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Capítulo 24.B

A Festa continua


Percebi que a Bri pediu a Joy para me acompanhar. Caminhei para a saída sem olhar para trás.

— Du, não faça isso! Pelo jeito ele não tem culpa.

Parei e olhei para ela e a questionei:

— Se fosse com você o que faria? Ficaria lá olhando a cena? — perguntei.

— Eu não! Pegava aquela "zinha" pelo cabelo e a mandava longe. E do jeito que está na manguaça seria "balela".

— Mas eu não sou assim, se ele é tão inocente assim devia ter feito isso. Eu já vi essa "zinha" ligar no celular dele.

Nisto meu celular tocou, era a Sabrina.

— Oi.

— Du, não vai embora. O Bem está indo atrás de ti. Ele jogou essa vagabunda longe, depois eu te conto os detalhes. Mas pega leve, o homem ficou desesperado quando percebeu que você viu e foi embora.

— Ok – Olhei na direção da porta e ele vinha correndo.

— Duda! – gritou.

Desliguei o telefone e olhei para a Joyce que me olhava sorrindo. O Alan vinha logo atrás.

— Calma amiga, qualquer coisa me liga. – Ela beijou-me e saiu ao encontro do Alan.

— O que você está fazendo? – ele quis saber.

— Indo embora, por quê?

— Como assim? Nós estamos juntos.

— Não foi o que eu vi agora a pouco – falei zangada. Eu sabia que naquele episódio ele não era assim tão culpado. Mas nada poderia me impedir de estar com raiva.

— Aquela doida está bêbada. Eu não fiz nada — ele falou irritado —, por favor, deixa-me explicar?

— Já sei, ela chegou, te agarrou e você não conseguiu evitar e blá blá blá... – Ele me abraçou firme. Segurou minha cabeça que já doía por causa daquela touca apertada e a máscara, juro eu não via hora de tirar tudo aquilo.

Ele me olhava com os olhos num tom diferente. Por um instante, algo do Rafael malandro e safado não se encontrava ali. Este seu lado, eu não conhecia. Realmente parecia preocupado e confuso.

— Acredite em mim. Eu quero ficar com você, neste momento somente você me interessa. — Ele falava a verdade, posso ser uma idiota em pensar assim, mas acreditei.

— Tudo bem. Vamos sair daqui? Eu quero ir embora – falei, me desvencilhando dele.

Ele não se mexeu e continuou a me olhar.

— Tudo bem, se você quiser ficar eu vou chamar um ta... – Ele me puxou num beijo sem deixar que eu concluísse a frase.

Parecia um louco.

Seu descontrole ao me beijar me deixou sem ação. Quem estivesse olhando acharia um escândalo e eu não gosto de chamar atenção assim. Mas por outro lado, estava tão bom... Bom demais, mas precisava parar. Fui empurrando-o para diminuir a pegada, até que ele me soltou, mas sem me largar e parar de distribuir beijos por todo meu rosto.

— Vamos? – falou para mim.

Eu balancei a cabeça que sim, porque era impossível falar qualquer coisa com minha boca, meus lábios, tudo ainda lembrava seu beijo.

Ele passou o braço pelo meu ombro e fomos em direção a saída. O seu carro encontrava-se estacionado bem longe. Caminhamos em silêncio.

Ele abriu a porta do para mim. Entrei. Ele deu a volta. Entrou enquanto eu tirava a máscara e puxava a touca. Meu cabelo estava todo amassado,  horrível por sinal, mas eu não aguentava mais aquilo me apertar.

Coloquei a cabeça para frente e balancei o cabelo, tentando dar um jeito.

— O que foi? – Ele me olhava com os olhos atentos. – Sei que estou um horror, mas já deu ser mulher fatal por hoje. Chega!

— Você não poderia ficar ainda mais linda, não tem jeito. Agora parece uma pantera — falou devagar.

— Sei... conta outra!

— Você não tem ideia da sua beleza, ainda bem. Senão seria aquelas meninas arrogantes que olha de cima pra gente.

— E você sabe o que é isso? – perguntei com um sorriso debochado – Já te fizeram umas coisas dessas, Benzinho.

Sim! Sabe quem? Você! Você é muito mau comigo.

— Ah tá! Sei! Você acabou de dizer que não sou assim. E agora ja sou assim?

— Falei que você não tem noção de como é linda, agora má, você é, acho que somente comigo.

— Será por que, hein "Bem"?

Ele chegou mais perto de mim e falou:

— Não me chame assim, gosto de escutar você falar Rafa ou Rafael.

— Está bem Rafael, vamos?

Ele deu-me um beijo rápido e ligou o carro.

— Mora longe, Maria Eduarda? – perguntou rindo.

— Ah sim, bem longe, mas perto da faculdade. Você pode pegar o caminho em sentido da dela que eu te mostro o prédio – falei entrando na dele.

— Legal! Eu moro lá perto também.

— Que coincidência...

— Pois é... ainda não engoli essa história até hoje.

— E para que quer engoli, faz mal — desafiei-o rindo.

— Muito engraçadinha você, fica brava comigo por uma coisa que não tenho culpa, mas ainda não se explicou o porquê escondeu essa informação de mim.

— Vai querer falar sobre isso agora? Quer brigar comigo de novo? – perguntei séria.

— Não! Vamos mudar de assunto, isso já passou – falou mais que depressa.

Chegava a ser engraçado. Ele, um rapaz sempre decidido, agora parecia com medo de mim. Eu, uma verdadeira pamonha. O fato é que ele não queria discutir ou começar uma briga.

O que passava pela cabeça dele? A de cima, porque a de baixo eu bem sabia.

O que vou fazer? Fiquei pensando e assim ficamos calados por um tempo.

Ele questionou meus pensamentos, então falei do meu dia e do cansaço para aquela produção.

— Valeu à pena.

— Está vendo aquele prédio perto da rotatória? É ali que eu moro.

— Não acredito! Eu também.

— Que coisa! Qual andar?

— Sétimo. E você?

— Eu também moro no sétimo.

— Então você é a vizinha gostosona que  andam falando?

— Quem falou isso de mim? Seu Josué? Ele também falou de você.

— Ah é! Aposto que não foi coisa boa – Eu dei uma risada e ele riu me olhando de lado.

— Nem te conto... e de mim?

— Somente coisas boas... "Uma menina linda, boazinha, um "doce", não vá mexer com ela viu seu Rafael, não é para suas... – ele parou de falar, ou melhor, imitar o jeito que o porteiro falava.

— Completa a frase Rafael, para as suas o quê? Farras? – Estacionou e nós saímos do carro. — É isso?

Ele ficou me olhando perdido na tentativa de se proteger, deu até dó, porque se entregava. Então não o pressionei.

— Comigo ele disse assim: "Não dá confiança para aquele moleque, menina! Ele destrói corações das meninas e depois elas ficam batendo aqui chorando na portaria pedindo para entrar."

— Jura, ele falou isso? – Arregalou os olhos.

— Brincadeira – confessei rindo.

— Ah bom... até assustei agora. – o elevador chegou e nós entramos.

Ele virou e me puxou pela cintura. Encostou a testa na minha e perguntou:

— Está brava comigo ainda?

— Não... mas... – falei abaixando os olhos e ele levantou meu queixo com a ponta do dedo — eu não sei se quero passar por essas coisas. Você é um cara que as meninas ficam atrás.

— Mas o que eu posso fazer? Não tenho culpa. – Chegou nosso andar. Saímos para o hall.

— Pode ser que hoje não! Mas...

— O que você quer dizer?

— Nada, deixa para lá, realmente você não teve culpa – Fui em direção a minha porta, tirei a chave da bolsa, ou melhor, bolsa da Joyce. Abri a porta.

— Eu vi suas mensagens depois. Aquele café está de pé ainda?

— Pode vir – Ele veio com tudo. – Amanhã cedo! – completei barrando-o.

— Posso entrar um pouco... para uma água agora? – Olhei na cara dele. – Não vou te forçar a nada, Duda.

— Tudo bem – Abri a porta e acendi a luz. Entramos. —, vou tirar essa roupa, ela está me matando. Esmagando de tão apertada.

— Quer ajuda?

— Há, há, há estou morrendo de rir.

Entrei no meu quarto fechei a porta. Enquanto tirava a roupa fiquei pensando se ele estivesse me ajudando. Com certeza, eu deitaria na cama e pediria para ele puxar a calça com força pelas pernas. E mesmo assim não seria fácil. Aquilo parecia papel contacto, grudado na alma. Foi uma luta. Eu desci a calça até os tornozelos e aos pulos consegui me livrar dela. Tomei uma ducha, pois estava com cheiro de bota molhada, aquele couro da calça suado. Eca! Vesti uma camiseta grande e bem confortável, afinal eu merecia.

Voltei para sala e ne desculpei pela demora.

— Fiquei pensando se tinha dormido e esquecido de mim aqui. — Veio cheirar meu pescoço. — Está cheirosa.
— Rafa... – falei devagar — acho que é melhor você ir.

— Verdade? É isso que você quer mesmo?

– Sim... Vai ser melhor... Senão... — Ele continuou a me cheirar, a traçar beijos pelo meu pescoço, meu rosto e parou na orelha onde sussurrou:

— Senão... Senão o quê?

Ele era impossível, se eu continuasse ali com naqueles beijos. Ai meu Jesus, onde eu iria parar?

Acabei o empurrando e o levando até sua porta.

— Xô capeta! Pare de me tentar! Boa noite! Ou melhor, bom dia. Se acordar pode vir tomar café... huum acho melhor combinarmos um almoço.

Dei um beijo. Mais um...
— Só mais um beijo e você entra — falei com a boca colada na dele.

— Dois?

— Xô!

Quando deitei e fechei os olhos eu sorria... Eu me sentia feliz.

🦷🦷🦷

Ai ai ai é o amor no ar.

Ele chega sem pedir licença, entra, se instala e quando você percebe, já está amando.
Que coisa boa.
A nossa vida é assim.

Amar e morrer. Entre esse meio tempo, você faz outras coisas.

Seja feliz o tempo todo, é sua melhor opção.

Bom dia, boa tarde  ou boa noite.

Que horas você acabou de ler este capítulo?

Lena Rossi

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