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. . . . . ╰──╮ 13. Ayana ╭──╯. . . . .

Andando rápido demais
A luz da lua ilumina sua pele
Ela está se apaixonando, nem sabe disso ainda
Viver sem arrependimentos é o que ela quer
One Direction - Night Changes

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"Há um arco-íris ligando o que sonha e o que entende. E por essa frágil ponte circula um mundo maravilhoso e terrível, que os não iniciados apenas de longe percebem, mas de cuja grandeza se veem separados por muralhas estranhas, que tanto afastam como atraem" (Cecília Meireles)

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Durante a tempestade eu acabei machucando o pé. Me machucar era algo bem comum, mas não significava que era menos desagradável quando acontecia. Precisei segurar com força um dos tripulantes que tinha o nó malfeito e que quase havia sido jogado ao mar. Na tentativa de salvá-lo, acabei por cortar as mãos com a corda e meu pé acabou se ferindo em uma das madeiras quebradas no convés.

A tempestade passou, aquele trecho sempre havia sido difícil. Eu estava andando de um lado para outro conferindo os estragos e conferindo se todos estavam bem.

Meu pé já parecia inchado e estava extremamente dolorido. Era possível ver um rastro de sangue deixado conforme eu andava, mas teria que cuidar daquilo depois. Pelo menos a ferida na minha barriga já estava praticamente curada. No mínimo isso eu deveria agradecer a minha condição de filha dos deuses.

O navio em pouco tempo chegaria ao porto de Khur, provavelmente naquela mesma madrugada. A bordo todos estavam ocupados com a operação de desembarque. Depois de tantos meses infernais correndo contra o relógio para manter a barreira, sem encontrar muito tempo para dormir, era engraçado estar ali, em pé, sem saber direito o que fazer.

Estava quieta, sozinha, pensando. Era estranha a sensação de estar de volta a Khur. Eu por muito tempo tive a sensação de que não voltaria a ver aquelas terras. Quando marchei para a Falcón Island, antes de retornar para as ilhas do Sul, eu tinha certeza de que minha passagem seria somente de ida, parecia uma partida irreversível, um caminho sem volta, e assim deveria ter sido, mas as coisas mudaram. Eu deveria encontrar o demônio responsável por tudo aquilo e de quebra teria que encontrar um sacerdote para mandar Kai de volta, aquela empreitada me cobraria muito esforço, mas no fim, o destino me trouxe de volta a casa e ainda com um homem que era, sem dúvidas nenhuma, a chave para uma profecia a tanto tempo esperada.

Apesar de mal ter dormido, eu não tinha sono. Talvez fossem os nervos. Eu sentia todos preocupados ali e, pior que isso, eu estava preocupada. Eu não fazia ideia do rumo que eu teria que tomar. A política e a burocracia me inquietavam, eu era uma mulher perdida que as pessoas tinham que engolir por eu ser a duquesa. Insistiriam para que eu renunciasse a minha vida e me desculpasse publicamente, mas isso exigiria abrir mão das linhas de frente e deixar a guerra. Isso era algo que eu não poderia fazer até selar o demônio responsável por tudo aquilo.

Olhei para o lado e Kai parecia novamente tranquilo, eu estava começando a invejá-lo. Não era possível que ele estivesse tão bem com tudo o que estava acontecendo tendo vivido tanto tempo do outro lado da barreira.

Minha curiosidade por ele parecia aumentar a cada hora que passava. Quem ele era de fato? O homem frio que rezavam as lendas ou o homem que inventou uma desculpa qualquer apenas para me salvar de um afogamento certeiro?

Ele se virou para mim e sorriu, me forcei a sorrir e virar novamente o rosto. Ficar ali não iria me ajudar. Fui para a mesa de navegação na ponte de comando. Eu costumava passar noites e noites ali rabiscando cartas para familiares que haviam perdido entes queridos, dividindo as tarefas e traçando planos. Não era incomum eu estar sozinha, mas também não era tão raro que eu buscasse meios de passar o tempo. Quando o mar estava calmo e não tínhamos mais o que fazer a não ser esperar a hora passar até chegarmos, os dias custavam muito a terminar.

Fiquei ali algumas horas, até que a dor no meu pé se tornou intensa. Eu não tinha nem ao menos tirado o sapato para ver como estava a ferida. Teria que fazer isso logo.

Caminhei, mancando até a popa do navio. Ali era o lugar menos movimentado e eu não estava a fim de receber sermões. Me sentei em um canto qualquer e fiz uma careta ao perceber a quantidade de crosta de sangue seco grudado na minha roupa e perna.

Peguei o kit de primeiros socorros que eu tinha levado e molhei um pano limpo no pouco de água potável que tínhamos e deixei ao meu lado. Respirei fundo e tirei a bota.

O cheiro que havia ficado era insuportável, eu estava realmente precisando de um banho urgente e estava louca para sair daquele maldito navio.

Olhei a ferida, não era tão grande, mas estava bem feia e funda. Mordi um pedaço de couro que eu levei também e tirei a sujeira mais grossa que havia ficado por cima da ferida.

Meus gritos abafados devem ter chamado atenção, porque senti o corpo tenso ao escutar a voz de Kai atrás de mim.

– Se quer tanto sentir dor, eu mesmo posso fazer isso – ele falou ao meu lado.

– Não duvido – resmunguei tirando o couro da boca e respirando fundo – precisa de alguma coisa? Não sei se reparou, mas estou um pouco ocupada.

– Por que você parece estar sempre tão amargurada? – ele colocou a mão no bolso de uma calça que claramente Argus havia conseguido para ele.

– Por que se importa? – perguntei molhando o pano de novo, tentando me preparar psicologicamente para continuar a limpar a ferida.

– Não me importo – ele respondeu tranquilamente – apenas fiz uma pergunta.

Suspirei, por que eu estava com tanta raiva? Por que ele tinha negado aceitar refugiados? Ou por que ele levaria a minha morte e a salvação de todos?

– Eu estou cansada – respondi por fim – perdi mais da metade da minha tripulação e só fomos para o Limbo porque vocês resolveram aparecer. Quem diabos vê uma parede de luz e atravessa sem medo?

– Nós – Kai deu de ombros.

– Por que vieram? – minha pergunta saiu grosseira, mas não me importei.

– Aylin queria vir. E nós viemos fazer o que fazemos de melhor.

Forcei o maxilar e apertei a ferida com tanta força que senti o sangue quente voltando a escorrer.

– Vocês são idiotas. Ela por querer voltar para o lugar que fez um belo banquete com seus órgãos e vocês porque são egoístas e egocêntricos a ponto de pensarem que podem ir para algum lugar tomar o que não pertencem a vocês. Boa sorte ladrãozinho, quem sabe você não encontra alguma riqueza nesse tempo que está aqui.

– E quem disse que era isso que iríamos fazer? – por algum motivo a voz dele tinha se alterado. Ele parecia querer controlar a voz a todo custo, mas aparentemente não estava tendo muito sucesso.

– É isso que vocês fazem de melhor: roubam. É isso que vocês são, duas gangues que não se importam com o sofrimento de ninguém.

– E o que você sabe sobre precisar disso para sobreviver? – ele finalmente deixou a raiva fluir por suas palavras – o que você sabe sobre viver nas ruas sem ter o que comer ou sequer saber se você não vai morrer de frio no dia seguinte? Me fala "milady", quando foi que você precisou se preocupar se você ainda teria roupa para vestir? Me responde quantas vezes você ficou doente e foi chutada de um hospital porque não tinha como pagar o tratamento? Então me fala, sabe tudo – ele se abaixou na minha frente deixando seu semblante de pura raiva visível aos meus olhos – quantas vezes você vendeu esse seu corpinho perfeito como as companheiras da Aylin para poder garantir que todos estariam vivos? Você está nos julgando rápido demais. Eu fiz o que tinha que fazer para sair vivo daquele inferno.

Meu coração disparou pelo medo. Ver a raiva cintilando nos olhos dele me fez tremer e tive vontade de recuar.

– Eu vivi dentro da guerra – falei por fim – passei fome em campos de batalhas desde muito nova e só para que saiba, aqui não existe hospitais – aquilo não era justificativa para minha raiva, até eu podia enxergar – Vi milhares de amigos morrendo sem poder ajudá-los. Esse é o meu mundo, um mundo onde muitas vezes não podemos ajudar quem amamos. Descobri o como a minha família era monstruosa e não esquece que a sua Aylin só está viva porque o meu irmão está morto.

– Eu entendo – ele falou parecendo repentinamente mais calmo – você sofreu e deve ter sido horrível viver do jeito que você viveu. Só não desmereça o sofrimento de quem não estava aqui com você. Eu não sabia de merda nenhuma que acontecia aqui do mesmo jeito que você provavelmente nunca soube que 90% das mulheres de Vixen sofreram com abusos sexuais, não é? Talvez você não saiba que o primeiro que eu tirei do poder abusou de uma criança de 5 anos – eu arregalei os olhos com a maneira fria que ele falou de um crime tão hediondo. Meu coração doía a cada palavra dele – Não vou comparar sofrimentos aqui, eu não sabia daqui e você nunca soube de lá. Acontece que eu não estou desmerecendo o seu sofrimento e nem a saída que você encontrou para o seu problema. Eu posso ser egoísta, egocêntrico e até mesmo ganancioso, mas não ouse dizer que não me importo com o sofrimento dos outros, não ouse falar que meus amigos não se importam com isso. Você não nos conhece. E aproveitando, a "minha" Aylin veio aqui porque queria salvar os pais, porque precisava saber se eles estavam ao menos vivos, e você pode julgá-la? Vocês apagaram a memória dela. Tiraram o direito de ela saber a verdade sobre a própria vida. Talvez eu não seja tão egoísta quanto vocês no fim das contas. Se eu não aceitei refugiados, foi só porque eu não tenho condições no momento de garantir que eles não vão viver no inferno das ruas assim como eu vivi. Além do mais você me deve uma explicação do porquê meu nome apareceu tantas vezes na boca de vocês nessas últimas horas.

Fiquei olhando para ele durante um tempo. Abri e fechei a boca diversas vezes buscando qualquer resposta plausível, mas qualquer resposta que eu pudesse dar naquele momento pareceria pura birra, pura vontade de não perder uma discussão com ele. Seria puramente uma maneira de tentar aliviar a frustração de saber que ele estava certo, eu não podia julgá-lo e que sim, eu sabia de coisas que eu não estava preparada para contar para ele no momento, por mais que fossem sobre ele.

– Agora deixe eu terminar de limpar essa ferida – ele pegou o pano da minha mão, mas não tirou seus olhos dos meus – antes que você a piore muito. Acho que sua raiva está tão grande que mal notou a poça de sangue que você já fez.

Quando olhei para baixo, vi como meu pé estava rodeado pelo meu próprio sangue e como a ferida estava extremamente pior do que quando eu havia começado a limpá-la.

Suspirei e não voltei a olhá-lo. Ele não esperou para levar minha perna um pouco mais para frente enquanto ele seguia abaixado próximo a mim.

Respirar com calma fez com que a raiva fosse embora devagar, dando lugar a dor terrível e pulsante que eu tinha na perna. Gemi diversas vezes de dor, mas Kai não parou com o seu "trabalho" em momento nenhum. Após limpar a ferida, ele a enfaixou para que não infeccionasse. Segundo ele "deixar um machucado aberto nesse navio que mais parece um esgoto é pedir para perder a perna".

– Obrigada – agradeci sinceramente a ele pela primeira vez depois que ele me salvou – por isso e por ter me salvado.

– Você também me salvou – ele se levantou, mas seguiu ali, próximo a mim.

– Eu sinto muito – não foi difícil pedir desculpas, no fim acho que só o odiava porque eu conseguia ver tudo o que eu não podia ter através dele – eu não deveria ter falado aquelas coisas.

Ele resmungou alguma coisa ininteligível, mas não falou mais nada. Não voltei a colocar a bota, não conseguia imaginar a dor intensa que seria fazer isso, então só me arrastei um pouco mais para o lado, para sair do meio do sangue, olhei para o céu e acabei tendo uma agradável surpresa ao ver um arco-íris lunar nos iluminando. Era um espetáculo quase irreal, que quase ninguém ainda tivera a felicidade de ver. Em plena noite de lua cheia, chovendo provavelmente em algum lugar próximo dali um fantástico arco-íris no céu noturno se fazia bem visível. Tão raro e único quanto parecia ser o homem que estava ao meu lado.

"Há um arco-íris ligando o que sonha e o que entende. E por essa frágil ponte circula um mundo maravilhoso e terrível, que os não iniciados apenas de longe percebem, mas de cuja grandeza se veem separados por muralhas estranhas, que tanto afastam como atraem" – recitei um poema que me veio à mente na hora – Um arco-íris lunar é tão raro de ver quanto uma pessoa de Vixen e uma das ilhas quebradas juntas abaixo dele.

Ele olhou para mim e depois seguiu meu olhar até o céu. Quando seus olhos cravaram em um dos fenômenos mais lindos da natureza eu o olhei. Seu rosto era refletido pela luz da lua cheia e o reflexo do arco-íris era refletido nos seus olhos escuros. Me peguei fascinada com a imagem dele e quando ele voltou a olhar para mim, não tive forças para desviar meus olhos. Um sorriso perfeito se desenhou em seus lábios e assim ele destruiu por completo o muro que eu tentei a todo custo levantar entre nós.

(Foto de: Felipe Guerra, postado no perfil do twitter @Astronomiaum)

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