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Capítulo 3



"D-O-L-L-H-O-U-S-E/ I see things that nobody else sees" _Dollhouse, Melanie Martinez

-Como você se chama? –a garotinha perguntou.

Seus cabelos castanhos eram muito bem penteados. O laço vermelho no vestido branco não tinha uma dobra sequer. As meias brancas e os sapatos pretos estavam muito bem limpos e brilhavam com a luz fraca que entrava pela janela. O ursinho de pelúcia também tinha uma fita vermelha, amarrada ao redor de seu pescoço. Mas estava amassada, e isso me incomodava.

"É outra de suas figuras, Nisseny?" Brenda perguntou.

Olhei para trás. Nenhuma garotinha ali para ter seu reflexo em meu espelho.

-Sim –respondi. –E meu nome é Nisseny.

As figuras eram outra parte da minha loucura que não estava curada. E, acreditem, eu queria muito ver-me livre delas. Elas nada mais eram do que pessoas ou animais que apareciam para mim. No início, achava que eram fantasmas. Espíritos que vinham até mim para serem ajudados. Mas não se assemelhava nada a isso. As figuras me ajudavam, conversavam comigo, ou queriam causar-me mal. Eu sempre tinha que ser muito cautelosa com as figuras. Lembro-me da figura do lago. Era uma seria que me levava para nadar por um lago onde passava as férias com mamãe. Ela era uma figura boa. E lembro-me também da figura da fogueira. Era um homem feito de fogo próximo a fogueira de um acampamento que fui com a turma da oitava série. O homem tossiu propositalmente na pilha de folhas secas que alimentavam a fogueira e assustou a todos os alunos. A culpa recaiu sobre mim pois estava tentando pará-lo. E ninguém mais via as figuras. Apenas eu. E Brenda, se ela fizesse um esforço.

-É um prazer –a menina disse. Sentou-se no chão e eu imitei. –Sabe, essa casa era muito melhor quando era apenas uma casa.

-O que quer dizer? –Interessei-me.

-Isso aqui antes era apenas uma casa, com uma grande família e vários empregados. Agora é muito agitada, cheia de regras.

Eu olhei a caixa que havia derrubado do armário. O porta-retrato estava rachado, mas ainda podia ver o rosto de todos na foto: o pai, a mãe, três filhas e um bebê de macacão azul. Todos tinham o cabelo bem penteado para trás e rostos sérios. Além da foto, a caixa tinha um vestido branco com uma fita, identico ao que a menina estava usando. E o urso de pelúcia também estava ali.

-Esse era o meu quarto –ela explicou.

-Oh, sinto muito –eu falei, guardando tudo na caixa e fechando-a. –Espero não incomodar.

-Não se preocupe –ela falou.

"E então... Esse lugar sempre foi uma Casa de Bonecas?" Brenda perguntou.

A expressão no rosto da menina não mudava. Como na foto, ela permanecia séria.

-Não –ela admitiu. –Agora tudo deve ser perfeito para a mídia. Fotógrafos visitam esse orfanato mais do que pais querendo adotar. E as meninas nunca estão felizes. Garfield obriga-as a passarem suas próprias roupas, retirarem seus pratos e deixar os dentes o mais brilhante possível. Pentear os cabelos, vestir roupas adequadas, sorrir de verdade. E nunca podem sair do casarão, a não ser para a escola ou biblioteca.

-Isso é péssimo –eu admiti.

-Sim. E agora você faz parte das bonecas de Garfield. A única coisa boa daqui é o grande jardim de trás. Você pode ficar lá o tempo que quiser. E por mais que seja proibido fazer barulhos depois das dez, não se assuste. Algumas meninas choram e outras riem de madrugada. E o carro de seu padrasto nunca para, indo e voltando para não sei onde o dia todo.

-E se desobedecer?

-Não sei –a menina levantou-se. Imitei novamente. –Mas não deve ser nada bom. Todas que desobedecem choram de madrugada. Comporte-se sempre no jantar. E o almoço é independente. Garfield e sua mãe nunca aparecem para o café da manhã.

-Creio que isso seja um bom sinal –sorri. –Obrigada por toda a sua ajuda. Fico feliz de saber que é uma figura boa.

Ela continuou séria. Ajustou o urso de pelúcia em baixo do braço e acenou com a cabeça.

-Se precisar de algo, eu gosto de espelhos –e foi embora. Meu reflexo voltou a aparecer.

-Vamos Brenda –eu peguei-a no colo. –Hora do jantar.

A porta de acesso à sala de jantar era a da dreita. Stel foi muito gentil em me levar até lá e eu agradeci com um abraço. Pensei que estava no horário, mas quando cheguei, todas as meninas já estavam sentadas, esperando o jantar ser servido. Minha mãe sentava-se à esquerda da cabiceira, ocupada esta por Garfield. A cadeira em frente a ela, e à sua esquerda, estavam vazias. Stel andou até a direta do pai e acomodou-se, sorrindo para a menina ao seu lado.

-Boa noite –eu sorri para cada uma das meninas antes de me juntar à mesa.

A única janela do cômodo estava atrás de meu padrasto, escondida por pesadas cortinas vinho cheias de poeira. A cumprida mesa de madeira tinha os pés retorcidos em espirais muito bem esculpidas. O acolchoado das cadeiras era um tom mais escuro do que o vinho da cortina. As flores desenhadas à mão na porcelana dos pratos tinha falhas. À minha frente, havia uma cristaleira com um espelho no meio. Ele refletia o enorme relógio de pêndulo cujo ponteiro dos segundo estava atrasado. Não condizia com o tic tac em minha cabeça. Tudo naquele lugar me deixava nervosa.

-Nisseny! –minha mãe falou mais alto.

-Sim?

-Preste atenção no que seu padrasto diz, por favor. E da próxima vez, não traga essa pelúcia para a mesa do jantar.

-Como eu ia dizendo... –Garfield parecia estar irritado. -Essa é minha afilhada, Nisseny. Ela voltou hoje do hospital após alguns meses internada, mas já está muito melhor. Passará a viver conosco. Deixe-me apresentar as garotas. Essa é Melissa...

Ele apontou para a menina ao meu lado. Eu sorri e disse que me chamava Nisseny. Melissa soltou um risinho contente e Brenda não grunhiu. Um bom sinal. No espelho da cristaleira, a figura que ha pouco havia conversado comigo apareceu novamente. A menina olhou demoradamente para todos sentados à mesa. Voltou-se para mim e não disse nada. Eu olhei para meu padrasto. Ele continuava a falar.

"Ele é um saco, não acha?" Brenda falou para a figura.

-Sim. A voz dele é irritante.

Ela estava certa. Não era calma como a de mamãe, determinada como a de Brenda ou doce como a de Stel. Meu padrasto forçava a superioridade de seu tom, cuspia as palavras ao invéz de impô-las. Brenda e a figura continuaram a conversar, e a voz de meu padrasto não se firmava em meu cérebro, suas palavras passavam por mim como um rio que desaguava fora de minha cabeça. Os tic taques descincronizados pareciam ficar cada vez mais alto em minhas têmporas. Toquei a esquerda, onde uma cicatriz não se curara por completo.

-Melhor você ouvir –A menina do espelho me advertiu.

-E por fim –era a voz de Garfield. –Dafne.

-Olá –eu disse, não sabendo muito bem para quem deveria olhar. Quando identifiquei Dafne, sorri. Ela era a única garota dali com cabelos pintados nas pontas e brincos de argola. Suas sobrancelhas eram desenhadas, não naturais, e isso deixava seu rosto comprido confuso. Brenda bufou demoradamente e eu entendi que aquilo era um mal sinal. –Meu nome é Nisseny.

-Então... Jantemos –mamãe anunciou.

Algumas empregadas adentraram o cômodo trazendo bandejas e condimentos. Desejei boa noite a todas, e fiquei um tanto decepcionada quando ninguém me respondeu.

-É parte do protocolo dessa casa de bonecas. Acredito eu –a menina no espelho explicou.

-O que tem o espelho? –Melissa me perguntou. Deve ter notado que eu olhava para ele sem parar.

"Nisseny, não" Brenda me reprimiu. "Eles não devem saber. Você não vai querer voltar par lá."

Algumas imagens passaram rapidamente por meu cérebro. Eu sentada no canto do quarto do hospício por detestar o colchão da cama. O vestido cirúrgico azul claro que me obrigaram a vestir nas primeiras semanas. Remédio amargo descendo demoradamente por minha garganta. Uma cama com amarras numa sala proibida. A voz dos enfermeiros tentando, sem sucesso, acalmar-me.

-Respire e morda a tira de couro com força. E não faça barulho, Nisseny.

Derrubei meus talheres no chão. O tilintar do metal na madeira foi mais alto do que se esperaria e todos voltaram sua atenção para mim. Recolhi-os e coloquei-os de lado. Sem precisar que Brenda dissesse nada, sorri.

-Desculpem –falei, com um certo tremor na voz. "Não vou voltar para lá. Não vou, não vou, não vou!" Queria agarrar meus cabelos, bater em minhas têmporas, sentar-me no chão e espernear. Ao invés disso, sorri meu melhor sorriso de porcelana. –É apenas uma bela cristaleira.

O tic tac continuava descompassado.


Olá e obrigada pela paciência (:

Alguém aí gosta de histórias de vingança e ficção adolescente? Confiram "Mad Hatter" da swtdrugs !!

Nos vemos na próxima (:

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