o fora desse lugar –ele falou. –Agora.


I'm on FIREEEE

Deixa eu aproveitar esse espaço para agradecer a sweet_leeh por sempre comentar e acompanhar a história, muito fofa, obrigada (:

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