Maria Eduarda

Surpresa para o "lado de lá"

Acabou a aula e eu já sabia o que ia fazer. Antes de ir para casa, passei em uma locadora que tinha visto na avenida, perto de casa. Olhei alguns vídeos pornôs, mas não tive coragem de pegar. Anotei alguns nomes e acabei pegando um musical.

Cheguei ao prédio, antes de subir ao apartamento fui à garagem para conferir o carro do vizinho. Bingo! Era ele mesmo sem dúvida. Entrei, fui direto para o quarto. Queria escutar se ele estava com alguma visita feminina, do tipo "cachorra". Nenhum barulho. Isso era bom sinal. Devia estar dormindo. Peguei as caixas de som do meu notebook e encostei-as na parede.

Se nossos apartamentos fossem iguais, como eu pensava que era, a cama dele estaria naquela posição. Procurei na internet um dos filmes que anotei e fiz download. Era muito safado. Precisei colocar os fones de ouvido e separar a parte que eu queria colocar. Demorei um pouco, pois não sou muito boa em fazer essas coisas. Mas deu certo. Salvei e preparei para colocar meu plano em ação.

Na hora que apertei o play, eu tremia, nervosa pelo que iria fazer. Juntei na parede para escutar a reação dele. Demorou um pouco e percebi que ele levantou, pois, o ar condicionado foi desligado. Eu tinha certeza que ele se juntou na parede. Poderia até escutar sua respiração ofegante ou, seria minha imaginação? Talvez fosse meu desejo de vê-lo subir pela parede, igual fiquei do lado de cá outro dia.

Escutei sim, ele tinha a respiração alterada ali junto de mim, ou bem perto. Não era imaginação, pois ele deu um grito agudo de quem fosse gozar. Saí de perto da parede e entrei em silêncio no banheiro para dar risada.

Voltei para o quarto e o casal que transavam chegou aos finalmente. Então coloquei uma música relax e romântica de fundo. E tudo ficou quieto por um bom tempo.

Até que escutei a porta abrir novamente. Colei meu ouvido na parede. Queria escutar o que ele fazia. Mas nada! De repente escutei uma explosão. Dei um pulo que quase cai lá em baixo na portaria. O filho da mãe ria e nem tentava segurar o riso. É assim né? Está com ciúmes? Espera o segundo round!, pensei.

Procurei a outra parte do filme e comecei a prepará-lo. Agora seria um pouco mais falante, com direito a uma música junto e o cara falando, ou melhor, pedindo coisas, essas que precisavam ser cortadas. Não dava para usar tudo. Mas daria uma lição no meu vizinho. Quero vê-lo explodir o prédio.

Coloquei o vídeo para funcionar e não escutei nada, nem sinal dele.

- Será que ele tinha saído? - perguntei-me.

Fiquei frustrada e desliguei tudo. Deitei na cama e olhando para o teto refletia no que tinha acabado de fazer. Agora o arrependimento chegava de mansinho. Ouvi o som da televisão. Ele estava lá sim! Deveria estar no banho ou na cozinha. Liguei o som de novo. Ele falou algo que não entendi. Acho que praguejou.

Vou confessar, me divertia e gostava daquilo. Aquele ato de um arrependimento foi um falso sentimento que surgiu. Acho mesmo é que tinha ficado triste dele ter sumido.

Escutei uma porta bater, corri na porta da frente e lá estava ele, todo arrumado, lindo, por sinal.

Quase morri de rir das caretas que ele fazia para minha porta. Alguns sinais muito feios para um moço bonito daquele. Ele entrou no elevador e acabou com minha graça.

Então fui para meu quarto estudar tranquila aquela noite. Se conseguisse parar de pensar no vizinho teria sido bem melhor.

Respondam-me quem é mais doido?

Está difícil saber, certo?

Vocês não viram nada ainda.

O que a imaginação pode fazer você fazer?
Agora a briga estava declarada.
Será?
O que tem 'do outro lado' é mistério para os dois...
Você já sabe! O que achou?
Até mais
Lena Rossi.