Capítulo 7
"Think I got myself in trouble/ So I fill the bath with bubbles" _Soap, Melanie Martinez
Stel só soltou de meu braço quando trancou a porta do banheiro. Ele correra com uma velocidade muito superior à minha, e puxou meus braços até ficarem doloridos. Entramos pelos fundos do casarão e subimos apressados até o andar de meu quarto. Desta vez não pude deixar de olhar para a porta do quarto onde estavam Dafne e meu padrasto, mas ela estava devidamente fechada. Achei que Stel me levaria para meu quarto e me deixaria ali, mas ao invés disso nos trancou em meu banheiro. Ele fechou a tampa da privada e sentou-se ali em cima. Eu me apoiei na borda da banheira.
-Se sua mãe descobrir que éramos nós e contar para meu pai... –ele passou a mão no rosto e no cabelo com preocupação.
-Ela vai saber que era eu –eu falei. Desejei que Brenda estivesse ali agora. –Mas não precisa saber que você estava comigo, se assim preferir.
-A é? E com quem ela vai pensar que estava falando? Sozinha? –Ele bateu a mão com força na pia ao seu lado.
Eu podia ver que ele estava bravo e cansado. Não fisicamente cansado, mas mentalmente. Era minha culpa. Ele fora até a biblioteca para me buscar, ele correra atrás de mim e ele me salvara da casa moderna do homem misterioso. Uma lágrima escorreu de meu rosto. Eu não podia deixar Stel Derek triste, assim como não podia me atrasar para as consultas e ficar tempo demais longe de Brenda. "Ele faz tudo por mim, por que eu não consigo retribuir? Por que, por que, por que?" Eu quis agarrar meus joelhos, arranhar minhas pernas expostas ao frio e morder meus lábios até sentir sangue em minha língua. Ao invés disso, apertei a borda da benheira até sentir meus ossos estalarem. Enfim, falei:
-Sim, ela acreditaria que eu estava falando sozinha. Sou louca, esqueceu?
Abaxei minha cabeça e não vi quando Stel me encarou. Meus cabelos coloridos caíram em meu rosto e grudaram em minhas bochechas tendo as lágrimas como cola.
-Ei, Niss... –meu meio-irmão segurou meu rosto com as duas mãos e afastou meu cabelo molhado do caminho de minhas lágrimas. Ainda sentado na tampa da privada, ele puxou-me para mais perto. –Me escute. Eu sinto muito por ter dito isso. E você não é louca. Não foi sua culpa, ok?
Eu chacolahei a cabeça, mostrando que entendia. Mas eu sabia que era sim minha culpa. Se tivesse seguido o conselho de meu padrasto e ficado quieta, eu não teria disturbado a noite de ninguém.
-Hey, olha! –Stel pegou um objeto colorido envolto em plástico que me chamou a atenção. –Uma bomba de banho.
Eu abri o maior sorriso na mesma hora. Abri a torneira e tampei o ralo da banheira. Algum tempo depois deixei a bolinha colorida cair na água e assisti-a derreter-se em cores e bolhas. Minha água ficou cor de rosa e branca. Coloquei mais alguns produtos para fazer bolhas na água e só fechei a torneira quando as bolhas começaram a escorrer pela louça. Eu adorava como as centenas de bolhas refletiam e distorciam uma mesma imagem. A janela e a lua apareciam mil vezes à minha frente, às vezes flutuando e às vezes estourando. Tirei meus sapatos e entrei na água quente. Meu vestido grudou-se ao meu corpo e dificultou que eu me ajustasse na água. Havia mais bolhas do que água ali. Stel deu risada. Talvez de como eu me distraia fácil, talvez da quantidade de bolhas, eu não me importava. O seu sorriso me fez sorrir também.
-O que você estava fazendo lá? –ele perguntou.
-Estava procurando minha mãe -eu assoprei algumas bolhas que voaram rapidamente antes de estourar. –Eu vi... Coisas ruins.
-É, eu sei –ele disse. "Não sabe não" eu pensei. Brenda havia dito para falar com minha mãe, então era exatamente isso o que eu iria fazer. Pouparia Stel da história da traição. –Coisas muito eradas acontecem nessa casa.
Toquei uma bolha com minha língua e tentei morder outra. Afundei-me um pouco mais na água quente. Talvez quente demais. Quando a água chegou em meu queixo e as bolhas cobriam quase todo o meu campo de visão eu fiz a pergunta.
-O que você estava fazendo?
Stel revirou os olhos. Tirou um isqueiro do bolso da frente da calça e acendeu-o. A chama dançou por alguns segundos até o dedo dele parar de apertar o mecanismo e ela exinguir-se. Ele olhou para a janela e eu soube que não queria tratar desse assunto. Por mais que eu adorasse e respeitasse Stel Derek mais do que qualquer outro ser humano, eu estava brava. Estava brava com ele, brava com Garfiel e brava até mesmo com minha mãe, que não passava de uma vítima naquele cenário todo. "Ela faz tudo por mim, por que eu não consigo retribuir? Por que, por que, por que?" Apertei as unhas contra as palmas de minha mão. Afundei a cabeça na água e fiquei ali até meus pulmões revirarem-se em meu peito por mais ar. Então eu vi alguma coisa se mecher na escuridão das minhas pálpebras. Era o crepitar de uma chama, algo nascendo nas cores do fogo. Então eu vi o corredor do primeiro andar do Orfanato.
Todos os quartos estavam com as portas abertas, mas nenhuma das meninas estava ali. Sempre que passava por uma das portas eu via uma sombra que deixava um rastro de fogo atrás de si. Todo o corredor agora estava em chamas. O Tic Tac que ouvia não vinha de dentro de mim, mas de todos os lados. Ao atingir a última porta eu vi mais uma vez meu padrasto e Dafine. A sombra então envolveu os dois pelas pernas, subindo até enforca-los com escuridão. E eles gritaram. Seu desespero ficou ainda mais alto quando o quarto começou a pegar fogo. E eu apenas assistia a tudo, sem saber exatamente o que deveria estar sentindo. E então tudo ficou preto.
Eu abri os olhos embaixo d'água e lembrei que eu precisava respirar, mas parecia não encontrar força para me levantar, e acabei engolindo muita água com sabão. Para minha sorte, Stel enfiou as duas mãos na banheira e me puxou para cima. Pela terceira vez em apenas um dia ele estava me salvando. Ele me deitou no tapete do banheiro e eu tossi. Água saía de mim como uma torneira aberta e era difícil de respirar. Meu nariz estava inundado e meus pulmões desesperados. Após tossir por um tempo eu finalmente consegui sentar e respirar normalmente. Stel estava com um joelho apoiado no chão e o roso próximo de mim, com uma expressão de desespero. O gosto de sabão na minha boca me deixou enjoada. Abri a boca para agradecer Stel mas uma bolha se formou. Ele estourou-a com o dedo e me abraçou.
-Nunca mais faça isso –ele disse. –Você promete?
-Prometo -ele me ofereceu uma toalha e voltou a sentar na tampa da privada. –Obrigada.
Eu sei, eu sou um fracasso.
Desculpem demorar tanto para postar mais, mesmo depois de fazer tanto auê. Eu foco demais na minha série de livros principais (série de fantasia e aventura: Érestha, deisponível no meu perfil #marketing #publi) e meio que esqueço de Dollhouse... Mas aí está, capítulo 7. Eu não vou mais fazer promessas pra não decepcionar aos outros e nem a mim mesma, mas eu ESPERO poder pstar logo o próximo.... Obrigada pela paciência.
Mas enfim, sabem a IsabelaBender ? Então, ela também é participante do projeto, com "Pacify Her", uma ficção adolescente! Se eu fosse você eu iria lá conferir agorinha mesmo. Até porque o mundo acaba Sábado, não há tempo a perder.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro