Capítulo 23.D
A festa
Maria Eduarda
Final da tarde, minhas amigas vieram para o meu apartamento, elas iriam me ajudar a compor meu visual. Durante a semana, eu comprei uma máscara de mulher gata. Tive alguns probleminhas porque precisava colocar todo meu cabelo por dentro, mas não dava certo. O jeito foi improvisar. Coloquei uma touca de natação que prendeu bem o cabelo e a máscara por cima. Eu não queria nem um fio que fosse aparecer.
A roupa que havia para alugar era totalmente indecente. Não iria rolar. Então, eu mesma montei a minha própria fantasia. Comprei um body de couro fake preto. A calça, a Joyce me emprestou, ficou tão colada no meu corpo que parecia está grudado na minha alma. Ficaria um espetáculo se eu tivesse uma bota que chegasse até o joelho, mas teve que ser uma menor mesmo. A maquiagem ficou simplesmente fantástica. Até uns cílios postiços a Joyce me fez colocar. Nunca tinha usado, mas ficou perfeito. No inicio, achei que fosse acabar tirando, pois incomodava, depois acostumei.
Ao me olhar no espelho, eu juro que não me reconheci.
Tirei várias fotos para mostrar para a Carol e mamãe.
Anotei um recado para deixar para o Rafael em uma máscara e assinei: M. G.
Será que ele iria entender a pista?
Fui com a Joyce para o seu apartamento. Iríamos sair de lá.
Como ainda era cedo aproveitei para tirar um cochilo. Deitei em uma cadeira super confortável e apaguei. Acordei com a Joyce pedindo ajuda com a sua roupa. Ela estava muito engraçada. Éramos o oposto. Inacreditável vê-la vestida tão simples com aquela roupa e eu com a minha.
Entendeu?
Chegamos à festa de uber, porque a Joyce deixou o carro quietinho na garagem. Ela já havia tomado uma tequila e disse que iria beber muito.
As pessoas começavam a chegar com suas fantasias engraçadas. Passei uma sApp para a Bri e ela disse que acabava de chegar.
Encontrei com eles no hall do salão. O Alan completava a fantasia da Joyce. Ele era um verdadeiro homem da caverna.
O casal real estavam lindos. A Bri se achava "a" patinadora.
Saí para dar uma volta sozinha, eu já combinara mais cedo com elas que ficaria a espera do Bem "as escondidas".
Andei por todo salão e fui cantada por bichos e super-heróis. Um Batman queria de todo jeito me arrastar para a pista de dança. Foi difícil sair fora dele.
Eu sou educadinha, bem comportada, porém quando precisava ser grossa, ah... sim, eu sabia. Mandei aquele filhote de super-herói voar por outras bandas e o toureiro pastar.
Fui ao bar, comprei uma bebida para ter algo o que segurar, pois já ficava ansiosa pela demora do Rafael.
Não acreditei ao ver o Bil vestido de joaninha, com tiara e tudo.
O Lim viria de Charlie Chaplin, ele me contou, mas disse que chegaria mais tarde.
Fiquei a distante das amigas, ainda não queria ser reconhecida. Pelo menos, não antes de encontrar com o meu malandro. A minha intuição me dizia que ele viria de malandro carioca, para isso ele nem precisa se esforçar muito.
Recebi um toque no celular.
Bri: Acabou de chegar, está te procurando.
Eu: Q fantasia?
Bri: kkk descubra...
Eu: Obrigada.
Fiquei na parte mais alta, num mezanino, dava para olhar todo o salão. Não era fácil reconhecer as pessoas. Mas o Bem não foi tão difícil. Um moreno somente de short vermelho e capa. Comecei a rir. Ele usava uma tiara com chifres luminoso, segurava um grande tridente. Era um verdadeiro capeta. Que espetáculo de homem!
Ele andava olhando por todos os lados. Rodou o salão.
As cachorras chegavam farejando. A onça aproximou de garras afiadas, mas ele deu um jeitinho de dispensar cada uma delas. Por incrível que pareça ele realmente queria me achar. Durante a procura ele saiu para a área externa. Meu celular tocou. Não atendi, mas mandei-lhe uma mensagem.
Eu: "Está me procurando? E não acha pq?"
Ele: "Apareça!"
Fui para a varanda que levava para onde ele se encontrava. Ele continuava a procura e sorria agora. Mandei outra mensagem. Mas como um capeta daqueles não conseguia passar despercebido, logo uma "dama da noite" tampou os seus olhos. Provavelmente ele achou que fosse eu. Na hora mandei outra mensagem.
Percebi que ele olhou as mensagens e digitou outra, já todo nervosinho... A "dama" continuava investindo. Como alguém tem coragem de se vestir daquele jeito, hein? Tudo bem que era fantasia, nas mesmo assim, era muito vulgar.
Ele ainda conversava com a fulana, quando olhou direto para mim. Pelo jeito, não me reconheceu. Estava difícil tenho que concordar, nem eu me reconhecia.
Falou alguma coisa e deixou-a para rodar sua bolsinha em outra esquina.
Meu celular tocou de novo. Fiquei de costas e atendi desta vez.
— Alô.
— Pare de brincar comigo, eu não estou de gato e você de rata está?
— Não! Mas posso estar de gata...
— Cadê você Duda?
— Você me olhou agora a pouco, mas não acreditou no que viu...
— Você está olhando para mim? — quis saber.
Virei devagar e com o telefone a mão, falei.
— Achou...
Ele sorriu e acho que voou com sua capa mágica. Será? Capeta não voa né?
Apenas de perto que fui perceber que ele vestia uma samba canção de seda vermelha de coraçãozinhos branco. O cabelo com gel e preso para trás por causa da tiara de chifres. O peito nu e abdômen definido pediam para ser passada a mão. Não poderia condenar as safadas que babava por ele. Realmente estava demais.
— Você está irreconhecível, mais linda ainda — falou me olhando encantado com o que via.
Acho que acertei em cheio na escolha da roupa, o surpreendi como desejava. E o vendo me olhar assim eu sorria feliz.
— Pare de judiar de mim e me beije — falou colando sua boca na minha.
— Você gostou de me ver assim? – consegui perguntar antes de ser beijada – Te surpreendi?
Ele simplesmente pegou minha mão e colocou no seu amigo fiel, acredita?
As minhas amigas tinham mania de dizer a seguinte frase. "Já que está no inferno, abrace o capeta." Eu lateralmente abraçava o capeta e com isso poderia fazer da minha vida um inferno, se não me cuidasse.
Ele afastou o rosto um pouco e falou:
— Sim, realmente eu não esperava. Você está extremamente gata. Uma super mulher gata – disse me enchendo de beijos.
— Eu apostaria em você num malandro carioca – falei, com os braços em volta de seu pescoço.
— Sempre pensando mal de mim Dudinha. Eu de malandro? — questionou, como se fosse um absurdo.
— Verdade... Malandro talvez seja o seu normal para o ano todo. – Ele riu e escondeu o rosto no meu pescoço.
— Vou precisar muito da Dona Clarice para mostrar os meus sentimentos puros por você.
— Sei... ainda bem que ela fala e dá também as respostas certas...
— Você é muito mal comigo, sabia? Ah! Você disse que minha frase estava incompleta ontem. Vai completar para mim? — perguntou com sorriso nos olhos.
— Eu? Eu não! A frase era sua, eu disse que faltava alguma coisa, mas eu entendi o que você quis passar, ela terminava naquele ponto.
Ele ficou sério e perguntou:
— Você sabe o que completava a frase?
Eu olhei séria dentro daqueles olhos lindos e balancei a cabeça que sim. Minha voz não sairia naquele instante. Pensei. "... já era amor antes de ser."
— Eu não sei o que sinto por você Duda, mas é muito bom. E me faz querer estar a cada dia, ou todo instante, mais perto. Você me faz sair do foco.
Eu não sabia o que expressar, sinceramente, não esperada por aquelas palavras, se ele estava sendo sincero, não poderia dizer. Aquela frase poderia ser padrão, mas mesmo assim, eu gostei de escutar.
Sei, sei...
Mulher é tudo burra, derrete na primeira frase. Eu precisava segurar a onda.
—Rafa... eu... eu não sei também. Eu gosto de ficar com você, mas também não sei o que vai dar... Vamos aproveitar o momento, está bom isso assim?
Ele ficou me olhando como se eu tivesse falado algo extremamente estranho. Então o beijei. Ele retribuiu sem muita vontade e afastou-me, perguntou:
— O que você quer dizer? Como assim, "o que vai dar?" Você chama nosso relacionamento de "isso"? Por acaso você tem outra pessoa? Ou teve e não sabe... – o interrompi.
— Não! Claro que não. É que... que... Vamos deixar como está? Não é lugar e nem hora de falarmos essas coisas.
Ele me abraçou e ficou assim. Poderia sentir seu coração batendo de encontro ao meu peito. Veio a minha cabeça o que ele poderia estar pensando: os sons "do outro lado".
— Rafa! Eu prometo que vou ter aquela conversa com você, vou te explicar algumas coisas. Hoje é para aproveitarmos a festa. Vamos dar uma volta?
Ele concordou.
Começamos a andar, descer para o salão, ele me puxou e perguntou no meu ouvido:
— Mais uma coisa, você me responde agora? — Balancei a cabeça que sim.
— Você não tem ninguém?
— Não! — Olhei para trás. Você tem?
— Sim.
— Ãn? — Parei e virei para ele.
— Você! – Sorri voltei
Q a andar.
Depois de um tempo encontramos nossos amigos numa roda dançando. Fizeram uma bagunça vendo nós dois abraçados.
Sem modéstia, mas por onde passávamos éramos motivo de cabeças virarem para mais uma olhada. Quando ele andava a minha frente, as meninas somente faltavam pular nele. Mas por outro lado, eu estar a frente, os rapazes falavam gracinhas, por isso ele não me soltava em momento algum. Mostrava-me um lado que eu não conhecia. Possessivo e ciumento. Dançava sempre junto de mim, me protegendo, beijando e abraçando o tempo todo. Eu realmente não estava acostumada com isso.
—Você gostou o que falei? — perguntou ao meu ouvido — Você é minha!
— Vou te deixar achando que é verdade, se te faz feliz.
Ele parou de dançar e segurou meu rosto com as duas mãos e com o rosto muito perto do meu.
— O que quis dizer?
— Ninguém é de ninguém, além de você mesmo — Ele ficou me olhando.
— Eu quero ter você somente para mim — falou muito perto de mim.
— Impossível — Percebi confusão, dúvida nos seus olhos. — meu pai é muito possessivo.
Ele relaxou e beijou-me.
As meninas vieram convidar para irmos ao banheiro. Ele foi junto e o Filé, Alan também.
— E aí? Fixante agora? — perguntou Bri.
— Acho... que não sei. – falei – Gente, o que tenho certeza é que se eu tirar essa calça não a visto mais. Não tenho coragem de abri-la para fazer xixi. Talvez eu tenha que deitar no chão para vestir de novo. Melhor não arriscar.
— Mas você não está com vontade de fazer xixi? – perguntou Joyce.
— Acho que até faria, mas...
— Deixa de ser boba nós te ajudamos a fechar, se precisar.
Então fui... e depois precisei mesmo da ajuda delas. E como eu ria, não conseguíamos puxar o zíper que era na lateral. As pessoas entravam no banheiro e não entendia o que acontecia. Eram três malucas em ataque de risos.
Saímos rindo e dou de cara com uma garota pendurada no pescoço do Rafael. As garotas me olharam sem saber o que falar. Ficamos ali paradas simplesmente olhando. Ela queria beijá-lo, mas ele desviava, tentava soltar-se dela. Chegamos mais perto. Então escutei.
— Diz que eu sou sua "Carolíngua" diz? Conta como sou boa no que faço — Ela estava embriagada, era fácil perceber. — Fale Bem, como você gosta da minha língua, fala!
Eu não precisava ficar ali escutando aquilo. E se esperavam um barraco feito por mim, eu sinto muito, não seria desta vez. Virei e fui em direção à saída.
🦷🦷🦷
Ferrô!
... Continua...
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Obrigada a você que prestigia e vota, comenta...
Meu muuuuuiiiiito obrigada!
Beijo no seu coração! ❤️
Lena Rossi
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