Capítulo 1/2
- Bom dia. Diga seu nome, e fale um pouco de você.
- Bom dia. Meu nome é Zoe Alves, tenho vinte e dois anos. Sou amante das artes, sobretudo da música. Sonho em trabalhar com comunicação, mas atualmente trabalho numa boutique de um hotel de luxo no litoral.
- E como está se sentindo hoje, Zoe?
- Estou bem. O dia está meio frio, e eu adoro o frio!
- Por que?
- Porque as roupas são mais bonitas. E também porque eu cresci numa cidade serrana, e fui muito feliz lá. Acho que o frio faz-me lembrar de momentos felizes; como se trouxesse aquele sentimento de volta!
- As memórias de infância costumam ser realmente as melhores. Mas, me diga o que mais te chama atenção na nossa empresa?
- Bom, pra começar eu amo ler. A escrita, pra mim, é a própria liberdade de expressão materializada. E, trabalhar numa editora seria o ápice da minha jovem vida. Seria uma honra!
- Bom, Zoe Alves, eu realmente gostaria de tê-la na nossa equipe. No momento temos duas vagas disponíveis, e eu preciso me reunir com o chefe do departamento pessoal para tomarmos uma decisão; mas eu gostei muito de você. Tem boa aparência, se expressa bem, e parece gostar do nosso mundo. Entraremos em contato assim que possível!
- Muito obrigada! Estarei aguardando.
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Bom, isso aí foi minha última entrevista de emprego. Uma luz, antes do blackout. Mas não é de todo ruim. Também não é de todo bom, mas a vida tem dessas coisas.
Há um ano atrás eu tive o diagnóstico. Transtorno de Ansiedade Generalizada, mas eu chamo de Tag. É um negócio que faz você ter medo de tudo, e mais um pouco, mas é diferente do pânico. Numa crise de pânico você sente como se estivesse morrendo, e numa crise de ansiedade você acha que a morte está escondida no guarda roupa.
É bem estranho, na verdade. Tem dias muito ruins, e dias que até são bonzinhos. Ainda tô me acostumando com isso, mas é menos pior do que parece.
Eu tenho pena da minha mãe, tadinha, que atura minhas crises, as reclamações constantes, e toda chatice de ser ansiosa demais.
Eu sempre soube que a ansiedade estava no meu DNA, só não imaginei que fosse tanto. Eu não conseguia guardar um presente até o natal, o chocolate até a Páscoa, nem aquela notícia bombástica pra contar pessoalmente. Planejar, e premeditar, nunca foram meu forte. Eu seria uma péssima criminosa.
Como vocês já devem imaginar, eu tive que desistir da vaga; e é aí que minha história começa.
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