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Capítulo 11 - A felicidade tem um preço

A beleza de Paris estava no auge naquele dia particularmente frio. O sol pintava o céu de um brilho especial, aquecendo a manhã fria, que trazia aos moradores e turistas da cidade Luz um aconchego reconfortante.

Amybeth sabia que aquela calmaria era ilusória. Por todos os lados, se ouvia a palavra "guerra", cochichada em cada canto como uma palavra de mau agouro, que precisava ser dita em voz baixa para não atrair nenhuma energia negativa que a tornasse real demais para ser ignorada.

Ela podia sentir no ar uma sensação estranha, como se uma voz em sua cabeça dissesse para que ficasse em alerta, pois nada lá fora era seguro ou duradouro.

Ainda assim, ela não tinha medo. Viver no limite lhe dava a sensação de estar viva. Amybeth precisava disso para seguir em frente e sentir que sua vida tinha sentido, do contrário tudo parecia uma perda de tempo terrível.

Fazia uma semana que sua crise passara e ela podia se sentir normal novamente. Às vezes, Amybeth se surpreendia como essas crises sugavam dela e depois a faziam renascer como se nada tivesse acontecido. Suas energias se renovaram quase instantaneamente, e Amybeth sentia-se bem novamente, como se tudo estivesse no seu devido lugar.

Naquela manhã, a garota ruiva se sentia especialmente feliz, porque uma carta de Anne chegara. Quando a correspondência fora entregue em seu quarto, ela segurara o envelope nas mãos por alguns segundos, enquanto seu coração batia descompassado por conta da saudade que sentia de sua irmã gêmea, um minuto mais jovem do que ela.

Amybeth demorou alguns segundos para abrir a carta, porque a ansiedade era como ácido corrosivo em seu sangue. Ela queria muito ter notícias de casa, mas, ao mesmo tempo, tinha medo do conteúdo da carta.

E se Anne estivesse infeliz por sua causa? E se tivesse colocado nos ombros dela um fardo pesado demais e ela estivesse ressentida por isso? Não podia suportar aquele pensamento. Causar dor à Anne era a última coisa que desejava. Sua irmã era tudo o que o conceito de família representava para Amybeth e, enquanto estivessem juntas, tudo ficaria bem.

Com coragem, ela abriu a carta, sentindo o odor suave de rosas envolvê-la. Anne era sempre caprichosa com aquelas coisas, do tipo que colecionava selos, papéis de cartas coloridos e canetas-tinteiro de todos os formatos. Ela seria uma mestra maravilhosa, se tivesse tido a oportunidade de estudar para isso, mas seu pai considerava qualquer trabalho, por mais digno que fosse, inapropriado para suas filhas e, desta forma, as condenara a uma prisão dourada e limitante.

Ela conseguira escapar, mas Anne ainda vivia sob aquele sistema patriarcal sufocante. Queria ter trazido a irmã para Paris com ela, mas Anne jamais teria aceitado deixar seu pai para trás. Por algum motivo, que a garota ruiva desconhecia, sua gêmea achava que devia lealdade filial a um homem, que as entregaria a quem pagasse mais para tê-las por esposa. Amybeth nunca ia entender esse tipo de amor, que forçava alguém a assumir um compromisso importante com outra pessoa, sem levar em conta os seus sentimentos.

Ela voltou sua atenção para a carta, desdobrou o papel rosado que havia dentro do envelope e começou a ler:

Querida, Amybeth

Espero que esteja bem e feliz em sua nova vida. Não vou mentir, sinto sua falta todos os dias, mas me conforta saber que te ajudei a realizar seu sonho. Aqui estamos bem, não se preocupe. O duque é um homem muito bom, respeitador, galante e inteligente. Ele me trata com toda consideração e faz tudo para que eu me sinta confortável. Não sei como me sinto ao lado dele. É difícil descrever algo que nunca experimentei antes, mas me atrevo a dizer que adoro o sorriso dele, o jeito como me olha e cuida de mim. Temos tantas coisas em comum que me assusta. A única coisa que realmente detesto é saber que estou mentindo para alguém que não merece tal comportamento da minha parte. Quero resolver isso, mas não sei como fazê-lo. O casamento está se aproximando e me sinto cada vez mais encurralada nessa situação.

Vou esperar notícias suas. Nos últimos tempos, tenho sentido meu coração apertado por sua causa. Espero que isso não signifique más notícias. Com amor, Anne.

Amybeth dobrou a carta novamente com lágrimas nos olhos. Além da saudade que sentia da irmã, saber que ela estava em uma situação sem volta acabava com seu coração. Uma lágrima rolou pelo seu rosto e, rapidamente, Amybeth a enxugou. Sabia que, se tivesse tido a oportunidade, faria tudo de novo. Estava em seu sangue agir por impulso, ser inconsequente, egoísta e rebelde. Só não queria que sua irmã pagasse por isso e, pelo menos dessa parte, ela se arrependia.

Amybeth se sentia uma pessoa horrível, mas não conseguia mudar. Ninguém sabia do peso que carregava dentro de si. Ela era o que era e isso tinha um preço caro demais para pagar. Estava sempre fugindo, mas não precisava de um motivo, porque vivera assim desde sempre. Contudo, ela nunca poderia, por mais que o desejasse, fugir de si mesma, essa era uma triste verdade que não queria reconhecer.

Suspirando alto, Amybeth guardou a carta de Anne em uma caixinha, para, logo em seguida, caminhar até a janela e observar o movimento lá fora. Ela gostava da vista que tinha dali, pois podia ver todo o centro de Paris. Aquela cidade era mágica e, mesmo com a ameaça da guerra, continuava a brilhar sob uma luz incrivelmente romântica.

Absorta com a paisagem que encantava seus olhos, Amybeth não percebeu Elliot entrar em seu quarto. Na verdade, ele bateu na porta três vezes, mas como ela não a abriu, o rapaz achou por bem entrar, mesmo sem nenhuma permissão.

Ele a observou por alguns instantes, sentindo-se feliz e triste ao mesmo tempo. Amybeth parecia bem naqueles dias. A depressão que a deixara de cama por quase uma semana tinha desaparecido instantaneamente. Elliot cogitara chamar um médico, mas Amybeth não o permitira e, para não a contrariar, ele mesmo tomou conta dela até que a crise passou, o que era um alívio.

No entanto, a magreza de Amybeth era preocupante. Ela sempre fora esbelta, mas tinha perdido pelo menos uns três quilos nos últimos dias, o que, naquele caso, era muito e nem um pouco saudável.

Elliot vinha tentando fazê-la comer melhor, mas o apetite dela não continuava tão bom quanto antes da crise. Ele sabia que era normal, levando-se em consideração as circunstâncias, mas não conseguia deixar de se preocupar.

Às vezes, o rapaz se perguntava se não seria melhor levá-la de volta para Londres, pois Paris não parecia fazê-la feliz, por mais que aquela cidade tivesse sido o sonho dela. Mas doía pensar em se afastar de Amybeth. Ela se tornara tudo o que ele queria e precisava. Nunca amara alguém daquele jeito. Elliot se sentia consumido por um sentimento desconhecido e intenso, que parecia rastejar por baixo de sua pele, como uma febre constante, viciante e sem cura.

Cuidadosamente, o rapaz se aproximou de Amybeth. Ela não tinha percebido a presença dele ainda, e Elliot não queria assustá-la. A ruiva parecia tão absorta com algo do lado de fora de sua janela que o deixou curioso. Quando estava próximo o suficiente, o rapaz colocou a mão delicadamente na cintura dela e perguntou:

― O que está fazendo nessa janela?

― Eu estou apenas observando a paisagem. ― Amybeth respondeu, olhando para Elliot, que percebeu seus olhos vermelhos.

― Por que estava chorando? Está triste de novo? ― Ele perguntou, preocupado com a expressão séria dela.

Não suportava vê-la tão melancólica. Quando a conhecera, Amybeth parecia uma garota tão feliz. Vivia rindo, era cheia de vida e luz. Mas, nos últimos dias, Elliot se deparara com um lado sombrio da ruiva, que sequer imaginava que existiria. Aquilo não o afastava de jeito nenhum. Na verdade, o atraía ainda mais, porque em sua cabeça, ele era quem a salvaria de sua escuridão interna.

― Eu recebi uma carta de minha irmã. Estou com saudades. ― Amybeth respondeu, com a voz um pouco trêmula. Falar de Anne era um ponto sensível para ela, Elliot sabia bem. Talvez, se tivessem trazido a irmã para Paris, a história tivesse sido outra.

Amybeth estava fragilizada, mesmo que realmente tentasse se mostrar forte, havia nos olhos dela aquela dor escondida, que Elliot aprendera a enxergar com a convivência. A ligação dela com Anne era extremamente forte, e ele mais uma vez se perguntava se era certo mantê-la ali, longe daqueles que eram sua família.

― Se sente saudades, não seria melhor voltar para casa?

― Elliot perguntou, afastando uma mecha do rosto dela.

―Não. Londres não é mais o meu lar. A única coisa que ainda me prende àquela cidade é minha irmã. ― Amybeth respondeu, com um sorriso triste, pensando se algum dia teria um lugar que fosse seu lar de verdade.

Ela nunca considerara Londres a sua casa, mas também não podia dizer que Paris era onde queria viver para sempre. Talvez não houvesse um lugar assim para ela, pois seu espírito errante parecia ter sede de continuar sua busca por algo que nunca conseguiu descobrir o que era.

― E o seu pai? ― Elliot perguntou, admirando o rosto dela. A palidez tinha diminuído, e o antigo rosado estava voltando aos poucos, mas não acabava com a fragilidade que via naqueles olhos lindos.

― Meu pai não merece minha consideração. Ele sequer pensou na minha felicidade antes de me arrumar um marido. A única pessoa que merece tudo de mim é minha irmã. ― Amybeth disse com ressentimento. Ela não conseguia perdoar seu pai pelo que ele fizera, e se tinha algum remorso, foi o de ter deixado Anne para trás.

― Eu sinto muito, Amybeth. Não gosto de te ver infeliz. Sei que me pediu para vir comigo a Paris, mas me pergunto se fiz a coisa certa em te trazer para cá. ― Elliot disse, olhando intensamente para Amybeth. Como a amava! E esse sentimento estava cada dia maior. Só não sabia se devia ter esperanças, porque a ruiva era uma incógnita e o rapaz tinha receio de acreditar em algo que poderia nunca acontecer.

― Eu quero estar aqui com você. Nada teria me impedido de vir. E não estou infeliz. Sei que tenho esses períodos sombrios, mas amo cada minuto que passo nessa cidade. ― A garota ruiva afirmou.

― Certo. Então, que tal darmos uma volta lá fora? O dia está tão bonito. ― Elliot sugeriu.

―Vamos sim. Estou cansada de ficar dentro desse hotel. Já estava criando raízes por aqui. ― Amybeth disse, bem-humorada.

― É muito bom te ver sorrir, sabia? Vamos lá. ― O rapaz falou, oferecendo-lhe o braço.

Em poucos minutos, estavam na rua, caminhando sob a luz do sol. Ambos se olhavam e, de vez em quando, sorriam um para o outro. Quando atravessaram a rua e estavam indo para o centro, um estranho zumbido surgiu não muito longe dali. Assustada, Amybeth olhou para trás e viu um veículo se aproximando de duas crianças. Ela previu a tragédia antes de acontecer e, antes que Elliot dissesse qualquer coisa, a garota ruiva correu em direção a elas, segurando na barra do vestido que atrapalhava seus passos.

Antes que o veículo atingisse os dois pequeninos, ela se atirou na frente deles, empurrando-os para o lado, escapando por um triz de ser atropelada junto com as duas crianças, que se encolheram assustadas em um canto da calçada.

O caminhão passou por elas, sem oferecer qualquer ajuda, mas o que espantou Amybeth foi perceber a insígnia no uniforme dos rapazes dirigindo o veículo. Eram soldados e tal constatação a fez ficar chocada por dois minutos, mas, ao mesmo tempo, se sentia mais viva do que nunca. Seu coração batia feito louco no peito, enquanto ela sorria abertamente para as duas garotinhas assustadas.

_ Comment allez-vous? (Como vocês estão?) ― Amybeth perguntou para as duas crianças que a observavam com seus olhos enormes e arregalados. A resposta foi apenas um sorriso inocente, pois, logo em seguida, saíram correndo em direção a uma casa no fim da rua.

― Você quase me matou do coração. Como pôde se atirar na frente daquele caminhão? Poderia ter morrido, Amybeth. ― Elliot disse, com seu coração ainda batendo forte. A imagem de Amybeth se atirando na frente de um veículo em movimento o fazia gelar por dentro.

― Eu estou bem, não se preocupe. Eu precisava salvar aquelas crianças.

― Amybeth disse, sorrindo de orelha a orelha. Ela conhecia aquela sensação de euforia que a alcançava em momentos de perigo. Era viciante, empolgante e incrível. Não queria que aquele sentimento fosse embora nunca mais. Era como ficar bêbada com o melhor champanhe francês do mundo.

― Não sei se você entendeu que quase morreu por sua imprudência. E também, não sei se percebeu que estamos oficialmente em guerra. Esses soldados que passaram por aqui não são franceses, Amybeth. Estamos a ponto de perder nossa liberdade. Consegue entender a gravidade da situação? ― Elliot perguntou, encarando Amybeth com estranheza. Não conseguia entender por que ela parecia tão feliz e sorrindo como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do mundo.

― Estou morrendo de fome. Podemos almoçar agora? ― Amybeth perguntou, como se não tivesse ouvido o que Elliot acabara de dizer.

― Se é isso o que quer. ― Elliot respondeu, olhando-a com incredulidade.

Sorrindo como uma garotinha marota, Amybeth enroscou seu braço no dele e caminharam até um restaurante próximo, enquanto Elliot sentia que a França não era mais um lugar seguro.

Na Cornualha, Anne se preparava para conhecer a família de Gilbert. O rapaz a tinha avisado sobre o almoço que teriam com a família dele e, por esse motivo, estava ansiosa.

Ela já tinha descartado três vestidos. Nenhum parecia agradar-lhe ou ser apropriado para a ocasião, o que a estava deixando extremamente tensa e nervosa. Anne nunca fora boa para escolher as próprias roupas, quando a ocasião lhe pedia algo bem formal. Quem fazia isso muito bem era Amybeth.

Que falta sua irmã lhe fazia. Não só por conta da ocasião, mas também porque sentia falta de dividir tudo com alguém. Diana era uma ótima amiga, mas Amybeth era a sua outra metade. Por mais que fossem diferentes, seus pensamentos sempre se completavam. Sempre fora reconfortante para Anne saber que tinha uma irmã gêmea, porque sentia em seu íntimo que, muitas vezes, eram apenas uma. Dois corações batendo em corpos diferentes, mas sempre em sintonia. Sua irmã era seu lugar de conforto e a amava exatamente como era.

Uma batida leve na porta fez Anne desviar os olhos dos vestidos que estavam sobre a cama. Ela atendeu a porta e suspirou aliviada ao ver que era Diana.

Uma olhada da amiga sobre a cama a fez se lembrar da bagunça que reinava ali. Anne era mestra em organização. Suas coisas estão arrumadas por cor e tamanho e nunca estavam fora do lugar. Por isso, ela não se espantou ao ver o olhar chocado de Diana que lhe perguntou:

― Que é isso? Passou um furacão por aqui? ― A morena perguntou, apontando para a bagunça dos vestidos espalhados por todos os lugares do quarto.

― Estou nervosa. Tenho um almoço com a família de Gilbert e não sei o que vestir. ― Ela disse, olhando para a amiga quase em desespero.

― Eu vou te ajudar. Você tem vestidos lindos aqui. Vamos encontrar um que seja adequado. ― Diana disse, colocando um abraço ao redor de Anne para acalmá-la.

― Às vezes, acho que não pertenço a esse mundo tão sofisticado. Amybeth sempre soube o que vestir, como se comportar ou sorrir. Eu me sinto totalmente perdida em ocasiões assim. No fundo, penso que estaria melhor morando no campo. ― Anne confessou.

― Não pense assim, Anne. Você está se saindo muito bem. ― Diana disse, entregando a ela um vestido azul-turquesa. ― Você ainda sente falta de sua irmã tanto assim? ― A morena perguntou, ajudando Anne a se vestir.

― Todos os dias. ― Anne respondeu, com um suspiro profundo.

― Não me leve a mal, mas sua irmã não parece sentir sua falta tanto assim. Ela foi embora e não se importou com como você ficaria aqui, em meio a toda essa confusão. ― Diana afirmou, abotoando o último botão do vestido de Anne e fazendo-a se sentar em frente ao espelho.

― Minha irmã me ama. Ela é apenas complexa e cheia de sonhos. Sinto a falta dela, mas estou feliz que a ajudei a ir em busca de si mesma. Amybeth precisava disso para saber quem é. ― Anne respondeu, sentindo seu coração se inundar de amor. Não importava o que Amybeth fizesse, a ruivinha nunca conseguiria amá-la menos.

― E o casamento com o duque? Vai mesmo levá-lo adiante. ― Diana perguntou, escovando os cabelos ruivos com cuidado.

― Sim. Gilbert é um bom homem e sei que será um bom marido. Apenas não gosto dessa situação de mentir para ele. ― Anne confidenciou, pois aquele era o problema recorrente que tinha naquele momento.

― Então, deveria contar para ele. Um casamento sem sinceridade ou confiança tende a não dar certo, Anne. Seja honesta com ele antes que seja tarde. ― Diana a aconselhou, terminando de prender os cabelos de Anne no alto da cabeça.

― Eu sei. Estou esperando pelo momento certo. ― Anne concordou, quase como se falasse para si mesma.

Diana abriu a boca para dizer algo, mas logo a fechou, ficou em silêncio, concentrando-se em terminar o penteado da amiga.

Quando ficou pronto, Anne mirou-se no espelho e sorriu. O resultado ficou melhor que o esperado. Diana tinha um dom incrível para criar coisas especiais, além de tocar o piano com perfeição.

― Obrigada. Não sei o que faria sem você. ― Anne disse, segurando a não da morena entre as suas.

― Não fiz nada demais, só realcei o que você tem de bonito. ― Diana respondeu, sorrindo.

― Quer ir ao almoço comigo? Tenho certeza de que Gilbert não se importará. ― Anne convidou.

― Não, obrigada. Eu já tenho um compromisso. ― Diana disse, de forma enigmática.

― Com um certo rapaz? ― Anne perguntou, pois tinha visto Diana conversar com o empregado de Gilbert várias vezes.

― Talvez. ― Diana disse, continuando a sorrir para a amiga, enquanto mantinha seu segredo intacto, sem revelar a Anne se ela estava certa ou não.

Quando Gilbert veio buscar Anne, a morena já tinha ido para seu quarto, deixando a amiga sozinha para terminar de se arrumar. O olhar de aprovação do duque deixou Anne radiante. Ela gostava daquele olhar sobre ela, mais do que seria prudente admitir.

― Está maravilhosa, minha futura duquesa. Não pensei que conseguiria ficar ainda mais linda do que já é. ― O rapaz disse, galantemente, deixando um beijo suave no dorso da mão de Anne.

― Obrigada. Posso dizer o mesmo de você. ― Anne respondeu, ruborizada, enquanto seus olhos aprovavam a figura elegante do rapaz. Ele usava um casaco vinho, camisa branca e calça de alfaiataria preta, valorizando sua figura esbelta. Os cachos estavam comportados naquele dia, e o duque tinha dispensado sua cartola.

― Minha família vai amá-la. ― Gilbert respondeu, dando-lhe o braço, no qual Anne prendeu o dela e saíram da casa, indo em direção à carruagem.

― Hoje é seu último dia aqui. Espero que esse almoço seja bastante agradável para você. ― Gilbert comentou, sem deixar que seus olhos escapassem do rosto de Anne.

Ela era sempre linda. Não importavam quais ocasiões, Amybeth tinha aquele ar tranquilo e aquela beleza que mexia com suas emoções mais profundas. Ele estava apaixonado por ela, já admitira aquele fato para si mesmo. Não tinha esperado amar sua futura esposa tão rapidamente, mas agora que isso acontecera, estava apenas esperando o momento adequado para revelar seus sentimentos a ela.

― Tem mesmo certeza de que sua família vai gostar de mim? Confesso que estou um pouco nervosa com esse almoço. ― Anne confessou, assim que a carruagem começou a se mover.

― Não precisa ter receio de nada. Vão te amar, com certeza. ― Gilbert respondeu, permitindo que seus olhos mergulhassem nos de Anne, fazendo o coração dela falhar uma batida.

― Obrigada por me acalmar. Sou mesmo uma boba. ― Ela falou, abaixando a cabeça, mas Gilbert a fez levantá-la de novo com o polegar e pediu:

― Não fuja de mim, por favor.

― Desculpe, é que você me desconcerta às vezes, quando me olha assim. ― Anne revelou, mordendo o canto da boca. Era um hábito para o qual sua irmã sempre lhe chamara a atenção, mas ela sempre o repetia quando estava insegura com alguma coisa.

― Não consigo evitar. Você é linda demais para minha paz de espírito. ― Gilbert deixou escapar, e Anne, em sua inocência, não percebeu o sentido implícito ali.

― Desculpe-me. ― Ela disse, sem saber exatamente pelo que estava se desculpando.

― Não é sua culpa. ― Gilbert respondeu, encantado com a ingenuidade dela. Se Amybeth soubesse o tipo de pensamento que passava por sua cabeça quando estavam juntos, ela, com certeza, o socaria milhões de vezes.

― Certo. ― Ela respondeu, ficando em silêncio, até que chegaram à casa dos tios de Gilbert.

Ele a ajudou a descer da carruagem, enquanto Anne lançava um olhar para a propriedade da família de Gilbert. Não era tão grande quanto a dele, mas ainda assim era maior que a do pai dela, estendendo-se a vários quilômetros de hectares. Uma senhora bem-vestida e acompanhada de Josie os esperava na porta, e sorriu abertamente para o casal, quando se aproximaram de onde elas estavam.

― Seja bem-vinda, Amybeth. Você é mais linda do que Josie tinha me dito. E esse cabelo ruivo é magnífico. ― A mulher disse, abraçando Anne carinhosamente, fazendo-a sentir seu perfume de lavanda. ― Quero que se sinta em casa.

― Obrigada, Sra. Blythe. ― Anne respondeu, aliviada pela recepção calorosa.

― Por favor, você é da família. Pode me chamar de tia Alice. ― A mulher disse com bom humor. ― Meu marido está viajando a negócios, mas logo estará aqui para o casamento de vocês. Vamos entrar. O almoço será servido em quinze minutos.

― Fico feliz que tenha aceitado o convite para almoçar conosco. Minha mãe já estava cansada de me ouvir falar de você. Seja bem-vinda à nossa casa. ― Josie disse, deixando um beijo suave no rosto de Anne, enquanto Alice abraçava Gilbert e dizia:

― Que saudades! Às vezes, eu queria que o tempo não passasse, que vocês não crescessem para que pudessem ficar perto de mim para sempre. ― Alice disse, acariciando o rosto de Gilbert.

― Os negócios têm me mantido muito ocupado, mas sempre terei tempo para vê-la, tia. ― O duque respondeu.

― Acho bom. ― Alice falou, fingindo seriedade, mas logo riu, sem conseguir manter a expressão séria por muito tempo.

Aquele era o tipo de ambiente que Anne desejava ter em sua casa. Não aquele ar enlutado, que seu pai gostava de manter desde que sua mãe tinha morrido. Sua casa era tão pesada, se fosse contrastada com a dos Blythe. Talvez ela pudesse construir algo assim com Gilbert um dia, mas, para isso, Anne teria que revelar seu segredo, e não sabia qual seria a reação de Gilbert se descobrisse que estava sendo enganado.

Eles entraram na casa e foram levados até a sala de refeições onde, naquele momento, havia uma mesa farta e repleta de pessoas ao redor dela. Quando Anne entrou, todos os olhares caíram sobre ela e a ruivinha apertou a boca em desagrado, só para perceber que Ruby estava entre elas.

― Bom dia, meus caros parentes. Essa é Amybeth, minha noiva. Não vou apresentá-la um a um por motivos óbvios, mas vocês terão o prazer de conhecê-la melhor em outras ocasiões.

Entre os murmúrios de aprovação dos presentes, Anne foi conduzida ao seu lugar à mesa, que ficava exatamente ao lado do de Gilbert. Com um sorriso gracioso nos lábios, ela se sentou, seguida de Gilbert.

Enquanto os empregados serviam os convidados, Anne observava a dinâmica das pessoas convidadas para aquele almoço. A quantidade de primos e primas que Gilbert tinha era impressionante. Além de Josie, ela não conhecia ninguém ali. A prima de Gilbert estava acompanhada de um rapaz jovem e bonito, o qual Anne deduziu ser o noivo dela. Ruby estava sentada a poucas cadeiras da ruivinha e parecia monopolizar toda a conversa ao redor dela.

Todos ali pareciam bem entrosados, e aquela timidez de Anne, que sempre a atrapalhava nesses momentos, começou a emergir de dentro dela. Ela nunca se sentia bem em lugares com muitas pessoas, pois não sabia como iniciar uma conversa e mantê-la interessante. Apesar de as pessoas ali parecerem bem amigáveis, Anne não conseguia dizer nada, trocando apenas monossílabos com uma senhora do seu lado direito, que logo desistiu de conversar com ela e se interessou pela história que Ruby estava contando à mesa.

De vez em quando, Gilbert lhe sorria e apertava sua mão esquerda por baixo da mesa de leve para lhe transmitir segurança, notando-lhe o nervosismo e respeitando o seu silêncio.

Assim que o almoço terminou, todos foram conduzidos para outra sala, onde um café com bolo seria servido e, logo, Ruby foi convidada para tocar o piano que estava no meio da sala.

Com um sorriso vitorioso para Anne, ela se sentou e começou a tocar o instrumento com bastante habilidade. Sendo musicista também, a ruivinha não pôde deixar de notar o talento de Ruby para o piano, pois tocar uma obra inteira e complexa de Chopin não era para qualquer um.

Olhando ao redor da sala, Anne também notou como as pessoas ali pareciam admirar Ruby, que estava linda, com seus cabelos louros brilhando pela luz que vinha de fora.

A sensação de insegurança voltou com força, fazendo com que Anne se sentisse completamente errada e inadequada para ser noiva do duque. Ali, à sua frente, havia alguém que todos pareciam admirar e que também seria perfeita para ser a duquesa Blythe.

Sentindo-se pesada com esse pensamento, além da culpa de estar mentindo para Gilbert, a ruivinha aproveitou que seu noivo estava conversando com a tia e escapou para o jardim, sentando-se em um banco e tentando deixar seu coração mais leve naquele ambiente de paz.

Não demorou muito para que Gilbert a encontrasse e, com o semblante preocupado, ele disse:

―Ainda bem que encontrei você. Desculpe-me por tê-la deixado sozinha, mas minha tia precisava falar comigo sobre alguns assuntos pessoais.

― Tudo bem. Eu entendo, mas posso te fazer uma pergunta? ― Ela disse, evitando olhá-lo nos olhos.

― Sim, pode me perguntar o que quiser. ― Ele respondeu, observando-a de perfil.

― Você tem certeza de que quer casar comigo? Quero dizer, existem tantas moças mais adequadas do que eu. ― Anne disse, virando o rosto para olhá-lo enquanto o duque respondia:

― Acha que eu a teria trazido até aqui para conhecer minha família se não tivesse certeza? ― Gilbert respondeu com outra pergunta.

Ele tinha percebido que Amybeth se sentia nervosa por estar ali, e considerava essa reação normal. Mas, de repente, quem parecia ter dúvidas sobre aquele casamento era ela, e isso fez seu coração se apertar de forma sufocante.

― Você pode descobrir que está enganado. Não te culparia se quisesse romper o compromisso comigo. ― Anne disse, sabendo que não era verdade. Ela ficaria arrasada por dentro, mas também não podia se esquecer de que estava fazendo um papel que não era o seu.

― Você quer se casar comigo? ― Ele perguntou à queima-roupa, enquanto Anne raciocinava por dois segundos.

Queria dizer que não, mas era outra mentira. Tudo o que queria, depois de conhecer Gilbert melhor, era ser esposa dele. Assim, ela deu a única resposta que seu coração poderia dar:

― Sim.

― Então, saiba que serei o homem mais feliz no dia em que for a minha esposa. ― Gilbert declarou, atraindo-a para seus braços.

Quando os lábios dele tocaram os da ruivinha, ela já tinha fechado os olhos em expectativa pelo beijo que aconteceria.

Calor, paixão e desejo se espalharam pelo sangue de Gilbert, conforme o beijo prosseguia. Ele quis aprofundá-lo, pois o aroma suave de Amybeth e a maciez da sua boca já eram o suficiente para seu corpo se encher de desejo. Porém, ele manteve o ritmo calmo, por medo de perder o controle e assustar Amybeth.

Para a ruivinha, aquele beijo tinha tudo dos romances que lia. Gilbert era seu príncipe de armadura branca, que a fazia se sentir fora de si. Nunca pensou que um dia experimentaria algo tão intenso com alguém. Seu corpo precisava de mais daquele sentimento, assim como sua pele implorava por ser tocada por aquelas mãos masculinas e fortes.

Gilbert terminou o beijo deixando outro na testa de Anne e, antes de abraçá-la, ele disse:

― Esse beijo é a prova do que desejava saber.

Assim, Anne se deixou envolver pelos braços dele, enquanto sua mente lhe dizia que ela devia contar a verdade sobre sua identidade quanto antes.

Na manhã seguinte, eles pegaram a carruagem de novo para irem para a casa dela embaixo de uma chuva torrencial, que não dava trégua desde manhã.

Diana estava indo com eles, mas em outra carruagem, o que dava ao casal de noivos um pouco de privacidade. Gilbert estava tenso por viajar debaixo daquele tempo ruim e não parava de se mexer, movido pela tensão. Percebendo seu estado, Anne perguntou:

― Tem algo errado?

― Não, eu só não gosto de viajar com esse tempo. ― Ele respondeu. Não queria que Amybeth soubesse de seu trauma. Ele se sentiria humilhado demais se ela descobrisse. Aquele era um sentimento de covardia, do qual tinha vergonha, mas nunca conseguira superar.

― Está tudo bem. Eu estou aqui. ― Anne disse, segurando a mão dele.

O rapaz apenas sorriu e entrelaçou seus dedos nos dela, como se aquela mão macia fosse seu bote salva-vidas.

Olá, pessoal. Desculpem a demora. Aqui está o capítulo. Espero que gostem. Obrigada. Beijos.

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