Capítulo 5: A Monarquia Oculta.
Eu fiquei surpreso e encantado com a grandiosidade da cidade de Akakor, parecia que estava envolto numa redoma de vidro como numa estufa, mas a sua temperatura controlada. Os habitantes são de uma diversidade que jamais vi. Como todas as criações e possibilidades de formas de Vida existem aqui, só limitadas pela imaginação.
São Sátiros, Centauros, Lobisomens, Gárgulas, Duendes, Quimeras, Vampiros, Grifos, Criaturas folclóricas de todos os lugares do mundo, Monstros de todos os tamanhos e formas, Criaturas fantásticas reunidas em só lugar. Um lugar para todos aqueles não podem existir em nosso Mundo.
Enquanto caminhava nas ruas da cidade fantástica, as criaturas olhavam para mim com curiosidade, mas não de surpresa. Afinal, o número de humanoides é igualmente imenso. Ainda mais eu sendo acompanhado por um grupo de "anjos" que voam, mais precisamente, flutuam a poucos metros de altura.
Autrios Gamineos nos guia até um Templo, ou algo assim no interior da grande pirâmide. Na entrada principal, há duas estátuas de criaturas com cabeça humana, corpo de Leão. Pelo que me lembro de Mitologia grega, são Esfinges ou Manticores, porém na Mitologia Egípcia, essas criaturas são chamadas de Sphinx. Protetores e guardiões dos Templos e dos Deuses. Em seus braços há o símbolo do Ankh e em sua testa há o olho de Hórus ou Rá.
Ao entrar no Templo acompanhado por meus amigos e guias, vislumbrei uma das mais belas visões que tive em toda a minha Vida. A Luz que saia de todos os lugares que emanavam das estátuas e de todas as estruturas do prédio. Parecia um holograma, a qual a Luz circundava o local como bolhas de sabão e brilhavam em torno de mim.
Logo, um homem com roupas ocidentais, camisa, jaqueta de couro, calça jeans e tênis se aproxima do altar principal. A única coisa peculiar que possuía era o crânio de algum animal que lembrava algum equino que cobria a parte superior de sua cabeça cobrindo até os olhos. Acredito que ele esteja vendo através dos espaços oculares do crânio, como estava sem a mandíbula inferior, pude ver que era um homem barbado. Além do crânio ter uma cabeleira longa penteada para trás que envolve a cabeça como um véu.
— Ô grande Toplitzin! Trago o filho do grande Osíris! — diz o vampiro que nos servia de guia.
O homem com aquela caveira cabeluda em sua cabeça aponta para mim.
— É ele?
— É sim — confirma o vampiro que nos guiava.
Com passos firmes, o homem com aquela mascara estranha e bizarra pousa as suas mãos em meus ombros.
— Saudações, Amon-Hórus. O seu Pai espera esclarecer parte de tudo que for permitido em nosso ritual do Quinto Mundo. Quero que saiba que tudo aqui é uma tradição ritualística de milhões de anos atrás. Como tu és o herdeiro do Quinto Mundo, terá acesso às informações cedidas pela parte do seu Pai, mas infelizmente não terá toda, porque há as responsabilidades de sua Mãe — explica de forma confusa o homem.
— Entendo — respondo de forma mecânica, mas sem entender nada.
— Lógico que ele não entendeu... — diz o vampiro sendo bastante revelador.
O homem com o crânio cabeludo sorri.
— Um Deus em gestação criado entre humanos, o que poderia entender? — retruca o homem.
Deus?! Eu?!
— A minha função é entrega-lo a Maat, sua tia, ela irá explicar tudo. É a função dela retirar as cascas antes da metamorfose. Já os outros, serão levados aos seus parceiros. — Neste momento o homem com o crânio cabeludo aponta para o Otávio. — Tu não és muito bem-vindo aqui, Doutor. Sei que és fiel aos rituais do Quinto Mundo, mas a sua fidelidade é dúbia.
Otávio sorri com escarnio.
— Eu só estou garantindo o meu lugar no panteão, assim como todos aqui. — E abre os braços. — Como você, o vampiro e eu — observa o loiro.
Ouço um grunhido de desprezo vindo da garganta do homem com aquela mascara estranha e conduz o resto das pessoas para outra parte do Templo.
— O Senhor espere aqui. — Ele faz uma reverência e sai junto com os outros.
Eu fico sozinho naquele lugar belo e estranho.
Olho as estátuas e admiro as criaturas aladas como anjos e entidades maravilhosas. Parecem heróis há muito esquecidos. Não há um lugar para se sentar, mas o lugar é excessivamente limpo. Poderia até sentar-me no chão.
— Não há necessidade disso, Amon-Hórus — diz uma voz feminina que surge em minha mente.
Eu fico surpreso e assustado. Giro a minha cabeça como procurasse de onde saíra àquela voz. Tudo em vão. Logo, olho para cima e uma mulher de grandes asas surge no alto do templo. Ela estava com um capuz e capa envolvendo as suas asas. Era a mulher mais bonita que tinha visto em toda a minha Vida. A sua Beleza beirava a perfeição. Quase como a Gabriela Lira, só que com asas de anjo.
Quando ela pousa no chão, a mulher me abraça com carinho e força.
— Querido, sobrinho... Que honra! Como estou Feliz em inicia-lo em nossas tradições e cultura! — diz a mulher alada que deveria ter a idade de Alexandra De Jean.
Porém sinto que ela é muito mais velha do que ela. Não sei... Parece um instinto. A qual sabe que ela diz é a Verdade. Parecem coisas que surgem em minha Mente, imagens, lembranças e ações que provocam uma espécie de Déjà vu.
— Está sentindo o peso de nossa espécie pelo simples toque de minha pele — diz ela segurando o meu rosto com as duas mãos. — Glória a Rá! Senhor e Pai primordial!
— Eu sou um extraterrestre? — questiono.
— Não. Nasceste aqui, portanto é um terráqueo, mas não é humano — explica a mulher com asas nas costas.
Eu fico intrigado. Recordo das palavras da Gabriela Lira sobre o fato de eu não ser um humano. Isso explica algumas coisas e escurece outras. O fato de que minha mãe a qual me criou não ser a minha mãe biológica deixa-me muito assustado. A minha ligação com aquela mulher é puramente induzida, mas emocional.
— Como assim vocês me deixaram ser criados por humanos? Por que negaram a minha convivência com os meus pais biológicos? Por que me chamam de Deus em gestação? — Eu tenho muito mais dúvidas, mas tenho que digerir as informações que aquela mulher alada estava prestes a me dizer.
Com paciência, a mulher inicia a sua explicação:
— Como deve saber você não é humano. Porém é membro de uma espécie de seres existiram há mais de setenta milhões de anos. Os Anunnaki. Como eu, são humanoides alados. O nosso Povo habitava originalmente no quinto planeta do Sistema Solar. Dávamos o nome de Shamabala, em nossa língua original, Ninho Dourado — revela a minha suposta tia.
— Em Júpiter ou em qualquer Lua de lá? — pergunto.
— Não. Havia um planeta entre os planetas quais os atuais humanos chamam de Marte e Júpiter. Mais precisamente no cinturão de asteroides. Era um planeta com o dobro do tamanho da Terra e foi destruído por um desastre planetário, chamado Frashokereti ou rebelião cinza. Simplificando em sua compreensão tecnológica. Um ataque terrorista de nanorrobôs em nível global — revela a mulher.
Eu tinha lido alguns livros de ficção científica sobre ações de inteligências artificiais se rebelando contra os seus criadores. Todavia, este tipo de acontecimento pode provocar uma extinção em massa de todo o bioma. Imagino que isso tenha ocorrido naquele mundo há milhões de anos?
— Como puderam deixar isso ocorrer? Certamente eu teria meios para impedir isso ou cogitar a possibilidade — retruco.
O rosto da mulher angelical ficou triste ao me responder:
— Confiamos demais em nossas seguranças e nas possibilidades, porém no Multiverso há o princípio da incerteza. Quando um computador quântico se encontra com outro de uma Realidade ou Universo diverso do seu? E este Universo tem um programa que altera de forma latente a inteligência artificial provocando uma contaminação exponencial em poucos segundos? Não a tempo de reagir. Foi o que aconteceu. Tudo foi muito rápido. Tínhamos acordado de manhã fazendo as nossas rotinas e a noite nós estávamos fazendo uma diáspora nos limites do espaço-tempo — revela a mulher alada.
— Nunca planejaram voltar ao seu tempo original? — questiono.
— Era ou é um programa de extermínio de nossa espécie. Apagar a nossa existência, tudo que construímos e mundo que vivíamos. Quem garante que os nanorrobôs estejam atrás de nós até hoje? O período que fugimos foi na mesma época que estávamos transformando o quarto mundo e completado de estudar o terceiro mundo. Este que estamos — explica — continha todos os elementos necessários para fazer experiências e descobertas. Neste sistema, antes do desastre, havia dois planetas com formas de Vida desenvolvidas e complexas. O Terceiro e o Quinto mundo.
Respirei fundo ao ouvir estas palavras. Nunca imaginei que este tipo de desastre poderia ocorrer. Já tinha ouvido teorias a respeito de ações de nanomáquinas e inteligências artificiais rebeldes. Porém nunca imaginei que o contato outras realidades pudessem alterar tão radicalmente a história de um planeta ou perseguisse uma forma de Vida específica.
— Esses nanorrobôs continuam a persegui-los, mesmo depois de tantos milhares de séculos? — pergunto na esperança que tudo tivesse ficado no passado.
— Sim. Eles continuam a nos caçar implacavelmente. Com os milhões de anos, estes nanorrobôs desenvolveram uma "parodia" do conceito de forma de Vida. Porém, continuam a perseguir os sobreviventes do quinto mundo. Tanto que vários membros de nossa espécie tentaram continuar o nosso legado no terceiro mundo, em várias épocas distintas — argumenta.
— E conseguiram?
— Quando agíamos diretamente, sempre havia um ataque destruidor contra a nossa colônia. Isso aconteceu quando aprimoramos a espécie humana para fazer alterações genéticas suficientes para "confundir" os sensores inimigos para que pudéssemos viver em Paz. Muitos de nós morreram no processo, mas esta cidade é o nosso maior sucesso e a própria espécie humana foi a conclusão vitoriosa de nosso ocultamento — explica.
Entendi o plano dos Anunnaki. Como esconder um livro? Que lugar é mais perfeito do que uma biblioteca? Esconder-se num planeta cheio de humanos que tem uma matriz genética similar aos Anunnaki. Brilhante.
— Só para esclarecer uma dúvida... Todos os seres humanos são híbridos de nossa raça? — questiono.
— Na verdade, são animais nativos alterados geneticamente para se parecessem conosco. Similares a nossa fase larval — explica a mulher de cabelos dourados e com asas.
Larval?
— Espere um pouco! Veja se eu entendi... O que está querendo me dizer que eu vou sofrer uma metamorfose?
— Sim, Hórus. Todos os Anunnaki passam por este processo, ovo, rompimento, larval, casulo, adulto — diz ela com toda a calma do mundo. — Além de sofrer alterações físicas na sua aparência, terá poderes mentais extraordinários e o melhor de tudo, asas! — E a mulher alada abre as suas asas como num leque aberto.
Eu fico embasbacado.
— Ovo? Eu vim de um ovo?! Como um pássaro? — pergunto atordoado.
— Os mamíferos nativos sofreram de uma infestação bacteriana que quase os levaram a extinção. Se não fosse por nossa interferência, os mamíferos teriam sido extintos. Nenhum mamífero conseguia expelir o seu ovo, por isso alteramos a sua estrutura genética para que o Cálcio que envolvia a placenta fosse desligado e a bactéria incorporasse no núcleo da célula. Foi um excelente trabalho — e sorri.
Eu poderia dizer que seria um absurdo, mas quando recordo que o Ornitorrinco e Equidna são mamíferos que põem ovos. E observo que a minha tia tem um belo par de glândulas mamarias. Ao perceber que demonstrei interesse as partes anatômicas dela, a mulher dá um sorriso malicioso.
— Nossa... Tão jovem e interessado. Se quiser... — E sorri.
Desconverso.
— Não é isso... É que... — balbucio.
— Hórus... A nossa estrutura genética é muito diversa. Nós podemos reproduzir com parentes consanguíneos sem que ajam deformidades genéticas. Na Mitologia dos humanos, eles observaram os nossos comportamentos sociais e culturais. Eles só imitaram — explica.
Eu olho em volta e formulo uma pergunta pessoal.
— Além de mim, você e meu pai... Ainda tenho mais parentes consanguíneos?
— Sim. Sua mãe e sua irmã. A propósito... Você conheceu a sua irmã — depois sussurra. — Que bonitinho... — E esconde a sua boca com a mão.
— Conheci?
A mulher desconversa.
— Vamos conhecer o seu Pai? Ele deve estar ansioso para vê-lo. — E põe o seu braço em meu ombro. — Até chegarmos lá, vou explicando mais de nossa Cultura e Tradições...
E assim a conversa prosseguiu durante horas.
Fim do Capítulo Cinco.
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