Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 13 - Desafios

A tempestade caía em toda sua fúria, como um dilúvio que o céu tinha aberto voluntariamente. A carruagem na qual estavam Gilbert e Anne tivera que fazer várias paradas, porque o condutor temia um acidente que seria catastrófico, pois ele transportava ali dentro um duque e sua noiva, por isso, a atenção naquele dia era redobrada.

A cada nova interrupção na viagem, era para Gilbert um alívio. Ele odiava viajar em meio a temporal assim e se recriminava por não ter tido o bom senso de ter esperado mais um dia para levar Amybeth para casa.

Agora, além de se preocupar com sua vida, ele tinha que zelar também pela dela, pois não se perdoaria se algo acontecesse e sua noiva se machucasse.

Gilbert quase podia ouvir a voz de Josie em sua cabeça. Ela, apesar de respeitar o seu trauma, sempre dizia que ele precisava deixar de ser tão dramático. A chuva era algo natural e muito bonito, como um milagre que o céu enviava sempre que a terra implorava pelo alívio de sua sede.

Mas Gilbert não conseguia ter uma visão romântica daquele tipo de situação. Sua mente ligada à chuva parecia sempre uma catástrofe anunciada. Não conseguia se livrar daquela sensação, mesmo quando estava seguro embaixo do teto de sua casa.

― Duque, está tudo bem? ― Ele ouviu Amybeth dizer.

― Está sim ― mentiu ele, sem deixar de tirar os olhos da chuva que caía, formando poças de água no chão de terra por onde a carruagem passava.

Eles estavam parados há quinze minutos, pois a quantidade de chuva que caía atrapalhava a visibilidade do condutor. Iriam demorar o dobro do tempo para chegar à casa de Amybeth, mas era melhor assim do que sofrer um acidente na estrada por conta da pressa.

― Você parece nervoso. Tem certeza de que está bem? ― perguntou Anne, preocupada com o semblante pesado de seu noivo.

Ele parecia inquieto e ela arriscava dizer que Gilbert estava aterrorizado. Nunca o vira excessivamente calado e seus olhos não olharam para ela nenhuma vez durante a viagem, o que lhe mostrava que havia algo errado.

Sensibilizada, ela segurou na mão do rapaz e ele apertou seus dedos suavemente, como se procurasse conforto.

― Desculpe-me, Amybeth. Eu não queria lhe dar a impressão de que sou um fraco ― disse o duque, completamente constrangido com aquela situação.
Poucas pessoas sabiam do seu trauma e não era nada agradável para ele ter que admitir uma fraqueza para sua futura esposa. Antes, aquilo não parecia tão importante. Ele não se orgulhava de não conseguir superar aquela situação que parecia tão simples, mas nunca dedicara muito tempo a pensar sobre isso. Agora, parecia-lhe absurdo que ainda temesse cada vez que tinha que enfrentar uma tempestade como aquela, pois sentia-se menos homem do que seus vinte e poucos anos.

― Não diga bobagens. Eu nunca pensaria isso de você. Todo mundo tem medo de alguma coisa. Essa constatação não te torna mais fraco. É só humano ― disse ela, com suavidade.

Gilbert desviou os olhos da chuva e encarou a garota à sua frente. Ela tinha o olhar mais doce do mundo e seu rosto tinha uma luz que o fazia incapaz de deixar de observá-la. Como não tinha percebido a força que Amybeth tinha? Ela era muito mais do que a beleza exterior mostrava.

Sua noiva era preciosa como um diamante raro que por muito tempo se escondeu, mas que agora brilhava muito mais que todas as estrelas em uma noite enluarada.

Que sorte a dele ter encontrado uma mulher que jamais o olharia de cima por sua fraqueza. Ela andaria lado a lado com Gilbert, tirando-o daquela sombra que o acompanhava desde a infância. De repente, o Duque se deu conta de que a amava e sorriu com aquela descoberta inesperada.

― O que foi? ― perguntou Anne, sem entender a expressão do rosto de seu noivo, pois ele parecia assombrado.

― Nada demais ― respondeu o Duque, guardando por hora com ele aquela descoberta. Gilbert contaria a Amybeth o que sentia e saberia quando e como fazê-lo.

― Como está se sentindo? ― Ela quis saber. Gilbert parecia não desejar falar do assunto, mas ela insistiu mesmo assim. Anne estava preocupada com o alheamento dele, pois a lembrava muito da irmã quando se tornava introspectiva. Sempre que isso acontecia, Anne sabia que viriam as crises que a deixavam doente e não queria que algo assim acontecesse com seu noivo.

― Estou ótimo. Sua companhia sempre tem um poder relaxante sobre mim ― respondeu Gilbert, segurando as duas mãos dela entre as suas. ― Sei que não estou sendo uma boa companhia nessa viagem, mas estou muito grato por tê-la aqui comigo.

―Não fiz nada de mais ― retrucou Anne, baixando o olhar envergonhada. Quando será que perderia aquela timidez inconveniente? Amybeth sempre encarava seu interlocutor com altivez, dava sua opinião e não se rebaixava para ninguém, enquanto ela ficava feliz se pudesse ficar em seu canto e não lhe perguntassem nada, esquecendo-se de sua presença.

Era um belo contraste entre duas garotas que, além da aparência, não tinham nada mais semelhante. Entretanto, se completavam como duas metades que não podiam coexistir se não estivessem juntas e conectadas.

Notando sua timidez, Gilbert a fez olhar para ele, segurando seu rosto entre as mãos.

― Você é incrível, Amybeth. Não sabe o quanto me faz bem ― declarou o rapaz, deixando um beijo em cada uma das bochechas da garota, sem se afastar de fato do rosto dela.

Era fascinante observar aqueles olhos azuis de perto, onde sua orbe apresentava pontinhos esverdeados. Tudo naquela garota era extraordinário, a começar por sua personalidade fascinante.

― Você também me faz bem ― respondeu Anne, estendendo a mão e tocando os cabelos dele. Era um toque íntimo, ela sabia e, em outras circunstâncias, não o faria, mas o Duque parecia estar precisando de calor humano e, da maneira como a olhava, era difícil negar-lhe qualquer coisa.

Sem aviso, o rapaz se inclinou sobre ela e lhe tomou os lábios impulsivamente, fazendo com que a ruivinha ofegasse. O beijo era persuasivo o suficiente para deixá-la totalmente à mercê daquele calor intenso.

Entretanto, havia carinho ali e uma necessidade de ser amado. Anne entendia aquela carência, porque também a carregava no coração.

Por cinco minutos, Anne foi transportada para uma realidade paralela, onde ela e Gilbert eram os únicos habitantes. Ela se entregou de forma quase inocente àquele beijo que era o início de um sonho de amor.

Ela podia sentir o sentimento fluindo em suas veias, mesmo que sua cabeça gritasse que não lhe era permitido amá-lo. Gilbert não era seu e nunca seria.

Quando ele terminou o beijo, mantendo-a próxima ainda, sem soltá-la, Anne se permitiu encostar a cabeça no ombro dele, recuperando-se da intensidade de suas emoções à flor da pele.

― Desculpe-me. Não devia tê-la beijado sem pedir sua permissão. ― O rapaz disse, porque percebeu que fora ousado demais.

― Está tudo bem. Não me senti ofendida ― disse Anne, levantando a cabeça para observá-lo melhor.

― Estou feliz que esteja aqui comigo. Odeio tempestades ― disse Gilbert, com certo receio. Admitir uma fraqueza para a mulher que amava era difícil, mas, se iam se casar, era melhor que ela o conhecesse como de fato era.

― Eu percebi seu desconforto. Tem um motivo especial para isso? ― perguntou ela, encorajada por aquela confissão.

Gilbert ficou em silêncio por um segundo, respirou fundo e depois respondeu, fixando o olhar na chuva que caía sem trégua.

― Minha mãe morreu no meu parto, enquanto chovia terrivelmente e, no dia em que meu pai faleceu, também estava chovendo muito. Por isso, não consigo ver essa beleza nela, que os poetas e os românticos gostam de declarar. Para mim, a chuva tem algo de mórbido. Não me faz bem de jeito nenhum.

Anne ficou triste com aquela afirmação, pois amava dias de tempestade. Contudo, entendia os sentimentos de Gilbert. Ele tinha um trauma que devia ser levado a sério, e não podia, de forma nenhuma, invalidar os sentimentos dele.

― Eu estou aqui com você. Não precisa se sentir assim ― Anne falou, mudando de lugar na carruagem e se sentando ao lado dele.

― Obrigado ― agradeceu Gilbert, impressionado com a generosidade dela, pois pensara que ele pareceria um fraco diante dela, mas o que recebeu de volta foi uma dose de compaixão reconfortante.

― Por nada ― respondeu a ruivinha sorrindo. Ela envolveu um dos braços dele nos seus, deitou a cabeça no ombro masculino e ambos permaneceram assim, até que a carruagem tornou a se mover pela estrada completamente molhada.

Em Paris, Amybeth observava o movimento da rua, sentada em um café no centro da cidade ao lado de Elliot. Enquanto o rapaz lia seu jornal favorito, ela não conseguia deixar de notar os soldados fardados que tinham uma postura altiva, beirando a arrogância do lado de fora do estabelecimento.

As ruas estavam cheias deles. Tinham chegado há uma semana e seu uniforme de cores alemãs inspirava medo e cautela. A França tinha sido invadida, não podiam mais negar. O medo enchia os olhos dos homens e mulheres que o mantinham cabisbaixos enquanto iam para o trabalho, receosos de serem detidos e presos por motivo nenhum ou simplesmente por respirarem.

Estranhamente, apesar dessa novidade terrível, Amybeth sentia-se calma e, por vezes, animada, o que a chocava imensamente, mas não conseguia mudar seus sentimentos. A eminência do perigo que os rondava era quase um estimulante em seu sangue. Ela devia estar louca por isso, mas olhava para aqueles soldados, em seus uniformes azuis e cinzas, botas resistentes de couro preto e um quepe da mesma cor do uniforme, e sentia uma energia em ebulição dentro de si.

Ela queria fazer algo marcante, algo que a fizesse se orgulhar de si mesma e validar a importância que deveria ter para si mesma. Talvez aquela sensação que a impelia a isso fosse doentia, mas era o que a movia, injetava adrenalina em seu sangue e a fazia sentir que ainda havia motivos para lutar.

― Você está franzindo a testa. Algo errado? ― perguntou Elliot, olhando-a por cima do jornal aberto que estava lendo.

― Eu estava pensando sobre nossa atual situação. Acha que a França ficará muito tempo à mercê dos alemães? ― disse ela.

― Os jornais dizem que não, mas só consigo acreditar naquilo que posso ver. Nossa realidade está longe de ser confortável ― falou Elliot, dobrando o jornal e o colocando em cima da mesa. ― Por que quer saber?

― Porque eu estava pensando se não podemos fazer algo sobre isso ― Amybeth comentou, mexendo a colher dentro da xícara do seu chá intocado.

― Não creio que possamos fazer nada. Perto dessa gente, somos apenas moscas. Como vamos enfrentar um batalhão inteiro de soldados alemães com as mãos vazias?

― Você é um jornalista. Sabe usar as palavras muito bem ― retrucou Amybeth, ajeitando o chapéu em sua cabeça pelo vidro da cafeteria onde sua mesa estava.

― Sou um jornalista, mas ainda sou racional o bastante para não me arriscar dessa maneira ― disse Elliot, cruzando os braços em frente ao corpo.

Ele era um belo homem. Pelo tecido de sua camisa branca, Amybeth podia ver os músculos salientes dos braços; os cabelos loiros caprichosamente arrumados e os olhos verdes que brilhavam toda vez que Elliot a olhava.

A garota ruiva não era uma tola. Ela sabia que estava apaixonada por ele, mas escondia esse sentimento a todo custo. Não confiava nas pessoas e sentia, mesmo que ele afirmasse que não, que um dia Elliot iria embora, assim como sempre acontecia. A única pessoa constante em sua vida era Anne. Sua irmã era quem nunca a deixaria para trás em nenhuma circunstância.

― Não precisa se arriscar. Você poderia escrever com um nome falso. Não pertence a nenhum jornal físico aqui na França. A sede do seu fica na Inglaterra. Se estamos tão perto da guerra, deveríamos fazer com que outras pessoas soubessem de tudo o que pode acontecer, de acordo com nossa própria vivência ― afirmou Amybeth.

Elliot se absteve de responder por um segundo, enquanto apoiava o queixo nas mãos, observando a mulher fascinante à sua frente. Ela o deixava sem fôlego diversas vezes durante o dia. O rapaz estava se segurando para não confessar que a amava, pois tinha medo dela fugir dele.

Amybeth era alguém complexo, mas tão fácil de amar e admirar. Por isso, encarando-a em seu vestido rendado, azul celeste, e os cabelos ruivos cascateando pelos ombros esguio, em um incrível contraste com os olhos dela, o rapaz conseguia enxergar um anjo delicado e lindo.

― O que está se passando nessa cabecinha complicada. Não está pensando em se arriscar, não é? ― Ele perguntou, enquanto um sorriso levado iluminava as feições dela.

― Não tenho certeza. Quero estudar as possibilidades. ― Amybeth respondeu, dando a Elliot uma piscada marota.

Os dois se encararam por um segundo, ao mesmo tempo em que o rapaz estendia a mão e segurava a dela entre as suas. Naquele momento, o silêncio reinou entre eles, enquanto o barulho de talheres, risadas abafadas e sussurros de vozes enchiam o ar da cafeteria, intensificando aquele instante entre o jovem casal.

Elliot levou a mão dela aos lábios, plantando um beijo suave no dorso dela. Amybeth sentiu o impacto daquela carícia sutil e inspirou profundamente, como se o ar tivesse escapado totalmente de seus pulmões.

Entretanto, um grito do lado de fora interrompeu o encantamento entre os dois, fazendo a ruiva levantar em um pulo, correr para fora, sem pensar em mais nada.

Surpreso com a atitude da garota, Elliot ainda tentou impedi-la, dizendo:

― Amybeth!

Mas, ela já tinha sumido de suas vistas e o rapaz não viu alternativa a não ser segui-la.

Na rua, Amybeth caminhava a passos largos, indo em direção ao grito. O barulho de suas botinhas colidindo com o chão frio, ecoavam, enquanto ela caminhava, evidenciando sua pressa em encontrar o autor ou autora daquele som inquietante.

Um outro grito agora de súplicas, guiou-a até um beco apertado, onde um soldado agarrava o braço de uma menina de uns dez anos, intimidando-a com sua arma.

― O que está acontecendo aqui? ― gritou ela, no momento em que o soldado levantou a mão para bater na garota, encolhida em um canto e com os olhos cheios de pavor.

― Não se meta, ruiva. Essa garota me desafiou e vai ter o que merece! ― gritou o homem de volta, olhando-a com certo desdém.

― Não está vendo que ela é só uma criança? Deixe-a em paz! ― Amybeth rebateu, cheia de raiva, aproximando-se cada vez mais dos dois.

― Fique fora disso, mulher! Não se meta! ― respondeu o homem, olhando para Amybeth com ódio.

― De jeito nenhum. Só saio daqui quando soltar a menina ― Amybeth o desafiou. Ninguém a convenceria de deixar aquela menina sozinha com aquele alemão, com cara de assassino.

O rapaz se virou para ela, sorrindo sarcasticamente, e disse, segurando-a pelo braço e a puxando para ele, com certa violência:

― Quer medir forças comigo, sua atrevida?

O odor alcoolizado do homem chegou até Amybeth, causando-lhe náuseas, mas ela não se intimidou. Encarando o homem com firmeza, ela disse:

― Não tenho medo de você.

― Pois deveria. Não sabe do que sou capaz, garota ― retrucou o homem, apertando mais o pulso de Amybeth, que resistiu bravamente à dor que ele estava lhe causando.

Eles se enfrentaram, olho no olho, a ira crescente entre os dois, assim como a tensão que parecia ter parado o ar, o movimento ao redor e qualquer ruído que pudesse chegar até eles.

Quando aquele embate silencioso parecia se encaminhar para algo desastroso, a voz de Elliot quebrou a quietude sepulcral:

― Solte-a imediatamente!

O soldado o encarou, com o desprezo implícito em seu olhar, e disse:

― Quem é você para me dar ordens?

― Sou alguém que te causará uma enorme dor de cabeça se a machucar ― respondeu Elliot, observando o homem soltar o pulso de Amybeth e lhe apontar a arma que tinha nas mãos.

― Quero ver você tentar ― disse o soldado, com um sorriso maldoso nos lábios, enquanto mirava na cabeça de Elliot.

― Vá em frente e atire, mas saiba que estará ferindo um Marquês, que tem conexões poderosas pelo mundo. Não sairá impune disso, eu lhe garanto ― falou o rapaz, enquanto seus olhos revezavam entre olhar para o homem que podia matá-lo a sangue-frio e encarar Amybeth, que permanecia em um canto, abraçando a garotinha assustada, enquanto seu rosto apreensivo também observava a cena, desesperada pelo que aconteceria a seguir.

O soldado olhou incrédulo para Elliot, mas não demorou muito para perceber seus modos refinados e sua constituição aristocrática, mostrando-lhe que não estava diante de um homem comum.

Desgostoso, ele abaixou a arma e, lançando um olhar raivoso para o rapaz, se afastou, dando a Elliot a nítida impressão de que não se esqueceria do que aconteceu assim tão fácil.

Deixando qualquer outro pensamento de lado, ele correu para Amybeth e a garotinha e perguntou:

― Vocês estão bem?

― Sim. Não se preocupe ― disse ela, olhando para o Marquês, aliviada. Não sabia o que teria feito se Elliot tivesse sido ferido. ― Desculpe por ter colocado você em perigo.

― Está tudo bem. Foi por uma boa causa ― respondeu ele, embora, por dentro, ele estivesse completamente abalado. Não porque poderia ter se ferido, mas pela cena de ter visto Amybeth nas mãos daquele homem. Afastando sua apreensão, ele se voltou para a garotinha e perguntou em francês:

―Sais-te où tu habites, Mon cher? ( Você sabe onde mora, meu bem? ― perguntou Elliot em francês.

A garotinha balançou a cabeça concordando e ele lhe assegurou:

―Nous vous y emmènerons (Vamos levá-la até lá.)

Assim, como prometido, eles acompanharam a garotinha até a casa dela e, após deixá-la em segurança, eles decidiram voltar para o hotel.

Quando chegaram à porta do quarto de Amybeth, ela disse:

― Obrigada por hoje. Parece que ultimamente está sempre me salvando de mim mesma.

― Por nada. Ultimamente você está sempre salvando alguém também ― observou Elliot com um sorriso encantador.

Foi o brilho dos olhos dele que a atraiu, quase de forma hipnótica, pois enquanto se encaravam, ela sentiu seu coração se acelerar e seus sentidos se acenderem e, sem pensar, ela segurou o rosto dele entre as mais e o beijou.

Elliot saboreou os lábios doces dela sobre os seus, como se tivesse em um deserto e aquele sabor delicioso fosse seu oásis particular. Ele a segurou pela cintura e a trouxe para mais perto, aprofundando o beijo até que não pudessem mais continuar.

Contudo, não se afastaram, ficaram nos braços um do outro, enquanto seus pensamentos voavam por caminhos diferentes.

Quando se despediram com um selinho curto, mas apaixonado, prometendo se ver mais tarde, Amybeth entrou em seu quarto com um sorriso nos lábios e a certeza de que tinha encontrado o objetivo de sua vida em Paris. Mal podia esperar para contar a Elliot o que desejava fazer.

Enquanto isso em Londres, Anne e Gilbert tinham chegado à casa dela, sem grandes incidentes pelo caminho. O rapaz respirou aliviado quando avistou o caminho de cascalho molhado pela chuva. Aquele era o sinal de que tudo ficaria bem e seu pesadelo tinha terminado.

Ele desceu da carruagem e ajudou sua noiva a fazer o mesmo. Anne também estava feliz por terem chegado, pois tinha ficado quase um mês longe de casa. Diana tinha chegado antes dela, porque saíra da casa do Duque três horas antes do jovem casal, portanto não fora pega no meio do temporal.

Seu pai estava na porta e parecia bastante satisfeito por sua chegada, mas Anne não tinha nenhuma ilusão quanto a isso. A felicidade dele era pelo casamento vantajoso que ela faria e fora contra isso que Amybeth lutara tão fervorosamente.

Seu pai era um homem estranho, quase frio, por assim dizer. Ele parecia não sentir nada por ninguém desde que sua mãe se fora, e Anne não sabia dizer se sentia mais pena dele ou de si mesma por isso.

― Fizeram uma boa viagem? ― Foi a primeira pergunta dele, antes de apertar a mão do Duque, com um enorme sorriso no rosto.

― Sim. Embora a tempestade tenha nos feitos parar muitas vezes ― Gilbert respondeu, olhando para Anne que sabia de sua batalha interior.

― Devem estar exaustos. Pedi para prepararem o quarto de hóspedes para o senhor. Ficará conosco, não é? ― Walter perguntou.

― Claro, e queria perguntar uma coisa. Como falta pouco tempo para o casamento, queria saber se seria inconveniente eu ficar aqui até a cerimônia? Não tenho nada urgente me esperando, e meu administrador pode perfeitamente trabalhar sem mim e me encontrar rapidamente se precisar. Seria a oportunidade perfeita para Amybeth e eu nos conhecermos melhor até o casamento ― Gilbert olhou para Anne, enquanto falava, a surpreendendo com suas palavras.

― Seria uma honra, Duque ― o Conde disse, satisfeito com aquele pedido ― Vou pedir para levarem suas bagagens para o quarto de hóspedes.

Quando o pai entrou na casa, Anne olhou para Gilbert e disse:

― Não sabia que pretendia ficar.

― Quis te surpreender. Nada vai me afastar de você agora ―disse ele, beijando-a na testa.

Anne o olhou encantada, enquanto seu coração entoava uma linda canção de amor, que já não podia mais ignorar. Contudo, a cabeça dela gritou em sua mente em uma acusação cruel: "Mentirosa!", fazendo-a franzir a testa e um gosto amargo surgiu em seus lábios.

― O que foi? Você ficou tão séria. ― Gilbert notou a expressão carregada dela. ― Disse alguma coisa errada?

― Não, você foi perfeito. Apenas estou cansada da viagem ― respondeu Anne, tentando sorrir.

― Então vá para o seu quarto e descanse. Nos falamos mais tarde ― pediu Gilbert, acariciando a lateral do rosto dela.

― Sim. ― Anne respondeu, caminhando para dentro da casa, com Gilbert logo atrás.

A sala estava com aroma de rosas do jeito que seu pai gostava, pois eram as flores favoritas de sua mãe. As cortinas haviam sido trocadas, o piso encerado e a prataria polida. Quem olhasse de fora pensaria que era um novo começo para a família, mas o quadro perto da escada, cuja mulher ruiva sorria, era o indício de que nada mudará e que Bertha Shirley continuaria a ser o coração daquela casa, como um fantasma entre as paredes que sussurravam o passado.

Anne foi para o quarto e se sentou perto da janela. A chuva recomeçara e seu jardim já se mostrava totalmente molhado. As árvores tinham um verde mais marcado, as flores pareciam sorrir em seu desabrochar suave, enquanto recebiam aquele presente da natureza. Estavam se aproximando do inverno, logo não sobraria nada delas, apenas os galhos e hastes vazios e sem folhas. Ela se lembrou de si mesma e sua irmã, construindo bonecos de neve, ao mesmo tempo em que implicavam uma com a outra. Bons tempos que deixavam um vazio tão imenso em seu coração.

A saudade de Amybeth pegou-a em cheio, enquanto sua consciência cobrava dela sair daquele mar de mentiras. Seu casamento estava próximo e aconteceria bem próximo ao Natal. Precisava encontrar uma maneira de contar a Gilbert, antes que o desastre fosse completo.

Ela passou a mão pelo rosto e percebeu que estava chorando. Não podia lamentar agora; de nada adiantaria se recriminar por algo que não podia ser mudado. Assim, ela se despiu e colocou uma camisola de algodão.

Seguiria a sugestão de Gilbert e descansaria um pouco. Talvez um bom cochilo a ajudasse a pensar com clareza. Deste modo, Anne caminhou para sua cama de casal, cuja colcha rosa de cetim parecia bastante convidativa, a e se ajeitou embaixo dela, sentindo a maciez do lençol de algodão tocar as suas costas. Em poucos minutos, estava adormecida, respirando cadenciadamente e em paz.

Quando acordou uma hora depois, Anne se sentia revigorada, tomou banho e se vestiu com rapidez. Tinha combinado de se encontrar com o Duque depois de descansar, mas não sabia se o encontraria disponível naquele momento.

Ela abriu a porta e saiu para o corredor, caminhando pausadamente até chegar à escada. Com cuidado, ela desceu degrau a degrau, pensando se deveria ir direto para a cozinha.

Para sua surpresa, encontrou o Duque na sala de visitas, olhando para os quadros com grande interesse. Naquele momento, o rapaz estava parado diante de um quadro que retratava Anne e Amybeth em seus sete anos de idade.

O pintor tinha conseguido captar a essência de cada uma, e mesmo ali, dava para perceber o quanto eram diferentes em personalidade.

Elas usavam um vestido verde, com um grande laço na cintura e babado nas mangas e nas golas. Ambas usavam meias brancas até os joelhos e sapatilhas pretas. Os cabelos foram arrumados em cachos perfeitos e uma tinha o braço ao redor do ombro da outra, evidenciando aquele amor fraterno que sempre existira entre elas.

Gilbert percebeu sua presença e sorriu ao admitir:

― Vocês são praticamente iguais. Ainda não sei se conseguiria diferenciar uma da outra.

― Talvez se convivesse conosco por mais tempo, saberia quais são nossas diferenças ― Anne disse, sentindo-se desconfortável com aquela conversa. Deus! Como desejava acabar com aquilo.

― Tem alguma diferença entre vocês? Confesso que não consigo enxergar nenhuma. ― O rapaz olhou novamente a foto, para ter certeza do que estava falando. ― Você tem mais fotos de vocês duas juntas?

― Tenho sim ― respondeu a ruivinha, indo em direção a um armário, onde objetos da família eram guardados.

Ela voltou com um álbum de fotos antigas e se sentou em um degrau da escada, esperando que Gilbert fizesse o mesmo. Então, ela abriu o álbum e, a cada foto que aparecia, explicava como e quando fora tirada.

Gilbert se divertiu com as histórias, olhando encantado para cada uma, tentando entender aqueles dois rostos sapecas que eram a cópia um do outro.

Foi uma foto específica que chamou a atenção dele e que o fez observá-la com atenção. Nela, as duas garotas ruivas, diferente das fotos anteriores, estavam com expressões bastante sérias. Uma delas, tinha um pequeno curativo embaixo do queixo, o que o fez perguntar:

― O que aconteceu aqui?

― AH, esse dia foi bem complicado. Eu e Anne decidimos brincar no corrimão da escada. A Anne caiu e se machucou, e o meu pai nos passou o maior sermão ― contou ela, sorrindo e se lembrando de um tempo que fora deixado no passado rápido demais.

― Então, essa é a Anne? ― Ele a olhou de forma enigmática, apontando para a garota da foto com o curativo.

― Sim, por que? ― Ela o mirou, confusa ao ver o sorriso de Gilbert se alargar.

― Por nada. Eu queria apenas saber um pouco mais da história de vocês. Pode me contar mais algumas? Eu ia adorar ouvir― afirmou ele, segurando o queixo dela com o polegar, sorrindo ainda mais ao ver os olhos dela brilharem.

― Claro ― Ela disse com entusiasmo.

E enquanto ouvia aquela voz de anjo lhe contar sobre o passado dela e da irmã, o rapaz só conseguia pensar na sorte que tinha.

Olá, pessoal. Sei que ando demorando com as postagens. A vida está corrida, mas não deixarei de postar sempre que puder. Obrigada por tudo. Beijos.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro