. . . . . ╰──╮ 37. Kai╭──╯. . . . .
Vi o mundo girando em meus lençóis
E mais uma vez, não consigo dormir
Saio pela porta e subo a rua
Olho para as estrelas sob meus pés
Lembro do certo que eu fiz errado
Então aqui vou eu
Same Mistake – James Blunt
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Lissandra Blair: Também conhecida como Lissa é a Princesa do país de Vixen e uma das responsáveis por colocar Kai no poder. Filha do príncipe Corvo, receptáculo de uma Kitsune Tenko e Capitã da gangue das Kitsunes. Sua história é contada na obra "Kitsunes e Malphas" disponível aqui no Wattpad.
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Receptáculos: Seres humanos escolhidos como "moradias" e "escudos comuns" por determinadas espécies de Kitsunes e Nogitsunes. Pois um ser humano não pode ser morto por seres sobrenaturais. Como pagamento, elas fornecem parte de seus poderes para o ser humano.
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"E aqui estou eu de novo, vendo novamente minha esperança fugir pelos dedos. Eles irão se machucar, Anastácia tem razão, manter a esperança aqui é como se autoflagelar." (Diário de Ayana)
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Era difícil definir tudo o que eu estava sentindo naquela hora. Ayana estava mentindo, não sei em que parte, mas a voz tremida e insegura dela em algumas partes me fizeram ter essa certeza. Passei a vida inteira detectando a mentira na voz das pessoas, mas insistir não a faria me falar a verdade.
Me levantei sem olhar para ela e saí da mesma maneira. Eu respirei fundo e afoguei qualquer sentimento que estivesse me ameaçando naquele momento. Daneel estava perto da porta, encostado na parede e com os olhos fechados, mas eu não precisei falar nada para que ele os abrisse e desencostasse.
– Você sabe como ela morre? – perguntei quando me aproximei.
– Não – ele respondeu de maneira firme – tentei descobrir várias vezes.
– Ela sabe, não sabe?
– Ela sabe de muito mais coisas do que nós sabemos e acredite, ela guarda isso a sete chaves.
– Por quê? – perguntei sentindo o mundo desabar.
– Ela tem medo de que a profecia não se cumpra, apesar de que é nítido o medo que ela tem que se cumpra também. Ela está tentando pensar no bem dos outros como sempre fez, mesmo que para isso ela tenha que passar por cima do que sente e até do próprio medo.
– Argus disse que ela sobreviveria na linha que ele escolheu, por isso ele morreu – falei baixo.
– Argus nunca errou uma linha – Daneel respondeu – mas Aylin também nunca errou uma profecia. Não tenho a resposta que você deseja, Kai. Sinto muito. Também quero muito salvá-la e queria que todos vocês saíssem dessa.
– Só quatro seguirão de pé, não é?
– Sim – Daneel respondeu – por isso estou proibido de ir. A rainha seguirá viva, a filha dos deuses que eu treino é filha legítima da rainha e o meu papel será seguir caçando esse mal.
– Argus também disse que eu vou viver – suspirei olhando para o teto.
– Então já sabemos um dos quatro que irá ficar de pé – Daneel falou colocando a mão no meu ombro – infelizmente não dá para saber quem serão os outros.
– Estou com uma vontade louca de sumir daqui – admiti por fim.
– E ainda pode – ele deu de ombros.
– Não – ri de maneira nervosa – sou muito teimoso para isso. Vamos indo. Acho que eu deveria ir de encontro com a Aylin.
– É – ele começou a andar ao meu lado – você sem dúvidas teria dado um ótimo guerreiro se tivesse nascido do lado de cá. Vamos lá, "majestade".
Não me irritei com a maneira como ele falou, sinceramente foi até um alívio o cinismo nessa última palavra. Eu passei a vida detestando nobres e no fim, aqui estava eu, com um título de rei.
Ayana não demorou para se recompor, mas não se aproximou de nós. No fim eu não sei se estava preparado para agir normalmente com ela. Ela me escondeu coisas grandes e descobri tudo por um acaso. Eu estava bravo, claro que estava. Podia entender seus medos, mas seus medos afetaram diretamente pessoas importantes para mim. Se Aylin estava aqui, sem dúvidas o homem não identificado era Yugo assim como ela havia dito, e ali estavam duas das pessoas mais importantes da minha vida correndo riscos. Duas pessoas que se fossem para o maldito campo de batalha poderiam ser os que iriam cair e eu não estava pronto e nem disposto a perdê-los. Perderia qualquer outra pessoa antes deles. Esse sempre havia sido eu, minha gangue, meus companheiros, aqueles que eu escolhi como família sempre viriam em primeiro lugar.
Quando saímos, as ruas estavam tumultuadas. Aylin chegava na frente com Yugo e atrás havia tantos "filhos dos deuses" que chegava a ser estranho a maneira como Yugo se destacava por ser o único de cabelo completamente preto ali.
– E aí, cara – ele me abraçou – fala que tem alguma coisa para beber nesse fim de mundo.
– E aí – eu ri com o desespero na voz dele – vamos entrar que eu deixo você se embebedar à vontade.
– Ah, finalmente alguém que me entende – ele me soltou do abraço – ta bonitão, hein? O que tem de diferente na comida daqui?
– Vai se ferrar – falei. Apesar da preocupação eu estava feliz de poder vê-lo de novo.
– E aí? – ele estendeu a mão para Daneel – Me chamo Yugo, prazer.
– Sou Daneel – Daneel apertou a mão de Yugo de maneira natural e depois se virou para Aylin.
– Então você é a sacerdotisa – ele estendeu a mão para ela também – ouvi muito a seu respeito.
– Tenho até medo de perguntar o que você ouviu – Aylin riu e apertou a mão dele.
Ayana ficou parada mais para trás. Ela havia colocado uma máscara impenetrável, não era possível ler qualquer sinal do que ela estava de fato sentindo, mas por outro lado, pensei que se ela falasse alguma coisa, talvez desabaria.
– E aí, Kai – Aylin falou comigo finalmente – Yugo está certo. Ta bonito, hein?
– Fala aí – balancei a cabeça e sorri para ela – é bom te ver, mas acho que vou estragar o reencontro rápido. Acho que deveríamos conversar. Queria te fazer algumas perguntas.
– E eu espero ter as respostas – ela estendeu a mão para mim e eu apertei a sua.
Quando ela olhou a aliança no meu dedo seus olhos se abriram muito mais do que eu esperava e ela me olhou de uma maneira estranha. Buscou com os olhos por quem quer que fosse e parou ao ver Ayana.
O pânico no rosto de Aylin me irritou, vê-la sair da minha frente de maneira apressada até Ayana também e o que passou a seguir me fez até tremer.
Aylin parou e ficou olhando para o rosto de Ayana um tempo, puxou sua mão de maneira bruta e quando viu o anel ela virou Ayana puxando a parte de trás da roupa para baixo para ver suas costas quase de maneira violenta.
Ayana aparentemente foi pega de surpresa, porque quase não teve reação.
Eu me aproximei com Yugo do lado. Yugo parecia não entender nada, mas aparentemente viu o quanto eu estava irritado, pois não falou nada.
– Você em algum momento chegou a duvidar de mim? – minha pergunta para Aylin saiu afiada – Você realmente chegou a duvidar de mim, Aylin?
– Não – sua voz saiu aliviada e talvez de maneira inconsciente ela apoiou a testa nas costas de Ayana – não foi de você que eu duvidei.
– Relaxa, Kai – Daneel apareceu do lado – o castigo para quem não segue as regras é pior que uma simples chicotada, o medo dela não deve ter sido de você ter feito isso e sim do que poderiam ter feito com ela.
– Como não teve o castigo? – Aylin seguia com o alívio palpável na voz – como isso é possível?
– Eu sou o rei – falei de maneira ríspida – acho que agora podemos conversar, não?
– Sim – ela seguia com a testa nas costas de Ayana. Ayana por sua vez seguia estática no lugar, como se temesse se mover.
– Dispensa esse povo todo atrás de você, já decidiremos como vão ser as coisas – falei de maneira autoritária – Daneel, chame a Trix e me encontre no salão de reuniões.
– Ok – ele deu de ombros e saiu.
– Yugo e Aylin vocês vêm comigo que precisamos conversar também e Ayana...
Ela estremeceu.
– Eu sei que continua me escondendo alguma coisa – continuei – e estou cansado disso. Espero você na sala de reuniões também.
Aylin dispensou os "filhos dos deuses" que estavam parados atrás dela. Disse que poderiam entrar no castelo que logo iriam acomodar a todos. Passei reto por Ayana e segui novamente até a entrada do castelo que estava sendo minha casa temporariamente.
– Não sei se te dou os parabéns ou os pêsames – Yugo falou baixo ao meu lado – fala aí, qual dos dois é melhor?
– Nenhum – respondi tentando manter a tranquilidade – isso foi apenas um contrato para ajudá-la de alguma maneira.
– Ah – ele não pareceu convencido e ele tinha razão, nem eu teria acreditado naquilo.
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