Capítulo 9.A
Rafael
Apaixonado, eu?
Acordei com uma mensagem do Filé:
Ele: Vamos ao cinema?
Eu: Perdeu sua bruxinha?
Ele: SQN - juntos.
Eu: Sobra? Tô fora!
Ele: Tb. Vou convidar Fubá. Acho que ele gosta de bailarina que patina.
Puts! Será que ele tava de brincadeira ou queria me trolar? Eu o mato aquele filho da égua se fosse trote!
Eu: Tô dentro! Onde?
Ele: Bem, você xonou?
Eu: VSF.*..
Ele: kkk as 7 no shopping na praça de alimentação.
Eu: Fechado.
Não acreditei que iria ao cinema com minha loira patinadora. Será que foi ela que pediu para me chamar? Se arrependeu?
Hum...
Talvez eu teria que agir diferente com essa garota. Ser mais romântico, não tão abusado e nem avançar o sinal. Ela deve ser inexperiente. Poucos namorados e se bobear, virgem!
— Ai meu Deus!! Rafael Andrade Faria, essa garota tem que ser sua.
Precisava ficar apresentável. Olhei no espelho e minha barba começava a ficar mais alta. Virei o rosto de um lado a dou outro pensativo. Será que ela iria gostar de uma barba para fazer cócegas? Decidi deixar a barba. Amparei o bigode e fiz um acabamento no pescoço.
Ao sair no hall, percebi que minha vizinha tinha acabado de sair. Olhei minha porta e tinha dois adesivos de notas musicais e um post-it na porta: "Gosta?"
Entrei na sala de novo, peguei uma caneta e no mesmo papel escrevi: "Sim. Maneiro."
Colei de volta na dela. Estava ficando engraçado essa brincadeira.
Cheguei ao shopping. Percebi minha ansiedade por vê-la novamente. Assim que os avistei já fiquei bolado, havia mais pessoas. Não seríamos nós quatro como eu imaginei. Uma galera se reunia em torno do casal e dela. Isso não era bom. Que droga!
Dei um "oi" geral e fui direto onde ela se encontrava perto do Filé e a sua Bruxinha. Eu não reparei os dois coiotes junto dela. Era o que faltava! Mas não fiz banca. Cheguei chegando. Precisava mostrar que estava na área de cara.
— Oi, estão aqui a muito tempo? — Bati e dei um soquinho na mão do Filé. Cumprimentei a garota dele e dei um beijo no rosto da Du. Nem olhei para os coiotes.
— Eu acabei de chegar – ela me respondeu.
— Vamos sentar e comer alguma coisa antes? – perguntou Filé — Acho que não consigo esperar para depois do filme.
— Por mim tudo bem, — respondi olhando para ela – e você?
— Vamos. Eu comi bem mal hoje. Somente besteira – falou sorrindo.
— Nós não vamos, já comemos. Encontramos-te depois. — Deram dois beijos nela e na Bruxinha e saíram os dois quase rebolando. Que coisa mais estranha.
— Nossa! Esquecemos de apresentar as "moças" ao Bem — falou Filé.
— Muito engraçado! – respondi.
— Não falem assim! Isso é homofobia, eles são ótimos. Muito mais amigos que muitas pessoas que eu já conheci — afirmou me olhando séria.
Acabei me sentindo desconfortável com a situação, afinal não sou homofóbico**. Isto se eu fosse, as outras pessoas que ela falava.
— Pode me tirar dessa, não falei nada — resolvi me defender — Filé que fez essa brincadeira.
— Não é brincadeira. E você nem os cumprimentou ao chegar aqui! — exclamou mais séria.
Puta merda, eu não dava uma dentro com essa garota! O que acontecia comigo? Só podia ser praga das outras garotas.
— Vamos procurar uma mesa? — chamou Filé que pelo jeito tomava bronca da menina dele, mas foi a salvação para me tirar daquele fuá***.
— O que vocês vão querer comer? — perguntou a Bruxinha.
— Por mim pode ser um lanche e vocês? — respondi.
— Quero um prato do chinês que tem ali — apontou minha deusa.
— Eu também — concordou a amiga — vim pensando em comermos lá.
— Ok! Fico também no chinês — concluiu Filé.
Levantei os braços e falei.
— Eu me rendo!
— Vai mais alguém? — ela perguntou ao casal.
— Não! — falei mais que depressa, na verdade acho que rápido demais, pois todos olharam para mim.
— Vamos somente nós para comermos tranquilos. — tentei consertar. No entanto, Filé já ria e fazia trolagem cochichando com a sua ficante.
— Bem, Bem, Bem... você está irreconhecível.
Coloquei a mão nas costas da Du e fui caminhando do seu lado, não dei figura para ele. Então perguntei me aproximando mais.
— Foi bom o banho de chuva hoje?
— Uma delícia. Com aquele calor não fez mal nenhum.
— Mas podia ter aceitado minha carona, eu falava sério.
— Eu percebi. Mas sei como homens são com carro. É o primeiro bem mais precioso. — Olhou de lado e sorriu.
— Pode ser que eu tenha em mente algo mais precioso que meu carro — falei perto de seu ouvido e prestei atenção em sua reação, que ficou quieta e não respondeu.
Continuamos a andar e sem falar até acharmos uma mesa e sentarmos.
— O que vamos tomar? — perguntei.
— Chope — sugeriu Filé.
— Uma coca**** — pediu a Bruxinha.
— Eu vou tomar um suco — falou a dona dos meus pesadelos. Lembrei do sonho naquele momento.
— Vou de coca também, preciso ir a aula amanhã de manhã — afirmei.
— Por que não tem ido, Bem? — perguntou o filho da mãe do Filé rindo.
— Vagabundagem — respondi. Se for isto que ele queria ouvir.
— Vamos fazer o prato Sabrina? Depois vão vocês, pode ser? — perguntou olhando para o Filé e não para mim.
— Claro! — respondemos ao mesmo tempo.
Elas levantaram e foram conversando até o restaurante chinês que ficava um pouco à frente.
— Quer parar com isso cara! — reclamei com o Filé assim que elas se afastaram — Se você quer me ferrar fala de uma vez!
— Bem, responde para mim. Você está de zoeira ou está a fim dela mesmo?
— O que você acha?
— Quero saber — Balancei a cabeça que sim sem coragem de colocar em palavras. — Na minha opinião você está com raiva que ela te deixou na pista ontem e quer mostrar o poder do Benzinho.
Fiquei olhando para cara dele. E sabe que nem eu sabia o que responder? Queria ficar com ela, isso não tinha a menor dúvida, mas se algo a mais, não sabia dizer.
— Eu tô a fim sim, quero ficar com ela. O que tem demais? — concluí.
— Eu te conheço Bem, isso tudo é por que ela é novis e ainda por cima está sensualizando geral.
— Pode até ser, mas não é somente isso. Eu estou de olho nela faz um tempo — Passei a mão no cabelo e verifiquei se elas vinham — e tem outra coisa, tenho uma vizinha que tem me tirado o sono.
— Sabia que você não podia está virando homem sério! — exclamou alto — É orgulho ferido.
— Fala baixo! — pedi — É sério cara, outro dia dei uma, pensando nela e na vizinha.
— A vizinha é delícia?
— Não sei direito. Acho que sim. Nunca vi a cara dela.
— O quê? — falou tão alto que várias pessoas olharam.
— Carai! Abaixa esse tom!
— Como assim? — Aproximou. — Você sonha com a vizinha e nem sabe quem é? E está a fim da Du? Quer o quê? Juntar as duas no mesmo dia? Esse professor está bolado. — Esperto como sempre ele desviou o assunto assim que percebeu as duas se aproximarem.
— Vamos lá? Senão esse cinema vai mixar.
Levantamos e fomos tirar nossa comida.
— Eu não disse que quero as duas, cara. Essa aí parece ser toda certinha, nunca vai rolar essas coisas. Fico até pensando se ela já deu!
— Será? Você acha que ela nunca... não conhece o lado bom da vida? — Ele parou de colocar no prato e olhou para mim. — Vou descobrir, se isso for verdade a Sabrina sabe.
— Oie! O que eu escutei? — Foi minha vez de pegar no pé dele. — Agora não é mais Bruxinha? É Sabrina? O que está rolando? Virou fixante agora?
— Acho que sim meu amigo, eu vou dar um 'time' nesta vida de catar.
— Caracas!! Filé sendo empanado e vai ficar frito agora?
— Que nada! Estou mais para um PF. A Sabrina é tudo de bom. Linda, gostosinha e está caidinha por mim. Estou precisando focar nos estudos e ela vai me ajudar nisto.
— Uma caloura! Estou te estranhando, Filé.
— Ela é caloura, mas tem técnico em prótese. Não é totalmente uma novis.
Voltamos para mesa e as duas davam risadas. Então falei:
— Espero que nós não sejamos o motivo da piada.
— Por que seria? — perguntou a Bruxinha, ou melhor, a Sabrina do Filé — Teria algum motivo?
— Espero que não! — respondi.
Ficamos quietos. Comíamos e cada um com seus pensamentos. Em seguida, iniciamos um papo sem muito sal. Então perguntei para a Du.
— Du vem de quê?
— Eduarda. O seu é Rafael, não é mesmo?
— Sim. Sempre fui Rafa, aqui na faculdade que virei Bem.
Ela afastou o prato e colocou os cotovelos a mesa, cruzou os dedos e apoiou o queixo, olhando para mim, quis saber:
— Será por que, hein?
— De bem inteligente, bem estudioso, bem comportado de bem... — ela me cortou e completou:
— Mentiroooso... – e todos começaram a dar risadas.
— Nossa Dudinha, por que pensa tão mal assim de mim? – perguntei safadamente.
— Nem te conto o que já sei de você — retribuiu na mesma proporção de safadeza —, sua fama voa.
— Espero que a parte boa também — Aproximei mais dela. — e te faça ter um pouco mais de interesse no Rafinha aqui.
— Eu gosto mais de Rafa do que Bem — sutilmente, ela mudou o assunto.
— Eu vou adorar você me chamando de Rafa — falei mais baixo para ela.
— Vamos galera! Já está na hora — chamou a Bruxa corta clima.
Com o meu melhor sorriso a ajudei levantar. Puxei a sua cadeira e coloquei a mão na base das suas costas conduzi-a na direção da área do cinema. O Bem aqui quando quer, sabe ser gentil e cavaleiro.
— Qual o filme que vamos ver? — perguntei.
— Somente agora resolveu saber, Bem? — perguntou Filé – Vamos ver Frozen.
— O quê? Esse não é infantil? — Fiquei indignado.
— Pensei que não estava nem aí para o filme, o que importava era a nossa companhia – retrucou.
— Claro que isso é verdade. Mas tenha dó de mim — Observei as expressões deles. — Vocês estão de brincation comigo?
Eles começaram a dar risada. Entendi naquele instante que zoavam ou melhor, o Filé queria me ver encrencado. As entradas tinham sido compradas à tarde pela internet. Precisávamos somente validá-las. Fomos assistir: Jogos Vorazes.
Ninguém quis pipocas, apenas águas e chocolates.
Durante os trailers, eu me aconcheguei perto da Du, ela nem percebeu meu interesse ou fingiu, claro. O Filé e a Bruxinha se agarravam. E eu estava de mel.
Após várias investidas, e ela me ignorando, eu não aguentei mais e a chamei:
— Du? – me olhou com ar de "o que foi?", então eu perguntei — Quer chocolate?
— Não! — respondeu, curta e grossa.
— E um beijo meu? — Ela ficou me olhando sem responder nada e como sempre escutei dizer que quem cala consente...
Eu investi para cima dela e coloquei minha mão na sua nuca e a puxei para mim. Ela não se mexeu por um momento, em seguida tentou me empurrar. Fechou a boca, sem querer me beijar. Mas foi cedendo aos poucos e quando abriu os lábios para mim...
E me senti no paraíso.
Sua boca era macia e gostosa. Aliviei a pegada sem soltá-la, comecei a distribuir pequenos beijos na sua boca, bochecha e voltava na boca. Mordia de leve seus lábios e em seguida aprofundava de novo o beijo. Ela, em momento algum fez algum contato comigo.
Não colocou a mão em mim.
Eu tinha vontade de tocá-la por inteiro, mas ela mantinha a distância. Fui beijar seu rosto e sua orelha, aproveitei e cochichei:
— Eu te queria muito, ou melhor, te quero.
Ela se afastou com aqueles olhos arregalados e respondeu:
— Não sou seu tipo de garota.
— Qual é meu tipo?
— Você sabe qual! Então vamos parar por aqui. Você já conseguiu o beijo que queria.
— Pare com isso! Não se deve acreditar em tudo que falam, as pessoas aumentam.
— Está bem! Vou pensar nisto. Quero ver o filme. — Virou para frente, se afastou de mim, sem me dar mais nenhuma chance de falar.
Deixei para argumentar minha defesa mais tarde. Na metade do filme, eu segurei a sua mão. Ela deixou por um tempo e depois puxou até soltar. Logo em seguida peguei de novo. Ela tentou soltar, mas a engatei embaixo do meu braço. Estava até engraçado aquilo.
Planejei em minha mente, acabando o filme, eu a levarei para casa. Pelo jeito não era longe da minha. Isso já era uma boa coisa. Então nada mais vai ser empecilho para dar um trato nela. Fiquei quieto até acabar o filme.
Assim que saímos do cinema as duas foram ao banheiro. Como eu disse: mulheres sempre fazem xixi em dupla, trio e bando. Mas neste dia, eu e o Filé fomos também.
Esperávamos um pouco afastado da área aglomerada dos banheiros e nada delas voltarem. Até que depois de um bom tempo, surgiu a dona Bruxa sozinha. Perguntei:
— Onde está a Du?
— Ela não passou aqui para despedir de vocês? Arrumou uma carona e foi embora. Eu estava dentro do banheiro e ela gritou tchau, pois precisava correr.
— Como assim, foi embora? — Quase dei um troço.
🦷🦷🦷
*VSF – vai se foder
**Aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio ou preconceito que algumas pessoas ou grupos nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais
***Fuá – gíria que significa intriga, mexerico
****Coca-Cola é um refrigerante carbonado vendido em lojas, restaurantes, mercados e máquinas de venda automática em todo o mundo. Ele é produzido pela The Coca-Cola Company, sediada em Atlanta, Estados Unidos, e é muitas vezes referido apenas como Coca.
Será que vai rolar?
O que você acha?
Espero sua resposta.
Até mais...
Quero ver muitos comentários.
Lena Rossi
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