. . . . . ╰──╮ 14. Kai ╭──╯. . . . .
Você coloca seus braços ao meu redor
E eu acredito que é mais fácil se você me deixar
Você coloca seus braços ao meu redor
E eu estou em casa
Christina Perri - Arms
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Príncipe Corvo: Também conhecido como Zyon, é o príncipe dos Malphas, uma legião de demônios de Himura, também é pai de Lissandra Blair, líder da gangue Kitsunes, princesa legítima de Vixen e amiga de Kai.
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Malphas (mitologia cristã com mudanças pessoais): Conhecidos também como demônios corvos, são seres noturnos com o poder de construir e destruir quase tudo, mas constroem principalmente coisas de mármore e madeira. Conseguem invadir a mente das pessoas e ver suas memórias (linhas temporais), além de verem muitas linhas de futuros possíveis, podendo moldar e romper cada uma de acordo com as suas escolhas. Podem ficar na aparência de um corvo e de um homem. Possuem o poder do magnetismo, que é frequentemente usado quando querem dissuadir outros seres e influenciá-los para fazer pactos e cumprir com as suas vontades.
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"Enfim cheguei. Sentir o abraço de Anastácia e Armani é como me refugiar das flechas flamejantes que tentam a todo custo me alcançarem" (Diário de Ayana)
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Quando eu desci finalmente do navio, encontrei um porto pequeno, nada parecido ao porto de Vixen. O porto não era tão grande e era muito menos movimentado do que eu esperava. Os navios ali pareciam todos veleiros e possivelmente todos tinham sempre o mesmo destino, a tal fronteira mágica.
Ayana seguia mancando ao descer do navio, mesmo assim recusou a ajuda de pelo menos 3 pessoas.
– Ei – Argus chegou parecendo animado, mas depois ele acabou por cruzar os braços – aqueles idiotas disseram que pode levar até 10 dias para a autorização da liberação da carga. Isso se os papeis dos conselheiros chegarem nesse prazo. Consegue fazer alguma coisa, Ayana?
– Vou falar com eles – ela respondeu já andando na mesma direção que Argus havia chegado.
– Ah – ele gritou para que ela ouvisse – eles falaram que querem revistar toda a carga, mas tem comida que se for deslacrada agora, irá estragar antes de chegar nos refúgios.
– Refúgios? – perguntei curioso.
– Ah, é que perdemos a ilha – ele falou ainda olhando Ayana se afastar – Ayana não te falou isso?
– Ela não me falou nada até agora – admiti – não é como se eu estivesse aqui por vontade própria e nem mesmo por vontade dela. Só aconteceu.
– Entendi – ele colocou uma mão no queixo – então, temos alguns pontos de refugiados de pessoas que não conseguiram fugir da ilha ainda. A cidade portuária é uma delas, o castelo da Ayana é outro ponto e temos mais 3 espalhados além desses. São pontos fechados e vigiados pelo exército.
– E o que tem fora desses pontos? – aproveitei que ele parecia querer seguir falando para tentar entender um pouco melhor a minha situação.
– Ah, tem vampiros, lâmias, Dames Blanches... nem sei... é tanta coisa que mal dá para conhecer tudo. Mas, infelizmente para nós, são todos predadores naturais dos seres humanos. Melhor obedecer a Ayana, ela conhece bem as rotas e cada um dos seres. Ela sabe como contornar alguns e como se defender de outros. Só precisamos torcer para não encontrar as lâmias, com elas as coisas pioram muito.
– Lâmias são as que geram os filhos dos deuses pelo que eu entendi, é isso?
– Sim – ele olhou para mim em um misto de prazer por me explicar e uma malícia imensa – estou louco para conhecer minha amada mãe e acabar com a raça dela. Torço para que esteja viva para que eu seja o responsável por separar a maldita cabeça dela de seu corpo.
Um arrepio percorreu meu corpo e tentei não mostrar nenhuma reação. Eu já havia odiado conhecer as sereias, pelo que eu havia entendido, ver uma lâmia era infinitas vezes pior.
– Ayana comentou que você não foi afetado pelo canto das sereias – ele me olhou com curiosidade – perguntei para ela o como isso aconteceu e ela não sabia me dizer. Você sabe o motivo?
– Ah, está falando daquele sentimento esmagador que eu senti quando elas apareceram? O tal do magnetismo?
– Caramba, eu não esperava que você soubesse sobre isso – ele sorriu de maneira animada – então você sentiu? Como não foi afetado?
– Convivi com uma pessoa que mantinha o magnetismo "ativo", por assim dizer, por meses e precisava me controlar. Acho que aprendi a lidar com o sentimento, não acho que tenha nenhum segredo ou meio mágico.
– Ah, teria sido mais interessante descobrir que você tem algum tipo de dom – ele deu de ombros – mas isso é algo bom de saber. Então foi uma espécie de mitridatismo, não? Talvez haja alguma esperança para os humanos daqui no fim das contas.
Ayana se aproximou, ainda mancando com o semblante sério e preocupado, mas aparentemente Argus não notou isso.
– Mitridatismo – ele falou alto para ela.
– O que? – ela saiu rapidamente de seus pensamentos – do que você está falando?
– Ele fez uma espécie de mitridatismo – Argus apontou para mim – por isso não foi afetado pelo canto das sereias. Disse que conviveu por meses com uma pessoa que mantinha o magnetismo ativo.
– Sério? – ela me olhou com curiosidade – então talvez possamos fazer a experiência no fim das contas. Temos uma lâmia no cargueiro do navio. Lorde Daneel tinha razão. Eu achei que ele tinha algum dom e nunca acreditei quando ele disse que sentia o magnetismo.
– Legal, né? – Argus falou ainda mais animado – o líder de Vixen pelo visto é uma caixinha de surpresa.
– Sim – ela seguiu com seus olhos cravados em mim. Seus olhos mostravam uma curiosidade imensa – ele sem dúvidas é. Isso é muito interessante. Mas se você sente, como controla? Quero dizer, não é uma espécie de hipnose ou algo assim?
– Você não sente? – perguntei estranhando suas dúvidas.
– Eu sou mulher. Lâmias e sereias não me afetam, apenas me deixam em um estado de letargia por assim dizer.
– E os vampiros? – perguntei e estranhei a pergunta logo em seguida. Eu, até pouco tempo atrás nem acreditava que eles existiam e agora até mesmo a pergunta me parecia absurda.
– Eles usam da hipnose e do controle mental. Além de alterarem a mente – Ayana seguia me olhando de maneira profunda – não é a mesma coisa.
Ela puxou uma pequena correntinha com os dedos e ficou ali brincando com o pingente. Meus olhos se abriram um pouco mais assim que o vi. Era um pingente de um corvo.
O símbolo da minha gangue era um corvo, existia um motivo para isso e o motivo se chamava "Príncipe Corvo", um ser sobrenatural que nos juntou há muito tempo. Lembrei de Aylin gritando que eu era o protegido do "Príncipe Corvo" na tentativa de me impedir de pular. Todo o mistério envolvendo meu nome tinha que ver com aquilo, mas tentar perguntar só colocaria Ayana na defensiva de novo.
– Quem te deu esse pingente? – perguntei ainda com os olhos fixos em seus dedos que seguia enrolando uma e outra vez a correntinha em seu pescoço.
– Meu irmão – ela falou tranquilamente – uma vez ele me disse que tinha a proteção de um corvo e antes dele morrer ele disse que era a minha vez de receber essa proteção. Uma superstição boba provavelmente, mas ando com o pingente por ter sido um presente dele.
Não, aquilo não podia ser coincidência. Não podia haver uma coincidência tão grande assim. Ela sabia disso, mas tentou disfarçar dizendo que era pura superstição.
– E então? – Argus interrompeu nosso assunto propositalmente – conseguiu autorização para o desembarque das coisas?
– Sim – ela sorriu – ameacei colocar a cabeça deles em estacas.
– Que bela maneira burocrática de resolver as coisas. Pelo visto essa fama cai bem em você – ele riu – então é isso, vou colocar meus homens para trabalhar. Aonde irá se hospedar?
– Provavelmente na pousada da dona Anastácia – ela respondeu – nos encontramos lá?
– Sim, bom descanso Milady – ele se despediu nos deixando sozinhos de novo.
– Vamos indo também? – ela me chamou – você deve estar querendo tomar banho. Eu pelo menos estou sentindo até uma certa urgência.
Quando saímos do porto, me deparei com uma cidadezinha pequena. As casas eram típicas casinhas antigas do interior de Vixen. Todas com pequenas varandas em seus quartos e nenhuma com quintal. As ruas tinham calçamentos rústicos, mas bem cuidados. Em alguns lugares havia pequenos jardins com lamparinas a gás em postes de madeira.
Paramos na frente de uma casa não muito distinta das demais. Ayana bateu na porta de madeira e esperou um pouco. Uma senhora simpática atendeu de maneira sorridente.
(Anastácia e Armani)
– Ayana – ela abriu os braços para receber Ayana em um abraço – minha menina!
– Anastácia – Ayana sorriu – como tem estado?
– Oras, uma velha como eu não pode se permitir ter muitos anseios mais – ela abanou a mão – venha, venha. Vamos entrar. Armani! Venha logo – ela gritou para dentro – Ayana está aqui.
Um senhor magro, mas aparentemente forte apareceu detrás de uma das portas e sorriu abertamente.
– Ayana, como tem estado garota? – ele se aproximou e também a envolveu em um abraço. E onde está Trix e Argus?
– Eles logo estarão aqui – o sorriso de Ayana era tão sincero que acabei por sorrir junto.
– E esse rapaz simpático, quem é? – ele ofereceu sua mão para mim.
– Me chamo Kai, muito prazer – apertei a mão dele e senti o quanto era calejada. Mãos de um verdadeiro trabalhador braçal sem dúvidas.
– E de onde você vem, senhor Kai? – o sorriso dele seguia estampado enquanto me fazia uma pergunta que eu não sabia se poderia responder.
– Esse é o líder de Vixen – Ayana acabou respondendo por mim e novamente ela enfatizou a palavra "líder".
– Pelos deuses – Anastácia levou a mão até a cabeça – por que não nos disse logo? Venha, senhor – ela me puxou pelo braço – sente-se por favor. Traremos em seguida algo para vocês comerem.
Ayana riu da minha cara de espanto pela proximidade da mulher, que me levava para uma cadeira sem esperar que eu respondesse.
– Agradeço muito a hospitalidade Anastácia – Ayana falou depois de um tempo – mas creio que precisamos de um banho antes de jantar. Seria rude comer no estado em que estamos.
– Oh, claro – ela falou como se aquilo fosse óbvio – peço desculpas pelos meus modos. Irei preparar seus banhos em seguida. Armani irá preparar alguma coisa para vocês comerem. Aproveitando, acha que Trix e Argus pernoitarão aqui?
– Acredito que não – Ayana respondeu normalmente – acho que irão querer ver alguns amigos que estão no porto. Algum problema?
– Verá, Milady – ela apertou as mãos de maneira nervosa – temos recebido muitas crianças órfãs por aqui e no momento só temos um quarto disponível.
Ayana ficou estática por um momento.
– Ah – Anastácia tentou se emendar – tem duas camas, podemos usar o biombo se você não se importar. Nos outros quartos tentamos colocar o máximo de crianças possíveis.
– Entendo – Ayana pareceu despertar de seu pequeno transe – não se preocupe com isso. Um biombo está perfeito.
Mesmo falando isso, ela levou seus olhos preocupados até mim. No fim, esse medo parecia comum em qualquer lugar do mundo que eu fosse.
– Irei preparar o banho do senhor Kai no quarto e o seu prepararei no meu quarto – ela falou parecendo sem graça e saiu da sala.
Ayana novamente olhou para mim assim que ficamos sozinhos.
– Não vou te atacar no meio da noite se é esse o seu medo – falei por fim – já te vi sem roupa e aguentei bem.
– Idiota – ela revirou os olhos e olhou para o outro lado.
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