. . . . . ╰──╮ 56. Kai╭──╯. . . . .
E eu podia ver desde o início
desde o início
Que você seria, seria minha luz no escuro
luz no escuro
Você não me deu outra escolha além de te amar
Grant Gustin- Running Home To You
【န ━━━━━━━━━━ ~DနM~ ━━━━━━━━━━ န】
Kat: filha adotiva de Lissa (Capitã das Kitsunes) e Carlos (um dos líderes da gangue Malphas). Ela perdeu a perna e um dos braços ainda pequena e usa próteses de metal. Ela também faz parte da história "Kitsunes e Malphas"
【န ━━━━━━━━━━ ~DနM~ ━━━━━━━━━━ န】
"Às vezes tenho a impressão absurda de que você vai voltar. De que irá entrar com raiva de alguma coisa que eu tenha feito e que vai bufar como sempre fez enquanto seu rosto fica levemente corado. É um absurdo, eu sei, mas sempre que escuto a porta, olho com expectativa, esperando que seja você. Sinto que é impossível continuar, tudo ainda parece rondar em uma tristeza infinita. Tento me distrair e as vezes até parece que não sinto nada e que enfim conseguirei trabalhar, mas depois a angústia volta. Vivo apenas para a sua memória e para que você se orgulhe de mim. Espero, de verdade, ser um rei na qual você se orgulhe" – (Mensagem deixada por Kai no final do diário de Ayana)
【န ━━━━━━━━━━ ~DနM~ ━━━━━━━━━━ န】
Quatro meses se passaram, quatro meses em que minha vida parecia que não ia mudar. Acordava, trabalhava e dormia. Fazia de tudo e dava atenção para tudo. Estendi minhas preocupações até Khur e o trabalho triplicou com os problemas governamentais da ilha.
– Aqui – Luc me ofereceu uma bebida enquanto eu lia os últimos informes enviados por Daneel sobre a situação das ilhas. Ao meu lado, o diário de Ayana seguia visível como um refúgio e um lembrete.
Daneel estava pronto para a caçada, e em pouco tempo ele já sentia como as coisas haviam melhorado. Apenas Khur seguia a espera de Viatrix para governar, mas segundo ele, as coisas iam caminhando lentamente, mas bem.
Muitos problemas, tanto dentro de Vixen como fora dele. Decidi que a barreira só seria desativada quando Daneel me desse um melhor relatório sobre a situação das lâmias. Enquanto elas estavam tecnicamente concentradas nas ilhas, seria uma maneira mais fácil de localizá-las e eliminá-las, eu não poderia estender o território para elas.
– Já enviaram um navio com medicamentos e médicos para as ilhas? – perguntei sem tirar os olhos dos papeis.
– Sim – Luc respondeu se sentando ao meu lado – O mensageiro de Daneel nos passou dia e hora em que enfraquecerá a barreira para que todos passem de maneira segura pelo lado da Falcón Island e de lá ele irá distribuir os médicos. O mensageiro também pediu para informar que estamos com problemas com os governantes de Sekan. Pediu uma audiência com você para que vocês possam discutir qual o passo que devemos tomar.
– Era muito mais fácil quando estávamos nas ruas, não era? – falei abaixando o papel de repente sentindo falta da simplicidade de apenas roubar e fazer o que eu bem entendia.
– Era sim – Luc deu de ombros – mas gosto dessa vida também.
Olhei para Luc e apertei os olhos. Fiquei um tempo olhando meu amigo acabar com o copo de bebidas e resolvi fazer a mesma pergunta que já havia feito diversas vezes antes.
– Luc, onde estão as Kitsunes?
– Saíram para uma missão interna delas – ele me deu a mesma resposta de antes com naturalidade.
– Espero que não estejam saqueando por aí – falei suspirando, mas até mesmo eu sentia falta daquilo.
– Seria provável – ele admitiu – mas eu duvido. Lissa parece ter se adaptado bem a vida de mocinhos no fim das contas. Já viu o número absurdo de hospitais gratuitos que ela abriu? Empecilhos e falta de médicos dentro da saúde pública em Vixen com certeza não é mais um problema.
– Então foi para ver hospitais que ela carregou Viatrix? – aquilo não tinha lógica nenhuma.
– Não disse isso – Luc respondeu – Provavelmente Lissa só queria fazer a diferença para a moça. Pelo que eu entendi, ela perdeu tudo o que tinha e Lissa é uma das pessoas que mais podem entendê-la. Vem – ele me chamou com a cabeça – está na hora de você sair um pouco do meio do trabalho. O pessoal está reunido no bar.
– Não estou a fim, Luc – falei e peguei o papel de novo na tentativa de fazer com que ele desistisse de mim, mas parece que não seria o caso dessa vez.
– Levanta logo daí – ele puxou com força o papel que eu fingia ler – quer saber, que se dane se você vai ficar bravo comigo, não vou mais tolerar ver você se afundar pouco a pouco. Você é meu amigo e vou te tirar dessa merda mesmo que eu tenha que te arrastar a força para fora dela, então para de fingir que você vai fazer outra coisa que não seja se embebedar sozinho enquanto trabalha até a morte e vem logo.
Revirei os olhos, uma atitude daquela estava realmente demorando, mas me levantei. Eu sabia que ele não iria simplesmente desistir de me tirar dali.
Cheguei no bar e pensei em virar novamente e refazer meus passos quando todos os olhares se voltaram para mim. Depois de quatro meses e eu ainda me sentia incômodo com o simples fato deles olharem na minha direção.
– Finalmente chegaram – Roy falou dispensando a mulher que estava ao lado dele e me deu espaço – estava quase desistindo de vocês dois. E aí? O que vai ser?
– Vamos no Poker mesmo – respondi ao ver as fichas e cartas na mesa. No fim, tanto fazia o jogo, seria uma boa distração no fim das contas – E aí, Yugo? Como está Aylin?
Minha pergunta sobre ela havia se tornado frequente, mas Aylin sempre havia sido forte e isso me impressionava de uma maneira surreal.
– Está treinando novos sacerdotes para mandar para as ilhas – Yugo respondeu – ela parece bem, mas não gosta de tocar no assunto, então eu só deixei para lá. Quando ela quiser falar alguma coisa, ela fala.
Deixei o assunto morrer, eu nem mesmo sabia como continuar com ele. Para a minha sorte, os Malphas sempre seriam os Malphas. Em pouco tempo a conversa se voltou para bebidas e cassinos. Roy falava dos seus casos e hora ou outra Luc e Carlos comentavam sobre Lissa e Senka.
Quando Yoko apareceu na porta do bar eu suspirei de maneira audível. Quando eu voltei, ela se manteve distante, soube depois de um tempo que havia sido por ordens da Lissa e marquei na cabeça que eu deveria agradecer a líder das Kitsunes por isso, mas com o tempo Yoko pareceu se esquecer disso e mesmo conhecendo toda a história, ela seguia indo atrás de mim.
– Talvez você devesse conversar com ela – Roy falou olhando para os baralhos na sua mão – talvez estar com alguma mulher possa te ajudar.
Há um tempo, eu provavelmente pensaria como ele. Esbanjar mulheres sem nunca estar em uma relação era o que eu fazia de melhor antigamente.
– Não quero falar com ela – respondi baixo e segui meu jogo como se ela não tivesse entrado.
Talvez fosse cruel da minha parte agir daquela maneira, mas todos naquele maldito lugar conheciam a verdade e Yoko pareceu não ser capaz de aceitar isso. Ela chorou, se desesperou e disse que eu deveria esquecer aqueles que já morreram. Que Ayana estava morta, mas ela estava ali.
Talvez fosse certo o que ela estava dizendo, mas não era menos doloroso e escutar ela falando isso como se o que eu sentisse não fosse de fato importante, me fez pegar uma pequena aversão a ela.
"Ele é o líder de uma máfia, ele não precisa desse tipo de sentimentos. Logo ele vai voltar ao normal", a escutei falando uma vez para uma outra pessoa. Talvez, aos olhos dela, ser líder de uma máfia me deixasse menos humano... eu queria que fosse verdade.
Talvez eu devesse encontrar alguém para passar um tempo, mas mesmo que eu decidisse fazer isso, sem dúvidas não seria ela.
Ter ela ali perto, me encarando, esperando que eu soltasse a mínima migalha para ela começou a me irritar e quando eu estava prestes a simplesmente deixar o jogo, Kat entrou correndo no bar. Kat estava com 7 anos e parecia ainda pequena para a idade, o que a deixava ainda mais bonitinha.
– Pai – ela se jogou no colo de Carlos. Carlos, após oficializar seu relacionamento com Lissa e após muita conversa entre os dois, eles decidiram oficialmente adotá-la e ela não teve dificuldade nenhuma em chamá-lo assim.
Sorri com a cena de Kat paparicando Carlos com beijos e abraços apertados.
– Olha só – ela mostrou um desenho novo na sua prótese da mão – foi a tia Green que fez.
– Está muito bonito – ele falou sorrindo para ela – mas posso saber o que você está fazendo aqui no meio da tarde? Não deveria estar estudando?
– Ah, é – ela bateu com a mão na testa – esqueci que era para outra coisa que eu tinha vindo.
– E para que era, gatinha? – Yugo perguntou ao jogar uma barra de chocolates para ela.
– Eba – ela pegou o chocolate de maneira certeira e saltou do colo de Carlos e para a minha surpresa ela veio na minha direção.
– Tio Kai – ela falou tentando fazer cara de séria.
– Por que essa cara? – perguntei rindo da tentativa falha dela não rir. Era gostoso quando Kat estava ali, porque eram as únicas vezes em que eu podia constatar que eu realmente ainda sabia sorrir, mesmo que fossem poucas vezes.
– É que me pediram para ficar séria quando eu falasse com você.
– E que tal você passar logo o recado para ele? – Luc se espreguiçou e Kat sorriu.
– Eu não consigo ficar séria – ela riu de novo.
– Quer que eu brigue com você para te ajudar? – perguntei fazendo-a rir ainda mais.
– Não – ela riu colocando a mão na boca – mas vou falar exatamente como pediram, só me desculpa não estar séria.
– Tudo bem – fiz um carinho na cabeça dela – não vou falar para ninguém que você não cumpriu essa parte.
– Ta bom – ela pulou de alegria e depois ajeitou o corpo deixando-o reto. Eu cruzei os braços e encostei melhor na cadeira, ficando de frente para ela.
Kat:
Assim como o oceano, só é belo com luar.
Assim como a canção, só tem razão se se cantar.
Assim como uma nuvem, só acontece se chover.
Assim como o poeta, só é grande se sofrer.
Assim como viver, sem ter amor não é viver.
Não há você sem mim, eu não existo sem você...
Primeiro eu pisquei algumas vezes, eu simplesmente não entendia aquilo.
– É um poema muito bonito – falei por fim – mas quem pediu para você recitar ele para mim?
– Ainda não acabou – ela falou sorrindo e depois colocou as duas mãos na boca – Ah, não era para eu rir.
– Tudo bem... – meu sorriso a essa altura já tinha sumido do meu rosto, mas ela não pareceu se dar conta.
– Agora fecha o olho – ela falou animada.
– Kat – suspirei – só me explica o que você está fazendo?
Olhei rapidamente para meus amigos, mas nenhum deles pareciam de fato entender.
– Fecha vai, por favor – ela fez bico – prometo que você vai gostar.
– Tudo bem – fechei os olhos, mesmo assim eu estava me sentindo estranho.
Ela abriu a minha mão com a sua e cantou com a sua voz fina e desafinada o trecho de uma música enquanto depositava um pequeno objeto gelado na minha palma.
Kat:
And I could see it right from the start
Right from the start
That you would be, be my light in the dark
Light in the dark
You gave me no other choice but to love you
All I want to doIs come running home to you
Come running home to you
And all my life I promise to
Keep running home to you
Keep running home, home to you
(Tradução)
Eu podia ver desde o início
Desde o início
Que você seria minha luz na escuridão
luz na escuridão
Você não me deu outra escolha a não ser amar você
Tudo o que quero fazer
É voltar correndo para você
Voltar correndo para você
E por toda minha vida, eu prometo
Continuar a correr para você
Continuar a correr para você, correr para você
Meu coração estava acelerado, eu não queria estar errado, mas me forcei a abrir os olhos e na minha mão havia um pingente de um corvo. O pingente de Ayana.
– Corre tio Kai – Kat falou com a voz infantil e animada e senti como meus olhos marejavam.
Com a respiração difícil, eu olhei um pouco tonto para meus amigos e quando parei em Luc ele sorriu.
– Vai lá – seu sorriso era sincero – acho que é isso, é só correr.
E eu corri... não existia mais nada ao meu redor. Corri em busca da luz que poderia me tirar da escuridão... corri torcendo para que a emoção não explodisse dentro de mim e quando enfim cheguei na porta de entrada do castelo, eu a vi.
【န ━━━━━━━━━━ ~DနM~ ━━━━━━━━━━ န】
OBSERVAÇÃO:
O primeiro poema recitado é de autoria do poeta Vinicius de Moraes e se chama "Eu não existo sem você"
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro