Prefácio
James teve que respirar fundo para conter a ânsia de começar a chorar. Severus segurava uma pequena mala nas mãos machucadas e parecia inquieto, balançando a perna ao ritmo da música alta que tomava conta do ambiente. Os gritos eram audíveis, apesar de tudo. Uma mulher implorava por socorro e um homem ria. Havia um roxo na perna esquerda do garoto pálido e o olho dele parecia machucado.
Inconscientemente, James olhou para o próprio corpo. Suas roupas eram caras e suas mãos estavam bem. Não usava bermuda no frio terrível que fazia naquele recinto e não precisava de mala alguma. Severus a segurava como se desejasse fugir, embora não tivesse para onde ir, James imaginava.
O cenário ficou turvo e, quando deu por si, James Potter não mais observava a vida passada de Severus Snape.
Não sabia ao certo (até que sabia, mas por quê?) o momento em que começara a ver cenários aleatórios da infância e adolescência de Snape. Primeiro pensou estar ficando louco e nunca abandonou essa ideia de estar louco, lele da cuca, completamente fora de ordem. Sinceramente, havia maneiras mais fáceis de enlouquecer alguém.
Adentrou o ministério sob olhares bajuladores e andou com passos rápidos e metódicos até os elevadores. Não sabia como havia chegado ao ministério, tampouco estava desejoso de forçar o cérebro para descobrir. Sua cabeça doía, como se estivessem a espetando com mil alfinetes. Sempre sentia algo após ver algum momento de Snape, desde dor de cabeça, até uma dor terrível nas costas.
Adentrou a seção de aurores ofegante, embora não houvesse corrido. De pé a uma distância mínima, os outros aurores olhavam para uma parede cheia de fotos. Bellatrix Lestrange sorria loucamente, Rodolfo Lestrange parecia próximo de uma risada, Dolohov parecia doente, Travers poderia ser a imagem perfeita de um vilão de desenho animado, Avery parecia entediado. E aí, logo no lado esquerdo, próximo à foto de Voldemort, Snape demonstrava um olhar irritado, ao mesmo tempo que sorria de maneira maliciosa e cruel.
Eram mais de 20 comensais e os piores estavam naquelas fotos, sem contar Voldemort. James tinha 25 anos e a guerra parecia não ter fim. E, só agora, 7 anos após Hogwarts, que Potter poderia dizer que conhecia Severus Snape como ninguém mais.
Colocou-se atrás dos colegas de trabalho. Cumprimentou-os, apesar de não olhá-los. Estava com a visão turva. A foto de Severus Snape estava grudada àquela parede desde que Potter tinha seus 19 anos e adentrara a Ordem da Fênix a pedido de Albus Dumbledore, logo após começar o curso preparatório para se tornar um Auror profissional.
Aquele homem, Snape, era o braço direito de Voldemort.
Aquele homem, Snape, era uma ignota para James Potter.
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