•Capítulo Dezoito•
Dantas
A noite em Manhattan estava fria, o vento batia em meu rosto, fazendo lágrimas finas se formarem nos cantos dos meus olhos. Enquanto isso, a minha mente estava um verdadeiro caos. Imagens da mulher de cabelos escuros, não pretos, mas sim castanhos escuros, como a cor do tronco de uma árvore a noite, passavam pela minha mente. Não importa que merda eu fazia, com quantas mulheres transava, quantos homens eu matava, ela não saía da minha maldita mente. Apenas pensar que a perdi...
Parei por um momento, apertando a alça da mala de mão que eu segurava com força.
Sentia toda raiva, o ódio que sentira naquela noite, voltando. Podia ouvir seu choro, seu pedido para que eu não me aproximasse.
Fechei os olhos, mas não por muito tempo, se não eu a veria, e eu não queria isso. Lembrar me trazia mais dor, mas não tinha como esquecer, então eu estava fazendo o meu melhor para pelo menos existir, porque eu não conseguia viver sem ela.
Voltei a andar, atravessando a rua do prédio onde eu moro fica, e destravei as portas do carro.
Dando a volta no veículo, abri a porta do motorista e joguei a mala pesada sobre o banco de trás, entrando logo em seguida. Recebera um chamado do meu irmão, esse qual eu não podia recusar.
Janete
Mais tarde, naquele mesmo dia, Késsio e eu estávamos sentados no meu pequeno sofá vendo televisão, eu com as pernas encolhidas embaixo de mim e com a cabeça deitada em seu ombro, enquanto ele estava com as pernas esparramadas e com os braços apoiados no encosto do sofá.
Ele parecia bem relaxado, era como se nada tivesse acontecido mais cedo. Depois que ele voltou, o som havia cessado e não tivemos nenhuma visita indesejada do vizinho, tudo tinha ficado uma completa paz. Estava me perguntando o que Késsio tinha feito, ele jurou que não tinha matado o vizinho, mas o mesmo não parecia um homem que se deixava amedrontar por alguém.
Por mim, estava tudo bem, desde que o vizinho não voltasse a fazer nada.
— Você está com fome? — Sua pergunta repentina me fez sair de meus pensamentos.
— Na verdade, estou sim.
Késsio sorriu, se virando completamente para mim, e me rodeou com seus braços fortes, me levando contra seu peito.
— E o que você quer comer? — Ele sorriu, e fiquei vermelha por ter toda sua atenção voltada para mim.
— Qualquer coisa?
— Sim, tudo que você quiser.
— Eu adoraria um hambúrguer.
— O que mais?
— Você está falando sério? — perguntei, arregalando os olhos.
— Sim. — Késsio segurou meu queixo com delicadeza e me beijou devagar, me fazendo esquecer do que estávamos falando por um momento.
— Eu quero um Milk-Shake... De morango. — falei entre os beijos.
— Certo. — Ele olhou para mim por mais alguns segundos, sua mão ainda segurando meu queixo. — Você é... Diferente.
Franzi o cenho, não foram só suas palavras repentinas que fez o meu coração bater mais rápido, mas a sua expressão, outrora relaxada, agora séria e concentrada.
— Késsio?
Ele soltou meu queixo e se levantou, ainda sério.
— Vou ir até a lanchonete, não vou demorar.
— Mas...
Ele saiu sem dizer mais nada, o que me fez repensar em que eu tinha falado para deixá-lo assim. Mas quando cheguei a conclusão de que não tinha feito nada, entendi que não se tratava disso. Késsio disse que eu era diferente, e eu acho que entendi o que ele quis dizer.
Algum tempo depois...
Já havia algum tempo que Késsio tinha saído e eu comecei a ficar inquieta, vários cenários perturbadores passando pela minha cabeça, mas ficava me lembrando continuamente que ele já era um homem adulto, que sabia se defender, e melhor, tinha uma arma.
Respirei fundo e fui para a porta, abrindo-a. Olhei para o corredor, dos dois lados, e não havia nada de diferente. Também podia ouvir passos pesados subindo a escadaria. Fiquei olhando para o fim do corredor com expectativa enquanto os passos se aproximavam. A silhueta alta de Késsio virou a esquina e eu relaxei imediatamente. Fiquei olhando para ele enquanto se aproximava, então percebi que aquele não era Késsio.
Késsio não estava com a mesma roupa que esse homem quando saiu, embora o físico, o rosto, os cabelos e até o modo de andar eram os mesmos, esse homem tinha o olhar vazio, sem emoção. Mesmo sendo idêntico a Késsio, não tinha como confundi-los. Pelo menos eu não conseguia confundi-los.
O irmão de Késsio parou em minha frente e eu me forcei a ficar parada no lugar enquanto ele olhava para mim.
Passou-se um minuto e ele ainda estava parado na minha frente, e eu estava prestes a fazer xixi nas calças, tanto por vontade de ir no banheiro, quanto pela sua expressão assustadora. Ele era um pouco peculiar.
— Se... Seu irmão saiu, ele deve voltar agora. — Falei, tentando quebrar aquele clima tenso.
— Não tem porque ficar com medo de mim, você é a mulher do meu irmão, eu nunca tocaria em você. — Sua expressão não mudou enquanto ele falava, mas sim ficou mais dura. — E ele sabe que você está escondendo algo dele, se serve para alerta-la, aconselho-a a contar o que quer que seja para ele, Késsio odeia descobrir coisas relacionadas a ele pela boca de quem não deveria.
Meu coração errou uma batida, então começou bater forte, minha respiração acelerou.
— Mas... O quê?
Nesse momento Késsio virou a esquina do corredor, uma sacola em sua mão e um copo grande de Milk-Shake na outra. Ele levantou uma sobrancelha quando viu eu e seu irmão, no mesmo momento Dantas, se me lembro bem seu nome, deu um passo para trás e Késsio veio direto para o meu lado.
— Dantas veio me ajudar com algo. — Se apressou em dizer.
Olhei de um para o outro, surpresa de como até suas vozes eram parecidas.
— Certo... Você não quer entrar?
— Ele vai, mais tarde. — Késsio intrometeu.
— Tudo bem então.
Késsio me levou para dentro e fechou a porta sem se despedir de seu irmão. Eu não consegui esquecer o que Dantas acabara de me dizer no corredor, e a única coisa que conseguia pensar era em contar para Késsio sobre a gravidez. Não conseguia parar de olhar para ele enquanto o mesmo me guiava para o sofá.
— Aqui está. — Ele disse, sentando do meu lado. Ele me deu o copo de Milk-Shake e tirou a caixinha com o hambúrguer.
— Késsio, eu preciso te contar algo. — Quando ele olhou para mim, ficando sério, eu podia sentir meu coração batendo em minha garganta.
Ele não disse nada, não perguntou, apenas esperou.
Fechei os olhos, respirando fundo e tomada por uma coragem repentina de acabar com aquilo, abri a boca pronta para falar.
— Késsio, eu...
E foi então que um grito alto reverberou pelo apartamento, me fazendo pular de pé.
Olhei para Késsio com os olhos arregalados, ele já estava de pé e indo em direção a porta.
— Késsio! — Chamei, indo atrás dele, mas ele parou na porta.
— Você fica aqui.
— Mas o que está acontecendo?
— Apenas fique aqui, porra! — E com isso ele saiu, fechando a porta atrás dele.
Me sentei no sofá novamente, peguei o hamburguer e o Milk-Shake, me ocupando com aquilo. Tomei um gole do líquido doce, sentindo lágrimas instantâneas descerem pelas minhas bochechas. Estava chorando por ter sido interrompida em um momento importante, no momento que eu tinha tomado coragem de contar para ele, por perceber que eu sabia de quem era aquele grito, e por mais que ele merecesse o que estava acontecendo com ele, eu estava com medo. E por último, estava super mal por Késsio ter gritado comigo, e eu não conseguir controlar o choro.
Comi o hambueguer em silêncio e tomei o Milk-Shake devagar, pequenos soluços subindo pela minha garganta enquanto eu chorava como uma idiota.
Oi amores, fiquei em falta com vocês na semana passada. Mas não estava bem, fui para a casa de uma amiga espairecer um pouco e tentar esquecer os problemas. Mas hoje voltei na ativa, dois capítulos fresquinhos para vocês! Espero que tenham gostado, comentem bastante!!
Até o próximo capítulo!
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