Capítulo 3
No dia seguinte, já bem mais calmo, Leonardo voltou à loja. Não por causa de Luciana, ele tentou se convencer, mas porque ali fora o único lugar onde encontrara o presente ideal para sua mãe, e que não custava muito caro. Pensar que inevitavelmente veria Luciana não o afetava nem um pouco. A questão é que não tinha alternativa. Se pudesse iria em outra loja, mas precisava de um presente até a noite, e talvez não encontrasse outro vestido tão perfeito a tempo. E além do mais, não estava com a mínima disposição de rodar várias lojas outra vez. Assim, entrou decidido na loja, e após olhar para todos os lados, ficou decepcionado quando não encontrou Luciana. Uma vendedora se aproximou para atendê-lo e ele perguntou por Luciana. A moça respondeu que ela estava de folga, fitando Leonardo com curiosidade. E, sem pensar direito, ele quis saber o horário que ela costumava sair. Cada vez mais curiosa, a vendedora lhe informou que Luciana saía no fechamento da loja, lá pelas dez e pouca da noite. Notando a curiosidade da moça, Leonardo se apressou em pedir o vestido que escolhera, para evitar perguntas indesejadas.
Leonardo olhava o relógio de pulso pela décima vez em cinco minutos. Já eram quase onze horas da noite, e ele se perguntava onde estaria Luciana. A loja em que ela trabalhava fechara há quase uma hora. Por que a demora? Se perguntou também o que estava fazendo ali, esperando uma mulher que o rejeitara quatro anos antes, e não dava indícios que faria diferente agora. Mas a verdade é que não parara de pensar no breve encontro que tivera com Luciana, e no que acontecera entre eles no passado. Não sabia porque, mas não queria que Luciana o desprezasse de novo. Queria que ela se ajoelhasse aos seus pés, implorando por seu amor, para depois, em seguida, ele abandoná-la, como ela fizera anos atrás. Ela fora a única mulher que resistira ao seu charme, a única que tivera a audácia de rejeitá-lo. E Leonardo queria vingança.
Exausta, Luciana andava devagar para o ponto de ônibus. Já era tarde, e passara muito do horário de buscar sua filha. Sua mãe devia estar preocupada. Por que justamente naquele dia sua gerente resolvera dar balanço no estoque? Em plena noite de sábado, quando o movimento na loja era acima do normal? Apertou o passo, pois seu ônibus chegaria a qualquer minuto, e se perdesse esse só Deus sabia quando viria o próximo. Estava tão distraída,na pressa de chegar logo no ponto, que não viu um Escort vermelho parado no estacionamento. E nem a figura máscula encostada nele. Só percebeu a presença de Leonardo quando ele a chamou. Seu primeiro impulso foi fingir que não tinha escutado e seguir em frente. No entanto,as pessoas ao redor se voltaram para ela, curiosas, e, envergonhada, não teve alternativa a não ser se aproximar e ver o que ele queria.
— O que você está fazendo aqui, Léo? — ela perguntou, furiosa.
— Quero conversar com você. — ele disse simplesmente, analisando-a detidamente. Ela usava uma calça jeans e uma camiseta tão justas, que aderia ao seu corpo como uma segunda pele, salientando suas formas e deixando-a muito atraente. A camiseta delineava perfeitamente a curva suave dos seios, e a calça jeans evidenciava a curva dos quadris e o contorno das coxas. Leonardo engoliu em seco. Assim ficava difícil prosseguir com seu plano de vingança.
— Eu já disse que não tenho nada para falar com você. — ela rebateu, com frieza. — E além do mais, preciso me apressar, senão vou perder meu ônibus.
— Não seja por isso, eu levo você em casa. — ele se prontificou, fitando-a com intensidade.
Mesmo sem querer ,Luciana ficou perturbada com o olhar que Léo lhe dirigiu. Seu coração ainda batia forte pela surpresa de revê-lo. Luciana desviou o olhar. Não queria se sentir abalada na presença de Leonardo. Não podia se apaixonar novamente. Queria distância de problemas.
— O que você quer de mim, Léo? — ela perguntou, irritada.
— Eu já disse. Quero conversar com você. Quero saber porque você terminou nosso relacionamento há quatro anos atrás, sem nenhuma explicação.
— Mas por que você quer tanto saber isso?
— Porque quero entender o que aconteceu. Pode ser que eu tenha feito alguma coisa que você não gostou, e agora posso ter a chance de me explicar. Ou então pode ser que havia uma terceira pessoa, alguém que você não conseguia esquecer.
Luciana o encarou, os olhos faiscando de fúria.
— Quem você pensa que sou? Claro que não havia ninguém!
— Então qual foi o motivo? Acho que tenho o direito de saber.
— Não passou pela sua cabeça que eu posso ter terminado simplesmente porque não queria mais? Que eu podia não estar sentindo nada por você?
Leonardo venceu a distância que os separava e ficou muito próximo dela. Próximo demais, Luciana constatou, ao sentir o perfume másculo invadir suas narinas. Ele ainda esbanjava charme e sensualidade e essa proximidade bastava para mexer com seus nervos. Não podia negar que Leonardo era um homem muito atraente, e ela, como qualquer outra mulher, não conseguiria ficar imune ao seu charme durante muito tempo. Precisava dar um jeito de livrar-se dele e afastá-lo de vez, antes que fosse tarde demais.
Nervosa, Luciana passou a língua pelos lábios secos, e esse movimento chamou a atenção de Leonardo para a boca macia. Os lábios de Luciana pareciam tão convidativos... Ele não conseguia desviar o olhar daqueles lábios tentadores. Foi invadido por uma necessidade incontrolável de prová-los e descobrir se ainda tinham o mesmo gosto.
— Não acredito nisso. — Leonardo respondeu. — Não foi essa impressão que você me deu quando reagia aos meus beijos. Ou você beija todos os homens que surgem na sua frente do jeito que me beijava? Tenho certeza que você adorou cada minuto que passamos juntos, tanto quanto eu. Então eu insisto: por que você não me quis mais?
Luciana estremeceu. Com essas palavras, Leonardo a fazia relembrar tudo o que sentira nos braços dele, quatro anos atrás. Fora muito bom, era verdade, mas não podia deixar isso sobrepujar o seu bom senso. Não queria se envolver de novo e correr o risco de sair com o coração machucado.
— Esquece isso, Léo. — ela pediu, com voz fraca. — Que importância tem isso agora? O que aconteceu entre nós faz parte do passado.
— Engano seu, minha cara. — Leonardo replicou, com voz rouca .E sem poder se conter mais, a puxou para si e cobriu os lábios dela com os seus, num beijo explosivo e devastador. Oh, sim, o gosto de Luciana continuava o mesmo, Leonardo pensou, enquanto explorava cada pedacinho daquela boca quente e macia. Seus lábios continuavam tão deliciosos quanto antes e guardavam a promessa de uma paixão arrebatadora.
No início Luciana ficou paralisada pela surpresa, porém no segundo seguinte qualquer pensamento coerente tornou-se impossível, e ela entregou-se ao calor daqueles braços fortes. Os lábios de Leonardo eram mais embriagadores que uma garrafa inteira de champanhe, e ela sentiu um calor gostoso percorrer todo seu corpo. Leonardo era o único que tinha o poder de despertar emoções tão intensas dentro dela, e Luciana se deliciava ao reviver toda a paixão que sentira nos braços dele. Nada mudara. A química entre eles continuava muito forte, exatamente como fora quatro anos atrás.
Recordar o passado fez Luciana recobrar o bom senso, e ela o empurrou bruscamente. Respirou fundo, tentando se recompor ,e ao encará-lo, ela viu nos olhos castanhos de Léo o mesmo desejo que sentia. Precisava dar um jeito naquela situação, antes que as coisas saíssem do seu controle.
— Por favor, Léo, não me procure mais. — ela pediu, em tom de súplica. — Deixe as coisas como estão. Não quero me envolver com ninguém. — e dizendo isso, virou-se e tomou o caminho do ponto de ônibus.
Espantado,Leonardo a observou se afastar, mas ainda estava atordoado por causa do beijo, e não teve forças para dizer qualquer coisa ou impedi-la de ir embora. No entanto, descobrira que Luciana não era indiferente a ele, como fazia tanta questão de demonstrar. Sentira isso quando a beijara. Ela não o esquecera, a reação dela comprovava isso. Leonardo levou a mão aos lábios. O gosto de Luciana ainda estava em sua boca, e ele descobriu-se querendo mais. E a realidade o atingiu com a força de um raio: ainda desejava Luciana, com todas as forças do seu ser, como no passado. Completamente confuso com seus sentimentos, Leonardo entrou no carro e deu partida, ansioso para chegar em casa. Precisava de um banho frio para aplacar o desejo que ainda pulsava em suas veias.
Pessoal, aqui está mais um capítulo pra vocês...Espero que gostem do desenrolar da história... Vou tentar postar um capítulo por dia, pelo menos, pois também sou leitora, e sei que bate a ansiedade de saber o que vai acontecer a seguir... hehehe
Por favor, comentem, quero saber a opinião de vocês, podem dar sugestões, fazerem críticas(ou elogios...rsrsrsrs)...Um escritor quer agradar seu público, não é mesmo?
Um grande beijo para todas!!!
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