. . . . . ╰──╮ 11. Kai ╭──╯. . . . .
Somente quando eu paro para pensar
Sobre você, eu sei
Somente quando você parar para pensar
Sobre mim, você sabe?
Eu odeio tudo sobre você
Three Days Grace - I Hate Everything About You
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"Talvez pela visão dele eu realmente seja arrogante, para mim não me faz diferença. Ele parece tão empolgado comigo como eu com ele. Pelo visto nos entendemos maravilhosamente bem. E com esse sentimento intenso e acolhedor, eu só rezo para os deuses que eu possa devolvê-lo inteiro para o seu circo e nunca mais tenha que vê-lo." (Diário de Ayana)
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Foi perceptível, o humor de Ayana mudou tão drasticamente que foi impossível não sentir um certo ciúme, mesmo que eu não entendesse o motivo de senti-lo.
Levei meus olhos até o recém-chegado e não pude nem ocultar minha surpresa. Ele não era nada parecido às pessoas dali. Ele parecia muito mais alguém vindo de Vixen. Tinha tatuagens pelos braços, um pequeno alargador na orelha, pulseiras, e até a camisa era extremamente parecida as de Vixen.
– Chegou o insuportável – Trix deu de ombros – fala aí maninho, o que trouxe de Vixen para a gente dessa vez?
Fazia sentido. Ele aparentemente não era de Vixen, mas estava vindo de lá. Esse era sem dúvidas o irmão "filho dos deuses" de Trix.
– Para você com certeza nada – ele riu e se aproximou de Ayana, a abraçando de maneira forte e levantando-a com o abraço.
– Ah – ela resmungou e voltou a dobrar o corpo.
– Ela está ferida, idiota – Trix empurrou seu irmão e ele abriu mais os olhos.
– O que aconteceu? – ele sem pedir licença ou se importar com os outros, tirou a coberta que a estava cobrindo e levantou sua camisa.
A ferida estava bem melhor e isso porque só tinha se passado algumas horas, mesmo assim, a ferida parecia vermelha e infeccionada.
– Isso está muito feio, Ayana – ele falou bem mais sério – você nem deveria estar de pé. Droga, se eu soubesse teria retido pelo menos alguma medicação aqui. O que aconteceu?
– Sereias – Hagne respondeu – muitas delas.
Ele suspirou e toda a alegria que ele parecia ter sentido ao reencontrar Ayana havia evaporado.
– Perdas? – ele perguntou.
– Mais da metade do nono grupo – Hagne respondeu novamente.
– Droga – ele passou a mão pela cabeça e depois se virou para Ayana – vai se deitar, agora.
– Pode deixar, chefinho – ela riu – mas antes me fala quais são as novidades de Vixen?
– Ah, deixe-me pensar... O país está prosperando, a criminalidade abaixando, está aparecendo oportunidades de emprego etc. Por outro lado, o país ainda está sofrendo com rebeliões e alguns grupos específicos dizem que não pode haver um rei se ele nem ao menos se autoproclamou rei e que o país está somente nas mãos das duas quadrilhas criminosas mais perigosas da atualidade. Resumindo, para a nossa sorte, sem rei por enquanto.
– É, eu acho que o líder deles não deve gostar muito da nobreza, por isso não se autoproclamou rei. Ele provavelmente prefere ser chamado de chefe de máfia ou de criminoso mesmo. Talvez eu prefira assim.
Ela virou o rosto o suficiente para que eu pudesse vê-la e torceu seu lábio em um sorriso malicioso. Ela estava tentando me provocar, era algo bem óbvio e aquilo por algum motivo me divertiu.
– De fato eu não gosto da nobreza – respondi cruzando os braços e sorrindo também.
Argus de repente virou a cabeça para tentar me ver melhor e sua surpresa foi nítida.
– Ayana... ele...?
– Ele é só o líder de Vixen – ela enfatizou tanto a palavra líder que chegou até a me fazer graça. Ela teria que me contar a verdade em algum momento e eu era paciente. Ao escutar a palavra dela, ele acenou com a cabeça e sorriu abertamente.
– Cara, desculpa – ele passou a mão na cabeça – eu jamais iria pensar em encontrar o líder de Vixen aqui vestido dessa maneira.
– Esse idiota está até falando como os do lado de lá, da próxima vez podia ficar por lá mesmo – Trix resmungou.
– Não dê a ideia, maninha – Argus riu com vontade – não tenho culpa se Vixen é mil vezes melhor que esse inferno. Prazer – Argus estendeu a mão para mim – sou Argus, sou responsável pelo comércio de comida entre Vixen e as Ilhas. Sabe, para que as pessoas daqui não morram de fome.
– Me chamo Kai – apertei a mão do rapaz animado na minha frente.
– Ei, que isso na sua mão? – Trix pegou com força a mão do irmão.
– Uma tatuagem – ele revirou os olhos – você fala como se não tivesse visto as outras ainda.
– Que ódio eu tenho de você – ela revirou os olhos – tem a pele mais perfeita que existe e fica se desenhando todo.
– Não me leve a mal maninha, mas eu não curto muito a minha pele perfeita – ele deu de ombros – me custou muito caro e eu nem pedi por ela. Além do mais, isso é bem normal em Vixen.
– Não estamos em Vixen – ela falou emburrada.
– Agora não mais, mas eu estava – ele deu de ombros de novo – e falando nisso, vocês são péssimas anfitriãs. Conseguiram vestir o líder de um país com as piores roupas do lugar. Vem – ele me chamou com a cabeça – eu arrumo algumas roupas mais confortáveis para você.
– Como você o chama assim sem nem saber se ele é prisioneiro ou não? – Trix de novo parecia querer brigar com o irmão.
– Se ele fosse prisioneiro, ele estaria preso ao poste, em uma das celas ou com a cabeça em uma estaca onde todos pudessem ver – Argus respondeu tranquilamente e depois apertou levemente o queixo de Ayana – tudo iria depender da vontade da Milady. Agora, senhorita. Cama.
– Ele de fato não é prisioneiro – Hagne falou encarando Trix – não fale assim dele, não depois de ele ter salvado a vida da Ayana.
– Como é que é? – Argus refez os passos que já havia dado.
– Isso mesmo – Hagne falou em tom acusatório para Trix – se não fosse pelo senhor Kai, com certeza Ayana não teria sobrevivido.
– Mas se não fosse por ele ter vindo, ela também não teria se colocado em perigo para começo de conversa – Trix respondeu afiada para Hagne – não teríamos nem entrado no limbo se ele não tivesse vindo.
– Verdade – Ayana sorriu para mim – o que me faz lembrar que eu ainda não te agradeci. Só estou na dúvida se fiz a escolha certa ainda. Talvez teria sido melhor se você tivesse morrido.
– Você ter se jogado na frente da sereia por mim só me faz acreditar que você não me odeia tanto do jeito que quer demonstrar – falei encarando-a, mesmo assim a situação me parecia inusitada – mas se de fato me odeia, da próxima é só não me salvar.
– Ah, eu te odeio sim. Te odeio porque você é exatamente o que dizem que é – ela falou perdendo um pouco o sorriso – Mesmo assim, não posso admitir que, na minha presença, tenha alguém ferido e sangrando sem que eu ajude. Também não posso deixar alguém morrer quando tenho a oportunidade e os meios de salvá-lo, ainda que me custe a vida. Isso iria contra todos os meus princípios, afinal "não se pode construir um mundo melhor sem melhorar os indivíduos", talvez essa seja a sua chance de melhorar. Então não se sinta muito, te ajudei por ser o certo e não por gostar de você.
– Olha só, não é que ela tem pelo menos a carga de uma literatura básica – eu respondi de maneira divertida – mas eu nunca fingi ser o que não sou, você que quis acreditar em uma mentira que você mesma criou. E não se preocupe, eu te salvei apenas por não gostar de ficar devendo nada a ninguém.
– Ótimo – ela apertou os olhos – dívida paga. Agora podemos seguir até um sacerdote, fazer o selo e você vai poder sumir da minha vista, de preferência para sempre.
– Estou ansioso para esse dia – respondi me levantando.
– Acabaram de se bicar? – Argus perguntou arqueando uma sobrancelha – vamos lá. Vou conseguir roupas para você e novamente, Ayana, cama, agora.
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Observação:
"Não se pode construir um mundo melhor sem melhorar os indivíduos" foi uma frase dita e escrita em um dos diários da física e química Marie Curie.
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