
Novos Frutos
Meu coração acelera quando a onça olha para mim. Eu começo a correr como nunca e sinto ela se aproximar de mim a cada segundo. É então que a lua me ilumina um buraco estreito. Eu tento a sorte, é minha única oportunidade. O animal acaba me arranhando, mas eu consigo entrar a tempo.
Os minutos vão passando e ela não consegue fazer mais nada comigo. Louvados sejam os Deuses. Consigo pegar no sono, mas logo acordo com um fecho de luz do sol em mu rosto. Sinto que não dormi muito, mas pelo menos a onça não conseguiu me pegar. Dou uma olhada rápida no lado de fora e saio do buraco cautelosamente. A bendita não está aqui dessa vez, talvez agora eu esteja com alguma sorte. A ferida não está tão feia, mas precisa de cuidados o mais rápido possível.
Olho ao redor e tudo me parece familiar. Ando um pouco e chego a beira do rio, reconhecendo o lugar. Meu peito se enche de alegria e meu rosto recebe um largo sorriso, reconheço ser por aqui que eu pescava com meu avô. Começo a correr já sabendo o caminho de casa, sinto o sol me iluminar entre um fecho e outro de luz que escapa pelas árvores e depois de alguns minutos já me aproximo do meu povoado.
- OSCAR VOLTOU! - Minha tia Mayara grita avisando toda a família enquanto eu chego.
Minha avó corre até meus braços com o rosto cheio de lágrimas, me envolvendo no seu abraço que me acolhe como se ela fosse meu lar. Não me seguro, sinto as lágrimas também escorrerem do meu rosto.
- Você não sabe o quanto eu rezei para Jaci te trazer de volta, meu filho. - Ela diz já olhando em meus olhos.
- E foi ela quem me trouxe, vó. - Eu digo com um sorriso grato no rosto.
Logo o resto da família vem me abraçar e me ajudar com a ferida causada pelo animal. Não passa muito tempo e meu pai começa a me dar uma lição de moral, como de costume.
- Nunca mais faça isso! A gente poderia ter morrido, Ma...
- Oscar! - Ela impede meu pai de citar meu nome de batismo. É por isso que eu amo essa mulher. - Ele fugiu porque vocês não tratam ele direito aqui. Eu não vou aceitar mais isso, quero que vocês tratem ele como merece. Oscar é assim e ponto, Moacir.
- Eu ainda estou me adaptando a isso. - Meu pai diz meio envergonhado com a bronca, ainda sem aceitar muito bem. - Mas vou me esforçar mais... - Ele promete desviando o olhar para mim. - Juro.
- Obrigado... - Eu digo emocionado, entendendo que esse é o início de um novo ciclo. - É muito bom ver vocês de novo! - Digo enquanto observo todos se reunindo e me olhando. - Eu descobri o que tem do outro lado do rio.
- Oi... Desculpem por atrapalhar. - Escuto uma voz familiar e quando olho quem é meu coração acelera. Inie, Caissara e Ana se aproximam de nós, um pouco tímidos.
- Quem são vocês? O que fazem aqui? - Meu pai diz com o peito estufado, nitidamente querendo nos proteger
- Calma, calma... - Eu digo me aproximando dos três e os abraçando. - Eles estavam lá do outro lado. Estão longe de ser algum tipo de monstro ou bruxas. - Eu digo com um leve sorriso os vendo e logo olhando para o resto das pessoas. - Eles não eram felizes por lá e eu disse que seria a família deles se fosse necessário.
- Então agora fazem parte de nós! - Minha avó exclama sem receio algum - Sejam todos muito bem-vindos!
Eu dou um grande sorriso olhando cada um ali presente. Eles se apresentam um por um e vão gradualmente entendendo como as coisas funcionam desse lado. Os recém-chegados explicam que querem conhecer melhor as coisas e explorar novas oportunidades. Com Inie acabo tendo um tempo afastado dos outros e nós iniciamos uma conversa.
- O que aconteceu? - Eu pergunto com uma mistura de alegria e curiosidade.
- Lea e Suri ficaram mortas de raiva quando leram sua carta. Eu, Caissara e Ana te defendemos e aí eu vi o pior lado deles. - Inie diz calmamente, olhando em meus olhos. - Espero que ontem você não tenha feito brincadeira com a coisa de ser família, se não... Acho que vou ter entendido tarde demais.
- Sabe que não era brincadeira. - Eu digo, lhe dando um tapinha no ombro. - No fim das contas eu nem fiquei com o ouro. - Eu digo, então ponho a mão no bolso e sinto as sementes, pegando-as em minhas mãos - Nem me lembrava mais. - Digo quase para mim mesmo, então vou com Inie até o resto das pessoas.
Mostro as sementes e minha avó identifica. São sementes diferenciadas que ela mesma viu poucas vezes em toda a sua vida. É então que eu começo a entender tudo o que aconteceu ontem. Nós nos juntamos e plantamos cada uma das sementes com cuidado e amor. Assim, plantamos novas árvores e esperamos por novos frutos.
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