Capítulo 18.B
Maria Eduarda
Preciso contar
Olhei para ele sem dizer nada. Bateu-me um desespero. O que fazer? O que falar? Meu coração ficou fora de órbita.
— Vai falar? – insistiu.
— Agora não!
Pressentia que mais dia ou menos dias isso poderia vir a acontecer. E até já havia ensaiado algumas frases, mas agora... Sumiu tudo, não sabia mais nada! Nenhuma palavra.
Como iria fazer para ele entender minha situação naquele momento?
Sorte minha que ele percebeu meu desespero, pois disse que me daria um crédito.
Começamos a andar, ele com a mão nas minhas costas, que me fez arrepiar dos pés a cabeça. Agora o porquê não saberia dizer.
— Tudo bem? — mamãe perguntou desconfiada.
Ele respondeu por mim e, na maior cara de pau inventou que eu tinha o convidado para sair conosco. Papai se animou, caiu direitinho na dele. Safado!
O que falar diante de tamanho absurdo? Nada! Com que argumento?
Ele junto de nós a noite toda? Não, isso seria demais! Minha vontade era puxá-lo num canto e falar poucas e boas. Mas me encontrava em situação não confortável para isso. E pior! A sua cara de pura diversão.
Graças à santa Carol, ela veio me socorrer, com certeza percebeu que minha língua saiu para dar uma voltinha.
Acredito que há tempo não escutava mais nada, minha cabeça rodava, fervilhava, procurava uma solução para o desfecho dessa noite não ser um fiasco. E pensar que eu imaginava um jantar tranquilo de muitas comemorações junto da minha família. Dancei literalmente. E se não tomasse cuidado seria a noite toda.
— O que você acha filha? — Acha o quê? — Hoje a noite é sua.
Sim... minha noite. Minha noite de morrer, ser morta, torturada, massacrada, tudo isso pelo Rafael.
Por outro lado...
Uma noite com ele e minha família. Poderia fingir sermos um casal. Pronto! Era isso que eu iria fazer. Mas primeiro precisava relaxar. Respirar...
Mas como? Ele teve a ousadia de perguntar se alguém poderia ir com ele. Vamos Duda?
Eu queria correr, ou melhor criar raízes ali, ficar pressa ao chão e não dar mais um passo.
Mentira!
Na verdade, não gostaria de passar por essa situação.
— Vai com ele filha! — disse mamãe na maior inocência, me dando de bandeja para o lobo faminto.
Ah se ela soubesse a quem entregava a sua filha, ao maior pegador da faculdade.
Mais uma vez a Carol soube resolver o que eu não conseguia.
No final, nós fomos para o estacionamento. Eu, sem abrir a boca, pensava o tempo todo como solucionar essa encrenca que tinha me metido.
Entrei no carro, tive que sentar no banco da frente com ele, que fazia perguntas para Carol, mas sua atenção era em mim.
Os dois entraram num papo de carreiras e estudos.
Encolhi mais no carro e mergulhei nos meus pensamentos procurava uma solução antes de chegar na pizzaria.
— Essa noite vai ser interessante... – escutei-o sussurrar.
Não aguentei aquela situação. Explodi! Mas não teve jeito, ele estava decidido passar a noite junto com minha família. Porém, prometeu se comportar.
O pior era não saber o que se passava na cabeça dele. O nível de sua braveza comigo seria por causa de omitir ser sua vizinha ou o outro...
Chegamos à pizzaria e demos sorte, pois faltava mesa para dois, mas para um numero maior de pessoas havia lugares. Assim que sentamos e pegamos o cardápio, olhei em sua direção, ele me mandou um beijo, não tive como não rir. Percebi que estava apavorada a toa, ele não iria me colocar em apuros, com certeza.
Fizemos os pedidos.
Papai resolveu beber chope e passou à chave do carro a mamãe. Ele sempre foi assim, beber e dirigir, nunca! O que estranhei foi o Rafael, ele pediu refrigerante.
Papai e mamãe não ajudavam, puxou assunto sobre mim. Eu tentei mudar e me tirar de foco, mas não consegui, fui salva pela Carol, mais uma vez. Precisava lembrar-me de recompensá-la.
E a conversa ficou animada até que a pizza chegou.
O seu celular tocou, ele olhou e em seguida rejeitou a ligação, mas eu vi, enxerguei um nome estranho: Carolíngua.
Pode?
Fiquei imaginando o porquê de ter uma menina cadastrada no seu celular com este nome. Que raiva.
Veja bem Maria Eduarda, pense direitinho onde você amarrou seu... quero dizer, não amarrei nada, mas tem depositado seus pensamentos, depois não chora. Pensa!
Tocou de novo e ele desligou o aparelho.
Boa coisa essa "zinha" não era, ou fazia com a língua. Eca!!
Fiquei morta de ciúmes.
Pronto! Confesso.
Ele continuou uma conversa animada com meu pai, ou pelo menos fingia interesse no trabalho dele.
Até chamar papai de doutor Alfredo ele chamou. Um bajulador sem vergonha. O seu descaramento foi tanto que teve a coragem de pegar minha mão por baixo da mesa.
Tirei? Claro, bem disfarçadamente. Com vontade de dar um safanão na cara dele. Não foi para tanto... até que gostei, não deveria eu sei.
Saímos do restaurante e mamãe fez a proposta indecorosa. Eu ir com o Rafael e Carol com ela.
Perdi a fala. O que ia dizer? "Não mãe, vou junto e papai pode acompanhar Rafael. Não quero ir com ele sozinha. Ele é o lobo mau disfarçado..."
Puts!
Rafael não perdeu tempo, quase saiu me puxando para o seu carro, acho que foi receio de que negasse. Abriu a porta para mim e contornou o carro.
Entrou.
Ele se aproximou, pareceu que me beijaria, até prendi a respiração, mas não passou disto. Então falou bem calmo:
— Eu quero te beijar ainda hoje, como vamos fazer?
Agora! Agora! Agora!, pensei.
— Não vamos fazer nada! Isso não vai acontecer – respondi.
Ele falava como se isso fosse tão certo como dois mais dois são quatro. Afirmou que não dormiria sem um beijo meu.
Pensar nisso desviou meus pensamentos... Como será que ele dormia?
Somente cueca?
Pijama?
Nu, nuzinho. Ai meu Deus... Senti meu rosto esquentar.
Eu tinha consciência da minha vontade de beijá-lo, embora tentasse esconder meus sentimentos, o desejo era notável. Também o queria. A quem pretendia enganar? Ele falava e eu não prestava muita atenção.
— ...e não durmo sem seu beijo... — apenas essas palavras ia e voltava.
Nem eu, nem eu, nem eu. Era a voz da minha mente.
— Veremos! – da minha boca saiu uma palavra e eu queria ver mesmo.
O nosso beijo. Seus lábios macios, úmidos, não molhados exagerados, sua língua explorando minha boca, brincando com o meu lábio inferior, hora mordendo, sugando ou apenas distribuindo beijos... Ah meu Deus! Balancei s cabeça para esquecer essas coisas. Mas não adiantava eu lembrava de cada beijo que trocamos até aquele dia. E a cada um sentia um frio no estômago, uma descida na montanha russa ou algo parecido com a velocidade máxima sobre os patins.
Meu Deus, o que era aquilo? Todas essas sensações apenas em pensamentos. Olhei-o e seus olhos voltaram a mim, os lábios me convidaram a sonhar de novo com um breve sorriso.
Sem perceber o tempo passar chegamos ao nosso prédio. Continuei na minha, somente pensando como ficar sozinha com ele para beijá-lo.
E foi tão rápido que tudo aconteceu, nem sem dizer como fui parar no seu apartamento, e melhor, em seus braços e beijada.
Permaneceria ali o resto da noite, mas meus pais estavam do outro lado.
Tive que falar:
— Preciso ir...
Entrei no apartamento e fui direto para cozinha, assim ninguém precisava saber que não havia trago o tal pote. Tomei água de olhos fechados.
— Está pensando em quê? Nos meus lindos olhos que não é!
— Acertou! E Não é mesmo — Sorri. —, em outros olhos, boca, queixo, nariz. Que é um safado.
— Duvidava que fosse apenas em olhos. Conta aí, ele te beijou? — perguntou mais baixo.
Eu balancei a cabeça que sim e dei um sorriso e um abraço nela.
— Duda, você se apaixonou por ele?
— Não sei. Espero que não, porque se eu me apaixonar vou ficar numa situação complicada. Ele não é um cara para se apegar.
— Mas por quê? Ele está caidinho por você, isso está na cara, mais que o nariz.
— O que você entende disto garota? — questionei.
— Entende de quê? — Chegou papai.
Olhamos uma para cara da outra e caímos na risada. Eu, sabia que era de nervoso. Ela não sei o porquê.
— Quero dar uns conselhos sentimental para ela — explicou Carol —, mas Duda disse que desse assunto eu não entendo.
— E entende por acaso? Também espero que não!
— Ih pai, você não sabe de nada! Eu sou uma garota moderna e do novo milênio — falou rindo.
— Vai com calma garota moderna... – Foi logo interrompido por ela.
— Já sei, já sei... Você é muito nova para namorar e tem que pensar nos estudos, blá, blá, blá... Já sei de tudo isso, mas não rola comigo, eu já te falei. Não sou a Maria Eduarda, boazinha e quietinha — falou e foi saindo.
Carol era assim. Não deixava nada para depois, falava na lata. O que deixava papai e mamãe nervosos. Mas desta fez, até para mim, tudo que falou foi um exagero. Ele ficou pensativo, quieto e deu um sorriso forçado. Olhou para mim e perguntou:
— Qual era o conselho dela? Sobre o Rafael? — Aproximou. — Ele parece ser um bom garoto sim, mas não me agrada morar aqui do lado, muito perto.
— Até você papai? — falei e sairia da cozinha se ele não me segurasse pela cintura.
— Volta aqui, eu sei que você é uma garota responsável e já tem dezoito anos, mas para mim continuará sendo uma menina, minha princesa. E os garotos ficar babando por você não é novidade para mim, já presenciei muito, mas agora você gostar disto foi a primeira vez que vi.
Não tive palavras. Até ele sacou. E agora?
— Uma coisa eu te peço. Cuidado! Pense que começou seu curso agora e você precisa focar nisto. Mas também sei que namorar e se divertir faz parte. Não sou ingênuo em pensar de outra forma. Mas não caia na conversa destes garotos, sei o que falo, já fui jovem — falou sério, mas com carinho. Ao mesmo tempo que me abraçava e beijava minha testa e meus cabelos.
Isso me emocional. Por isso, fiquei ali abraçada com ele. Meu pai era lindo, elegante e muito inteligente. O que eu poderia falar para ele depois disto?
— Pai, você era muito "galinha"? – perguntei com o queixo no peito dele e olhando nos seus olhos.
— Hum... Que pergunta mais sem propósito é essa para uma esposa escutar — Virei e mamãe estava atrás de nós. — responde? Eu também quero saber.
— Xiii... Acho melhor mudarmos de assunto — falei, agora tem gente demais aqui.
— Também acho... — Ele deu risada e puxou mamãe para junto de nós. — Filha, sua mãe e eu não temos segredos, é brincadeira com você. Se quer saber a verdade, sempre fui um bobão em relação a mulheres.
— Se eu não tomasse atitude, estaria somente nos olhando até hoje — explicou mamãe.
Carol nesta altura encontrava-se apoiada no balcão e falou.
— Então está claro que puxei a mamãe e a Duda o papai.
Começamos a rir...
🦷
Pouco depois das dez da manhã encontrava-me sozinha. Eles tiveram que ir embora por causa dos compromissos do papai. Assim que entrei no quarto escutei a campainha tocar. Pensei, será que voltaram, ou não?
Olhei no olho mágico.
Escuro.
Era Rafael tinha certeza.
Abri a porta.
Ele entrou e sem me deixar pensar, ou falar: "bom dia, como vai, tudo bem, me beijou."
Nem sei como fechou a porta.
E de algum modo colocou-me no chão e em segundo deitou-se sobre mim. Sua boca percorria todo meu rosto, pescoço e colo. E a sua mão não parava em um lugar, passeava em todo meu corpo.
Fiquei assustada, pois não queria isto, não assim, principalmente quando ele apertou sua ereção em mim e mostrou o que desejava naquele momento. E pior, ele acreditava que eu me encontrava pronta para isso ali mesmo, no chão da sala.
Era uma loucura.
Ele louco de tesão. E eu louca de medo.
Vamos aos fatos: quero ficar com ele, mas não dessa forma.
Ele imagina uma Maria Eduarda experiente, mas essa não sou. Ele quer transar. E eu... E eu?
Sim... Não...
Sim, vontade eu até tenho.
Não! Nunca seria desta forma e deste jeito.
A sua tentativa de levantar minha blusa me fez acordar para os acontecimentos.
— Espere! Não é assim! Precisamos conversar.
— Agora?
— Sim. Agora! – afirmei.
— Nãaao... agora não! – falou manhoso e tentou me calar com seus beijos.
— Sim! Agora! — falei desvencilhando de seus braços na tentativa de levantar o empurrando de cima de mim.
— O que foi Duda? Por que isso agora? — Fez carinho no meu rosto. — Está tudo bem, eu quero ficar com você.
— Eu também quero, Rafael...
— Rafa, me chame de Rafa — ele pediu todo carinhoso comigo.
— Rafa, eu sei que você está chateado por eu ter omitido morar aqui, mas eu também não sabia o tempo todo.
— Tudo bem, eu já entendi... conversaremos depois — falou e voltou a querer me beijar —, sabe que antes achava que seus olhos eram verdes ou azuis...
— Ficou decepcionado? – perguntei.
— Claro que não! Tem a cor muito intensa. É raro ver um preto assim tão escuro.
Fiquei feliz de saber.
— Minha mãe conta que ao nascer todos achavam que eram claros, diziam que pareciam azuis de tão pretos.
Eu queria tirar o foco daquele clima muito quente que começou a acontecer, porque estava com muita vergonha em contar a verdade para ele. Mas era preciso e já, antes que a coragem fosse embora.
Ele veio para cima de mim, rodou comigo e trocamos de posição. Era muito estranho ficar assim com ele, muito íntimo.
— Rafa, eu preciso te falar uma coisa... — As palavras pareciam sumir do meu cérebro. Na certeza, elas queriam esconder da vergonha que se seguiria.
— Não precisa ser agora... — ele disse isso e me beijou profundamente segurando minha nuca.
Assim eu não iria mais ter coragem e nem oportunidade se continuasse... Ai meu Deus...
Ele forçava seu sexo no meu.
Se esfregava em mim. Beijou meu pescoço e caminhava para o meu peito. Segurou com as duas mãos meus seios e deu uma mordida sobre a minha blusa.
— Rafa... por favor... pare... assim não... eu não quero assim... eu quero conversar com você...
— Eu não quero conversar agora — disse num sussurro tentando me envolver cada vez mais.
— Mas você ontem fez aquela cena toda por querer conversar. O que foi? Desistiu?
— Não! Mas neste instante não quero — afirmou e quis encerrar o assunto —, eu quero você.
— Pare, Rafa! — O empurrei e levantei irritada. — Eu sei o que você quer? Afinal é sempre isso que você sempre quis! Diga verdade?
Fui para cozinha peguei um copo com água.
— Ah, Duda! Não complica as coisas! Confesse que você quer tanto quanto eu! — Ele sentou e eu já sabia que se irritava comigo.
Ele queria transar. A minha resistência devia estar acabando com ele.
— Rafa, eu não te conheço o suficiente, mas o pouco que sei, é somente sexo que você pensa, mais nada!
— E você não? — Retrucou com os olhos num tom escurecidos.
Eu quase gritei um "não" bem grande pra ele que parecia estar louco, será que era puro tesão aquilo?
Ele levantou do chão. Passou as mãos nos cabelos demorando mais ao deslizar no rosto, veio em minha direção parecendo tentar se controlar.
— Duda... Por favor, eu não quero brigar, sei que você também não quer, nós queremos a mesma coisa, vamos, venha? Vem ficar comigo.
Desviei dele e voltei para sala. Sentei no sofá e olhei para ele e fui direta.
— Eu não vou transar com você!
🦷🦷🦷
E agora?
Explicar o que para o Benzinho?
O menino dele vai chorar!
Nem vou falar mais nada.
Beijos
Lena Rossi.
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